sábado, 8 de setembro de 2007

Fundo Itaú Excelência Social faz repasse a ONGs

Publicado pelo redeGife Online em 03/09/07

O Banco Itaú doará 50% da taxa de administração do Fundo Itaú Excelência Social (FIES) para Organizações Não-Governamentais (ONGs) que desenvolvem projetos sociais na área de educação. Superando os números anteriores, nesta terceira versão do concurso serão premiados 20 projetos que realizam o atendimento a crianças, adolescentes e jovens ou na formação de seus educadores nas seguintes categorias: Educação Infantil, Educação para o Trabalho e Educação Ambiental. Cada ONG receberá R$ 166.356,89.

O fundo, que possui como benchmark o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), é líder em patrimônio neste segmento de mercado e investe em papéis de empresas com práticas reconhecidas de responsabilidade social, preocupadas no cuidado e proteção do meio ambiente. As empresas necessitam apresentar transparência e segurança na divulgação de suas informações sobre a empresa e a responsabilidade dos controladores perante os minoritários.

As inscrições são gratuitas e as instituições interessadas podem participar do processo de seleção até o dia 28 de setembro através dos sites www.itauinstitucionais.com.br ou www.fundacaoitausocial.org.br.

A escolha dos projetos será feita pelo Conselho Consultivo do FIES, formado por especialistas do mercado, dirigentes do próprio Itaú e entidades de destaque na área de responsabilidade sócio-ambiental.

Em 2005, a Rede Jovem – Comunitas, do Rio de Janeiro, foi a premiada e recebeu R$ 61,6 mil. Em 2006, o valor arrecadado bateu recorde e o número de projetos contemplados cresceu. Cerca de R$ 1,2 milhão foi distribuído entre 12 ONGs das seguintes cidades: Atibaia (SP), Belo Horizonte (MG), Canoas (RS), Colinas do Tocantins (TO), Cubatão (SP), Curitiba (PR), Mineiros (GO), Niterói (RJ), Santos (SP), São Paulo (SP) e Santarém (PA).

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Gestão e tributação ainda desafiam fundações

Rodrigo Zavala
Publicado pelo redeGife Online em 03/09/07

As fundações voltadas ao bem-estar social, sejam elas de origem pública ou privada, enfrentam dois desafios recorrentes para uma atuação efetiva, segundo especialistas: a gestão de seus processos e a instabilidade jurídica na qual estão mergulhadas. Nesse contexto, a necessidade de promover ajustes tornou-se a tônica dominante dos seminários e debates realizados pelas entidades que congregam essas instituições.

O exemplo mais próximo foi o 3º Encontro Paulista de Fundações, promovido no ultimo sábado, dia 01 de setembro, pela Associação Paulista de Fundações (APF). Ao reunir especialistas do sistema fundacional brasileiro, o evento foi norteado por temas como, captação de recursos, gestão e tributos. “São questões que viabilizam um grande leque de assuntos correlatos, desde comunicação, a controle, transparência, parcerias público-privadas e fiscalização”, afirmou a presidente de APF, Dora Bueno.

Já no início das apresentações, o curador de fundações do Ministério Público de São Paulo, Airton Grazzioli, foi enfático ao falar sobre a necessidade de melhorar o profissionalismo e a transparência do setor. Para ele, os problemas enfrentados pelas fundações (e por todo o terceiro setor) são creditados ao histórico recente do setor, “por ainda estar na adolescência”.

“No entanto, o terceiro setor já movimenta mais de 5% do PIB nacional e exerce uma significativa parcela de responsabilidade do poder público. Não há mais espaço para amadorismo. Ele carece de ajustes para sua atuação, que devem ser coordenados por fundações sérias”, argumentou.

Tributação
Nas considerações sobre o tema, os especialistas convidados para comporem as mesas de debate deixaram claro que o Brasil possui uma legislação para o terceiro setor fragmentada, contraditória e conflituosa. Principalmente, no que diz respeito à conturbada relação entre sociedade civil organizada e governo, que trabalha, muitas vezes, de forma ambivalente, ora concedendo imunidades e isenções, ora cancelando-as de forma arbitrária.

“O marco legal do setor é muito precário. Mesmo lidando todos os dias com essa legislação, é difícil estar seguro”, criticou o representante da Fundação Roberto Marinho, Cláudio Vasconcelos. As considerações do advogado foram seguidas pelo apoio do público, que vê nessa deficiência legal um impeditivo para o desenvolvimento de seu trabalho.

Um dos palestrantes que se destacaram na temática foi o presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, Antonio Brito, que discorreu sobre o benefício de uma instituição ser titulada com o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas). Além de isenção de impostos, como por exemplo, o da contribuição previdenciária (26,5% da folha de salários), o certificado traz um retorno positivo para a imagem da instituição, tal como possibilita a formulação de parcerias estratégicas com o governo.

“O Cebas é uma titulação importante e não um documento burocrático que permite isenções. Por isso, não é admissível que os parâmetros para a certificação sejam mudados sem critérios que levem esses fatores em consideração”, disse.

Outro palestrante aplaudido pelo público foi o doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o advogado Marco Greco. Ao falar sobre as contribuições sociais, ele dissertou dentro de uma perspectiva de adequação e congruência da atividade contribuinte. “As organizações sociais mantêm erroneamente uma estratégia de bloqueio: pensar em uma forma de não pagar. É preciso ver, no entanto, para quê se paga determinada contribuição. Só assim será possível redefinir e redimensionar o que é pago”, afirmou.

O advogado deu como exemplo uma instituição de ensino filantrópica que tem entre as contribuições onerantes, aquela com fim educacional. Isto é, ela retroativamente paga um tributo que, teoricamente, vai para ela. “É o reconhecimento da atividade fim. Mas para uma mudança é preciso dialogar com o fisco”, reconheceu.

Gestão
Embora os temas gestão e captação de recursos tenham aparecido como eixos focais distintos no temário do evento, os participantes mostraram que essas discussões não podem ser desassociadas. O diretor regional para América Latina e Caribe da Fundação W.K.Kellogg, Francisco Tancredi, foi assertivo ao falar que a accountability é essencial na gestão de todos os processos.

“A sociedade tem o direito de saber o que é feito com os recursos. Como ele é gasto, como são feitas as avaliações de resultado dos projetos pagos por esses recursos, qual é o público beneficiado etc. Todas questões inerentes à gestão da entidade”, afirmou.

Para o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti, existe uma competição acirrada pelos recursos doados a organizações sociais, explicado pelo aumento exponencial do terceiro setor, aliado ao deslocamento do dinheiro investido por organizações internacionais para continentes com problemas mais profundos, como a África.

“Mesmo o governo compete pelos recursos de origem privada. Para conseguí-los, não basta uma boa idéia, mas ter um projeto bem estruturado, que se revela na gestão de todos os processos da organização”, argumentou.

Dentro dessa análise, é possível entender as palavras do promotor Airton Grazzioli, quando alega que não pode haver mais amadorismo no terceiro setor. Tal como, não é mais possível que fundações trabalhem sua comunicação de forma pouco estratégica, como identificou o professor de Marketing Social da FIA/USP, Ricardo Voltolini.

“Como ser diferente entre mais de 276 mil organizações sociais? Se comunicar bem com os mais diferentes stakeholders, principalmente entre os que financiam, é essencial”, afirmou.

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País crescerá 4,5% no ano, diz Unctad

Assis Moreira
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Valor Online em 06/09/07

O Brasil pode crescer 4,5% este ano acompanhando o quinto ano de expansão consecutiva da economia global. Mas pode ser o emergente mais afetado, se houver nova crise global causada por capitais especulativos nos mercados financeiros. A avaliação é da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), que qualifica os resultados da política monetária no Brasil de "decepcionantes", enquanto elogia a China pelo juro baixo e câmbio desvalorizado.

A entidade mantém sua previsão mais pessimista de expansão econômica global em 3,4%, comparado a quase 5% estimado pelo FMI, argumentando com a desaceleração nos EUA. Pelo momento, a economia global continua "num período de ouro", afirma o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi. Os preços das commodities se mantêm altos, graças à sólida demanda dos emergentes, liderados por China e Índia.

Supachai, contudo, alerta que mais turbulências podem acontecer a partir do problema dos créditos imobiliários nos EUA. Mudanças súbitas de taxas de câmbio podem trazer pânico e desestabilizar os mercados, criando um efeito-dominó, que conduziria a crise mais severa e duradoura que a dos subprime, advertiu Heiner Flassbeck, economista-chefe da entidade. Isso afetaria toda a economia mundial. Entre os ricos, o Japão seria particularmente vulnerável. Entre os emergentes, o Brasil.

"Uma crise maior no cenário internacional pode ser esperada, levando as moedas a situações insustentáveis. Esse é hoje o maior risco à economia mundial", afirmou. "Para os países emergentes, a crise seria menor para os que não dependem de entrada de capitais. O padrão seria uma desaceleração da economia, não uma fuga das economias. Salvo no caso do Brasil, que estará vulnerável."

A Unctad diz que a amplitude dos fluxos de capitais especulativos falseia as taxas de câmbio. Bancos e hedge fundos têm se aproveitado da diferença de taxas de juros, tomando empréstimos em iene e franco suíço para investir onde há juros altos, como no Brasil e Nova Zelândia. Para a entidade, políticas nacionais contra a inflação através de juros altos incentivam esse tipo de especulação.

O economista-chefe da Unctad considera que o Brasil "sem dúvida" será mais afetado que a China. Para ele, o Brasil atrai especuladores com juros reais de mais de 10% e acumula reservas que serão aplicadas em títulos rendendo só 5%. A China mantém câmbio controlado e taxas de juros de 3% e investe reservas nos mesmos títulos de 5%. Flassbeck minimizou argumentos de autoridades brasileiras de que o custo de manter alto volume de reservas é espécie de segurança contra crises externas. "O que o contribuinte brasileiro está fazendo é subvencionar o especulador."

No Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento 2007, a Unctad pega os exemplos do Brasil, Turquia e China para mostrar como regimes alternativos de câmbio e diferentes políticas monetárias geram diferentes graus de oportunidades de especulação para o mercado internacional de capitais. E como a apreciação da moeda, com perda de competitividade, pode resultar de especulação com juros.

Nota que no Brasil, México, África do Sul, Hungria e Turquia, com política monetária com meta de inflação que supõe moeda flutuando livremente e inflação contraída pelo jogo dos juros, os resultados são "decepcionantes". Em contraste, diz que a China se singularizou por intervenções rigorosas no mercado para controlar câmbio e juros, mantendo estabilidade "muito firme" e capitais baratos que favorecem a formação de capital para investimentos produtivos.

Para a Unctad, "infelizmente" regime com câmbio flutuante e meta de inflação melhoraram a situação econômica somente nos países que foram capazes de reduzir consistentemente a diferença de suas taxas de juros contra a dos EUA Para suscitar o debate, a Unctad propõe um regime global de taxa de câmbio, que deveria ser "enquadrado" como são hoje as tarifas aduaneiras e as subvenções à exportação.

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CNI critica entrada da Venezuela no Mercosul sem adesão às regras

Sergio Leo
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Valor Online em 06/09/07

A adesão da Venezuela ao Mercosul traz o risco de dar ao país em curto prazo fortes direitos nas negociações comerciais do bloco, sem correspondentes compromissos com regras de acesso ao mercado venezuelano, para empresários brasileiros, alertou a gerente-executiva de Negociações Internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Soraya Rosar.

Segundo levantamento da CNI, os venezuelanos não informaram até hoje como aceitarão 169 (22%) das 783 normas existentes no Mercosul, que a Venezuela deveria incorporar à legislação para integrar o bloco.

"Não negamos a importância da Venezuela e do Mercosul como mercado. É prioridade da CNI, onde podemos vender produtos de maior valor agregado", ressalvou Soraya, ao chamar a atenção para a importância de obrigar a Venezuela a incorporar o acervo de normas do Mercosul. "São nesses pontos, nas normas de origem, regras fitossanitárias, que são criadas as maiores barreiras." O grupo encarregado de negociar as definições por parte da Venezuela não concluiu todo o trabalho em maio, como previsto, e criou outro grupo, para, a partir de outubro, resolver em 180 dias os pontos pendentes.

O diretor do departamento de integração regional do Ministério de Relações Exteriores, Afonso Cardoso, que também participou da sessão da Comissão de Relações Exteriores da Cãmara sobre a adesão da Venezuela ao Mercosul, fez um discurso enfático em defesa da inclusão da Venezuela no Mercosul, e garantiu que a negociação vai "muito bem, obrigado".

Como indicação das dificuldades da Venezuela em adotar os compromissos resultantes da adesão ao Mercosul, Soraya citou o acordo para adoção, pelos venezuelanos, da Tarifa Externa Comum (imposto de importação adotado pelos países do bloco para produtos de terceiros países). Quase 80% dos produtos só serão submetidos à TEC cinco anos depois que a adesão for oficializada, lembrou. Soraya queixou-se da pressa e falta de transparência com que foi negociada a adesão da Venezuela.

Cardoso argumentou que esse atraso beneficia os produtores brasileiros, já que a maioria das tarifas da Venezuela está acima da TEC. Essa diferença significa que, com a entrada em vigor do acordo, aumentará o número de exportadores do Brasil com menores tarifas para entrar no mercado venezuelano, enquanto os competidores de outros países estarão pagando tarifa mais alta.

O diplomata defendeu que, com a Venezuela, o Mercosul ganhará força nas negociações por poder oferecer um mercado mais amplo, robusto e diversificado aos eventuais parceiros em futuros acordos comerciais. Argumentou, ainda, que, mesmo com os largos prazos previstos para derrubada de tarifas venezuelanas aos produtos brasileiros, o Brasil conseguiu elevar suas vendas à Venezuela de US$ 880 milhões em 2003 para US$ 4,1 bilhões em 2006, com superávit superior a US$ 3 bilhões para os brasileiros.

Soraya argumentou que o forte dinamismo das vendas mostra não ser indispensável, agora, a entrada da Venezuela no Mercosul, embora tenha admitido que são fortes as pressões dos empresários venezuelanos para levantar barreiras aos produtos do Brasil e dos parceiros do Mercosul.

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Impacto da CMPF sobre crescimento domina debate na Câmara

Mônica Izaguirre
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Valor Online em 06/09/07

Bernardo com Palocci: sem prorrogação seria necessário um novo orçamento
Foto Ruy Baron/Valor

Um único ponto percentual de elevação na carga tributária brasileira como proporção do Produto Interno Bruto faz com que a economia deixe de crescer anualmente 0,29% em termos reais, "para sempre". A conclusão é de um estudo econométrico da RC Consultores, apresentado ontem pelo economista Paulo Rabello de Castro, na tentativa de convencer os deputados da comissão especial que debate a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) a rejeitar mais uma prorrogação do tributo.

Estimada em cerca de R$ 36 bilhões para este ano e em 38,9 bilhões para 2008, a CPMF tem sido, na opinião de Rabello, um dos principais fatores do persistente aumento da receita tributária observado nos últimos anos em relação ao tamanho da economia. Não prorrogá-la seria uma forma de o Parlamento contribuir - se não para uma queda - pelo menos para evitar novas elevações e, com isso, também novas perdas em relação à taxa de crescimento econômico. "A carga de hoje contrata a perda de PIB amanhã", disse ele aos deputados da comissão.

Conforme o estudo apresentado por Rabello, quando a elevação da carga como proporção do PIB chega a cinco pontos acumulados, a perda de crescimento anual sobe para 1,43%. Desde 1997, quando foi de 29,03% do PIB, segundo a Receita Federal, a carga tributária total já cresceu até mais do que isso, atingindo 34,23% em 2006. Portanto, não fosse isso, se a tese de Rabello estiver correta, em vez de 3,7% este ano e 5% no ano que vem, como prevê o governo , a taxa de crescimento da economia brasileira poderia ser de 5,13% e 6,43%, respectivamente.

O PIB cresce menos do que poderia porque "a carga incremental (aquela que se acrescenta à já existente) é muito elevada", o que "produz destruição de investimentos", explicou Rabello aos deputados. Num cenário de crescimento real de 4% ao ano e carga no patamar de 35% do PIB, por exemplo, o aumento de um ponto de PIB na arrecadação tributária representa uma carga incremental de 61%. Isso significa que "de todo o esforço de crescimento, o governo se apropria de quase dois terços", disse Rabello, referindo-se a União, Estados e municípios.

Reduzir a carga tributária, segundo ele, "é a forma mais rápida e segura" de aumentar a taxa de crescimento da economia, já que libera recursos privados para investimento. O mesmo foi defendido pelo economista Celso Martone, também convidado para a audiência pública promovida pela comissão especial da CPMF na Câmara dos Deputados, ontem.

Martone fez outro alerta aos parlamentares. Em termos líquidos, a cobrança da CPMF pode sequer estar gerando receita para o governo, na medida em que o custo da contribuição é embutido pelos financiadores da dívida pública nos juros praticados na rolagem de títulos federais. Esse gasto adicional com juros, cujo patamar não se sabe qual é, pode até não corresponder a uma CPMF inteira por ano. Mas é certo que ele existe e que consome parte da própria arrecadação proporcionada pelo tributo, disse Martone.

Em mais um argumento contra a prorrogação, ele lembrou ainda que a CPMF encarece o crédito ao tomador final, que acaba pagando a contribuição três vezes a cada vez que toma um empréstimo. No mercado de capitais, onde as margens são menores, o tributo é ainda mais pernicioso, alertou. Paulo Rabello de Castro acrescentou mais um argumento: em seis anos, a perda de receita com a CPMF estaria compensada pelo aumento da base de arrecadação de outros tributos.

O deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP), relator da comissão especial, concordou com os palestrantes que é preciso pensar em redução da carga tributária. Mas contestou a tese de que a elevação da receita tributária tenha sido o motivo das baixas taxas de crescimento real observadas no Brasil nas últimas duas décadas. Todas as grandes crises desse período foram relacionadas a problemas nas contas e no nível de endividamento do setor público, ressaltou.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também foi convidado para o debate promovido ontem pela comissão da Câmara. Ele alertou os deputados que, não havendo prorrogação da CPMF, o governo federal teria que retirar a proposta orçamentária para 2008 encaminhada no último dia 31 e mandar outra, para evitar descumprimento da meta de superávit primário estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias para o Orçamento fiscal de da seguridade social (entre de 1,7% a 2,2% do PIB dependendo do nível de execução dos investimentos prioritários.

Esse ajuste do projeto, segundo o ministro do Planejamento, não seria possível somente com corte de despesa. "Teríamos que fazer as duas coisas", disse ele, referindo-se à necessidade de haver também elevação de outras receitas, para compensar o fim da CPMF. Ele não esclareceu, no entanto, se esse aumento em outras fontes viria de criação ou aumento de alíquota de outros tributos ou somente de mais esforço da fiscalização. Paulo Bernardo destacou que o governo federal até agora não promoveu elevação de alíquota de nenhum tributo - a não ser sobre importações.

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Google na encruzilhada entre o bem o e mal

The Economist
Publicado pelo
Valor Online em 06/09/07

Eric Schmidt, executivo-chefe do Google: "Nas companhias dominantes, os problemas surgem do lado de dentro"
Foto AP Photo/Katsumi Kasahara


Nos Estados Unidos, um fenômeno só pode ter a pretensão de fazer parte da cultura de massa depois de ser satirizado nos "Simpsons". O Google já teve essa honra, e de maneira marcante. Marge Simpson digita seu nome no mecanismo de busca do Google e surpreende-se ao obter 629 mil resultados. Ela então procura sua casa no Google Maps, vai até a opção "vista do satélite" e dá um zoom. Para seu desespero, vê Homer deitado nu em uma espreguiçadeira no quintal. "Todo o mundo está vendo você; já pra dentro", grita ela pela janela, e as trapalhadas prosseguem.

Isso resume o Google hoje: a empresa domina a internet e conduz pessoas de todas as partes, como Marge, às informações que elas querem. Mas também deixa outros usuários cada vez mais preocupados, fazendo-os se sentirem invadidos em sua privacidade (embora Marge tecnicamente não pudesse ter visto Homer em tempo real, uma vez que as imagens de satélite do Google não são ao vivo). A companhia está ganhando inimigos em seu próprio setor e nas áreas próximas. O grande momento de Marge se vendo no Google esteve instantaneamente disponível não só pela Fox, a companhia que criou a série de animação da TV, mas pelo YouTube, o site de vídeos controlado pelo Google, depois que os fãs enviaram o vídeo para o site, numa violação aos direitos autorais.

O Google evoca sentimentos ambivalentes. Alguns usuários mantêm fotos, blogs, vídeos, agendas, e-mails, mapas, contatos, redes de relacionamento, documentos, planilhas, apresentações e dados de cartões de crédito - em resumo, grande parte de suas vidas - nos computadores da empresa. E o Google planeja adicionar registros médicos, serviços de localização e muito mais. A empresa poderá até mesmo comprar espectro de rádio nos Estados Unidos para oferecer todos esses serviços por meio de conexões de internet sem fio.

Se quisesse, o Google poderia em breve compilar dossiês sobre pessoas específicas. Isso representa "talvez os maiores problemas de privacidade de toda a história da humanidade", afirma Edward Felten, um especialista em privacidade da Universidade de Princeton. Falando por muitos, John Battelle, autor de um livro sobre o Google e um de seus primeiros admiradores, recentemente escreveu em seu blog - "estou cada vez mais cuidadoso" com o Google, "por causa de algum medo primitivo em conceder tanto controle sobre informações a meu respeito a uma única fonte".

O próprio Google está surpreso com esses sentimentos. A companhia do Vale do Silício, que alardeou seu lema empresarial, "Don't be evil" (algo como "Não seja do mal"), antes de abrir o capital em 2004, considera-se uma força do bem no mundo, mesmo desafiando a lógica comercial. Os fundadores Larry Page e Sergey Brin e o executivo-chefe Eric Schmidt afirmam repetidamente que sua maior motivação não é maximizar os lucros, mas melhorar o mundo.

Esse discurso pode fazer quem está de fora estremecer. Editoras jornalísticas e de livros, grupos de mídia como a Viacom, companhias que dependem dos rankings de busca do Google e muitas outras empresas estão cansadas dos sermões moralizantes. Algumas sentem que sua própria existência está ameaçada e estão processando o Google. Até mesmo alguns funcionários (chamados de "googlers") ou ex-funcionários ("xooglers") se mostram cínicos. O Google é "arrogante" porque se sente "invencível", afirma um "xoogler" que saiu para comandar uma companhia iniciante de internet. A atitude interna em relação aos clientes, concorrentes e sócios é "vocês não podem nos parar" e "vamos esmagá-los", diz ele. A imagem "gentil" é um "mito" e, segundo ele, o Google prossegue com isso apenas por causa do preço incrivelmente alto de suas ações.

Desde 2004, o valor dos papéis quintuplicou, dando ao Google um valor de mercado de US$ 160 bilhões. A companhia ainda não completou seu décimo aniversário. Mesmo assim, o banco de investimento Piper Jaffray prevê que ela terá neste ano um lucro de US$ 4,3 bilhões sobre uma receita de US$ 16 bilhões. Com tanto dinheiro entrando, os céticos dizem que é fácil ignorar os acionistas e falar em fazer o bem, em vez de fazer as coisas direito. Mas o que acontece quando os lucros ficam aquém das expectativas de Wall Street ou ocorre algum desastre? O Yahoo e outros concorrentes passaram por essas crises e ficaram mais humildes. O Google não enfrentou essas dificuldades.

O sucesso do Google ainda vem de uma fonte principal: os pequenos anúncios de texto colocados perto de seus resultados de busca e em outras páginas da internet. Os anunciantes pagam somente quando os consumidores clicam nesses anúncios. "Todo aquele dinheiro vem de 50 centavos de dólar por vez", diz Hal Varian, principal economista do Google. Para a continuidade desse sucesso, várias coisas precisam acontecer.

Primeiro, a participação do Google nas buscas na internet precisa continuar estável. Graças à sua marca, isso parece administrável. A participação do Google aumentou de maneira consistente ao longo dos anos. Segundo a Hitwise, empresa de monitoramento da internet, ela era de 64% nos Estados Unidos em julho. Isso é quase três vezes o volume de seu concorrente mais próximo, o Yahoo. Em partes da Europa, Índia e América Latina, a participação do Google é ainda maior. Apenas na Coréia do Sul, Japão, China, Rússia e República Checa ela fica atrás de concorrentes locais.

Em segundo lugar, o Google precisa manter ou melhorar a eficiência com que coloca os anúncios perto das buscas. Nesse ponto, seu domínio chega a impressionar. Uma análise recente do consultor de marketing Alan Rimm-Kaufman constatou que o Google abocanha 73% dos orçamentos das empresas que anunciam em serviços de busca (contra 21% do Yahoo e 6% da Microsoft). O Google cobra mais por clique graças à sua rede de anunciantes mais abrangente e a leilões on-line mais competitivos. A empresa também tem taxas muito maiores de "click-through" - quando o usuário é levado para o site do anunciante, depois de clicar em uma propaganda - porque tornou esses anúncios mais relevantes e úteis, de modo que os internautas clicam neles com maior freqüência.

Talvez ainda mais eloqüente é o fato de os anunciantes se saírem melhor com o Google. Rimm-Kaufman constatou que os anúncios do Google "convertem-se" em vendas de fato com freqüência maior que os anúncios postados no Yahoo ou na Microsoft. Isso é surpreendente considerando que o Yahoo acaba de dedicar um ano inteiro a um esforço chamado Panama, para acabar com esse hiato.

Mas até mesmo os lucrativos anúncios pagos por clique têm seus limites, o que está levando o Google a entrar em outras áreas. A empresa está tentando comprar a DoubleClick, em um negócio cuja aprovação depende de uma investigação antitrustre. A DoubleClick é especializada no outro grande mercado publicitário on-line, o de anúncios em banner, no qual a cobrança é feita a cada visualização, em vez de clique. Além disso, o Google também está intermediando anúncios em estações de rádio tradicionais, canais de TV e jornais.

Os céticos afirmam que a cada expansão, o Google reduz suas margens de lucro, uma vez que precisa dividir mais de sua receita com outros. Se um internauta clica em um anúncio de texto colocado pelo Google em um blog qualquer, o Google precisa dividir a receita com o dono do blog. Se coloca anúncios em jornais ou estações de rádio, precisa dividir as receitas com a empresa jornalística ou a emissora.

O Google não vê as coisas da mesma maneira. Seus custos são predominantemente fixos, de modo que qualquer receita a mais é lucro. Faz sentido para o Google entrar na televisão e em outros mercados, diz Hal Varian. Mesmo nos casos em que ela consegue apenas um centavo a cada visualização (comparado a uma média de 50 centavos a cada clique), esse centavo não carrega um custo variável e, desse modo, é puro lucro.

O mecanismo que representa os custos fixos é o tempero secreto do Google. Na prática, a Google construiu o maior supercomputador do mundo. Ele consiste de vastos grupos de servidores (computadores que administram os recursos de uma rede), espalhados por enormes centros de dados em todas as partes do mundo. Os detalhes são o segredo mais bem-guardado do Google. Mas o resultado, explica Bill Coughran, um engenheiro graduado da companhia, é fornecer um poder de computação "enorme" que seja flexível o suficiente para "transferir automaticamente carga entre os centros de dados". Se, por exemplo, há uma demanda inesperada pelo Gmail, o serviço de e-mail do Google, o sistema instantaneamente aloca mais processadores e capacidade de armazenagem para ele, sem a necessidade de intervenção humana.

Essa infra-estrutura significa que o Google pode lançar qualquer serviço novo a custos ou riscos muito baixos. Se não der certo, tudo bem; se der, haverá capacidade para ele. Assim, o Google pode redefinir seus objetivos de maneira quase imediata. Sua estratégia oficial recentemente se tornou "search, ads and apps" (busca, anúncios e aplicativos de software, sendo que o último item é o mais novo da relação). E é verdade: depois de uma série de aquisições, o Google agora oferece uma alternativa completa ao entrincheirado pacote de programas Office da Microsoft, toda ela acessível através de qualquer software de navegação na internet. Uma nova tecnologia chamada Google Gears tornará esses aplicativos utilizáveis não só para os consumidores, mas também para as empresas. Em última instância, o Google faz isso porque, graças ao seu supercomputador, pode fazê-lo.

Privacidade é uma das principais questões: usuários começam a temer concentração de dados num único lugar

Com seu fluxo de caixa e infra-estrutura, a liberdade do Google para fazer o que quiser dá origem a rumores constantes. Com freqüência, eles são ultrajantes. Houve um tempo em que era percepção geral que o Google construiria computadores baratos para os países pobres. Isso acabou se mostrando infundado porque o Google nunca quis produzir equipamentos. Agora, fala-se da criação de um "Gphone". Isso também é improvável, uma vez que o Google está mais interessado em software e serviços e não quer se indispor com aliados do setor de telefones celulares - incluindo a Apple, que tem diretores no conselho do Google e usa software da companhia em seu iPhone.

Às vezes, os rumores são ultrajantes e verdadeiros. O Google está experimentando novas maneiras de fornecer conexões de banda larga aos consumidores, cobrindo partes do Vale do Silício com redes WiFi. A companhia planeja entrar no leilão de um valioso espectro de rádio nos EUA e, talvez, oferecer um serviço gratuito sustentado por anúncios.

Além de suas tentativas de crescer em novos mercados, a maior questão é como o Google vai responder se seu sucesso estrondoso for interrompido. "É evidente que uma hora ou outra as empresas acabam passando por uma crise", diz Eric Schmidt, o executivo-chefe do Google. E a história sugere que "nas companhias de tecnologia que são dominantes, os problemas surgem do lado de dentro, e não dos concorrentes". No caso do Google, diz ele, "me preocupo com o tamanho da companhia". O Google vem contratando "nooglers" (novos "googlers") em um ritmo alucinante. Em junho de 2004, a empresa tinha 2.292 funcionários; em junho deste ano, o número havia saltado para 13.786.

Sua habilidade de absorver todas essas pessoas vem sendo uma arma competitiva, uma vez que o Google pode contratar talentos antecipadamente, tornando-os indisponíveis para o Yahoo e a Microsoft. O Google tende a ganhar as guerras por talentos porque sua marca é mais "sexy" e seus benefícios, mais generosos. Os "googlers" transitam de casa para o trabalho ou vice-versa em ônibus discretos, equipados com conexão de banda larga sem fio e movidos a biodiesel, naturalmente. A sede da empresa, ou "Googleplex", é um belo complexo decorado com abajures de lava, quadras de vôlei, piscinas, bons restaurantes (gratuitos), salas de massagem etc.

Para algumas pessoas de dentro da empresa, porém, a coisa pode parecer diferente. Uma ex-executiva, que está processando o Google pelo tratamento que recebeu, diz que o departamento de pessoal da companhia está "entrando em colapso" e que o "caos absoluto" impera. Quando ela foi contratada, ninguém sabia quando ou onde ela iria trabalhar. Ela começou a receber e-mails reforçando a informalidade da companhia e lembrando que suas jóias e sapatos de salto alto eram inadequados para o ambiente de trabalho. Antes do passeio de apresentação pela empresa que é feito pelos novos contratados, ela diz que foi avisada - "se você vier com um casaco de pele, eles te matam".

O Google, segundo ela, é um paraíso apenas para alguns. Funcionários que estão na companhia desde antes da abertura do capital lembram uma aristocracia. Os engenheiros são mais admirados e respeitados, o que não acontece com as pessoas que têm outras funções. Jovens brilhantes que acabam de sair da faculdade tendem a adorar a empresa porque o Googleplex acaba substituindo o campus universitário. "Googlers" mais antigos e com famílias tendem a gostar menos, porque "todo mundo, até mesmo as mães jovens, trabalha sete dias por semana".

Outro "xoogler", que ocupou uma posição no alto escalão, diz que ao tentar criar a "Utopia" da criatividade ilimitada, o Google acabou com uma "distopia". A empresa criou uma rigorosa abordagem algorítmica na contratação, baseada em médias de pontuação, rankings de faculdades e infindáveis quebra-cabeças lógicos desenhados em quadros negros digitais. Essa "engenharia genética de sua força de trabalho", diz ele, significa que "todo mundo lá é extremamente inteligente, de modo que todos são inseguros".

Depois, há o problema do que todas essas pessoas deveriam fazer. "Nós meio que gostamos do caos", diz Laszlo Bock, o chefe da área de pessoal. "A criatividade aparece em pessoas que esbarram umas nas outras e não sabem para onde ir." A expressão mais famosa disso é "20% do tempo". Em tese, todos os "googlers", até as recepcionistas, podem passar um quinto de seu tempo explorando qualquer idéia nova. Coisas boas de fato já surgiram disso, incluindo o Google News, o Gmail e até mesmo os ônibus de transporte dos funcionários e seus sistemas WiFi. Mas não é certo que a companhia como um todo tenha se tornado mais inovadora como resultado disso, como ela afirma. O Google ainda tem uma única fonte de renda comprovada e a maioria das grandes inovações, como YouTube, Google Earth e os aplicativos de produtividade, foi obtida via aquisições.

Na prática, 20% do tempo acaba sendo 120% do tempo, afirma outro 'xoogler', "uma vez que ninguém pode deixar de fazer seu trabalho para se envolver nesses projetos". As chances de execução das idéias são "basicamente zero". O que acontece aos muitos "googlers" cujas idéias são rejeitadas? Uma vez que suas opções de ações são totalmente exercidas, eles começam a pensar em deixar a empresa. O mesmo fenômeno mudou a Microsoft nos anos 1980, quando começaram a aparecer camisetas com os dizeres FYIFV ("Fuck You, I'm fully vested", algo como "F...-se, já adquiri todos os meus direitos").

Na semana passada, George Reyes, principal executivo financeiro do Google, disse que vai se aposentar. Aos 53 anos, ele está milionário. Reyes vem mantendo a diretriz da companhia de não fornecer a Wall Street parâmetros sobre lucros futuros, embora seus comentários sobre as perspectivas de crescimento sempre mexam com as ações.

Além do baixo risco de calcificação que vem com o crescimento, há também o risco dos "nooglers" virem a diluir os valores não-malignos do Google. E pior, o Google poderia inadvertidamente contratar um funcionário mal-intencionado, como o Barclays Bank, de triste fama, fez com Nick Leeson. De fato, o Google rapidamente está se tornando parecido com um banco, mas um banco que trabalha com informações e não com dinheiro. Isso também se aplica aos seus concorrentes, mas o Google acumula seu tesouro mais rapidamente. Peter Fleischer, diretor de privacidade do Google, afirma que o risco de um funcionário mal-intencionado ou negligente vazar dados, comprometendo a privacidade dos usuários, é mínimo porque apenas um número "diminuto" de engenheiros tem acesso aos bancos de dados e tudo que eles fazem é registrado.

Mas o problema da privacidade é muito mais sutil. À medida que compila mais informações sobre indivíduos, o Google enfrenta numerosos dilemas. Em um extremo, a empresa poderia combinar o histórico de buscas de uma pessoa e as respostas aos anúncios com, digamos, sua localização e o itinerário em sua agenda, para fornecer resultados de buscas e anúncios cada dez mais úteis. Isso possibilitaria ao Google ganhar dinheiro com seus novos serviços, mas também poderia afugentar os usuários. Como um alerta, a Privacy International, um organismo de Londres que fiscaliza o cumprimento dos direitos humanos, repreendeu o Google, afirmando que sua atitude em relação à privacidade é "na pior das hipóteses, hostil, e, na melhor, ambivalente".

No outro extremo, o Google poderia decidir não ganhar dinheiro com alguns serviços - na verdade, prestá-los em benefício público - e destruir as informações sobre seus usuários. Isso tornaria seus serviços menos úteis, mas também menos intrusivos e perigosos.

O equilíbrio está em algum ponto no meio disso. Schmidt, Page e Brin já fizeram muitas reuniões para discutir o assunto e realizaram várias mudanças nos últimos meses. Primeiro, diz Fleischer, o Google comprometeu-se a "anonimizar" os registros de busca em seus servidores depois de 18 meses - mais ou menos do mesmo jeito que os bancos anulam partes do número de um cartão de crédito. Isso significaria que os históricos de busca não poderiam ser rastreados até um determinado computador. Em segundo lugar, o Google diz que os "cookies", os blocos de dados que armazenam preferências individuais nos computadores dos próprios usuários, vão vencer a cada dois anos.

Mas nem todo mundo está impressionado. Os registros dos usuários nos servidores da companhia ainda vão existir por 18 meses. E os cookies dos usuários "ativos" serão automaticamente renovados na data de vencimento. Isso inclui todo mundo que realiza buscas no Google, o que quer dizer a maioria dos usuários da internet. Além disso, há o problema de todas as outras informações, como mensagens de correio eletrônico e documentos, que os usuários podem manter no Google. Schmidt observa que esses usuários, por definição, "optam por entrar" toda vez que se conectam ao sistema da empresa. Eles podem optar por sair a qualquer hora.

Da maneira que as coisas estão hoje, o Google tem pouco com que se preocupar. A maioria dos usuários continua usando desenfreadamente seu mecanismo de busca. A companhia enfrenta processos, mas estes representam mais uma chateação do que uma ameaça. Ela domina seus concorrentes nas áreas que importam, seu aglomerado de servidores está pronto para novas tarefas e o dinheiro continua entrando. Nessa situação, qualquer um pode alegar estar acima do dinheiro. O teste surge quando os bons tempos terminam. Nesse ponto, os acionistas vão exigir a balança a seu favor e os consumidores poderão deixar de acreditar que o Google representa apenas o bem. (Tradução de Mário Zamarian)

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Para Inmetro, produtos da China não são confiáveis

Ana Paula Grabois
Publicado pelo
Valor Online em 06/09/07

A enxurrada de produtos chineses no mercado brasileiro fortalece o rigor das regras de certificação adotadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Depois que os recalls sucessivos dos brinquedos da Mattel expuseram os riscos associados aos importados da China, o Inmetro passou a exigir a verificação de cada lote de produtos comprados de qualquer lugar do mundo que entram no país, disse ontem ao Valor o diretor da Qualidade do instituto, Alfredo Lobo.

"A grande lição disso tudo é que a China mostrou para o mundo que as práticas de certificação que vinham sendo usadas no mundo inteiro não são mais confiáveis. A China desequilibrou a avaliação de conformidade no mundo inteiro", disse Lobo. Antes, o Inmetro tinha a opção de certificar produtos através de uma avaliação da qualificação de pessoal, das práticas de controle de qualidade e de produção das empresas. Caso a análise fosse positiva, era feito um teste inicial do produto e depois dois outros testes eram realizados a cada ano.

No caso dos acessórios da boneca Barbie colocados no mais novo recall da Mattel, Lobo afirma que as unidades com problemas de tinta tóxica não estavam nos lotes que o Inmetro certificou. Por conta desses problemas, o instituto publicou na semana passada resoluções que exigem a certificação de todos os lotes dos brinquedos e capacetes para motociclistas importados. A regra já havia sido adotada no final dos anos 90 para preservativos importados e deve se estender para luvas cirúrgicas fabricadas no exterior. "Não dá para confiar nos produtos da Ásia, particularmente da China. As multinacionais, como a Mattel, levaram as fábricas para lá, se beneficiando de uma mão-de-obra aviltada, de um câmbio favorável segurado artificialmente", diz Lobo.

O diretor do Inmetro reconhece que a medida corre risco de sofrer sanções no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), pois levará a um aumento de 1% a 2% no custo de certificação pela empresa, além de representar uma maior demora para colocar os produto no mercado brasileiro. "A OMC pode alegar que estamos criando uma dificuldade ao comércio internacional e protegendo a indústria nacional. Mas a nossa prerrogativa é de que para o bem da segurança vale tudo."

Apesar da necessidade de maior rigor, Lobo diz que os procedimentos de certificação no Brasil são mais rigorosos do que nos Estados Unidos e na Europa. O Inmetro certifica atualmente produtos de 88 famílias cujo uso pode representar algum risco à saúde, à segurança ou ao meio ambiente - desde mangueiras de gás a pneus, passando por equipamentos utilizados em hospitais e tintas utilizadas no setor têxtil. O instituto já programa a certificação de mais 113 grupos de produtos com os mesmos riscos. "A demanda, especialmente por conta dos importados, está aumentando", disse Lobo.

O número de funcionários do instituto, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, corresponde a 900 e deve passar para 1.550 até o final de 2009. Neste ano, serão admitidos 126 funcionários. O orçamento previsto para este ano é de R$ 370 milhões, R$ 100 milhões acima do ano passado. Do total do orçamento, 70% têm origem nas certificações e aferições e 30% são recursos do governo federal.

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Tecnologia democratiza a cultura

Por Cinthia Rodrigues, para o Valor
Publicado pelo
Valor Online em 06/09/07

Livraria da Vila, em São Paulo: "Quanto mais práticas culturais existirem, mais chance o jovem terá de fazer atividades dentro ou fora de casa. É a lei do acúmulo", afirma o antropólogo Maurício Fiore, do Cebrap
Foto Tuca Vieira / Folha Imagem

Os jovens latino-americanos de 15 a 29 anos, definitivamente, não têm tanto tempo para ler os clássicos de sua literatura, como "A Morte de Artêmio Cruz", do mexicano Carlos Fuentes, ou "O Jogo da Amarelinha", do argentino Júlio Cortázar. Apenas 8,5% dos chilenos usa o tempo livre para ler um livro, jornal ou revista. O número de mexicanos é tão baixo que não é possível catalogar os dados. Já os colombianos têm um índice melhor (24%), mas ainda preferem praticar esportes (38%) e ouvir música (37%) a se debruçar sobre um Gabriel García Márquez.

Mas quando o assunto é internet os números sobem: 20% dos chilenos têm acesso à rede, 21% deles com idade entre 19 e 29 anos. Uruguaios (11,9%), peruanos (11,5%), argentinos (8%), mexicanos (3,5%) e colombianos (2,7%) navegam na rede, segundo dados consolidados de 2001 (estima-se que o número de usuários de internet aumente 10% ao ano, segundo a empresa de pesquisas comScore Networks). A maior concentração de usuários se dá, em média, na faixa entre 18 e 24 anos.

Os dados fazem parte de uma pesquisa feita por Guillermo Sunkel, mexicano radicado em Santiago (Chile), que esteve em São Paulo para participar do I Seminário Internacional de Democratização Cultural, a convite do Instituto Votorantim. "O domicílio se transformou em um centro de entretenimento. Antigamente, quando queríamos cultura, tínhamos de buscar fora. Eu, que sou fã de música brasileira antiga, nem preciso sair da minha casa para ouvir. A tecnologia democratizou o consumo", diz.

Para ele, autor do livro "Consumo Cultural na América Latina", o jovem latino-americano gosta mesmo é de assistir à televisão. Chilenos (17,1%), mexicanos (11%), colombianos (33%) e espanhóis (31%) largam qualquer coisa para ver filmes, notícias e novelas. Essa notícia é ruim? Não para os especialistas que acreditam que o "lar" é o novo centro irradiador de cultura.

Para o antropólogo Maurício Fiore, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), é errada a visão de que a TV ou a internet tiram espaço de leitura, shows ou visita a museus. "Quanto mais práticas culturais existirem, mais chance o jovem terá de fazer atividades dentro ou fora de casa. É a lei do acúmulo, ele se sente estimulado pela televisão e pelo computador", afirma. Quem lê jornais, revistas ou sites estará mais inclinado a buscar mais informação em casa (em livros ou discos) ou fora (cinema, teatro, shows, museus). Quem não se informa não sai do lugar.

Com a pesquisadora Isaura Botelho, Fiore fez um trabalho estatístico na região metropolitana de São Paulo para descobrir o que maiores de 15 anos faziam em seu tempo livre. O objetivo era avaliar seus hábitos culturais. O cinema foi eleito uma das expressões artísticas mais populares e acessíveis, mas mesmo assim 15% da população paulistana nunca pôs os pés numa sala para ver um filme. Um dado surpreendeu os profissionais: 40% dos entrevistados afirmou ter lido um livro por prazer no ano anterior. "Esse dado é quase europeu, foi uma surpresa para nós", conta Fiore. A televisão é o veículo mais disseminado, assim como o DVD e o vídeo.

Para o antropólogo, o grande fator de democratização da cultura não é espalhar teatros por todo um Estado. "O importante é criar espectadores com repertório", afirma. "Quando o espectador conhece, ele vai, não importa se é de graça, se é caro, se fica longe ou perto." E a chave desse conhecimento pode estar mais perto do que se imagina. Dentro de casa.

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A terceira margem do Rio Guaíba

Por Ana Weiss, para o Valor
Publicado pelo
Valor Online em 06/09/07

Obra de Cildo Meireles: artistas indicaram trabalhos e montaram relações entre obras, realizando as próprias curadorias
Foto Divulgação


Foi e é um esforço louvável da equipe envolvida na Fundação Bienal do Mercosul transformar um projeto que leva uma definição geopolítica no título em um acontecimento a ultrapassar as fronteiras das nacionalidades. A idéia da mostra aberta ao público de Porto Alegre até 18 de novembro nasceu nos anos 1990 apoiada em uma expectativa local de inclusão artística. Para tanto, escolheu o caminho da profissionalização.

Desde o começo a opção foi pelo estabelecimento de um conselho de administração - e não deliberativo - composto mais por executivos e figuras ligadas às esferas administrativas do que propriamente por artistas. Essa foi a pedra angular da construção mais complicada do evento, a formação de equipes com experiência sólida em administração e dispostas a trabalhar por menos que o valor de mercado, criando um padrão de eficiência empresarial, para um evento que dura poucas semanas e não produz lucro.

Inaugurada com as bênçãos do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, do grupo Gerdau, a fundação nunca teve problemas em trazer para a sua cúpula executivos locais, assim como administradores e gerentes de áreas diferentes. O que foi, sobretudo no começo, questionado por muitos artistas.

"Os descontentes diziam que a bienal era como um disco voador que pousava de dois em dois anos em Porto Alegre", conta Justo Werlang, diretor-presidente da Fundação Bienal, integrante da diretoria desde a primeira edição e articulador, com a produtora argentina Maria Benites, do anteprojeto que chega à sexta edição com um aproveitamento exemplar de verbas trazidas da iniciativa privada via leis de incentivo fiscal.

Esta edição - cujo tema central é o título do iniciático "A Terceira Margem do Rio", de Guimarães Rosa - foi construída sobre os moldes de sustentabilidade presentes no que há de mais contemporâneo na concepção de mostras de arte de caráter internacional, como a bienal Documenta de Kassel, realizada este ano, na Alemanha.

O orçamento da montagem foi menor em relação à edição passada, R$ 12 milhões, dos quais R$ 2,5 milhões foram integralmente destinados ao projeto educativo tentacular dirigido pelo professor e artista uruguaio Luiz Camnitzer. A quinta bienal custou R$ 10,7 milhões.

Para isso, foram necessárias algumas operações anteriores à chegada do projeto do curador espanhol Gabriel Pérez-Barreiro, coordenador do segmento latino-americano do Museu de Arte de Blanton, da Universidade do Texas. Convidado em maio, o propositor do tema rosiano fez questão de montar um esquema matricial de curadoria, delegando nichos até mesmo entre artistas. Além de mostrar os próprios trabalhos selecionados, artistas do naipe de Waltércio Caldas indicaram trabalhos e montaram relações entre obras, realizando as próprias curadorias.

Para sustentar o projeto ousado de um curador jovem, havia na Bienal do Mercosul uma continuidade ainda pouco comum em eventos espaçados. "A Fundação Bienal do Mercosul não foi constituída a partir de um patrimônio imobiliário ou financeiro, não conta com um fluxo de subsídios anuais fixos. O único patrimônio de que dispõe são os valores humanos que compõem seus diversos quadros", observa Welang, também vice-presidente da Fundação Iberê Camargo. "Durante o percurso de cinco edições, a fundação agregou poucas pessoas novas. Por isso sempre tivemos a necessidade de manter uma política forte de qualificação. Assim, conseguimos manter nosso quadro, não perdemos expertise e despertamos nos profissionais um comprometimento. Acredite: é cada vez maior o número de voluntários que trabalham conosco."

Em edições passadas, a bienal se apoiou em consultorias para aprimorar seus processos, como a captação de recursos, hoje otimizadas em cotas pelo desenho de Yacoff Sarkovas. Atualmente ela está sob os cuidados de uma diretoria interna, atuante muito antes e depois dos preparativos para a mostra em si.

A equipe que trabalha há pelo menos dois anos na sexta edição da Bienal do Mercosul é composta por diretores Institucional, Administrativo e Financeiro, de Marketing, Jurídico, de Patrocínios, de Turismo, de Comunicação, de Captação de Recursos, de Espaços Físicos e da diretoria dos diretores, nas palavras do diretor-presidente, a de Equipes. Ao todos são 16 diretores, todos trabalhando voluntariamente.

O projeto de diretoria da sexta bienal tem como uma das metas a formação de voluntários para a atuação na área cultural. Desde a escolha do curador, passando por todo o detalhamento do projeto curatorial à captação do elevado volume de recursos financeiros para sua materialização, a bienal funciona como um grande laboratório de capacitação de jovens lideranças que, aliás, tem contribuído imensamente para a otimização dos recursos e o aprimoramento administrativo, até mesmo no que diz respeito a temas bastantes discutidos no universo corporativo, como a transparência: "As informações são abertas, a agenda de todos na bienal é aberta na internet, os relatórios são distribuídos aos conselhos, colaboradores e patrocinadores."

Uma das propostas de transparência de gestão dos jovens administradores toma emprestado o conhecimento dos colegas curadores. Em novembro, as exibições espalhadas pelos Armazéns do Cais do Porto (às margens do Rio Guaíba), no Santander Cultural e no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) serão recolhidas. No lugar delas será montada uma enorme exposição "de prestação de contas de tudo o que foi mobilizado para a realização da mostra". Mais que um making of, a mostra pode ser mais uma boa explanação para os interessados em trabalhar com produção cultural. Em qualquer das muitas especializações que hoje esse mercado engloba.

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Brasil fica isento na disputa do FMI

Ricardo Balthazar
Publicado pelo
Valor Online em 05/09/07

O governo brasileiro pretende acompanhar à distância a disputa aberta pelo comando do Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar da sua insatisfação com a maneira como a instituição é conduzida e dos apelos que vem recebendo para endossar uma candidatura alternativa que promete desafiar a hegemonia dos países ricos no Fundo.




O atual diretor-gerente do FMI, o espanhol Rodrigo de Rato, anunciou que deixará o cargo em outubro. Dois candidatos se apresentaram para ocupar a vaga, o ex-ministro da Economia francês Dominique Strauss-Khan, apoiado pelos 27 países que fazem parte da União Européia, e o ex-presidente do Banco Central da República Checa Josef Tosovsky, lançado pela Rússia.

O Brasil recebeu pedidos de apoio dos dois lados, mas não se comprometeu com nenhum candidato. O governo tem se limitado a marcar posição, reafirmando as críticas que o Brasil e vários outros países fazem ao processo de seleção do diretor do Fundo e à forma como se tomam as decisões na instituição.

O comportamento do governo reflete vários fatores. Brasília avalia que as chances do candidato alternativo indicado pelos russos são muito pequenas. O Fundo sempre foi dirigido por europeus, graças a um acordo informal estabelecido entre os países mais avançados logo após a Segunda Guerra Mundial, quando a instituição foi criada.

Apesar do incômodo que essa convenção gera até hoje, não há nenhum sinal de que ela será ignorada desta vez. Isso torna mais arriscado apostar numa candidatura sem chances de vitória. Juntos, os países avançados controlam 61% dos votos no FMI. O Brasil e os demais países em desenvolvimento têm 39%.

Há outro problema. Embora os dois candidatos que estão no páreo tenham adotado políticas de perfil ortodoxo quando comandaram as economias de seus países, Tosovsky é visto em Brasília como mais conservador do que Strauss-Khan, um político carismático com longa carreira no Partido Socialista francês.

Strauss-Khan visitou o Brasil no início de agosto e foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois do encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, divulgou uma nota com críticas ao processo de seleção do diretor do FMI e pedindo o fim da tradição que tem assegurado o cargo aos europeus.

Os russos avisaram Mantega que indicariam Tosovsky antes que a candidatura fosse anunciada. Ouviram expressões encorajadoras, mas nenhuma manifestação clara de apoio. O ministro convidou Tosovsky para ir ao Brasil também, mas é improvável que a visita ocorra. Os russos acham que pegaria mal mandar o candidato dar a volta ao mundo no rastro de Strauss-Khan.

"O processo de seleção do diretor-gerente é muito defeituoso e achamos importante oferecer aos outros países a oportunidade de uma escolha", disse ao Valor o diretor-executivo que representa a Rússia no Fundo, Aleksei Mozhin. "Só decidimos lançar Tosovsky ao perceber que ninguém mais entraria na disputa se não o nomeássemos."

Mozhin diz ter recebido algumas promessas de apoio, mas não revela quem se comprometeu com Tosovsky. Até agora ninguém declarou apoio ao candidato checo em público. Strauss-Khan e Tosovsky serão sabatinados pelos 24 diretores-executivos do Fundo dentro de algumas semanas. O escolhido deve ser anunciado até o fim deste mês.

A última vez em que os países em desenvolvimento tiveram alguma influência nesse processo foi em 1987, quando o francês Michel Camdessus disputou o cargo com o holandês Onno Ruding. Os europeus estavam divididos e os Estados Unidos, que não gostavam de nenhum dos dois candidatos, se abstiveram na votação. Com o apoio do Brasil e de outros países em desenvolvimento, Camdessus teve 36% dos votos e ganhou a disputa.

Em 2004, um grupo de países em desenvolvimento lançou o americano Stanley Fischer, então o número dois na direção do Fundo. A manobra foi inspirada de maneira discreta nos bastidores pelos EUA, que não gostavam do candidato europeu, o então vice-ministro das Finanças da Alemanha, Caio Koch-Weser, nascido e criado no Brasil. O veto americano levou a Alemanha a indicar outro nome, Horst Kohler, que foi escolhido após a retirada dos outros candidatos.

A experiência recomenda cautela, mas o distanciamento dos países em desenvolvimento desta vez é também um reflexo do ceticismo com que eles vêem o FMI hoje em dia. Países como o Brasil pagaram tudo o que deviam ao Fundo, acumularam centenas de bilhões de dólares em reservas e reduziram tanto sua dependência de capital externo que ficaram mais à vontade para dispensar os conselhos da instituição e dar menos importância para o que ocorre ali.

Eles também andam insatisfeitos com o andamento de um pacote de reformas lançado por Rato para modernizar o sistema de divisão do poder no FMI. Propostas que têm o objetivo de aumentar o peso dos países em desenvolvimento nas decisões têm esbarrado na resistência dos europeus, que não aceitam ver diminuídas suas cotas no Fundo.

"Garantir que a revisão das cotas ocorra deveria ser mais importante para os países em desenvolvimento do que saber quem será o próximo diretor-gerente", disse ao Valor John Taylor, ex-subsecretário do Tesouro americano para assuntos internacionais. "O processo de escolha do diretor-gerente terá que ser alterado algum dia, mas é difícil que isso aconteça agora."

Mas muitos acham que as reformas em discussão não vão dar em nada, como o representante da Argentina no FMI, Hector Torres, deixou claro num artigo publicado há um mês. "No máximo, elas vão resultar em alguns votos a mais para umas poucas economias emergentes bem-sucedidas [...] às custas de países em desenvolvimento menos bem-sucedidos", escreveu. "Isso não trará mais eficácia nem credibilidade para o Fundo."

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Governo planeja reativar indústria de armamentos

Sergio Leo
Publicado pelo
Valor Online em 05/09/07

Nelson Jobim, ministro da Defesa: indústria da defesa e não bélica
Ruy Baron/Valor

O apoio do governo para substituir fornecedores estrangeiros por uma indústria nacional de defesa será um dos principais pontos da Estratégia de Defesa Nacional, que o ministro da Defesa, Nélson Jobim estabelecerá, a partir desta quinta-feira, para orientar os gastos e ações das Forças Armadas. Com essa estratégia, Jobim deve assumir de fato o comando das Forças Armadas, e, se superar as resistências dos comandados, dar destino aos planos de reestruturação do Exército, Marinha e Aeronáutica, que herdou ao assumir o Ministério da Defesa.

Amanhã, acompanhado dos três comandantes militares e do secretário para Planejamento de Longo Prazo, Mangabeira Unger, Jobim, anunciará, no Palácio do Planalto, a formação de um grupo de alto nível que estabelecerá essa estratégia de defesa. O impulso à indústria nacional de defesa fará parte da política industrial do governo, informou o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, que citou o exemplo da atuação da Embraer no desenvolvimento do AMX. Ele anunciou a intenção de dar incentivo a fabricantes brasileiros de armamento, helicópteros, aviões, embarcações e radares.

O assunto foi mencionado na reunião de ministros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dia 30 de agosto. "Apoio à indústria bélica?", chegou a comentar Lula, antes de aprovar a idéia. "Bélica não presidente, indústria de defesa", batizou Jobim.

Jobim consultou os comandantes das três Forças para deles obter apoio a essa iniciativa, que pretende subordinar os orçamentos das três armas à uma só diretriz e acabar com indefinições tradicionais sobre o papel e estratégia do Exército, Marinha e Aeronáutica. Por falta dessas definições, por exemplo, a Marinha investiu, ao mesmo tempo, sem muito êxito, em porta-aviões, típicos de uma armada voltada a ações ofensivas, e no submarino nuclear, poderoso equipamento defensivo.

A aprovação da estratégia nacional de defesa dirá, segundo espera o governo, o que fazer também com os quartéis, e se alguns deles, em certas regiões de fronteira, não devem ser, por exemplo, substituídos por forças táticas especializadas e equipadas, de grande mobilidade. Jobim quer cobrar, nas decisões de investimento das três Forças, prioridade para os fornecedores nacionais. A estratégia de defesa que preconiza prevê uma força de dissuasão robusta e uma concepção de defesa nacional.

O ministro quer que o tema deixe de ser visto como assunto exclusivo dos militares, e seja discutido nacionalmente, como parte do projeto de desenvolvimento do país. Daí o pedido para que Mangabeira Unger participe do debate, que, na prática, será um teste para o novo ministro, já que acabará com a autonomia existente, hoje, na definição de prioridades das Forças Armadas.

Na decisão de apoiar a indústria nacional, Jobim conta com a simpatia dos militares, e assume papel de liderança, que havia sido perdido para o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, que criou na Fiesp o Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Defesa (Comdefesa), para discutir o tema com empresários e generais. Skaf, há semanas, criticava em Brasília uma decisão de governo que promete se transformar em um dos constrangimentos para o ministro da Defesa: a negociação com o governo russo para derrubada de barreiras à exportação de carnes do Brasil, em troca da compra, pelas Forças Armadas, de helicópteros de fabricação russa.

"Helicóptero é tecnologia, tem de ser negociado em troca de vantagens tecnológicas, não por commodities como carne", critica Skaf. A negociação dos helicópteros é motivo de queixas reservadas de oficiais das três Forças. O grupo criado pela Fiesp defende, em casos como esse, que o governo recorra à Helibrás, fabricante do helicóptero Esquilo, no país.

Além da Embraer, única remanescente da indústria bélica brasileira em situação favorável, sobrevivem no país a Avibrás, sem condições de fabricar mísseis de precisão projetados na empresa, a Mectron, fabricante dos mísseis Piranha, a Imbel, fabricante de armas, e a Orbisat, fabricante de fechaduras e capacetes para empresas de segurança, apesar de ter projetos para fabricação de radares de baixa altura.

A possibilidade de usar o poder de compra do governo para impulsionar o avanço tecnológico das empresas do setor de defesa é citada pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, como um dos argumentos para evitar acordos com cláusulas de liberalização total das licitações e aquisições de governo para fornecedores estrangeiros. O secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, é ainda mais enfático e, em julho, fez uma defesa veemente do apoio à indústria de defesa, que, em textos para a Escola Superior de Guerra, já apontou como faceta essencial da política externa.

Para Jobim, que deu demonstração de prestígio na esteira da crise aérea, ao obter aumento de mais de 50% no orçamento para o ministério, em 2008, o reequipamento das Forças Armadas, possibilitado pelas novas verbas, tem de estar ligado a uma doutrina de defesa e estratégia militar, hoje inexistente pela desarticulação entre Exército, Aeronáutica e Marinha.

A estratégia a ser criada a partir do grupo que será constituído amanhã, se bem-sucedida, deverá consolidar o controle civil do ministério da Defesa sobre os comandos militares, que ainda resistem a considerar Jobim o superior hierárquico. Pelo mesmo motivo, pode sofrer boicotes nas três armas, perigo que se imagina afastado, no Planalto, com o poder concedido a Jobim por Lula, que prometeu as condições necessárias para constituir, de fato, o ministério, hoje uma "casca de ovo", como se define no governo, sem pessoal nem verbas.

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Fundações unem Temporão e Marta

Paulo de Tarso Lyra e Thiago Vitale Jayme
Publicado pelo
Valor Online em 05/09/07

Temporão: titular da Saúde conta com ministra do Turismo para minar resistências do PT ao projeto que tramita no Congresso
Foto Ruy Baron/Valor

Os ministros da Saúde, José Gomes Temporão, e do Turismo, Marta Suplicy, reuniram-se na tarde de ontem para acertar um esforço conjunto na tramitação do projeto que cria Fundações Públicas de Direito Privado para administrar diversas áreas do serviço público. O encontro atende ao interesse de ambos: Marta pretende transformar a Embratur em fundação, vislumbrando a possibilidade de conseguir mais recursos, de maneira mais ágil. Já Temporão ganha uma aliada de peso dentro do PT, legenda que resiste ao projeto, acusando o Ministério da Saúde de querer privatizar os hospitais públicos.

Temporão admitiu, durante o anúncio do projeto há quase um mês, que as negociações iriam acontecer durante a tramitação da proposta no Legislativo. As maiores resistências, por enquanto, partem do PT e da CUT. Os dois aliados temem um processo de privatização, demissões em massa e ausência de critérios na contratação, já que uma fundação tem liberdade para contratar sem a necessidade de concursos públicos.

Representantes das diversas centrais sindicais chegaram a pedir ao presidente Lula que o projeto fosse retirado da pauta do Congresso. Sem êxito, foram chamados para um encontro com Temporão. O ministro tentou explicar seus pontos de vista, a importância do projeto e, admitiu aos sindicalistas que uma das críticas "que mais lhe doía era acusar a iniciativa de privatista".

De olho nos votos do Congresso, Temporão sabe que a ministra Marta, forte dentro do PT, pode ser uma importante aliada. Ele também pediu uma audiência com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) para pedir celeridade ao projeto. Chinaglia, que segundo assessores do Ministério demonstrou certa resistência ao projeto, prometeu, contudo, que não colocaria obstáculos na tramitação, podendo criar, inclusive, uma comissão especial para debater a matéria.

Marta sonha com a possibilidade de transformar a Embratur em uma fundação. Ela acredita que, se a empresa virar uma fundação, poderá ampliar o leque de parceiros e, conseqüentemente, ter mais facilidade de publicidade no país e no exterior." Como autarquia, a Embratur tem limitação de licitações, compras, salários e pessoal. Na forma de fundação, por exemplo, a contratação continuaria sendo por concurso. Mas não haveria estabilidade. Os funcionários seriam CLT", confirmou uma fonte ouvida pelo Valor.

A alteração planejada por Marta Suplicy seria uma segunda etapa de tramitação. O projeto que está nesse momento no Congresso apenas autoriza a criação de Fundações Públicos de Direito Privado. Na segunda etapa serão criados os modelos de Fundação e as áreas em que elas vão atuar. O Projeto de Lei das Fundações foi encaminhado ao Congresso no final do mês de julho e no dia 1º de agosto foi nomeado o relator da matéria: o deputado Pedro Henry (PP-MT). Ex-líder do PP durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Henry é um dos 40 réus do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Henry foi denunciado por três crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O parlamentar que relatará o projeto também teve seu nome envolvido no esquema das sanguessugas. Henry foi acusado pelo líder do esquema, Luiz Antônio Vedoin, de ter direcionado recursos para a compra de ambulâncias da Planam no Mato Grosso. Ele ainda teria recebido de Vedoin um carro no valor de R$ 48 mil como pagamento de comissão.

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Natura lança antiidade à base de passiflora

Daniela D'Ambrosio
Publicado pelo
Valor Online em 05/09/07

Alessandro Carlucci, presidente da Natura: Chronos permite aliar tecnologia ao conceito de biodiversidade, para brigar com importados e marcas nacionais
Foto Marisa Cauduro/Valor

Depois de muito suspense, a Natura anunciou ontem o maior lançamento do ano: a nova versão da linha antiidade Chronos, que agora leva o técnico sobrenome "flavonóides de passiflora". É a primeira novidade importante depois que os resultados da companhia brasileira começaram a patinar e o lucro recuou. Enquanto a concorrência avança com fôlego no mercado de cremes que prometem reverter e prevenir os sinais do tempo, a Natura não inovava nessa área desde 2005, quando lançou Chronos Spilol, produto com ativo da Amazônia.

Mais uma vez, a Natura apela para os ingredientes naturais a fim de ganhar espaço no mercado anti-sinais, que movimenta cerca de R$ 600 milhões, segundo dados da Abihpec, e onde a venda direta responde por 80% das vendas. "A linha Chronos nos permite aliar tecnologia ao conceito de biodiversidade, é muito importante para nós", diz Alessandro Carlucci. "Essa é a linha mais difícil de se criar e desenvolver, as marcas internacionais estão cada vez mais presentes", diz Eduardo Luppi, vice-presidente de inovação da Natura.

Embora seja resultado de um trabalho de cinco anos, o novo produto chega em boa hora. O creme anti-sinais é o mais caro de todo o catálogo de produtos da Natura e, portanto, um dos produtos mais representativos do faturamento. Será vendido por R$ 69,80 na versão regular e R$ 55,80 o refil - mesmo preço do Chronos Spilol, que continua em linha.

No começo do ano, após o anúncio de queda do lucro no terceiro trimestre, a Natura disse que corrigiria a rota privilegiando o curto prazo - em detrimento de anúncios e ações mais institucionais. "Ainda que venha sendo planejado há alguns anos, esse lançamento é um dos pilares de curto prazo, do qual falamos, sim" admite Carlucci. A empresa não revela investimento no desenvolvimento do produto e na campanha.

Além da tecnologia, agilidade é outro atributo importante para ganhar participação nesse setor. A rival Avon lançou três novos produtos este ano - e tem encontrado no Brasil, segunda maior operação mundial depois dos Estados Unidos, um forte respaldo para suas novas linhas.

O último lançamento, o Renew Thermafirm, que custa R$ 62 e promete fazer um lifting no rosto, bateu recorde de vendas no Brasil, com 2,5 milhões de unidades vendidas em dois meses. O país também foi um dos maiores sucessos mundiais de Renew Alternative, linha baseada em produtos naturais do Oriente, que chegou ao Brasil no início do ano passado e serviu como contra-ataque ao Spilol, da Natura. Alternative foi o maior investimento da história da Avon em um único lançamento no Brasil - R$ 21 milhões.

Este ano, a Avon testou uma linha antiidade mais popular para ampliar o universo de consumidoras com acesso a esse tipo de produto, considerado um dos de maior valor agregado na hierarquia dos cosméticos. Com preço na casa de R$ 20, o Ageless Results é cerca de três vezes mais barato do que as linhas tradicionais. De novo, o Brasil foi o país líder em vendas do produto. "De cada dois produtos antiidade vendidos hoje no Brasil, um é da Avon", afirma Emanuela Anselmo, diretora regional para América Latina da americana Avon. "A marca Renew é a mais importante do nosso faturamento."

Para tentar se diferenciar nesse mercado, O Boticário apostou na nanotecnologia e lançou um produto para mulheres com mais de 65 anos, target acima da média de mercado. Em 2006, quando partiu para a nanotecnologia, a empresa aumentou as vendas de antiidade em 50% e, neste ano, espera manter o mesmo patamar.

Fora do mercado porta-a-porta e franquia, as empresas que vendem seus produtos no varejo também têm apostado na tecnologia para cativar a consumidora disposta a livrar-se das indesejáveis rugas. A Nivea trouxe ao Brasil este ano o Visage DNAGE, produto com ácido fólico e creatina para mulheres na faixa de 40 anos. Tem um preço competitivo em relação aos produtos vendidos por catálogo - é quase 30% mais barato, na faixa de R$ 47,00. No varejo, a Nivea é líder em volume no mercado antiidade, com 17,5%, e segunda colocada em valor, com 15,3%, atrás de La Roche Posay (L'Óreal), com 19,2%. "Depois do lançamento, ganhamos três pontos de participação em valor", afirma Fernanda Calvet, gerente de Nivea Visage.

A disputa com os dermocosméticos (produtos que precisam de eficácia comprovada em estudos) é grande nesse mercado. Até porque, marcas como La Roche Posay, Vichy e RoC têm o aval e são recomendados por dermatologistas - o que não acontece com os cosméticos. A Natura já disputava indiretamente esse segmento ao vender o ativo Elastinol R, usado na linha Chronos, para farmácias de manipulação. Parou este ano e no início do próximo retoma o projeto com a venda de outros ativos, como Spilol e os flavonóides de passiflora - que podem ser indicados por médicos para as formulações de produtos, algo muito usual no Brasil. "É uma parte muito pequena da nossa receita", diz Luppi.

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Reajuste de servidor custará R$ 7,4 bi por ano

Mônica Izaguirre
Publicado pelo
Valor Online em 05/09/07

Os aumentos salariais que o governo Lula planeja conceder aos funcionários do Executivo federal em 2008 vão deixar para o contribuinte uma conta de R$ 7,4 bilhões por ano, em gastos adicionais - sem considerar o Ministério Público. Esse será, segundo proposta orçamentária encaminhada ao Congresso, o impacto das novas concessões salariais, incluindo as decorrentes de reestruturações de carreira, sobre o volume anual de despesas com pagamento de servidores civis e militares a partir de 2009.

Para Judiciário e Ministério Público, a proposta também contempla novas elevações de remuneração em 2008, ao custo anual de R$ 325,96 milhões. Se forem consideradas as despesas a serem geradas pela contratação de novos servidores - o que está na programação de todos os Poderes, inclusive Legislativo - , o custo da política de recursos humanos a ser executada pelos órgãos da União atingirá R$ 11,23 bilhões por ano.

O impacto sobre o valor anual da folha só ocorrerá integralmente a partir de 2009, porque os aumentos e contratações se darão ao longo de 2008, não afetando todas as folhas mensais. Esse efeito parcial em 2008, porém, será expressivo, chegando a R$ 5,92 bilhões - R$ 4,03 bilhões dos quais em função de aumentos de remuneração e R$ 1,89 bilhão em função da admissão de novos funcionários.

As despesas de pessoal da União são estimadas no projeto em R$ 130,8 bilhões para 2008, R$ 12,7 bilhões, ou 10,75%, acima do montante previsto para 2007, na última reprogramação (R$ 118,1 bilhões). A diferença entre o impacto pleno e o efeito parcial a ser provocado pelas novas contratações e aumentos salariais indicam que, no mínimo, R$ 5,3 bilhões de novos acréscimos em 2009 serão previamente contratados em 2008.

É preciso considerar que há sempre uma evolução "vegetativa" da folha, decorrente, por exemplo, de ganhos automáticos por tempo de serviço. Para 2008, esse crescimento vegetativo anual é estimado em R$ 1,1 bilhão. Se for assim também no ano seguinte, na menos pessimista das hipóteses para o contribuinte, o gasto da União com pessoal e respectivos encargos sociais alcançará, no mínimo, R$ 137,2 bilhões, já descontada a contribuição da União para a aposentadoria de seus servidores. Como esse dinheiro é ao mesmo tempo receita e despesa para os cofres federais, a contribuição fica fora das estatísticas divulgadas pelo governo sobre gastos com pessoal.

Mesmo que ultrapasse esse valor nominal como proporção do Produto Interno Bruto, no entanto, a folha da União deverá iniciar uma lenta trajetória de queda em 2009. Essa é a expectativa embutida no Plano Plurianual (PPA) 2008-2011, encaminhado ao Congresso junto com o projeto de orçamento anual. Pelo projeto, em 2008, essa relação ainda vai crescer comparativamente ao ano anterior, saindo de 4,69% para 4,74%. Mas, nas previsões do PPA, cairá para 4,6% já em 2009, seguirá em queda para 4,5% em 2010, chegando a 4,3% em 2011.

Para tanto, o governo espera ver aprovado o projeto de lei complementar que limita a 1,5% ao ano mais a inflação do IPCA a expansão do valor nominal da folha, excluídos, entre outros efeitos, os aumentos negociados até 2006 para pagamento posterior. Mesmo subindo em 2008, as despesas de pessoal da União em relação ao tamanho da economia ainda estão abaixo do que foram nos últimos três anos do governo Fernando Henrique Cardoso, quando oscilaram entre 4,94% e 5,08% do PIB.

As 56.348 novas contratações de servidores previstas no projeto de orçamento para 2008 permitirão preencher 27.379 vagas em aberto na administração federal e ainda criar 28.969 novos cargos. Só o Executivo planeja contratar cerca de 40 mil pessoas, mais de 13 mil para vagas já existentes. Na avaliação do governo, a reposição e a expansão do quadro são necessárias para que administração recupere capacidade de formulação e implementação de políticas públicas. O espaço para novos aumentos de remuneração também é defendido como necessário, para reter e atrair mão-de-obra qualificada.

Desde 2003, a postura do governo tem sido de manter negociações salariais abertas com as mais diferentes categorias de funcionários federais. Apesar disso e das muitas concessões já feitas, o gestão do presidente Lula vem sendo marcada por movimentos grevistas, impulsionados pela ausência de uma regulamentação sobre o direito de greve no serviço público.

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