quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Wikipedia consegue levantar os US$ 6,2 milhões para continuar operando

A fundação Wikimedia, que coordena o portal colaborativo, afirmou que conseguiu levantar os recursos necessários para continuar operando a Wikipédia até o final de junho próximo

A organização sem fins lucrativos Wikimedia Foundation anunciou que recebeu 6,2 milhões de dólares com a sua campanha de arrecadação de fundos. Mais de 125 mil doadores ajudaram a organização.

Em dezembro de 2008, Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, postou um apelo pedindo ajuda aos usuários para manter o portal colaborativo funcionando. Segundo ele, a Wikimedia necessitava dos 6 milhões de dólares para manter a sua infra-estrutura técnica em crescimento, já que grande parte dos recursos de TI está vinculada com a Wikipedia, um dos sites mais populares do mundo.

Como é gratuita e não coloca publicidade em suas páginas, a Wikipedia depende de doações para operar.

"Esta campanha provou que a Wikipedia é importante para os usuários. E isso prova que os nossos usuários apóiam a nossa missão: levar o conhecimento livre para o planeta," disse em nota oficial Jimmy Wales.

O objetivo da Wikimedia era conseguir 6 milhões de dólares para suportar as suas operações até o final do seu ano fiscal, que acaba em 30 de junho de 2009.

Cerca de 250 milhões de pessoas visitam a Wikipedia mensalmente, de várias partes do mundo. Nos Estados Unidos, levantamento da comScore aponta que os portais da Wikimedia, includindo a Wikipedia, estão na nona posição dos sites mais populares em novembro de 2008, com 60,7 milhões de visitantes únicos.

Entre os outros sites gerenciados pela Wikimedia está o dicionário online Wiktionary e a compilação de frases famosas Wikiquote.

Os interessados podem continuar a doar recursos para a Wikimedia, já que a organização disse vai usar os recursos além dos 6 milhões de dólares como um fundo reserva para as despesas do próximo ano fiscal.

IDG News Service/EUA
Computerworld, 05/01/09

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As máximas da liderança segundo Jack Welch

Jack Welch é o CEO mais admirado do mundo e o líder de negócios mais influente de nossa era. Ele será um dos grandes nomes da ExpoManagement 2009 da HSM, quando ele compartilhará por videoconferência, um pouco do que aprendeu e ensinou nos 20 anos à frente da General Electric, empresa na qual desenvolveu líderes em todos os níveis.

Confira aqui as oito máximas de Welch para quem deseja desenvolver sua habilidade de liderança:

As máximas da liderança segundo Jack Welch
1. Líderes valorizam a sua equipe incessantemente, usando cada encontro como uma oportunidade de avaliar e orientar as pessoas e construir autoconfiança.
2. Líderes certificam-se de que as pessoas não apenas conheçam a visão, mas vivam e respirem a visão.
3. Líderes penetram na pele das pessoas, emanando energia positiva e otimismo.
4. Líderes estabelecem confiança com franqueza, transparência e crédito.
5. Líderes têm coragem para tomar decisões impopulares e emocionais.
6. Líderes sondam e pressionam com uma curiosidade que beira o ceticismo, certificando-se de que suas perguntas sejam respondidas com ações.
7. Líderes inspiram, por meio do seu exemplo, a assunção de riscos e o aprendizado.
8. Líderes comemoram.
Sobre a General Electric
* US$ 176 bilhões de receita em 2007.
* 10% de crescimento entre 1997 e 2007.
* 2.500 funcionários dedicados exclusivamente à inovação científica e aos novos produtos.
* Escolhida como um dos dois melhores conglomerados para investir em 2008, segundo a publicação Smart Money.


Tips from the top – HSM Global, 06/01/09

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Peneirando os escombros

No contexto internacional, doadores de todo tipo apertam o cinto, enquanto os recursos para as fundações começam a minguar e os governos ficam de olho nos centavos gastos. É a crise econômica que certamente afetou o setor social e, à primeira vista, parece trazer efeitos desastrosos.

No entanto, qual será o impacto dessa “retração econômica” ou o “desastre” em diferentes partes do mundo? E o cenário, se vê completamente sombrio? Alguns dos membros do conselho editorial da revista inglesa Alliance apresentam seus prognósticos.

“O que podemos aprender desta crise para prevenir a recorrência dela? Qual é o papel da filantropia e da sociedade civil no controle de excessos do nosso sistema econômico? Olhando para trás, será que a filantropia nos garantirá uma análise forense imparcial do que aconteceu e que o processo “verdade e reconciliação” permita às vítimas julgarem os responsáveis?

Olhando para frente, poderíamos imaginar novos modelos de controle onde a sociedade civil tenha um papel mais importante? Será que a filantropia pode nos ajudar a garantir um sistema preventivo quando os investidores comecem uma nova indulgência que, como a história mostra, certamente acontecerá?”.
David Bonbright, Keystone, Grã-Bretanha

“Eu não posso imaginar qual será o impacto da crise nas fundações em geral, mas posso dar-lhes um exemplo. Em nosso caso (um modesto doador), não pretendo propor ao conselho mudanças nos planos de despesas. A diretoria do nosso comitê de investimento me informou que o patrimônio investido, muito conservadoramente, ainda não foi afetado.

No entanto, gostaria de mencionar dois fatores a serem acompanhados em nossa região. O crescimento da filantropia privada e a formação de novas fundações privadas serão mais lentas. As fundações comunitárias serão as primeiras a sentir o impacto. Por outro lado, a filantropia corporativa poderá receber um forte impulso para reafirmar sua imagem pública e responsabilidades.

Em nossa região, por exemplo, os bancos estão entre os líderes da filantropia corporativa. Uma mensagem: vocês têm feito coisas erradas e agora pensem em fazer algo bom”.
Rayna Gavrilova Trust for Civil Society na Europa Central e do Leste

“Sem dúvida nenhuma teremos que olhar cuidadosamente os fundos “novos” e os intermediários que têm se apoiado nos fundos hedge e nos outros instrumentos que agora estão sob pressão para ver se foram atingidos fortemente ou não. No entanto, esses fundos são minimizados pelos ativos da fundação que estarão, pode-se assumir, razoavelmente bem protegidos. Suspeito que o impacto mais significativo pelos próximos anos poderia ser na área de mudanças de prioridades e dos financiamentos dos maiores doadores.

Se considerarmos o impacto social e econômico da crise financeira nas comunidades menos abastadas dos EUA e Europa em especial, poderia ser difícil para as fundações resistirem comprometendo-se a curto ou longo prazo em tomar outros programas ou expandir os já em funcionamento. Por outro lado isto poderia afetar o financiamento para assuntos mais “marginalizados”: doações internacionais, justiça ambiental etc. Em adição a este cenário considere também o provável declínio das doações individuais, das corporativas e de uma parte significativa da sociedade civil que poderá sofrer severas crises de financiamento.
Andrew Kingman Micaia, Moçambique.

“A filantropia é a criança do capitalismo. Coloque-se no lugar de uma criança que neste momento seu pai sofreu um ataque do coração e não pode trabalhar. O que ela faz? Ela urge para que ele mude sua forma de vida: cortar o excesso de dieta, fazer suaves caminhadas pelo bosque, desfrutar da beleza do planeta e, sobretudo, procurar um novo significado de vida. Ela o apóia na sua nova vida e o critica se tentar retroceder”.
Barry Knights, CENTRIS, Grã-Bretanha.

“O presente e o futuro imediato, sem exagerar, se veem muito ruins. Porém, tenho conversado com instituições financeiras e líderes empresariais, na maioria do Oriente Médio, para identificar alguma tendência positiva. Na região árabe, alguns comentam que a responsabilidade social corporativa terá maior significância. Tendo ainda a vantagem dos excedentes do petróleo, muitas empresas aumentarão significativamente os esforços para identificar mais oportunidades aqui levadas pelas fatias de lucros realizados nesta região.

Eles, portanto, estarão mais propensos agora do que no passado para encaminhar esses lucros para a filantropia na Região Árabe e para as causas populares do público em geral tais como educação, trabalho para jovens e a Palestina”.
Atallah Kuttab Fundações Árabes e Associações de Beneficência.“No final de setembro, enquanto se desvelava a crise financeira global, eu estava visitando as organizações de comunidades de base de Malawi, fundadas pela minha fundação. Vocês poderão imaginar: uma fundação do Norte instruindo com muitos esforços, gerenciamento criterioso uma organização muito bem administrada de diminuta vila, enquanto pessoas e instituições eram acusadas de gerenciar negligentemente tremendas somas de dinheiro com conseqüências desastrosas.

Se houve alguma oportunidade para virar a mesa em nossas discussões sobre responsabilização e exigir das nossas fontes de financiamento a mesma transparência, boa fé e resultados confiáveis que exigimos de nossos parceiros doadores, esse era o momento.

Para essas mesmas fundações, eu lhes lembraria que, na crise presente, a contribuição mais útil é a combinação de duas forças: ter visão de longo prazo e ter flexibilidade no curto prazo. Vejamos estes dois pontos com muito esmero para complementar as iniciativas dos governos que estão compreensivelmente focadas no curtíssimo prazo, mas que também podem demorar a serem implementadas.
Peter Laugharn, Fundação Firelight, Estados Unidos.

“No Quênia (e a situação de nossos vizinhos é a mesma) estamos passando por momentos difíceis. Já temos evidência de redução de fundos e de incertezas de nossas fontes de doações tradicionais. Nas recentes reuniões do conselho, têm ocorrido sérias discussões sobre a possibilidade de apertar certas área para alcançar os mesmos resultados.

Também existe uma redução de remessas do Norte, que um gerente de banco calculou em 30%, por enquanto. Isto tem consequências profundas porque as remessas têm sido as maiores fontes de sobrevivência para muitos no Sul Global. A inflação também tem aumentado nos últimos meses e obviamente aqueles que estão à margem são os mais penalizados.

Algum ponto positivo? Algumas vias da nova filantropia poderão se abrir. Talvez não sejam muito grandes em termos financeiros reais, porém deixam espaço para crescer no futuro. Vejo oportunidades para fazer cortes do lixo desenvolvimentista: dinheiro doado por estrangeiros que simplesmente querem exaurir seus orçamentos sem levar em consideração os efeitos de suas ações. Uma energia muito positiva está sendo gerada, o que nos leva a pensar sobre as oportunidades que precisamos “conhecer” que têm permanecido latentes; isto é; junto com o aprendizado de novas estratégias que, por enquanto, são desafiadoras.
Janet Mawaiyoo, Fundação de Desenvolvimento Comunitário, Quênia.

“Do ponto de vista da perspectiva de filantropia corporativa, penso que veremos programações e orçamentos operacionais notavelmente afetados visto que muitas corporações estão em crise e, em alguns casos, tentando sobreviver. Ouço muitas discussões sobre colaboração entre corporações com áreas comuns de interesse e foco. Acredito que isto é realmente positivo (nos bons tempos e nos ruins também).

Nós sempre esperamos que os nossos doadores colaborem, mas nós mesmos não fazemos o suficiente para isso. Seria muito interessante ver se estes tempos difíceis gerarão criatividade e vontade de trabalhar em conjunto para somar os recursos. Na American Express, temos procurado maneiras de nos associarmos com nossos sócios de negócios e de comércio e administramos uma ou duas modestas iniciativas nos EUA e também estamos explorando novas oportunidades na Europa. Espero fazer mais no próximo ano”.
Georgie Shields. Anteriormente com American Express, Estados Unidos.

“É evidente que a crise financeira terá um impacto profundo no setor sem fins lucrativos e na filantropia da América Latina: maiores riscos para os investimentos em doações, capacidade restringida das ONG para levantar fundos, movimentos mais conservadores na filantropia corporativa etc.

Mas o que mais me preocupa é o impacto político e social que terá esta crise. Como de costume, o tsunami financeiro deixará os pobres em piores condições e os governos com menos capacidade para construir uma governança democrática autônoma dos centros financeiros. O setor de sem fins lucrativos terá que criar redes de segurança para os excluídos. Já vimos este filme muitas vezes em diversas escalas! O que temos aprendido? Como podemos preparar-nos melhor para o que está vindo?
Andrés Thompson Fundação Kellogs, América Latina.

“Preocupam-me duas áreas de impacto em potencial. Em primeiro lugar, o temor de que o quadro futuro faça com que as pessoas se afastem das comunidades procurando “outros culpados”, polarizando-os e tornando-os destrutivos para a sociedade civil. Certamente que a história pode mostrar muitos exemplos deste tipo de embaraço. Podemos encontrar também exemplos onde a incerteza mostra o melhor das pessoas. Será que já aprendemos algo sobre como cultivar a segunda opção e evitar a primeira?

Em segundo lugar, enquanto os impulsos filantrópicos individuais continuam, o que acontecerá com o “negócio de doar”, visto a escalada de incertezas deste momento? Suposições sobre transferências de riqueza em grande escala terão que ser reexaminadas, assim como também sofrerão um realinhamento radical os planos de aposentadoria, seguro saúde e segurança financeira familiar. Também não sabemos como ficarão os mercados de doações, os empreendimentos sociais, o investimento social e outras inovações que surgiram nos bons tempos e que com o declínio curto ou prolongado, essas mudanças reverberaram em práticas de maior longevidade”.
Lucy Bernholz, da Blueprint Research & Design, Estados Unidos.


redeGIFE Online, 05/01/09

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Leitura sustentável para 2009

A título de contribuição intelectual, esta coluna listou seis livros importantes, já tratados, de forma direta ou indireta, nesta página de sustentabilidade da Gazeta Mercantil. São obras inteligentes, provocativas e promotoras de idéias novas e vigorosas. Constituem leitura imprescindível para quem quer começar o ano antenado com as mais importantes tendências dessa área.

O ex-presidente Bill Clinton resolveu colocar em livro suas idéias sobre a importância do ato de doar. Trata-se de Doar- Como Cada um Pode Mudar o Mundo (Editora Agir, 238 páginas). A obra combina breves análises, opiniões e crenças de Clinton com histórias de pessoas e organizações com quem conviveu e que, em sua visão, têm feito a diferença na construção de um mundo mais justo.

Sobre Clinton, vale lembrar que, após dois mandatos à frente do governo dos EUA (1993-2001), ela passou a se dedicar à gestão e de uma fundação que leva o seu nome. E hoje emprega seus ativos pessoais na missão de levar assistência médica digna, promover a cidadania e o desenvolvimento econômico em países pobres.

São interessantes as idéias de Clinton sobre como doar dinheiro, tempo, coisas e habilidades. Oportunas também são as teses que ele partilha com o leitor, especialmente as relacionadas ao modo como se pode organizar mercados para atender causas de grande interesse público. No entanto, os depoimentos colhidos no convívio com grandes personagens são, de longe, o melhor do livro. A leitura já valeria a pena pelas passagens com Bill Gates e Warren Buffet. Mas há muitas outras boas surpresas.

Em Um Mundo Sem Pobreza (Editora Ática, 263 páginas) o prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus, propõe uma espécie de reinvenção do capitalismo a partir do que ele chama de “empresas sociais”, empreendimentos não focados na idéia do lucro convencional cujo objetivo principal é fornecer produtos e serviços para atender necessidades das populações mais pobres.

Não só pela polêmica tese que defende – vista por muitos como incompatível com o mundo dos negócios --, mas pela maneira convicta como descreve os resultados alcançados pela experiência de joint venture social entre o Grameen Bank e a Danone, na produção de um iogurte fortificado para combater a desnutrição em Bangladesh, o livro vale a pena ser lido da primeira à última página. Experiências como a de Yunus ainda são tratadas como alternativas porque confrontam a lógica vigente da rentabilidade de curto prazo. Mas é bom que elas existam para não nos fazer esquecer de que o melhor lucro é o que está a serviço do bem-estar da humanidade.

Daniel Esty é um dos mais importantes pensadores norte-americanos em estratégia ambiental corporativa. No livro Verde que Vale Ouro (Editora Campus Elsevier, 300 páginas), escrito a quatro mãos com Andrew Winston, o professor da Universidade de Yale mostra como criar vantagem competitiva e adicionar valor aos negócios incorporando as questões ambientais na estratégia de negócio. Bem redigida, didática em ser chata, a obra se destaca pelas boas idéias dos autores, sobretudo pelos estudos de caso nos quais apóiam suas teses. Um dos seus pontos altos é o capítulo que trata das 13 armadilhas nas quais as companhias podem cair ao trilhar o caminho para a sustentabilidade.

Há três obras muito importantes, infelizmente ainda sem tradução para o Português, que valem o esforço de serem adquiridas por meio de um site de vendas internacional.

Uma delas é Plan B 3.0: mobilizing to save civilization (Editora W.W. Norton & Company, 384 páginas), novo livro de Lester Brown, um dos mais renomados ambientalistas do mundo. A tese central de Brown, recentemente convocado por Barack Obama para assessorá-lo em questões ambientais, é de que, à beira de um colapso de recursos, o mundo precisa de um Plano B capaz de rever o atual modelo econômico insustentável.

A solução, segundo o ambientalista, pressupõe seis pontos: erradicar a pobreza e estabilizar a população, restaurar o planeta, alimentar bem oito bilhões de pessoas, planejar melhor as cidades, criar eficiência energética e mudar a matriz para energias renováveis.

Outro livro estrangeiro importante é “Branded - How the certification revolution is transforming global corporations” (New Society Publishers, 320 páginas) de Michael Conroy. Para o autor, a marca consiste no componente mais importante e volátil do patrimônio de uma companhia. Cada dólar investido na expansão desse ativo aumenta os riscos e desafios para a empresa no campo social e ambiental. Os sistemas de certificação, no entanto, podem eliminar esses riscos, contribuindo para as empresas fidelizarem clientes e conquistarem novos mercados.

De acordo com Conroy, a revolução das certificações resulta da combinação de três variáveis: campanhas de marketing desenvolvidas para convencer as companhias a melhorar suas práticas; a criação de sistemas de certificação e a existência de líderes nas companhias convencidos da importância de rever processos e atitudes com vistas à sustentabilidade. A boa notícia é que o livro deve ser editado no Brasil em 2009.

O que ganha uma empresa que resolve basear sua gestão no princípio da sustentabilidade, combinando os aspectos econômicos, ambientais e sociais no negócio. Essa pergunta-central motivou Bob Willard a escrever “The sustainability advantage – seven business cases benefits of triple bottom line”, (New Society Publishers, 203 páginas.)
Com uma linguagem pragmática, o autor, ex- vice-presidente da IBM, revela que os ganhos de uma estratégia focada no triple bottom line são quantificáveis e que os executivos não precisam se tornar ativistas de causas socioambientais para alcançar esses benefícios.


Ricardo Voltolini
Publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável
ricardo@ideiasustentavel.com.br
Idéia Socioambiental, 06/01/09

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Investimento Social Privado - 2009 começa com otimismo

O que esperar para 2009? Especial do redeGIFE reúne depoimentos dos principais investidores sociais de origem privada do país para mostrar quais as expectativas desse grupo para o ano. As voltas com os desafios impostos pela crise econômica mundial, eles enfatizam que é possível ser otimista nas mais ameaçadoras adversidades.

Embora tenham convicção de que será necessário conter custos, há um consenso sobre de como isso será feito: a partir da utilização racional e responsável dos recursos disponíveis. Na prática, isso significa mais parcerias e articulação entre setores para dinamizar as ações sociais.

“O estágio do ISP no Brasil de hoje permite supor que não haverá cortes drásticos, pois as empresas têm programas estruturados e de longo prazo, e não ações filantrópicas pontuais”, acredita o diretor presidente da Fundação Telefônica, Sérgio Mindlin.

Segundo o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti, este ano irá dizer se os investimentos sociais fazem parte da cultura ou é apenas gordura dentro das empresas. “É uma oportunidade para o setor mostrar que se consolidou, que é forte e dinâmico. Também vai evidenciar quem está realmente comprometido com o bem comum e que não está”, afirma.

Veja depoimentos:

“A Fundação Bradesco é uma ação pioneira de investimento social privado no Brasil, e um dos maiores programas socioeducacionais do mundo. Tem como principal missão proporcionar ensino a crianças, jovens e adultos, para que possam alcançar a realização pessoal por meio do trabalho efetivo da cidadania.

Em 2008, a Fundação Bradesco atendeu a mais de 110 mil crianças, jovens e adultos. No próximo ano ampliará sua atuação na Educação Infantil atendendo cerca de 1200 alunos. São milhares de crianças, jovens e adultos que, graças à Fundação Bradesco puderam mudar sua perspectiva de vida, ampliaram suas oportunidades e tiveram acesso a um mundo mais amplo e um futuro promissor. É a educação abrindo caminhos, formando cidadãos e ajudando a construir uma sociedade mais justa e um Brasil melhor.”
Denise Aguiar - Presidente do Conselho de Governança do GIFE e diretora da Fundação Bradesco.

"Este ano começou marcado por momentos de esperança. O primeiro semestre anunciava uma era de prosperidade, mas o segundo chegou trazendo uma grande nuvem negra sobre nossas cabeças. É a crise! Sim mas que crise? É a crise do capitalismo. A “mão invisível do mercado”, desta vez, não se fez presente para regular o próprio mercado, principalmente o financeiro.

Ao nos aproximar de 2009, vemos que haverá chuvas e trovoadas, mas a nuvem pode não ser tão negra como imaginávamos. É muito difícil fazermos uma previsão do que nos espera, pois a globalização torna a análise de cenários cada vez mais complexa. Para o Investimento Social Privado, haverá impacto, com certeza, pois ele sempre depende do desempenho das empresas e, ao que parece, será pior que este ano. Porém, poderá ser também uma oportunidade para aprimorarmos nossa forma de atuar e ser mais efetivos no que fazemos. Procurar formas de fazer mais com menos.

O investimento social de algumas empresas, que já o incorporaram como uma questão estratégica para o negócio, certamente será menos afetado. Algumas até acham que é neste momento que o investimento social se faz mais necessário. Este é o caso do Grupo Camargo Corrêa, que fará o máximo possível para que os projetos ligados ao investimento social não sejam prejudicados. Em alguns casos eles serão ampliados, como em Angola, por exemplo, onde há três anos a empresa está presente. 2009 será um ano, no mínimo, diferente. Este será um daqueles momentos da vida em que alguns vêem crise, outros, oportunidades. Quem sabe possamos exercitar mais nossa capacidade de colaboração, de construção de parcerias. Quem sabe esta crise nos ensina que devemos aprender mais a cooperar do que competir, pois este é um caminho mais fácil e mais humano."
Francisco Azevedo - Diretor-executivo do Instituto Camargo Corrêa.

"A Odebrecht é uma das empresas que está alinhada com a bandeira do governo de não deixar o Brasil parar por conta da crise econômica internacional. A organização não pretende reduzir nenhum tipo de investimento, inclusive o social. A Fundação Odebrecht deverá manter, e poderá até aumentar, seu orçamento para o próximo ano. Sabemos, no entanto, que precisaremos conter custos e pretendemos fazer isso a partir da utilização racional e responsável dos recursos disponíveis.

Se crise é mesmo sinônimo de oportunidade, buscamos ver este momento pelo seu lado bom. Sabemos que o capitalismo, da forma como está estabelecido hoje, na linha do ganha-perde, não é sustentável. Apesar de termos consciência disso, não conseguimos fazer a mudança radical necessária à manutenção da vida na terra. É como um fumante que sabe que o cigarro faz mal, mas não pára de fumar. Um dia ele infarta e, se der a sorte de sobreviver, irá rever sua vida.

Espero que esta crise sirva para nos alertar. Dela deverá sair um novo capitalismo, do tipo ganha-ganha. Neste contexto, quem já atua com foco na sustentabilidade, como nós, não só sairá na frente como poderá disponibilizar modelos a serem replicados. Como diz Dr. Norberto Odebrecht, nós não queremos ser uma ilha de prosperidade num mar de pobreza".
Marta Castro - Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Odebrecht

"Creio que a consolidação do Investimento Social Privado ao longo da última década não permitirá recuarmos e o que estaremos rediscutindo é a intensidade em que o mesmo ocorrerá nos próximos dois anos. O Instituto C&A encontra-se empenhado em planejar o seu investimento para 2009 no mesmo patamar de 2008.

Finalmente compreendo que não temos outra alternativa para o setor senão continuarmos avançando em nossa visão de construção de um país justo em que toda a população tenha assegurado os seus direitos."
Paulo Castro - Diretor-presidente do Instituto C&A.

”Para a Fundação ArcelorMittal Brasil, os desdobramentos da crise são mais desafios a serem enfrentados, do que motivos para esmorecimento do nosso entusiasmo. Nossa empresa está fortemente impactada pela crise internacional e, como uma fundação empresarial, estamos sentindo as turbulências.

Esta circunstância, porém, é o vetor que nos impele a buscar mais parcerias com o poder público, com outras empresas e ONGs, para a realização dos programas. Seremos mais criativos e mais competentes. Vamos evidenciar que a ação social bem estruturada e compartilhada gera resultados positivos para todos os envolvidos. Isto implica em planejamento e monitoramento dos projetos - desenvolvimento de indicadores consistentes”.
Leonardo Gloor - Gerente Geral Fundação ArcelorMittal Brasil,.

"A IBM continuará a investir em projetos que visam a Inovação para um mundo melhor, usando a tecnologia para o progresso da sociedade, pois acreditamos que existe um imenso potencial para que o planeta se torne cada vez mais saudável, sustentável e inteligente - o que a IBM vem chamando de “Smarter Planet".

Confiamos que temos a oportunidade de contribuir positivamente com projetos que farão a diferença. Prosseguiremos com nossas ações, buscando ajudar o crescimento do País através dos incentivos em Educação, Inovação e Tecnologia.

Podemos citar, entre outros, planos de aumentar parcerias com Secretarias de Ensino para a inclusão do Kidsmart - softwares educacionais interativos para crianças para o ensino infantil; parcerias com Instituições de Ensino com o Reading Companion - software de reconhecimento de voz que fornece aos usuários a oportunidade de adquirir habilidades de pronúncia e leitura na língua inglesa; além de aumentar o número de voluntários do World Community Grid - projeto social global com a missão de ajudar no avanço de pesquisas que buscam tratamentos e a cura de doenças."
Ruth Harada- Executiva de Cidadania Corporativa da IBM Brasil

O Boticário é uma empresa que tem em seu alicerce a crença na beleza. Desde a beleza estética, que está nas pessoas e movimenta o nosso negócio por meio de produtos inovadores e de qualidade reconhecida, mas também a beleza que vai além disso. A que está nas relações, nas pessoas e na natureza. Essa atitude sempre foi reconhecida pelo consumidor e o investimento social privado que realizamos fortalece essa troca entre a empresa e a sociedade.

Acreditamos muito fortemente na força do empresariado para contribuir com as questões sociais e ambientais mais críticas e, mais do que isso, para sensibilizar seus próprios colaboradores, formando pessoas comprometidas com as responsabilidades que são de todos. Por este motivo é tão importante praticar o investimento social privado. Trata-se de uma ferramenta da qual dispomos para promover um mundo mais belo.
Miguel Gellert Krigsner - Presidente do Conselho de Administração do Boticário.

“Da mesma forma como tem atingido resultados e perspectivas de produção nos diversos campos da economia, a crise tende a reduzir os investimentos sociais das empresas. Há, porém, um aspecto positivo a ser considerado no cenário nacional. O estágio do ISP no Brasil de hoje permite supor que não haverá cortes drásticos, pois as empresas têm programas estruturados e de longo prazo, e não ações filantrópicas pontuais. É o caso, por exemplo, da Telefônica, que não tem previsão de redução de investimentos nem na área de produtos e serviços nem na área de ação social.

Entendo que a Responsabilidade Social Empresarial vai além do ISP e os empresários brasileiros já demonstraram o quanto valorizam essa postura estratégica. Por isso, em um momento como este, acredito que as decisões levarão em conta os interesses e necessidades das diversas partes interessadas e buscarão um equilíbrio que permita ao país - governo, empresas e sociedade civil - atravessar a crise e manter o esforço compartilhado de desenvolvimento social”.
Sérgio Mindlin - Diretor Presidente da Fundação Telefônica.

“O próximo ano não será dos mais fáceis, todos temos consciência disso. Mas é justamente nos momentos mais difíceis que a responsabilidade de fazer dar certo, manter o “círculo do bem” ativo e de fazer valer o compromisso para um futuro mais sustentável e justo se fazem mais necessários.

Para nosso Instituto Société Générale, 2009 será um ano de muito trabalho, vitórias, alegria e de incontáveis realizações de sonhos. Vamos, juntos, fazer um mundo mais feliz e justo. Feliz 2009 a todos!”
Renato Oliva - Presidente do Instituto Société Générale.

" Na nossa vida, estamos o tempo todo tomando decisões, queiramos ou não fazê-lo. E, a cada ano novo, temos uma boa oportunidade de ponderar as escolhas e os caminhos feitos, abrindo novas perspectivas de ação. Espero, neste novo ano, que todos nós possamos vivenciar a virtude da prudência, que não significa cautela, mas sim é a arte de decidir corretamente. Que façamos as melhores escolhas...”
Ana Beatriz Patrício - Diretora da Fundação Itaú Social.

"O Instituto BM&FBovespa sabe que 2009 será um ano difícil para a economia e conseqüentemente para o Investimento Social Privado. A dificuldade, no entanto, deve nos estimular a buscar, ainda com mais afinco, as soluções capazes de estimular a atuação das instituições comprometidas com a responsabilidade social e ambiental. Não podemos nos fiar apenas em períodos de bonança e crescimento econômico.

As épocas de crise, se são difíceis para as empresas, são ainda mais dramáticas para a população desassistida e marginalizada. O Instituto BM&FBovespa, com apoio da BM&FBovespa S.A, empresa à qual está diretamente vinculado, fará tudo o que estiver a seu alcance para manter em 2009 seus projetos e programas socioambientais."
Izalco Sardenberg - Superintendente do Instituto BM&FBovespa.

"2009 será um ano difícil mais também cheio de oportunida7des. A crise econômica vai sim afetar a Fundações Filantrópicas e o ISP, pois o orçamento da maioria estas organizações depende ou de um endownment ou de uma percentagem do lucro da empresa com a qual a organização esta atrelada. Este sentido não tenho dúvidas que no ano que vem teremos menos recursos destas organizações e consequentemente menos recursos para os diversos projetos sociais que dependem das parcerias com estas organizações.

Infelizmente, os grupos sociais mais pobres e excluídos serão não só afetado pela diminuição destes projetos sociais mais serão provavelmente duplamente afetados pois serão os primeiros a perder seus empregos com a recessão econômica.

Espero, entretanto, o ano de 2009 possa também ser um ano de oportunidades. Por exemplo a crise financeira talvez obrigue as ISP que ainda trabalham de forma isolada comecem a trabalhar em parceria e de forma coordenada com outras organizações. A outra possível oportunidade pode ser das ISP com o setor público em apóio uma agenda comum e prioritária de políticas públicas que afetem os mais vulneráveis mais diretamente.

Mais talvez a maior oportunidade desta crise financeira seja ela nos levar a rever e refletir sobre a sustentabilidade ambiental, social e econômica dos modelos de desenvolvimento que apoiamos com nossas ações. Esta claro que esta crise revela que já não podemos continuar no "business as usual" e as ISP estão muito bem posicionadas para experimentar, inovar e promover novos modelos de desenvolvimento. Não podemos ter medo da crise que esta chegando, e sim assegurar que novos parâmetros de desenvolvimento surjam e sejam fortalecidos, parâmetros estes que possam assegurar com que crises financeiras como estas sejam evitadas e/ou que os mais vulneráveis não sejam afetados por elas. "
Ana Toni - Fundação Ford

“Em 2009, o Grupo Carrefour manterá o investimento social privado com o foco em consumo consciente, educação e mobilização social. A companhia continuará a investir nos projetos apoiados e realizados atualmente.

Pertencemos às comunidades onde mantemos negócios e, nelas, queremos influenciar a geração de renda e o desenvolvimento social. Esta diretriz reitera o compromisso do Carrefour com os três níveis de Responsabilidades que orientam nossas ações e conduta nos âmbitos econômico, social e ambiental. Sabemos que uma empresa só pode avançar em suas metas de sustentabilidade se souber definir e transmitir seus valores, crenças e visão de futuro. Este é um compromisso do Grupo com seus públicos de relacionamento.
Antônio Uchoa, diretor do Instituto Carrefour.


Rodrigo Zavala
redeGIFE Online, 05/01/09

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Concurso "Experiências em Inovação Social" estende prazo de inscrições

As inscrições para o quinto ciclo do concurso "Experiências em Inovação Social", da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), com apoio da Fundação W.K. Kellogg, forem prorrogadas até o dia até 16 de janeiro de 2009.

O concurso estava definido somente até 2008 mas, devido aos bons resultados obtidos na identificação de idéias inovadoras, foi estendido por um novo período.

O ciclo 2008-2009 dá continuação a quatro convocações bem-sucedidas, que receberam 4.400 inscrições e selecionaram 60 finalistas, provenientes da Argentina (8), Belize (1), Bolívia (3), Brasil (19), Chile (2), Colômbia (9), Cuba (1), Equador (3), El Salvador (1), Guatemala (1), Haiti (1), México (1), Paraguai (2), Peru (6), Santa Lucía (1) e Uruguai (1).

O concurso envolve experiências inovadoras de oito áreas: saúde comunitária, educação básica, programas de juventude, geração de rendas, responsabilidade social corporativa, voluntariado, desenvolvimento rural/agrícola e segurança alimentar/nutrição.

Podem participar governos regionais, departamentais, provinciais e municipais, associações comunitárias, comunidades religiosas, organizações não governamentais, e outras instituições do setor privado sem fins lucrativos que trabalhem em algum dos 33 países da América Latina e do Caribe membros da CEPAL.

O primeiro prêmio é de 30.000 dólares, o segundo de 20.000 dólares, o terceiro de 15.000 dólares, e o quarto e quinto, de 10.000 e 5.000 dólares, respectivamente. Até hoje, o concurso entregou um total de 268.000 dólares.

Os projetos participantes devem ser sustentáveis e por isso, requer-se, pelo menos, 2 anos de trabalho efetivo em atividade.

As iniciativas apresentadas nos ciclos anteriores podem ser inscritas novamente no ciclo 2008-2009. Os projetos devem ser geridos ou executados pelas próprias comunidades, associações ou redes da população beneficiária ou, ainda, por alguma das entidades antes definidas.

O projeto CEPAL/Kellogg parte do princípio que tanto os governos locais como a sociedade civil e as organizações religiosas/comunitárias têm desenvolvido modelos inovadores de atenção, na busca de uma melhor resposta efetiva dos sistemas sociais.

O concurso identifica iniciativas inovadoras em desenvolvimento social, a fim de extrair lições e difundir tais experiências. Divulgando-as, espera contribuir para a melhora das práticas e políticas sociais em benefício da população mais pobre dos países da Região.

Os formulários de inscrição estão disponíveis na página web da CEPAL, ou da Fundação Kellogg para a América Latina e o Caribe.

Também podem ser solicitados pelo e-mail innovacion.socialcepal.org ou pelo correio: "Projeto CEPAL/Kellogg", CEPAL. Avda. Dag Hammarskjold 3477, Casilla 179-D, Vitacura, Santiago, Chile.

As inscrições podem ser enviadas por e-mail para innovacion.socialcepal.org, por fax + 562 208-1553.


redeGIFE Online, 29/12/08

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O que 2008 tem a nos dizer

Na última semana de 2008, o redeGIFE traz aos leitores uma visão sobre o que o ano pode ensinar às organizações sociais brasileiras. Embora os desafios para uma gestão estratégica, avaliação de resultados, transparências das ações e segurança jurídica tenham pautado as principais discussões do terceiro setor no ano, nada foi mais acalorado como o debate sobre os impactos da crise financeira mundial no orçamento dos projetos sociais.

Nos últimos meses, palavras de ordem como “apertar os cintos”, “rever metas” e “priorizar investimentos” das ações sociais encontraram eco na cobertura do colapso financeiro global. Embora existisse mais especulação do que dados concretos, os movimentos sociais no Brasil ficaram em polvorosa sobre onde os cortes seriam feitos.

Não por acaso, em matéria publicada no jornal paulistano Folha de S. Paulo, no dia 28 de outubro, a coordenadora-geral da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Cristina Pimenta, comentou: “sempre que acontecem cortes em orçamentos governamentais, bem como do setor privado, o terceiro setor e as áreas sociais são sempre os primeiros a sofrer", em matéria intitulada Terceiro setor deve sofrer forte impacto com a crise.

Essa preocupação pode ser explicada em dois pontos-chave, baseados na realidade brasileira: poucas organizações criaram fundos capazes de garantir a longevidade de seus programas, tal como ainda são dependentes a recursos doados, seja por convênios com governos locais ou federais, seja por parcerias com empresas socialmente responsáveis. POr esse lógica, qualquer razão que faça escassear o dinheiro dessas fontes traria conseqüências para os programas sociais.

No entanto, especialistas em investimento social têm uma visão menos pessimistas do setor no país. “As organizações que perceberem que podem ser afetadas podem tomar este momento como uma oportunidade para reverem seus processos e práticas. Podem ser o momento para estarem mais bem preparadas para retomar seu crescimento quando esta crise for história”, acredita o presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), Marcos Kisil. (Leia artigo).

As idéias de Kisil encontram convergência com as do coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor (CETS) da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, Carlos Merege. Ele acredita que este é o momento para as organizações priorizarem estratégias de diversificação das fontes de receitas.

“Sem duvida alguma a geração de renda própria através da produção de bens e serviços deve ser a meta número um para a sustentabilidade econômica das organizações do terceiro. Esta é a maior lição que estamos aprendendo neste momento e que não pode ser esquecida jamais!”, afirma Merege. (Veja opinião).

A mesma visão menos aflitiva pode ser escutada do ex-vice Presidente da Fundação Ford, Barry Gaberman, que acredita que “uma sacudida periódica não é tão ruim assim”. Para ele, é uma oportunidade para que as alianças estratégicas ajam a pleno vapor. “De forma peculiar, as mudanças de prioridades das filantropias organizadas poderão representar mais uma ameaça do que um declínio na economia. Especialmente se as mudanças são feitas precipitadamente e não são administradas com responsabilidade e sensibilidade”.

Mas como essas premissas entram no dia-a-dia das organizações que provém algum serviço social? De acordo com a diretora de Ação Comunitária da ArcelorMittal Inox Brasil, Rosaly Todeschi Bandeira, o planejamento das ações está cada vez compartilhado com parcerias.

“Os recursos privados não estão limitados ao financeiro, recursos humanos e conhecimento, maior capital das empresas podem e devem ser considerados no contexto atual como grandes aliados para o investimento social”, acredita.

Nas considerações gerais, um dos conselhos mais entusiasmados vem diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), Paulo Nassar: “Não fale em crise, trabalhe”.

Na próxima semana, o redeGIFE trará um especial sobre as expectativas dos principais investidores sociais privados do país para 2009.


Rodrigo Zavala
redeGIFE Online, 29/12/08

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Você vai fazer o nosso futuro

As sete tendências que dominarão a sociedade brasileira nos próximos anos estão ligadas à adoção de uma nova postura individual para resolver os problemas coletivos

Depois de conquistar democracia política e estabilidade econômica, que resultaram no melhor momento de sua história recente, a sociedade brasileira vai entrar em ritmo acelerado num processo ainda mais profundo de mudanças.

Nos próximos anos, indicam os estudos de tendências feitos por consultorias, haverá uma revolução no comportamento. Os brasileiros investem no crescimento pessoal e desejam uma sociedade mais harmônica e menos agressiva. A segurança emocional permeia este novo momento. Nossas escolhas estão ligadas à proximidade daqueles em quem confiamos. Perde espaço o 'eu', do individualismo e da competição. O 'nós', o grupo, passa a ser o caminho para um mundo melhor, uma prosperidade em que todos saiam ganhando. É uma contraposição às notícias de violência que nos bombardeiam todos os dias. "A insegurança nos fez perder nossas certezas como indivíduo. Em grupo é mais fácil se proteger", diz a cientista social Débora Emm, gerente da Voltage, empresa que analisa tendência

Não significa que os desejos de consumo irão desaparecer. "Mas o investimento naquilo que traz crescimento pessoal e dissemina o saber será especial, principalmente para as classes C e D, que agora já têm os eletrodomésticos que almejavam", afirma Ricardo Tortorella, diretor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de São Paulo.

A MasterCard, com a campanha publicitária "Não tem preço", começou há quase duas décadas a estudar o que o consumidor realmente considerava indispensável para ser feliz. Para a nova fase da campanha, usou dados da pesquisa comparativa da consultoria Yankelovich Monitor, que reflete como a sociedade está revendo as certezas daquilo que vale a pena na vida. No começo dos anos 90, ter uma casa espaçosa e cara era importante para 25% dos entrevistados. Em 2007, o índice caiu para 17%. Enquanto tirar um dia de folga era o foco de 62% das pessoas ouvidas pela pesquisa há 18 anos, hoje dar uma parada no trabalho para ter prazer em algo faz 75% dos entrevistados mais felizes. "Ninguém mais quer esperar as férias para aproveitar um descanso, um lazer ou estar com quem gosta", diz Beatriz Galloni, vice-presidente de marketing da MasterCard.

Com base nas pesquisas de tendências, ISTOÉ preparou uma reportagem especial e apresenta sete temas que permearão os hábitos do brasileiro. Esses valores já estão presentes na sociedade, mas ainda em grupos seletos. Nos próximos anos, irão se espalhar, como uma onda. Existem muitas novidades a caminho na área tecnológica e nas chamadas ecossoluções. O mercado também se voltará para pessoas com mais de 60 anos e a casa será valorizada como um espaço de segurança e conforto. Mas as principais mudanças visam o crescimento pessoal: aprofundar o conhecimento, avançar na busca espiritual e trabalhar o bem-estar.

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A era do bem-estar
Mentes espertas
Você vai fazer o nosso futuro
No conforto do lar
Um mundo pronto para os idosos
Pegadas verdes no planeta
O Poder que vem de Obama


Boletim IstoÉ - Edição 2043, 24/12/08

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