quinta-feira, 31 de maio de 2007

Portal Social abre prazo para inscrição de instituições

Publicado no Rede Gife Online em 28/05/07


Organizações sociais sem fins lucrativos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que possuam registro nos conselhos da Criança e do Adolescente e/ou de Assistência Social de sua cidade, podem se candidatar a uma vaga no Portal Social.

O programa, mantido pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (FMSS), da RBS, com apoio do Instituto Nestor de Paula, é uma ferramenta de comunicação com a finalidade de mobilizar pessoas e empresas para apoiar financeiramente organizações que atuam em benefício da sociedade.

Neste segundo processo de seleção (o primeiro foi realizado em setembro/outubro de 2005), os recursos que vierem a ser captados via internet serão destinados ao financiamento de um plano de investimento apresentado pela instituição. Este deverá ter um valor máximo de R$ 20 mil e poderá contemplar o pagamento de recursos humanos, reformas, construção, despesas administrativas, compra de máquinas e equipamentos, material de consumo, entre outros, não tendo mais a obrigatoriedade de estar vinculado à realização de um projeto específico.

Mérito e relevância da área de atuação da instituição, sua capacitação técnica, bem como a vocação para estabelecer parcerias e mobilizar a comunidade, são alguns dos critérios de seleção, além da experiência e idoneidade.

Desde novembro de 2005, quando foi lançado, o Portal Social captou mais de R$ 244 mil via internet, os quais já foram repassados a mais de 120 instituições sociais gaúchas e catarinenses.

Os projetos cadastrados na primeira etapa do Portal Social e que ainda não atingiram sua meta de captação permanecerão buscando contribuições via site até 30 de junho.

A partir da segunda quinzena de julho, os internautas encontrarão um novo catálogo de iniciativas com as quais poderão contribuir. “O foco de apoio passa a ser o das necessidades da instituição como um todo”, explica Alceu Terra Nascimento, gerente executivo da FMSS. O edital com as regras, bem como o respectivo formulário de inscrição estão no http://www.portalsocial.org.br/. O prazo para o envio das informações vai até 1º de junho de 2007, às 12h.

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A forma de remuneração mais eficiente para o captador de recursos

Renata Brunetti
Publicado pela revista IntegrAção



Como professora de captação de recursos, sou constantemente questionada sobre a forma ideal de se remunerar o captador profissional. Parece que passa automaticamente pela cabeça das pessoas, a idéia de remuneração proporcional ao valor a ser captado.

A primeira pergunta que costumo fazer aos alunos dos cursos de especialização em mobilização de recursos é: como são remunerados os demais funcionários da instituição em que trabalham? Normalmente, a resposta é a esperada: um salário fixo, um valor determinado pelas horas trabalhadas e definido também pelo mercado de trabalho. Em seguida, pergunto: por que não remunerar o captador de recursos da mesma forma? A resposta que se segue é quase sempre: se estou precisando de um profissional para captar recursos para minha instituição é porque não tenho recursos! Como vou remunerá-lo, então?

Esses tipos de respostas parecem naturais e justas. Entretanto, tal forma de remuneração é proibida tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Por que o assunto é ainda tão polêmico aqui no Brasil?

Por termos hoje duas posturas antagônicas formalizadas. A primeira e mais antiga segue o determinado pela lei de incentivo à cultura – Lei nº 8.313, também conhecida como Lei Rouanet (1991) –, que autoriza disponibilizar um percentual do custo do projeto para a remuneração de um captador de recursos. Ou seja, a remuneração atrelada ao valor e ao sucesso imediato da captação. A outra postura é a definida pela ABCR (Associação Brasileira de Captação de Recursos), que, ao acompanhar as determinações internacionais, desautoriza que se remunere o profissional de forma comissionada, propondo outras alternativas.

A ABCR, fundada em 1999, pretende não só representar formalmente o captador, mas também profissionalizá-lo regulamentando suas atividades e garantindo uma ética em sua atuação.

A Lei Rouanet foi uma inovação no que diz respeito aos incentivos fiscais, uma vez que possibilita que empresas invistam diretamente em projetos culturais. Trata-se de uma idéia interessante e de grande impacto na área cultural brasileira, embora não se perceba ainda uma mudança significativa no comprometimento das empresas em continuarem investindo. Poderíamos nos perguntar se esse relacionamento estratégico – investimento versus dedução de imposto – garantiria um maior envolvimento entre as partes. Uma empresa que investe seus próprios recursos percebe logo as vantagens de ver sua marca associada a atividades culturais. Com boas experiências, poderá continuar a investir em cultura no país, mesmo que o incentivo fiscal venha a ser extinto. A percepção do setor é que se os incentivos deixarem de existir, provavelmente o valor investido também cairá.

No que diz respeito à remuneração dos captadores de recursos, a Lei deixa claro: "Nenhuma aplicação de recursos poderá ser feita por meio de qualquer tipo de intermediação. Todavia, a contratação de serviços necessários à elaboração de projetos para obtenção de doação, patrocínio ou investimento, bem como a captação de recursos ou a sua execução por pessoa jurídica de natureza cultural não configura intermediação”. Ela foi, porém, reformulada no decorrer dos anos. Na primeira versão, constava que deveria ser pago ao captador 10% sobre qualquer valor captado. Hoje, esse percentual foi revisto e se reduz proporcionalmente ao aumento do valor captado.

Já a ABCR segue as determinações internacionais que não autorizam uma remuneração vinculada ao valor captado. Essa proibição não se apóia em valores morais e, sim, em resultados práticos obtidos.

O que se aponta, entre outras coisas, é o enfraquecimento do argumento do captador no ato de captar, caso seu interesse pessoal fale mais alto do que a causa pela qual está lutando.

A ABCR fez modificações em seu código de ética no que diz respeito a remuneração do captador para ajustar as determinações internacionais – com seus argumentos importantes – à realidade das instituições brasileiras, quando apresentam a dificuldade real em financiar uma área de captação de recursos.

A primeira versão, o código de ética da ABCR previa: "Trabalhar em troca de remuneração pré-estipulada e não aceitar comissionamento – trabalhando por um salário ou honorários, e não em troca de comissão ou remuneração condicionada a resultados. Pode-se aceitar uma retribuição baseada em desempenho, por exemplo, em bônus, quando estes estejam de acordo com as práticas seguidas pelas próprias organizações. Não deve ser aceita retribuição baseada em porcentagem sobre os fundos filantrópicos obtidos".

Já a segunda versão sugere que: "o captador de recursos deve receber pelo seu trabalho apenas remuneração pré-estabelecida – não aceitando, sob nenhuma justificativa, o comissionamento baseado em resultados obtidos; e atuando em troca de um salário ou de honorários fixos definidos em contrato; eventual remuneração variável, a título de premiação por desempenho, poderá ser aceita em forma de bônus, desde que tal prática seja uma política de remuneração da organização para a qual trabalha e estenda-se a funcionários de diferentes áreas”.

Penso que, aos poucos, a captação de recursos motivada pela remuneração percentual, principalmente nos casos ligados a projetos de organizações sem fins lucrativos e de utilidade pública, deveria ser revista. Essa forma de remuneração ainda presente no Brasil deveria ser analisada, como ocorreu nos demais países, sob a ótica de eficiência de resultados.

Para colaborar com o esclarecimento dessa polêmica tão presente, seguem alguns argumentos que podem justificar a importância de não vincular a remuneração do captador de recursos ao valor do projeto. Tais argumentos foram desenvolvidos por uma escola norte-americana de captação de recursos – The Fund Raising School, Center of Philantropy, Indiana University.

1. A captação de recursos é um processo longo. Inicia-se com a preparação da instituição para tal. Antes de “sair” para captar recursos, a instituição precisa ter muita clareza de sua missão, seus objetivos e suas metas. Precisa conhecer também suas necessidades e priorizá-las. Enfim, será necessário dedicar algum tempo a um processo que envolve muitas pessoas e que não se capta nenhum recurso. Como remunerar o captador nessa fase? E os demais envolvidos, quanto devem receber por esse trabalho?

2. Mesmo no momento de negociação, o captador conta com a colaboração de outras pessoas. Normalmente, nessas horas, está acompanhado de um diretor e/ou um voluntário. Faria sentido “ratear” a comissão do captador? Quanto caberia do valor captado a cada uma dessas pessoas?

3. É sabido e comprovado que a ferramenta de maior sucesso em uma negociação de parceria é a “causa”. O que poderia acontecer se, no momento da negociação, o interesse pessoal do captador em sua remuneração transparecesse? Não estaríamos assim correndo o risco de ter os argumentos enfraquecidos e a transparência da relação comprometida?

Sugere-se, assim, que o captador tenha um ganho fixo, quer seja por hora, quer por projeto. Nunca vinculado ao valor captado.

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Transparência no relacionamento com as empresas

Jamile Chequer
Publicado pela Agência Ibase em 25/05/2007

O Ibase acaba de finalizar a redação do Código Interno de Relações com Empresas. O documento é uma antiga intenção da instituição que há muito trabalha com o tema da responsabilidade social das empresas.

O código foi acordado, principalmente olhando o futuro e a possibilidade de estabelecer parcerias políticas entre Ibase e algumas empresas. Ainda que essa não seja uma relação preferencial da instituição, ela pode acontecer. “Por isso, o código é fundamental, por ser um código de conduta”, diz o diretor geral do Ibase, Cândido Grzybowski.

Ele também faz parte do esforço institucional de se tornar cada vez mais transparente. Para a diretora Dulce Pandolfi, “é fundamental para uma instituição como o Ibase, que procura pautar sua atividade pela transparência e tem como objetivo interferir no debate público, ter um código público de relacionamento com as empresas".

Por ser uma organização com fins públicos – que utiliza recursos públicos nacionais e internacionais– e com posicionamentos políticos em que externa a necessidade da construção da democracia, do combate as desigualdades e estimula a participação cidadã, o Ibase quer deixar claro quais são os seus critérios para se relacionar com as empresas. O código de relações vai dar segurança a partir de princípios muito bem estabelecidos. “Foi por isso que declaramos não nos relacionarmos com empresas que tenham trabalho escravo ou que produzam armas, por exemplo. Elas são uma contradição aos princípios do Ibase”, afirma o diretor João Sucupira.

O Ibase nasceu em um segmento em que as empresas são vistas mais como parte do problema do que como parte da solução. O fato de a instituição ter esse código, que abre a possibilidade de relações com empresas, não significa que essa visão tenha mudado totalmente. Mas que o Ibase acredita que o norte das empresas devem ser os bens e serviços que produz para a sociedade e não o lucro. “É isso que nos leva a aceitar que temos relações a fazer, alguns pontos em comum, como o de construir sociedades mais justas”, diz Cândido.

Claro que não há como ter controle sobre todas as cadeias produtivas. “O código é sobre o conhecido, não somos uma instituição de investigação. Mas deixamos claro que, uma vez sabido que certa empresa com a qual nos relacionamos, por exemplo, tem trabalho infantil etc, nos damos o direito de romper nossas relações, porque não concordamos e não vamos corroborar com isso”, alerta Cândido.

Para ele, o código é um ganho institucional que significa uma expressão do amadurecimento de uma cultura política. “Ele tenta transformar os princípios e valores que defendemos em uma norma de conduta prática, operacional." “Considero o código um avanço, assim como foi a publicação do nosso balanço social. Estamos mostrando publicamente que temos princípios para nos relacionar com empresas”, finaliza João Sucupira

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Projeto social torna-se movimento estadual articulado

Rodrigo Zavala
Publicado no Rede Gife Online em 28/05/07

Na última semana, entre os dias 24 e 25 de maio, o VII Seminário Pró-Conselho reuniu mais de 2 mil pessoas de todo o país em Belo Horizonte (MG), em busca do fortalecimento dos conselhos estaduais e municipais pelos direitos da criança e do adolescente.

Entre conferências, palestras, painéis e mesas-redondas, o evento tornou-se um diálogo em torno de uma preocupação comum: como melhorar a gestão desses conselhos, para torná-los não apenas responsáveis pelos Fundos da Infância e Adolescência, mas protagonistas das políticas públicas para essa população.

Independentemente do viés formativo do seminário, um ponto fundamental para o seu êxito se deve a articulação alcançada pelo programa responsável por sua elaboração, o Pró- Conselho. Criado há oito anos por meio de uma parceria entre o Instituto Telemig Celular e a Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerais, a iniciativa enfrentou alguns revezes quando o instituto deixou de financiar a empreitada no final do ano passado. “Estamos reavaliando os projetos apoiados pela empresa, revendo prioridades”, explicou o coordenador do instituto, Fernando Elias, durante o evento.

No entanto, o que poderia parecer um fim para muitas iniciativas, o envolvimento de diversos atores e setores (governamental e privado) tornou possível a manutenção do Pró-Conselho com uma bandeira única: a criança e o adolescente são prioridades absolutas para o desenvolvimento social e econômico. “É uma transição importante, em que uma iniciativa deixa de ser um programa empresarial e passa a se tornar um movimento de toda a sociedade”, enfatizou Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos convidados mais incensados do seminário.

Nesse sentido, o evento foi, ao mesmo tempo, promotor e exemplo para os conselheiros, representantes de organizações não-govenamentais e administradores públicos, presentes nos dois dias de atividades. Afinal, sob o tema Conselhos articulados para o desenvolvimento, os participantes observaram os frutos reais do alinhamento efetivo entre setores da sociedade.

“Estiveram representados os 27 Estados da federação. Isso mostra o seminário como um movimento nacional para tornar os conselhos co-responsáveis de políticas que garantam os direitos da infância”, afirmou a coordenadora da Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Minas Gerias, Marilene Cruz.

Segundo ela, o sucesso do evento também está ligado à participação de representantes de conselhos municipais de Saúde e Educação, fundamentais para a construção de políticas de benefício integral à infância. “Precisamos parar de disputar fatias do orçamento e construir diálogos convergentes. Isso não significa perder identidade, mas elaborar uma agenda comum”.

Embora seja sensível apontar a articulação social como responsável pelo evento, é importante ressaltar que ele foi possível por meio do patrocínio de empresas, fundações e institutos, como a Fundação Itaú Social, o Instituto C&A, a Nokia e a Petrobras. “O que se busca é a qualificação do trabalho técnico dos gestores desses conselhos”, explicou a coordenadora do Instituto C&A, Cristiane Felix, ao falar sobre o apoio de sua organização.

Críticas – As discussões sobre a atuação dos conselhos estaduais e municipais pelos direitos da criança e do adolescente não foram apenas edificantes. Nas conferências e mesas redondas, os palestrantes deixaram claro, alguns em críticas veladas, que ainda há muito a ser feito.

Segundo a presidente do Child Watch Internacional no Brasil, Irene Rizzini, persiste no país uma confusão de papéis entre os setores público e privado, em que os equívocos são evidentes. “A política centralizadora e totalitária modelada historicamente por uma elite não protege o cidadão mais pobre. Exemplo disso é a idéia de menor, na qual você diferencia as crianças com seus direitos assegurados (da tal elite) e as que vivem em situação de risco. Estas últimas são as consideradas menores, abandonadas. E os conselheiros ainda persistem nessas idéias”.

Ainda mais grave são os dados apontados pelo promotor de Ministério Público de Justiça de Minas Gerais, Márcio Rogério. Ao comentar pesquisas oficiais sobre a eficácia dos conselhos pelo Brasil, ele afirmou que 80% deles não têm qualquer diagnóstico sobre as demandas locais. “Os conselheiros não têm as informações mais básicas sobre a sua missão elementar “, criticou.

Nessa óptica, é oportuno pensar se, nestas condições, os conselhos têm realmente a qualificação necessária para não apenas orientar o destino dos Fundos da Infância e Adolescência, mas de ser protagonistas das políticas públicas para essa população.”Muitos dos conselhos têm pouca efetividade deliberativa. Equivocadamente, apenas encaminham documentos, sem qualquer participação nas políticas locais”, concluiu Leonardo Avritzer.

De acordo com o representante da Fundação Avina para a região Sudeste da Fundação Avina, Marcus Fuchs, antes gestor do Instituto Telemig, os conselheiros não estão preparados para lidar com a diversidade dos problemas a serem enfrentados. Ele explicou que as políticas públicas são homogêneas e não diferenciam as peculiaridades regionais.”Os conselhos perpetuam isso ao não entender as diferenças entre as demandas entre as crianças que vivem em zonas rurais ou urbanas. O mesmo ocorre em comunidades indígenas e quilombolas.”

As críticas apontadas pelos especialistas tornaram-se, na opinião dos participantes, uma provocação positiva. “Temos uma responsabilidade muito clara e o apoio é mais do que necessário para apresentarmos com clareza e transparência nossas ações”, afirmou um dos representantes do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Porto Alegre, Gilberto Lisboa, no primeiro dia de atividades do seminário.

O intempestivo pessimismo, assim, foi acompanhado pelo discurso formativo, que apontou possibilidades de diálogo. “A gestão participativa é o caminho mais saudável para qualquer democracia. O futuro dos conselhos é substituir as secretarias de Assistência Social, Educação, ou mesmo Saúde. São eles que conhecem realmente as demandas locais, identificadas junto à comunidade”, argumentou o membro da executiva nacional do Fórum Brasil do Orçamento e coordenador do Instituto Cultiva, Rudá Ricci.

Entre as idéias apresentadas pelo especialista, está a criação de uma fundação nacional de apoio aos conselhos de direitos da criança e do adolescente. “Trata-se de uma assessoria nacional, somada a uma à implementação de um fundo comum (extraído do FIA), envolvendo ONGs e conselhos, para a formação de uma rede”, expôs.

Marilene Cruz, o grande destaque do evento, deixou claro que o programa Pró-Conselho passará por uma reformulação estrutural, na qual provavelmente mudará até de nome. “Mas o compromisso estimular a criação de conselhos e qualificar conselheiros será o eixo principal de nosso trabalho. Esse é o caminho para efetivar o movimento nacional pela garantia dos direitos da criança e do adolescente e o objetivo deste evento”, mensurou.

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Pacto mostra sucesso de articulação social

Rodrigo Zavala
Publicado no Rede Gife Online em 21/05/07

Nas comemorações de dois anos do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, seus organizadores mostraram resultados positivos da iniciativa, como a visibilidade alcançada intersetorialmente e o aumento de empresas e organizações engajadas. No entanto, eles alegam que o maior motivo para celebrar é a eficiência conquistada pelo trabalho conjunto de diferentes atores, que possibilitou sistemáticos êxitos.

Lançado no dia 19 de maio de 2005, em Brasília, o pacto é promovido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e pela ONG Repórter Brasil. Foram essas três organizações que iniciaram um trabalho de conscientização social, que hoje conta com a adesão de mais de 100 empresas nacionais e estrangeiras, além de entidades de classe do setor empresarial. Todas se comprometeram a não mais adquirir produtos de empresas que, comprovadamente, se utilizam de mão-de-obra escrava.

A idéia é simples. O pacto segue a chamada “lista suja” do trabalho escravo no Brasil, um cadastro público que informa as empresas flagradas em atos ilícitos, atualizada semestralmente pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE). Com base nesse rol de criminosos, bancos públicos e privados, governos locais e federal bloqueiam recursos que possam financiar essas atividades, tal como grandes varejistas se negam a distribuir seus produtos.

“É um estrangulamento comercial e financeiro dessas empresas, para que elas simplesmente sigam a lei. E seguir a lei, nesse caso, é respeitar a dignidade humana”, afirma a coordenadora do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da OIT no Brasil, Patrícia Audi. Segundo ela, a lista ainda colabora ao informar os consumidores, para que não apenas deixem de comprar os produtos, mas também pressionem outras empresas a fazer o mesmo. É uma questão de responsabilidade social das empresas, enfim.

As principais atividades econômicas em que foram resgatados os escravos contemporâneos brasileiros são: pecuária de corte (com 62% dos casos), seguidas por carvão (12%), algodão (5,2%) e soja (4,7). “Foram libertados, no ano passado, 3729 trabalhadores só no setor bovino. Eles não são os vaqueiros, mas aqueles que cuidam da manutenção do pasto e, pior, da abertura de florestas, em práticas ilegais, para o aumento desse pasto”, explica o coordenador geral da ONG Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, responsável pelo levantamento.

Embora o pacto não seja responsável pela as apreensões ou investigações, mas sim o Ministério Público, o bloqueio de investimentos a essas empresas tem surtido um efeito real: a diminuição do número de trabalhadores escravos. Afinal, segundo procurador do Ministério Público do Trabalho, Luis Camargo de Mello, um fazendeiro flagrado pode abrir uma nova empresa e novamente burlar a lei, enquanto enfrenta o processo de seu antigo empreendimento.

“Há inúmeros casos em que o empresário, por meio de liminares, consegue retirar seu nome da lista suja e, durante alguns meses, tenta financiamento. Sem os critérios e comportamentos trazidos pelo pacto, ele possivelmente conseguiria”, afirma. Nessas situações, os signatários podem seguir uma espécie de histórico, que os mantenha informados das alterações na lista, inviabilizando possíveis burlas.

Um dos exemplos vem do Mato Grosso, um dos Estados que mais apresentam casos de trabalho escravo – perdendo apenas para o Pará, nos levantamentos da ONG Repórter Brasil. É a experiência do Grupo Amaggi, que, por meio da Fundação André Amaggi, de Souza, não apenas segue a lista, como faz um levantamento socioambiental de seus fornecedores.

Com 18% de participação no mercado de Mato Grosso, o grupo conseguiu baixar de 14% para 1% os casos de compras oriundas de fornecedores suspeitos. “Sem auditoria não há negociação. Capacitamos nossos funcionários para fazê-las, pois muitos fazendeiros usam disfarces para distribuir seus produtos, como substituir o CNPJ, por exemplo”, lembra a coordenadora de desenvolvimento social da fundação, Juliana Lopes.

A experiência do Grupo Amaggi tem o mérito também de persuadir os fazendeiros a mudar suas práticas. Embora não os ajude financeiramente, tenta dar suporte para que eles sigam a lei. Isto é, mostram que, se estiverem quites com a justiça, obterão mais benefícios do que embargos. Afinal, eles não precisam ser instruídos, como se confirma pelo curioso dado trazido pelo senador José Neri, que faz parte da Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo do Senado – vinculada à Comissão de Direitos Humanos –, nascida pós o pacto. Por meio dos relatórios elaborados pela instância, o perfil dos empresários que praticam o crime não é de iletrados, desinformados ou ignorantes; pelo contrário. “São pessoas instruídas, com apoio jurídico. Isso explica porque conseguem liminares para voltarem a receber recursos. Trata-se de uma chaga social que envergonha o país internacionalmente”, discursa.

Segundo o senador, está em discussão um Projeto de Lei que prevê a expropriação das terras de fazendeiros flagrados cometendo o delito. A iniciativa, se não prova, pelo menos evidencia um grau de comprometimento do legislativo sobre a questão.

Mesmo assim, ainda há muito a ser feito, como denuncia o frei Xavier Plassat, que há mais de uma década constata as piores transgressões. Como coordenador da Comissão Pastoral da Terra, ele tem acesso ao número de denúncias anuais, em torno de 250. “Existe uma necessidade real de fiscalização. Basta ver que há um número muito maior de casos do que de cadastrados na lista. Os produtores sempre encontram brechas e apenas um envolvimento de todos poderá evitá-las”, crê.

Para secretário-executivo do Instituto Ethos, Caio Magri, a luta contra o trabalho escravo no país não é apenas uma questão humanista. Trata-se também da idoneidade do setor privado brasileiro, não apenas internamente – com consumidores mais conscientes sobre a origem dos produtos –, mas em acordos internacionais. Afinal, perde-se confiabilidade no mercado quando a origem dos produtos é duvidosa. Basta lembrar do achincalhamento público que sofreu a empresa de artigos esportivos Nike, em 2002, , quando seus fornecedores foram denunciados por maltratar empregados e usar mão-de-obra escrava e infantil em países asiáticos.

Em uma época em que a responsabilidade social deixa de ser altruísmo ou diferencial empresarial – no que tange a valores e ética universais - para se tornar as bases de um mundo sustentável, o respeito a “dignidade humana”, nas palavras de Patrícia Audi, da OIT, é o consenso mais evidente.

De acordo com dados da OIT, os trabalhadores aliciados para o trabalho escravo são, em sua grande maioria, homens com idade entre 21 e 40 anos, analfabetos ou com pouquíssimos anos de instrução. A vulnerabilidade desses trabalhadores, a maioria provenientes de estados com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) deve-se, principalmente, à falta de oportunidade de geração de emprego e renda que permitam a sobrevivência de suas famílias, lembra Patrícia.

“Embora o Brasil tenha avançado muito na repressão e combate a esse crime são necessárias ainda medidas de prevenção e informação àquelas comunidades vulneráveis que correm o risco de terem seus trabalhadores aliciados e traficados para serem explorados como escravos principalmente em fazendas Região Norte”, argumenta.

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domingo, 20 de maio de 2007

Brasil das Águas* vai para Mato Grosso percorrer o Rio Verde

Publicado no boletim eletrônico do Projeto Brasil das Águas em 20/05/2007

No mês passado, o projeto viajou quase 8 mil quilômetros, saindo de Brasília para percorrer o rio Ibicuí, no Rio Grande do Sul, e esticando o roteiro até Concepción del Uruguay, na Argentina, onde foi convidado a palestrar na Universidade.

A maior surpresa com o Ibicuí, maior afluente do rio Uruguai, foi descobrir que o rio tem uma extensão de 460 km, e não os 280 km indicados em várias fontes. Nas margens daquele belo rio, dotado de praias brancas, que corta os campos sulinos, predomina o cultivo do arroz.

Foz do rio Verde no rio Teles Pires
A região que está sendo visitada e estudada nesta semana, entre 19 a 24 de maio, é bem diferente. O alvo agora é o Rio Verde, no Mato Grosso.
Verde é o nome de muitos rios em estados diferentes do país, e só no Mato Grosso existem dois.
Um deles é afluente do Guaporé, na fronteira com a Bolívia e que a expedição Brasil das Águas vai visitar no próximo mês.
O outro Verde, que está sendo percorrido pelo Brasil das Águas nesses dias, nasce na Serra Azul a 170 km ao norte de Cuiabá em linha reta, e desemboca no Rio Teles Pires perto de Sinop.
Mato Grosso ainda leva fama pelo desmatamento extensivo, porém nos últimos anos houve esforços – mais do que em outros estados brasileiros localizados no “Arco de Desenvolvimento” – para diminuir as queimadas e respeitar as áreas de reserva legal e as matas ciliares.
Acompanhe o diário de bordo da expedição ao rio verde aqui.
* O Projeto Brasil das Águas foi concebido por Gérard e Margi Moss e realizado com o patrocínio da Petrobras. As empresas parceiras são: BR Aviation, Agência Nacional de Águas, Chubb Seguros, Osklen e Rede Globo.

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sábado, 19 de maio de 2007

Discurso de Steve Jobs em Stanford

É provável que você já tenha visto isto circulando na Internet.
Mas será que leu ou ouviu com atenção? Se ainda não o fez, vale a pena! O link no título leva ao vídeo, disponível no You Tube, dividido em 2 partes, com legendas em português.
Veja a parte 1 (8 min 39 seg) aqui e a parte 2 (5 min 54 seg aqui).

Para español, clique aqui (parte 1) ou aqui (parte 2).

Para ler texto do discurso de Steve Jobs, o criador da Apple, para os formandos de Stanford, continue:

"Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei?
Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: "Apareceu um garoto. Vocês o querem?" Eles disseram: "É claro." Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes.Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço.Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante. Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse. Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa - sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação - o Macintosh - e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.
Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: "Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último". Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: "Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?" E se a resposta é "não" por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas - que é o código dos médicos para "preparar para morrer". Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem. Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário. Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: "Continue com fome, continue bobo". Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos. Obrigado."

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sexta-feira, 18 de maio de 2007

Saída de Wolfowitz pode impulsionar progresso do Banco Mundial

Jerry Norton
Publicado no site da Reuters Brasil em 18/05/2007

CINGAPURA (Reuters) - A saída de Paul Wolfowitz da presidência do Banco Mundial abre caminho para que a entidade avance, disseram muitos observadores depois que ele anunciou sua demissão. Porém, por não ter saído antes, ele feriu sua própria reputação e a do banco.

A reação inicial foi a de constatar que a prolongada crise provocada por uma promoção dada à namorada de Wolfowitz havia inviabilizado a permanência dele na presidência do Banco Mundial.
"Os mais pobres do mundo merecem o melhor que temos a oferecer", disse Wolfowitz em nota na quinta-feira. "Agora é necessário encontrar uma forma de avançar." Ele deixa efetivamente o cargo em 30 de junho.

"As ações de Wolfowitz estavam impedindo a capacidade do Banco Mundial em realizar sua missão crítica de aliviar a pobreza global", disse o senador norte-americano Christopher Dodd, pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos. "Sua renúncia ajudará a restaurar a integridade e credibilidade do Banco Mundial, centrais para que o banco cumpra sua missão."

Wolfowitz assumiu em 2005 o cargo no banco --responsável pela distribuição de bilhões de dólares em projetos de ajuda ao desenvolvimento mundo afora. Ex-subsecretário de Defesa dos EUA, um dos mentores da invasão do Iraque em 2003, ele vinha recebendo elogios de alguns na África e na Ásia pela atuação do banco, que incluía uma forte campanha contra a corrupção nos programas de ajuda e nos governos receptores. Pouco antes do anúncio da demissão, o ministro japonês das Finanças, Koji Omi, disse que Wolfowitz estava fazendo "um bom trabalho". O Japão é o segundo maior acionista do banco, atrás apenas dos EUA.

Na Indonésia, um dos países que mais recebem ajuda do Banco Mundial, Wolfowitz também é tido em alta consideração. "É uma vergonha que um homem como ele renuncie. Ele era conhecido por sua campanha vigorosa anticorrupção e de erradicação da pobreza", disse o economista Fauzi Ichsan, do Standard Chartered Bank, à Reuters.

Mas muitos acharam que a promoção e aumento salarial dados a Shaha Riza, especialista do banco em Oriente Médio e namorada de Wolfowitz, destruíram qualquer credibilidade que ele poderia ter como paladino da honestidade. Uma comissão interna disse que Wolfowitz violou várias regras para ajudar a namorada.

"Acabei de voltar de uma missão na África Ocidental onde comecei a sentir mais agudamente o impacto da crise em termos da legitimidade que temos para defender um bom governo", disse Daniel Owen, do departamento de desenvolvimento social do banco. "Temos um trabalho a fazer para reconstruir nossa credibilidade nessas questões e vai ser mais fácil agora que Wolfowitz saiu."

O ministro alemão das Finanças, Peer Steinbruck, também elogiou a demissão de Wolfowitz. "Agora será importante focar não no passado, mas reconstruir assim que possível a reputação do Banco Mundial e sua capacidade de funcionar," disse Steinbruck a uma rádio alemã.

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RS criará nesta segunda-feira a Rede de Parceria Social

Publicado no site de Políbio Braga em 18/05/2007

Será lançado na segunda-feira, 19h30m, no Teatro São Pedro, a Rede de Parceria Social. “Vamos reunir as 12 mil entidades do terceiro setor para propor-lhes parceria com o governo gaúcho”, avisou a esta página o secretário da Justiça e Desenvolvimento Social, Fernando Schüller.

O secretário Schüller e o editor desta página conversaram nesta quinta durante quase duas horas. A idéia é criar de cara 10 carteiras de apoio a ONGs que trabalham com “adoção e apadrinhamento afetivo”, por exemplo. Assim, uma entidade como a Federação das Apaes, apenas para exemplificar, captará apoio das empresas, entidades nacionais e estrangeiras, além dos governos, podendo depois disto abrir um edital para que as Apaes municipais inscreverem os projetos para os quais pretendem apoio. Isto valerá para cada uma das 10 carteiras.

A Rede de Parceria Social desenvolverá um programa bastante redondo. O secretário Fernando Schüller já acertou com
1) a Parceiros Voluntários que caberá a ela capacitar as ONGs, melhorando-lhes a gestão e treinando os líderes, enquanto que
2) outro acerto, este com a Unesco, permitirá a realização do acompanhamento dos serviços de cada carteira e também o trabalho de auditoria externa.

O programa se completará com a criação do Observatório do Terceiro Setor, que terá o apoio do Instituto Nestor de Paula e da Caixa RS, e cujo foco serão de duas naturezas:
1) o diagnóstico técnico sobre o Terceiro Setor
2) a identificação e busca de recursos nacionais e internacionais para as ONGs.

Quem tocará tudo isso ? “A Fundação Gerações, totalmente privada”, avisou o secretário Fernando Schüller. A Fundação gerirá também o Fundo Gerações, cujo objetivo será o de garantir a sustentabilidade para o Terceiro Setor, que em 99% dos casos come da mão para a boca. O governo estadual, nesse sentido, enviará projeto para a Assembléia, propondo a mudança da Lei da Solidariedade, exigindo que 5% dos recursos captados destinem-se a um fundo de poupança que garanta a sustentabilidade.

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quinta-feira, 17 de maio de 2007

Mesmo sob pressão, Wolfowitz resiste

Publicano no Valor Online de 17/05/2007


Um dia depois de praticamente perder o apoio da Casa Branca, até então sua maior aliada na luta para permanecer na presidência do Banco Mundial, Paul Wolfowitz enfrentou, ontem, nova bateria contra sua manutenção à frente do organismo multilateral de crédito.

O Conselho Executivo do banco passou o dia reunido, discutindo alternativas para uma renúncia de Wolfowitz. A intenção do "board" da instituição financeira multilateral era obter uma "saída honrosa" para seu presidente. O objetivo não foi alcançado e a reunião deve prosseguir hoje. Wolfowitz é acusado de favorecer sua namorada, Shaha Riza, funcionária de carreira da instituição. Ele a promoveu e ofereceu um salário considerado elevado para os padrões do banco.

A decisão de retomar os debates hoje foi comunicada em uma nota curta, distribuída no início da noite de ontem. As indicações são de que dificilmente o executivo irá se manter no cargo. A avaliação de sua conduta pelo Conselho era um desejo do próprio Wolfowitz, conforme manifestou seu advogado, Robert Bennet.

Um relatório do comitê publicado esta semana confirmou o resultado de uma investigação interna do Banco Mundial e concluiu que Wolfowitz violou as regras de princípio do Banco Mundial ao promover Riza.

Ontem mesmo o presidente da instituição desistiu de sua viagem à Eslovênia, onde pretendia participar de uma conferência sobre desenvolvimento prevista para hoje e amanhã.
Wolfowitz já se manifestou contrário à própria renuncia várias vezes. Se mantiver essa posição e os integrantes do Conselho entenderem que é necessário submeter uma eventual demissão do presidente a votação, os Estados Unidos, principais "acionistas" do banco, terão a palavra final. Na terça-feira, o governo americano não retirou formalmente seu apoio a Wolfowitz, mas admitiu que sua saída do cargo está cada vez mais próxima. Antes de presidir o banco, Wolfowitz trabalhou no Departamento de Defesa americano.

Para que uma decisão importante seja aprovada por votação no Banco Mundial são necessários os votos de uma maioria composta por 85% dos votos. Os Estados Unidos têm 16,5% e o Japão, o segundo na escala, 7,9%. Como sua participação é maior que os 15% necessários para barrar uma decisão, Washington tem, efetivamente, poder para vetar qualquer assunto. Basta usar sua participação no voto contrário à tese defendida.

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Bancos ainda procuram modelo no microcrédito

Fernando Travaglini
Publicado no Valor Online de 17/05/2007

Desde que o governo obrigou a destinação de 2% dos depósitos à vista para o microcrédito, os bancos procuram o modelo adequado para cumprir essa meta. A maioria deles, por dificuldades de acesso e desconhecimento desse mercado, prefere transferir os recursos para outros bancos ou organizações não governamentais (ONG) que trabalham com o público de baixa renda. Segundo dados do Banco Central, a carteira total da modalidade em fevereiro cobria apenas 50% da exigibilidade (R$ 216 milhões).
Dentre os que partiram para originação própria, o mais bem sucedido é o Banco do Nordeste (BNB). A instituição, estatal e com missão de banco de desenvolvimento, usa como funding boa parte desses recursos não utilizados pelos grandes bancos para financiar quase 250 mil clientes, com saldo da carteira em R$ 173 milhões.

Depois de alguns sustos com elevação de inadimplência, o gerente de Microfinanças do BNB, Marcelo Azevedo Teixeira explica que a solução encontrada foi o uso do que eles chamam de empréstimos solidários.



Nesse formato, que hoje já representa mais de 80% de toda a carteira, o crédito é concedido para um grupo de três a dez pessoas, que administram os recursos, cobrindo, inclusive, eventuais atrasos entre eles. "Costumo dizer que os principais agentes de crédito são os próprios clientes", brinca o executivo.


O interessante, segundo Teixeira, é que o grupo solidário, em geral, é formado por pessoas que se conhecem, em comunidades pequenas. Assim, os não pagadores sofrem uma pressão social grande, inibindo atrasos.


Teixeira explica ainda que o segredo está no treinamento dos agentes de crédito, responsáveis pela formação dos grupos, além de o acompanhamento "bem de perto". A desvantagem é ser um método de custos altos.


"Fizemos a opção por um modelo com custos elevados, acompanhamento forte, mas com baixo risco", afirma. Prova disso é que o total de parcelas com atraso de até 90 dias é de pouco mais de 1% (era de 4% em 2002). As despesas com provisões para créditos com liquidação duvidosa, no mesmo caminho de queda, representam pouco mais de 1%.

O programa do BNB é dos poucos no Brasil que já apresenta lucro, com rentabilidade de 12%. Mesmo assim, o banco pensa em aperfeiçoar o modelo com a adoção do sistema de credit score, usado nos grandes bancos para avaliar a reputação dos clientes.

Essa metodologia, no entanto, já foi rejeitada para uso no microcrédito, explica o gerente executivo do Unibanco, Eduardo Ferreira. "O credit score não funciona quando o cliente não tem uma renda previsível, como é o caso da baixa renda", explicou Ferreira durante seminário de microfinanças organizado pelo IQPC, em São Paulo.

Segundo ele, a solução passa por um modelo híbrido, com o uso de ferramentas estatísticas aliada a parcerias com varejistas para utilizar o conhecimento que eles têm do pequeno cliente. O banco, que já tem uma carteira de R$ 23 milhões, é um dos líderes de mercado.

O Banco Real, que apostou na concessão própria e com uma carteira na casa dos R$ 20 milhões, reformulou sua operação recentemente depois de atingir 35% de inadimplência. Passou a adotar os empréstimos em grupo (cerca de 30% do total) e as parcerias. Agora, pretende fechar o ano com R$ 85 milhões e deve atingir o chamado break-even (ponto em que a operação passa a ser rentável), com R$ 50 milhões em carteira.

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Brasil muda postura e avalia meta para desmatamento

Assis Moreira
Publicado no
Valor Online de 17/05/2007

Para marcar nova postura no debate internacional sobre mudança climática, o governo brasileiro estuda estabelecer de modo unilateral e voluntário objetivos de redução do desmatamento da Amazônia.

Foi o que sugeriu Celso Amorim, ministro das Relações Exterio-res, a três semanas da cúpula do G-8, da qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará parcialmente como convidado. "O Brasil tem que ter uma postura combativa e não defensiva", disse Amorim. "Tem que ter seus objetivos para combater o desmatamento porque isso é uma perda para nós."

A Alemanha, na presidência do G-8 (grupo que inclui EUA, Japão, Canadá, Reino Unido, França, Itália e Rússia) quer compromissos firmes dos emergentes que convidou (Brasil, China, Índia, África do Sul e México) para lançar um novo acordo obrigatório de redução de gases de efeito-estufa que substituirá o Protocolo do Kyoto.

O Brasil é o quarto maior emissor de gases-estufa do mundo, basicamente por causa do desmatamento na Amazônia, e suas exportações agrícolas vem sendo alvos de acusações de destruir a floresta. Até recentemente, o governo brasileiro preferia só apontar a culpa dos países industrializados no aquecimento do planeta. Agora, Brasília repensa sua posição no rastro dos recentes relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão que reúne mais de mil cientistas no mundo todo, que fazem previsões alarmantes globalmente.

A destruição da Amazônia tem sido vista como uma das causas do aquecimento global. "Agora está cada vez mais claro que a Amazônia seria não causadora, mas vítima, correndo risco de virar savana e de enorme perda da biodiversidade", disse Amorim. Ele avisa que o Brasil "assumirá responsabilidades", mas diferenciadas, proporcionais, "que não podem comparar com quem está poluindo o planeta nos últimos 200 anos". Mas alertou: "Agora, metas que sejam objetos de punição internacional é outra coisa" - ou seja, o Brasil não aceita.

A Alemanha quer que o G-8 aprove assistência financeira para o Brasil e outros países em desenvolvimento combaterem o desmatamento das florestas. Segundo o britânico Nicholas Stern, que publicou relatório sobre o clima em 2006, as nações ricas deveriam oferecer US$ 15 bilhões por ano para ajudar na preservação de florestas.

O Brasil já propôs a criação de um fundo internacional para os países industrializados darem dinheiro para combater o desmatamento. Mas Amorim é incisivo: "Sugerimos incentivos, mas recebendo ou não dinheiro, devemos evitar o desmatamento da Amazônia, porque é de nosso interesse".

As pressões sobre Brasil, China e Índia foram atenuadas, porque o próprio G-8 não se entende. Os EUA são acusados de tentar esvaziar o objetivo alemão. Um trecho do comunicado final sobre a luta contra a mudança climática que deveria ser qualificada de "dever" pelos G-8 foi cortada pelos representantes americanos. Os EUA tampouco aceitam uma fórmula pela qual o G-8 se declara "profundamente preocupado" com a evolução do clima. O país quer só "tomar nota" dos relatórios do IPCC.

O presidente George W. Bush, em seu último telefonema ao presidente Lula, pediu apoio brasileiro a sua posição contra a fixação de metas de redução de gases-estufa.
EUA e Austrália não assinaram o Protocolo de Kyoto, que dura até 2012 e obriga 35 países desenvolvidos a cortar suas emissões em 5% abaixo dos níveis de 1990 nos próximos seis anos. Mas esses industrializados reclamam que as nações signatárias representam apenas um terço das emissões globais.

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Prefeitura de Porto Alegre lança primeiro vídeo do Programa de Governança

Veja no You Tube o vídeo de 1m30s clicando aqui.

Se quiser saber mais sobre este projeto de desenvolvimento municipal participativo, visite o site do Programa de Governança Solidária Local.

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Carta Aberta à População do Comando de Greve do Ibama em Minas

É com grande e crescente indignação que vimos acompanhando o noticiário veiculado na maior parte da imprensa brasileira, atribuindo ao IBAMA toda a culpa pela desastrosa situação em que se encontra a política ambiental brasileira e como responsável direto por atrasos no Programa de Aceleração do Crescimento - PAC.

O Presidente da República adota uma postura morde-e-assopra, sem em nenhum momento admitir o erro de sua desastrosa famosa declaração de que “Agora não pode por causa do bagre. Jogaram o bagre no colo do presidente. O que eu tenho com isso?”, ao se referir à preocupação do IBAMA em proteger os peixes da bacia hidrográfica que detém a maior diversidade de peixes do planeta.

Agora ele diz que “nesse país tem Lei Ambiental, para evitar a repetição de um desastre como Balbina”. A assoprada, obviamente não corrigiu a gafe da trágica ignorância, não devidamente destacada pela imprensa.

A imprensa comprou o falacioso discurso do governo, capitaneado pela Chefe da Casa Civil e disfarçadamente adotado pela cúpula do MMA, de que o IBAMA “está sendo radical” ou “não estava preparado para lidar com o PAC”.

Pouco destaque foi dado para o fato de que o parecer contrário às hidrelétricas do Madeira estava correto, já que o EIA-RIMA foi mal feito e não cumpria os requisitos necessários para a licenciamento da obra.

Nenhum destaque foi dado para o fato de que a propalada ineficiência do IBAMA, malgrado a evidente necessidade de mudanças na estrutura do órgão, e sobre as quais nós os funcionários estávamos trabalhando quando fomos surpreendidos pela edição da Medida Provisória 366/07, é principalmente resultado do aperto do torniquete feito por este governo, que contingenciou verbas, cortou recursos e não deu aos servidores do IBAMA condições mínimas de trabalho.

Lutamos com pessoal insuficiente, frota sucateada e constantes dificuldades de deslocamento. Ninguém lembra que grande parte desta ineficiência se deve ao loteamento sem precedentes executado pelo atual governo que distribuiu cargos eminentemente técnicos entre aliados políticos.

Neste quadro, a edição da MP 366/07, que arbitrariamente dividiu o IBAMA, é alardeada como a solução para todas as deficiências estruturais e problemas da administração ambiental do país.
Na verdade, a MP 366/07 é um ato autoritário e unilateral, feito sem qualquer participação dos que trabalham com meio Ambiente nesse país, num leque de atribuições que vão desde a fiscalização e combate ao tráfico de animais silvestres e à biopirataria, ao licenciamento de atividades potencialmente poluidoras ou que causem degradação do meio ambiente, à criação e gestão e de unidades de conservação da natureza e ao combate ao desmatamento e às queimadas que colocam o Brasil como um dos maiores contribuintes ao aquecimento global, afora as atividades industriais.

Em entrevista coletiva o Presidente da República declarou “não sei porque os companheiros do IBAMA estão em greve, se ninguém tem o emprego ou o salário ameaçado”. Sim, Senhor Presidente, nossa greve não é por salário, é por respeito à legislação ambiental, arduamente conquistada, e ao trabalho dos que a tentam fazer cumprir.

Queremos, sim, trabalhar num órgão eficiente. Queremos também viver numa democracia, onde questões administrativas que não foram tocadas em 4 anos e meio não sejam de uma hora para outra enfrentadas através de medidas provisórias, o substituto do decreto-lei, excrecência do regime autoritário que todos (todos?) gostaríamos de enterrar. Queremos um órgão executor da política ambiental federal forte e eficiente, para cumprir com dignidade e competência as missões que a constituição nos delega; e que este governo parece querer atropelar, seguindo o triste exemplo da China, que detém as maiores taxas de crescimento econômico do mundo e é também campeã absoluta da degradação ambiental e do absoluto desrespeito à natureza e ao planeta, que a todo momento nossa imprensa mostra tanta preocupação em “salvar”.

COMANDO DE GREVE DO IBAMA EM MINAS GERAIS

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quarta-feira, 16 de maio de 2007

Curso trata de comunicação e marketing para organizações sociais



Publicado no Rede Gife Online em 14/05/2007

O Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) promoverá nos dias 01 e 02 de junho o próximo módulo do Curso Ferramentas de Gestão Rio de Janeiro: Comunicação e Marketing para organizações da sociedade civil.

Pela essencialidade da comunicação no mundo contemporâneo, comunicar-se bem é vital para qualquer tipo de instituição - pública, privada ou do terceiro setor. O curso vai ajudar as organizações que financiam ou executam projetos sociais a utilizarem a comunicação como ferramenta de gestão, de mobilização e de relacionamento.

Neste módulo serão apresentados o conhecimento básico e a aplicação objetiva dos conceitos e ferramentas de comunicação e do marketing social, além de experiências bem-sucedidas, como exemplos para re-aplicação.

Os consultores deste módulo são: Anna Penido, jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização em Direitos Humanos (Columbia University, EUA), Gestão Social e Comunicação para o Mercado, fundadora e diretora da ONG Cipó - Comunicação Interativa, fellow da Ashoka Empreendedores Sociais e líder Avina; e Ismael Rocha, mercadólogo pós-graduado pela Universidade do Texas (EUA) e professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), da Universidade Mackenzie e da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), além de dirigir a Pulsar Assessoria Integrada de Comunicação e Marketing e coordenar a ESPM Social.

Os outros módulos programados até o final do semestre são: Sustentabilidade e captação de recursos (15 e 16/06); Desenvolvimento e gestão de programas de voluntariado (29 e 30/06) e Gestão de parcerias e alianças (13 e 14/07).

As inscrições devem ser feitas exclusivamente por meio do site http://www.gife.org.br/. Demais informações podem ser obtidas com Rose, no telefone (11) 3816-1209 ramal 15 ou pelo e-mail: cursos@gife.org.br.

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Bench Mais, os modelos para o desenvolvimento sustentável em livro


Publicado pela Agência Envolverde em 16/04/2007

O desenvolvimento de processos de sustentabilidade e excelência em gestão ambiental têm um aliado importante, o Bench Mais - Benchmarking Ambiental Brasileiro, programa de melhores práticas desenvolvido pela Mais Projetos, empresa que nos últimos cinco anos tem trabalhado para trazer à luz os modelos organizacionais e de gestão criados por empresas de todo o País para enfrentar os desafios ambientais e da sustentabilidade no dia a dia empresarial. Este ano a empresária e gestora ambiental Marilena Lino Lavoratto, idealizadora do Bench Mais vai realizar a quinta edição do evento. E para comemorar o sucesso, está preparando um livro, o “Bench Mais – As melhores Práticas da Gestão Ambiental no Brasil”.

Nas quatro edições anteriores um júri formado por especialistas identificou 85 projetos, de 63 empresas, que carregam em seu bojo a semente da excelência e da responsabilidade com a gestão de recursos naturais, energéticos e humanos. “Uma das exigências é que os cases apresentados pelas empresas contribuam com a formação e qualificação de processos além do interesse específico da própria organização”, explica Marilena. A própria Mais Projetos, empresa que organiza o Benchmarking Ambiental Brasileiro, já se tornou referência na formação e capacitação de pessoas para a gestão sustentável.

O Banco de Melhores Práticas, criado a partir dos cases empresariais inscritos nos últimos anos, é um material riquíssimo e com grande potencial de replicação em organizações que enfrentam desafios semelhantes. Entre as empresas que já passaram pelo crivo do Benchmarking estão empresas de todos os portes. Os setores também são múltiplos, vão desde empresas gestoras de estradas, indústrias químicas, distribuidoras de energia, produtores de papel e celulose, a pequenas ONGs que contribuem com seu trabalho para projetos de ação local com grande capacidade de impacto social positivo. Os trabalhos apresentados no Bench Mais – Benchmarking Anbiental Brasileiro são avaliados por profissionais que atuam em empresas e organizações ligadas à sustentabilidade e à responsabilidade social, como Ricardo Rose, diretor de Meio Ambiente da Câmara Brasil Alemanha, Julio Tocalino, diretor executivo da revista meio Ambiente Industrial, Emerson Kapaz e Sebastião Ney Vaz Junior, presidente da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente, entre muitos outros.

Para registrar os cinco anos em que o Bench Mais tornou-se uma referência de melhores práticas em gestão Ambiental, a Mais Projetos se associou este ano à Ruschel & Associados, do jornalista Rogério Ruschel, a ao Instituto Envolverde editar o livro “Bench Mais – As melhores Práticas da Gestão Ambiental no Brasil”. O objetivo desta parceria é aproveitas as experiências acumuladas de três organizações que já têm tradição no universo da informação e do conhecimento em meio ambiente e desenvolvimento sustentável. “Queremos registrar com competência aquilo que as organizações fazem de melhor em gestão ambiental”, diz Marilena.

Para Marilena, a parceria com a Ruschel & Associados e com o Instituto Envolverde vai dar continuidade ao trabalho que a Mais Projetos vem desenvolvendo há anos. “Vamos conseguir dar mais visibilidade às iniciativas vencedoras do Benchmarking Ambiental Brasileiro, de forma que possam ser replicadas e contribuir para a sustentabilidade de mais organizações por todo o Brasil”, diz. O livro será editado pelo Instituto Envolverde, uma ONG ligada à Revista Digital Envolverde, que há doze anos edita no Brasil o Projeto Terramérica, ligado ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e que em 2006 recebeu do Instituto Ethos o 6º Prêmio Ethos de Jornalismo na categoria Iniciativa Editorial – Mídia Digital.

As organizações que participaram das quatro edições anteriores do Benchmarkink Ambiental Brasileiro e tiveram seus cases selecionados vão poder mostrar seu trabalho a professores e alunos de diversas universidades brasileiras que já reservaram exemplares para suas bibliotecas. “O que pretendemos é levar aos estudantes, os profissionais que estarão nas organizações em poucos anos, o estado da arte em gestão ambiental”, diz Rogério Ruschel. E neste ponto o jornalista tem experiência. Foi ele quem editou o livro “A caminho do desenvolvimento sustentado”, com a memória dos primeiros cinco anos do Prêmio Ambiental Von Martius, oferecido todos os anos pela Câmara Alemã para iniciativas em meio ambiente de empresas, governos e ONGs.

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V Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação acontece de 17 a 21 de junho em Foz do Iguaçu

Publicado no site do CBUV


O Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) reúne os principais especialistas do mundo em conservação da natureza e propicia a troca de experiências e a aproximação entre as pessoas à frente dessas áreas.

Ao se falar de conservação da natureza, vêm imediatamente à mente da grande maioria das pessoas a diversidade e a pujança dos ambientes naturais do Brasil. Imagens de grandes florestas e imensas riquezas naturais, plasmadas no inconsciente coletivo nacional, não passaram pelo filtro da realidade. Infelizmente ainda é pequeno o número de pessoas que conseguem fazer essa filtragem e enxergar a rápida e crescente destruição dos ambientes naturais e sua apropriação para os fins mais diversos. O que estas pessoas vêem é que esse Brasil de natureza 'infinita' não existe mais, e que é urgente salvar o que ainda nos resta, para que ainda haja uma história a ser vivida e contada.

A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza acredita que a melhor estratégia para que isso aconteça se dá por meio da preservação das áreas naturais - as próprias unidades de conservação - que abrigam um patrimônio rico em biodiversidade, e que assim devem permanecer para que nossos descendentes possam ver, sentir e usufruir deste bem tão precioso. O Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) é considerado hoje um dos mais importantes eventos regulares sobre conservação da natureza da América Latina. Foi criado em 1997, pela Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com outras instituições, e chega a sua quinta edição em junho de 2007.

Os Congressos Brasileiros de Unidades de Conservação reúnem os principais especialistas do mundo em cinco dias de atividades que propiciam a troca de experiências, a aproximação entre as pessoas e servem de inspiração e motivação para aqueles que trabalham à frente dessas áreas. Em 2007, o Congresso abrigará o I Simpósio Internacional de Conservação da Natureza, considerando a grande participação de estrangeiros que já se observava nas edições anteriores, além da segunda edição da Mostra Brasileira de Conservação da Natureza. O IV CBUC incluiu ainda uma exposição paralela, aberta ao público: a I Mostra de Conservação da Natureza, onde 43 organizações e empresas apresentaram suas iniciativas dentro da temática ambiental

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Prêmio AFS Voluntário Jovem 2007 abre inscrições

Publicado no site da AFS

Vivenciar uma experiência como voluntário em outro país é considerado um sonho para muitas pessoas. Pois essa aventura se torna realidade todos os anos através do PRÊMIO AFS VOLUNTÁRIO JOVEM, em que jovens solidários exercem seu papel para a promoção do desenvolvimento humano.

O AFS Intercultura Brasil, antigo American Field Service, acaba de abrir inscrições para voluntários de todo país terem a chance de concorrer a uma bolsa integral para exercer durante seis meses a solidariedade em um país estrangeiro. Não à toa, o destino escolhido pela organização foi a África do Sul, país localizado em um dos continentes mais necessitados de ações sociais do mundo.

O prêmio tem o objetivo de reconhecer e estimular o trabalho realizado por jovens voluntários em projetos sociais desenvolvidos por ONGs brasileiras. Durante a experiência no exterior, o selecionado será orientado por uma organização não governamental da região que desenvolve projetos de apoio às condições socioeconômicas das comunidades da África do Sul.

A inscrição do Prêmio vai até o dia 1º de agosto de 2007, por meio do envio de ficha de indicação e ficha de inscrição. Além de ser atuante em projetos sociais realizados por ONG, o candidato deve ter entre 19 e 30 anos e boa fluência em inglês.

A bolsa inclui hospedagem em casa de família, seleção de ONG para realização de atividades voluntárias, passagem internacional de ida e volta, informações sobre processos para obtenção dos vistos, assistência nos aeroportos, monitoramento da experiência por meio de rede de voluntários e profissionais do AFS presentes no país hospedeiro e seguro-médico internacional.
Mais informações sobre o regulamento do Prêmio AFS Voluntário Jovem 2007 podem ser obtidas no site http://www.afs.org.br/ ou pelo e-mail infobrasil@afs.org.br .

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Secretarias de saúde, assistência e serviço social e verde e meio ambiente de São Paulo capacitam educadores e agentes

Juliana Rocha Barroso
Publicado no Boletim do Setor 3 em 14 de maio de 2007

Com o objetivo de fortalecer o trabalho dos agentes locais, para que identifiquem e compreendam melhor os problemas ambientais do seu bairro e seu impacto sobre o dia-a-dia das famílias, nasceu no final de 2006, o Projeto Ambientes Verdes e Saudáveis – Construindo Políticas Públicas Integradas no Município de São Paulo (PAVS), uma iniciativa inédita de formação e mobilização de agentes na temática ambiental, aliando a preservação ambiental à promoção da saúde e ao desenvolvimento social da comunidade. O PAVS constitui uma ação integrada de três secretarias da cidade de São Paulo: Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA); Secretaria Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e Secretaria de Saúde (SMS)

Com apoio do Ministério da Saúde (MS) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o projeto alcança todas as regiões da capital paulista e tem como público final 5.500 agentes comunitários de saúde, do Programa Saúde da Família (PSF), e 200 agentes de proteção social, do Programa Ação Família (PAF), já atuantes, muitos deles líderes comunitários.

De março a julho, eles estão sendo formados simultaneamente por um grupo de 82 educadores selecionados por instituições parceiras, nas diferentes regiões da cidade. Já os educadores passam por uma capacitação com especialistas em cada um dos temas, em encontros semanais realizados na Universidade do Meio Ambiente e Cultura da Paz (UMAPAZ), no Parque do Ibirapuera.

Cada agente participa uma vez por semana de um encontro de formação realizado na sua região. No total, serão 128 horas de formação em seis temáticas: Lixo, Água e Energia, Biodiversidade e Territórios Saudáveis, Convivência Saudável e Zoonoses, Consumo Responsável e Cultura da Paz e Não-Violência.

Sobre os temas, Isabel Aparecida dos Santos, integrante da equipe pedagógica do PAVS pela parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), conta que a equipe composta por representantes das três secretarias envolvidas e das 13 entidades parceiras do PSF, implementadoras do programa, decidiu seguir no Projeto os temas do Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não-Violência. O eixo transversal que permeia todo o conteúdo e ações do PAVS é a Cultura de Paz. "Desenvolvemos oficinas para definir que conteúdos contemplariam estes temas e que material didático seria necessário", conta Bel Santos, como é conhecida.

As instituições parceiras na implementação do projeto são: Centro de Estudos, Pesquisa e Documentação em Cidades Saudáveis (CEPEDOC), da Faculdade de Saúde Públicas da USP; Escola Técnica do Sistema Único de Saúde (ETSUS-SP); Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO); Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ); Local Governments for Sustainabilities (ICLEI); entre outros.

Bel explica ainda que os educadores foram selecionados pelas entidades parceiras do PSF, que tinham conhecimento da área ambiental e experiência como educador. "Mas, principalmente, pessoas com disponibilidade e competência para formação e que fossem das regiões que o programa atende", destaca a pedagoga social. Já os especialistas, que ministram as aulas sobre os temas a estes educadores, foram selecionados através de concurso divulgado em edital.

Ação integrada
Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho, secretário do SVMA, responsável pela maior parte do recursos do PAVS, revela que a secretaria pretende atuar com todas as outras áreas no âmbito das políticas públicas. "Para que as pessoas sejam os sujeitos, os artistas da transformação social, trabalhamos com todas as secretarias para que as práticas ambientais sejam incorporadas nas políticas."

São investidos US$ 4.490.359,00 no programa. O secretário diz que, no final de 2005, o Banco Mundial cedeu 4 milhões de dólares para a SVMA. "O Ministério da Saúde destinou mais verba e formatamos o Projeto. Ele é um diálogo entre a promoção da saúde, o desenvolvimento social e a proteção do meio-ambiente. Nosso intuito é possibilitar que especialistas e agentes troquem sua experiência em cima destas três pautas e que isso gere novas posturas na vida deles. O diálogo vai permitir que eles tenham contato com esta pauta emergencial e atual e incorporem em suas vidas", destaca.

A busca de integração entre vários setores é um dos diferenciais do projeto, que também se destaca por monitorar, avaliar e sistematizar as ações desde o primeiro momento, permitindo o aperfeiçoamento da proposta no decorrer do próprio projeto. A Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) é responsável por esta avaliação.
O secretário conta que a SVMA já articula a captação de novos recursos para que, após a fase de diálogo entre especialistas e agentes comunitários, possa haver uma segunda fase, em que estes agentes elaborem projetos. "Contribuímos com o recurso, pessoal e infra-estrutura. Se houver um pouco mais de recurso e de vontade, esse projeto poderá ter uma seqüência com projetos localizados, organizados pelos próprios agentes. São as heranças que a gente quer deixar com esse investimento."

Eduardo Jorge acrescenta ainda que desde que foi implementado, em 1990, o Programa Saúde da Família (PSF) contemplava a questão da promoção da saúde. Como o tema não se desenvolveu da maneira esperada, a saída foi unir área de saúde com proteção ao meio ambiente, que resgata um dos pilares do programa.

Segundo Rosa Marrotta, representante da SMS no PAVS, a contribuição maior da SMS está na mobilização dos agentes comunitários de saúde, do PSF, que acontece no município desde 2001. "São 948 equipes, cada uma composta por um médico, uma enfermeira, dois auxiliares de enfermagem e seis agentes comunitários. Eles fazem promoção e prevenção da saúde, ao contrário de outros projetos e ações com foco no tratamento. Equipes visitam famílias, fazem consultas, mas também realizam encontros para falar de temas importantes de prevenção. Neste sentido, o PAVS pode contribuir muito. Esses agentes vão poder multiplicar o que aprenderam no projeto nas comunidades", justifica.
Rosa valoriza o perfil do Projeto, porque os agentes não recebem apenas informação, mas participam e problematizam. E o conhecimento é baseado em situações reais dos agentes. Além disso, destaca a integração possibilitada pela capacitação.
Para a representante da SMS, o diferencial do Projeto é a união para superar os problemas na ponta. E revela que uma das pretensões é a formação de uma rede de proteção à saúde e ao meio ambiente, junto com as ações locais existentes, composta por todos os agentes, educadores.

"Já existem ações locais, mas são isoladas. Acreditamos que o Projeto vai possibilitar uma visão conjunta delas. As pessoas vão conseguir identificar os problemas e quem deve ser acionado. Esperamos muito do resultado final, que ele motive uma ação intersetorial das subprefeituras. A secretaria valoriza muito o funcionário que participa da capacitação", avalia a representante da SMS.
Pela SMADS, Floriano Pesaro falou do Programa Ação Família Viver em Comunidade, que visa promover o desenvolvimento sócioeconômico ambiental para beneficiar família, comunidade e o ambiente em que as pessoas vivem. A ação é dirigida para famílias de baixa renda e alta vulnerabilidade social. "Geralmente são pessoas que vivem em áreas de mananciais e invadidas. A secretaria entende que para ter desenvolvimento sustentável é preciso pensar no meio ambiente, uma condição básica para o desenvolvimento humano. Por isso, fizemos parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente e da Saúde", justifica o secretário.

Segundo Pesaro, a SMADS decidiu participar do Projeto ao ver a importância das atividades com os agentes, que promovem conhecimento e consciência ambiental na comunidade como multiplicadores. "Para ter desenvolvimento social é preciso alinhamento do desenvolvimento humano, ambiental e econômico. Todas essas ações contribuem demais para a periferia. Hoje lemos nos jornais que são os ricos que poluem mais, mas sabemos que é preciso ter um consumo consciente e responsável. A pobreza gera degradação ambiental por falta de educação e orientação.É mais simples resolver a questão da educação ambiental do que imaginamos", destaca o secretário, que garante que já há bons resultados. "Há uma grande compreensão por parte das famílias da periferia que recebem muito bem os formadores. E as pessoas agora já sabem como tratar seu lixo, usar a energia e a água de forma consciente", pontua.

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Amazonas lança pacote de medidas ambientais e cria o "bolsa-floresta"

Bettina Barros
Publicado no Valor Online de 16/05/2007

O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), irá anunciar no dia 5 de junho - o dia internacional do meio ambiente - um pacote de medidas ambientais para reduzir as emissões de gases do efeito estufa do Estado e preservar suas florestas.

Entre as medidas está a criação de um "fundo de carbono" voltado às mais de 500 empresas instaladas na Zona Franca de Manaus. A idéia é que essas empresas, que liberam toneladas de CO2 por ano na atmosfera, compensem sua poluição através de investimentos nas unidades de conservação estaduais, coberturas florestais protegidas por lei que somam hoje 17 milhões de hectares. Ao ajudarem a preservar a floresta, as empresas se tornariam "neutras em carbono", a nova coqueluche ambiental.

"É uma proposta voluntária, participa quem quer", disse Braga durante uma palestra ontem a empresários em São Paulo. "Mas quem aderir poderá agregar valor a seus produtos em países como o Reino Unido, que se preocupam muito com questões ambientais. O que um celular da Nokia produzido em Manaus teria que o da Motorola, feito em São Paulo, não? A Nokia estaria ajudando a preservar a Amazônia".

Sem fornecer detalhes de como essa operação será feita, o governador amazonense afirmou que está em consultas técnicas com instituições como Fundação Getúlio Vargas (FGV) e BNDES para estruturar o modelo, que lembra o já existente entre países ricos e em desenvolvimento no âmbito do Protocolo de Kyoto.

O pacote também criará o chamado bolsa-floresta, uma espécie de bolsa-família que recompensará financeiramente quem manter a mata em pé. Segundo o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana, trata-se de uma compensação por serviços ambientais inédita no país. A prioridade será dada às reservas extrativistas - quem não desmatar receberá US$ 500 ao final de cada ano, vindos de recursos próprios do Estado. "Quem mora dentro das reservas deve ter tratamento privilegiado porque está nos prestando um serviço conservando uma área importante", diz Viana, professor licenciado da Esalq/USP, que migrou para o setor público a convite de Braga.

Reeleito no ano passado com uma defesa aguerrida da Zona Franca de Manaus (ZFM), principal empregador e motor da economia do Amazonas, Eduardo Braga saiu a campo nos últimos meses em busca de investimentos para o que ele diz ser o modelo de economia do futuro para a região - a Zona Franca Verde. O projeto ganhou fôlego nessa gestão e prevê fazer da exploração sustentável da floresta amazônica uma fonte de riquezas e, dessa forma, levar o desenvolvimento concentrado hoje no pólo industrial para o interior do Estado.

Munido de mapas e gráficos, Braga apresentou ontem ao empresariado paulista o que ele e Viana já disseram e repetiram em Montreal, Nairóbi, Nova York, Washington e Istambul: é tirar da floresta o que ela pode dar, sem gerar desmatamento. É uma mudança de paradigma, diz Braga, que pode equilibrar o peso econômico no Estado. Hoje, a Zona Franca de Manaus representa 75% do PIB. O setor florestal, 3%.

A palavra-chave, neste caso, é o uso racional dos recursos florestais. Virgílio Viana cita alguns progressos. O peixe pirarucu, espécie ameaçada de extinção, chegou recentemente à rede Pão de Açúcar porque agora está sendo produzido com manejo, diz. "O manejo é bom, manter a floresta em pé é bom. E é essa a equação econômica que a gente está conseguindo muda. Os protagonistas do desmatamento são cada vez mais protagonistas da conservação".

Desde 2003, o governo diz ter feito mais de 700 planos de manejo em pequena escala no Estado, envolvendo áreas de até 500 hectares. Para fomentar esses projetos, foi criada a Agência de Florestas e Negócios Sustentáveis do Amazonas. O órgão já financiou cerca de R$ 5 milhões em máquinas e capital de giro.

"O que vemos é continuidade de plano de governo no Amazonas. Isso é importante no Brasil, onde não há continuidade", elogia o ambientalista Mario Mantovani, do SOS Mata Atlântica.

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Países ricos vêm ao Brasil caçar talentos

Andrea Giardino
Publicado no Valor Online de 16/05/2007

O Brasil está entrando na rota dos países de primeiro mundo que buscam profissionais estrangeiros como alternativa a escassez de mão-de-obra qualificada, reflexo da baixa taxa de natalidade e envelhecimento da população. Resultado, há vagas sobrando e poucas pessoas para preenchê-las.
Para minimizar esse problema, os governos do Canadá, Itália e Austrália vêm intensificando suas ações destinadas a atrair talentos de outras partes.
"Os brasileiros possuem uma boa formação acadêmica, por isso queremos atraí-los", afirma Soraia Tandel, agente de imigração do governo da província de Quebec, que envolve as cidades de Montreal e Quebec. Tanto que há três anos, ela realiza palestras em quase todo o país, divulgando o programa de imigração de Quebec. Sua próxima vinda está programada para o mês de junho, onde visitará São Paulo, Campinas, Salvador e Recife.

Atualmente, existem cerca de 2,5 mil brasileiros morando legalmente no Canadá, principalmente em Montreal. "Mas nossa meta é triplicar esse número". Além do diploma, exige-se que o candidato tenha de preferência até 35 anos e domine o francês (nível intermediário). Também conta como ponto positivo candidatos com filhos.

Em contrapartida, o governo ajuda o profissional a encontrar colocação no mercado - a montar um currículo, fazer uma carta da apresentação e a saber se preparar para uma entrevista -, obter em um ano o visto de residente permanente, além de subsidiar aulas de francês. "Para aqueles que fixarem residência por mais de três anos, será dado o direito de solicitar cidadania e passaporte canadense, e participar da vida política do país", explica Soraia.

Outras vantagens são assistência médica e escolas públicas gratuitas, bem como qualidade de vida e baixos índices de violência. Segundo estimativas do governo local, entre 2005 e 2009 serão criadas 251 mil vagas de empregos - que correspondem a um crescimento de 1,3% ao ano. Há oportunidades de trabalho em diversas áreas, sobretudo para nutricionistas, químicos, matemáticos, economistas, engenheiros e assistentes sociais.

A Austrália já é um destino conhecido dos brasileiros, que há alguns anos mantém uma política de incentivo à "importação" de talentos, como forma de garantir a manutenção das boas taxas de crescimento econômico. Com palestras hoje, em São Paulo, e amanhã, no Rio de Janeiro, o especialista em imigração, Michael Bonney, ministrará palestra onde serão abordados os aspectos que envolvem a vida e o mercado de trabalho no país.
De acordo com Vinicíus Barreto, gerente regional da Viva na Austrália- Southern Cross Alliance-, assessoria de serviços migratórios, só em 2006 houve um crescimento de 35% no volume de estudantes brasileiros no país. E este ano, o programa de imigração do governo australiano oferece 110 mil vistos, voltados principalmente para graduados em engenharia, contabilidade, administração e tecnologia da informação.

"Obter o visto de permanência não é complicado, até porque o país incentiva as pessoas a ficarem", diz. Mas para candidatar-se ao processo de seleção é preciso ter inglês avançado (aprovado no exame IELTS nível 6), idade até 45 anos e experiência profissional no seu campo de atuação. Barreto explica que existem vários tipos de visto para a Austrália. Nesse caso, o candidato se encaixa no "skilled visa". Quem é da área de negócios e pretende ficar pelo menos três anos, precisa do "skilled independent regional".

O visto regional, diz, é mais fácil de se conseguir caso o profissional lide com marketing e vendas, por exemplo". Barreto ressalta que o interesse pelo Brasil deve-se à facilidade de adaptação das pessoas em outras culturas e à a bagagem educacional. "Aqui, muita gente se forma em boas universidades", observa. Prova disso é que pela quarta vez consecutiva a Viva na Austrália- Southern Cross Alliance -- traz ao país o especialista em imigração, Michael Bonney. "A Austrália, nos últimos 10 anos, registrou um crescimento econômico de 4%, em média, o que falta é gente".

Com salários bastante atrativos e uma política mais forte de imigração, o governo local espera atrair um número maior de estrangeiros para as áreas de grande demanda. Em TI, um profissional ganha, inicialmente, em torno de US$ 47,5 mil, por ano. Enquanto engenheiros de mineração e petróleo recebem uma remuneração de aproximadamente US$ 100 mil. Como trabalham em campo de extração, recebem adicionais de casa e alimentação.
No caso da Itália, a busca é por jovens, com idade entre 21 e 30 anos, graduados em enfermagem no período de 2004 a 2006. A Obiettivo Lavoro, empresa de recursos humanos italiana, firmou parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e apresentará nesta quinta-feira, dia 17, o projeto Brasil Itália. No encontro, os participantes conhecerão os pré-requisitos para o processo de seleção, as condições de trabalho, os benefícios concedidos e como funciona o intercâmbio, com duração de até dois anos.

Mais informações no site: http://www.imigracao-quebec.ca/

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