sábado, 28 de fevereiro de 2009

Como medir nosso desenvolvimento?

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lança na próxima semana uma campanha nacional para incentivar a participação da população na escolha do tema do próximo relatório brasileiro do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 2010, ano em que índice completa 20 anos. É a primeira vez que a organização abre a discussão sobre como medir o desenvolvimento no país. "O nosso objetivo é despertar o debate público sobre nossos problemas, vistos a partir dos indivíduos", defende Flávio Comim, coordenador do Relatório de Desenvolvimento Humano no Brasil.

Depois de percorrer sete capitais promovendo audiências públicas e visitas nos 10 municípios com menor IDH, iniciadas no final de 2008, a estratégia de ampliar o debate seguiu para a internet. Um dos objetivos da campanha é dar visibilidade ao site www.brasilpontoaponto.org.br, que poderá ser utilizado pela população para enviar suas questões em vídeo ou em texto. A previsão é que o site fique disponível até as duas primeiras semanas de abril. "Depois disso pretendemos estudar sua continuidade como fonte para outros estudos."

Segundo Comim, serão aplicados três critérios para a escolha das sugestões. O primeiro deles será a quantidade de respostas incidentes para cada questão. "O maior número de respostas nos dirá o que é mais importante." O segundo critério são as razões dadas pelas pessoas para suas escolhas, "dando à nossa análise uma dimensão também qualitativa". Por último, serão levadas em conta as questões que têm um maior poder de transversalidade com um maior número de questões associadas.

O primeiro caderno do relatório deverá ser publicado no final de abril e mostrará o que aconteceu com cada tipo de consulta e como todo o processo de escolha foi construído. No segundo semestre, outro caderno será publicado com o diagnóstico sobre o tema da consulta.

A despeito das respostas que obtiver, o PNUD brasileiro deverá seguir a tendência do Relatório de Desenvolvimento Humano mundial, que será lançado no final do ano e abordará o tema migração. "Tivemos reuniões no Brasil ano passado para compilar a opinião de especialistas brasileiros sobre esse tema e acreditamos que essa questão é de fundamental importância para o bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo", acrescentou Comim.

Atualmente, o IDH analisa três dimensões, cada uma com o mesmo peso: conhecimento, saúde e padrão de vida. O conhecimento é medido por uma média entre taxa de alfabetização e taxa combinada de matrícula; a saúde, pela expectativa de vida; e o padrão de vida, pela renda per capita do país, corrigida pela paridade do poder de compra. Todos os dados são fornecidos por organismos da ONU.

Apesar de afirmar não saber se o IDH será mudado, Comim acredita que existam elementos para mudá-lo. "O IDH quando foi lançado contava com uma base muito restrita de dados, que foram muito aperfeiçoados, em todo o mundo, nesses últimos 20 anos. Dessa forma, é mais fácil hoje falarmos sobre a qualidade das variáveis incluídas no IDH, como a educação, do que antes."

• Saiba mais | Entenda o Índice de Desenvolvimento Humano


Luiz de França
Veja Online, 27/02/09

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Redes wireless viabilizam projeto de inclusão digital do Minicom

Por conta da dificuldade das prefeituras em fazer o cabeamento, ministério optou por solução sem fio na instalação de telecentros

A dificuldade em instalar cabeamento por parte das prefeituras fez o Ministério das Comunicações optar por redes wireless na instalação dos telecentros comunitários, pontos de acesso à internet de forma gratuita que serão instalados no 5,564 mil municípios do Brasil.

Segundo Carlos Roberto Paiva, diretor do departamento de inclusão digital do ministério, alguns municípios tinham dificuldades para realizar o cabeamento das máquinas. Dessa forma, foi incluída no edital a compra de roteadores sem fio.

A empresa vencedora, no caso a Positivo, se comprometeu a entregar toda a infra-estrutura do telecentro e fazer a instalação. São dez máquinas, com sistema operacional já instalado, e o roteador sem fio, fornecido pela D-Link. O link de internet é do próprio ministério, contratado da Embratel.

Paiva explica que o uso das redes sem fio facilitou muito a implementação dos telecentros. Para viabilizar o projeto, foram utilizados 6,2 mil roteadores e 62 mil placas wireless.

Os roteadores chegavam até as prefeituras previamente configurados. Com isso, a inserção dos parâmetros de rede não precisava ser feita, economizando tempo e custos. Por não precisa de cabeamento, também, as prefeituras não tiveram de gastar com obras ou adaptação das salas, que apenas necessitavam de energia para a instalação dos computadores.

Cada kit fornecido pela Positivo custou aos cofres do ministério 21,4 mil reais, conforme preço estabelecido em pregão. Até março, de acordo com Paiva, todos os municípios do país vão contar com, ao menos, um telecentro. O governo já estuda a possibilidade de ampliar o projeto, instalando mais 3 mil telecentros.


Rodrigo Caetano
Computerworld, 19/02/09

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Governo local pela sustentabilidade

Associação internacional de governos locais e outras organizações governamentais voltada para questões ambientais, o ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade conta mais de 1.000 membros em todo o mundo, entre cidades, municípios e associações. “Nossa missão é fazer com que ações cumulativas no nível local influenciem o global”, explica a arquiteta Laura Valente, diretora-regional para América Latina e Caribe. Para tanto, o ICLEI orienta e estimula os governos locais na implementação de ações voltadas para o desenvolvimento sustentável. Por conta de sua abrangência e urgência, as mudanças climáticas tornaram-se um dos principais temas de atuação da instituição e deram origem ao projeto Cidades pela Proteção do Clima. Nesta entrevista, Laura, que é mestre em gestão ambiental e está no ICLEI desde 2002, fala sobre o papel dos governos locais e como podem colaborar para o enfrentamento do aquecimento global.
Clima em Revista - Por que as mudanças climáticas tornaram-se foco de atuação de uma instituição como o ICLEI, voltada para o desenvolvimento sustentável no nível local?
Laura Valente - O ICLEI começou nos Estados Unidos, nos anos 1990, com um grupo representativo de governos locais, voltado para meio ambiente, sustentabilidade e, desde o início, também o clima. A inspiração foi a experiência de Toronto, no Canadá, que em 1989 já havia feito um levantamento de emissões, propôs um plano de ação e conseguiu diminuir suas emissões. A instituição é formada por um conselho democrático onde os membros têm voto. Uma de suas primeiras iniciativas foi a coordenação do capítulo 28 da Agenda 21, sobre governos locais e, depois, o desenvolvimento do Manual da Agenda 21 Local. Ainda em 1992, com a assinatura da Convenção do Clima, o Iclei lançou a campanha Cidades pela Proteção do Clima em 14 cidades dos EUA. Com isso, criou uma metodologia que possibilitou que virasse uma grande linha de atuação do Iclei desde 1993. Basicamente consiste em um software para cálculo de emissões nos municípios cujo foco de atenção, no princípio, era o consumo, nas áreas de geração de energia, transporte e lixo. Naquela época, a atuação era toda no Hemisfério Norte e o desmatamento e o uso do solo não eram considerados uma preocupação. Com o tempo, as atividades passaram a acontecer também nos países do Sul, num primeiro momento com recursos de projetos do Norte, através de troca de experiências. Nessa época, ainda nos anos 1990, o que mais se fez foi Agenda 21 Local. No Brasil, participaram cidades como Porto Alegre (RS), Angra dos Reis (RJ), Belo Horizonte e Betim (MG).
Clima em Revista - Especificamente com mudanças climáticas, quais são os municípios brasileiros que participam da campanha?
Laura Valente - O ICLEI foi a primeira organização em nível internacional a fazer projeto de redução de efeito estufa em nível de municípios. Hoje são mais de 700 cidades. No Brasil, onde a campanha teve início em 2000, são sete (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Betim, Goiânia, Volta Redonda e Palmas) e Belo Horizonte está entrando. Todas essas fizeram inventário de emissões, usando a metodologia desenvolvida especialmente para a América Latina, onde a campanha está presente também em Tomé, no Chile, e em Buenos Aires e Avellaneda, na Argentina.

Clima em Revista - Além do inventário, quais tipos de atividades esses municípios desenvolvem?
Laura Valente - O enfoque continua sendo em transporte, fonte de energia e lixo. Mas no Brasil, onde a energia é relativamente limpa, os principais são transporte e lixo, também por serem competência municipal. O inventário tem influenciado políticas e sido catalisador de ações que já estavam sendo empreendidas. Participar da campanha também propiciou a essas cidades conhecer experiências de outros locais. Entre os projetos implantados há mudança na frota de automóveis municipais, implantação de coleta seletiva e aterros sanitários. O aterro sanitário de Betim é modelo, por queimar metano, o que já diminui a emissão de gases de efeito estufa. Quando se aproveita a energia dessa queima, como acontece em São Paulo, é ainda melhor. Em Porto Alegre já havia trabalho para melhorar o transporte público, mas incluíram também um programa de eco-direção, para melhorar a maneira de dirigir.

Clima em Revista - No Brasil, o ICLEI está começando também um trabalho com os governos dos estados do Mato Grosso, Bahia e Pernambuco. Por que trabalhar também com essa instância?
Laura Valente - Em alguns países, é muito importante a articulação entre os municípios e o governo central. No caso do Brasil, somos uma federação de estados onde não existe uma autoridade metropolitana, embora tenhamos uma população altamente urbanizada. O governo estadual é o responsável por essa visão articulada de políticas que envolvem ações voltadas para questões como a qualidade do ar, transportes, biomas ou bacias hidrográficas. Particularmente nas questões relacionadas ao clima, essa articulação entre os três níveis de poder que os estados fazem pode ser bastante eficiente. Nesse sentido, foi criado o programa Apoiando a Ação Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas - PEClima, como parte da campanha Cidades pela Proteção do Clima, para apoiar ações de governo em torno de um assunto relevante para os estados e sua população. Um dos focos do programa é a criação e consolidação dos Fóruns Estaduais de Mudança Climática.
Clima em Revista - Por que focar no governo local é tão importante?
Laura Valente - Na verdade, os poderes são diferentes e cada nível de governo tem o seu papel, mas deve haver integração entre eles. O governo local trata das questões do dia a dia. O legislador e o executivo municipais agem diretamente na vida do cidadão. Quando agem de forma correta são mais eficazes na percepção e na educação das pessoas. As medidas municipais são mais acessíveis ao cidadão, pois as pessoas moram na cidade. O estado tem um papel muito importante, pois, como meio ambiente não tem fronteira, é a instância que faz a amarração. O governo nacional dá identidade à questão mais geral. Mas o poder transformador, sem dúvida, é maior no nível local - é o concreto.

Clima em Revista - Em geral, os municípios brasileiros já se deram conta da importância de sua atuação no combate ao aquecimento global?
Laura Valente - Absolutamente não. Fiquei até surpresa de termos conseguido sete municípios que toparam entrar na campanha e trabalhar com questões climáticas. No Brasil, por ser um país em desenvolvimento, buscamos dar ênfase na sustentabilidade local mais do que na questão climática global. Mas os municípios que participam também buscam se destacar, estar na liderança no assunto. A indiferença geral, porém, mudou bastante de 2007 para cá. Atribuo muito ao filme do Al Gore (Uma verdade inconveniente), que trouxe visibilidade ao tema, mais até do que o relatório do IPCC.
Clima em Revista - Em que medida o cidadão pode colaborar para que os municípios tenham maior protagonismo em relação às suas emissões?
Laura Valente - Hoje, o brasileiro está começando a fazer link do que está acontecendo no mundo, que é o clima global tendo impacto na vida local. Esta é apenas a primeira etapa, pois ainda não fez o link com seu comportamento pessoal e como isso contribui. É só ver os carrões que ainda compram; as pessoas são viciadas em carros. O estilo de vida urbano é em relação ao automóvel. Falta entender que o consumo é ato de poder - e ato político. Quando toma decisão sobre compra, está mexendo com todo um sistema.

Clima em Revista - Que tipo de medida a administração municipal pode adotar para diminuir suas emissões?
Laura Valente - Depende da escala do município, mas algumas medidas são universais. A primeira coisa, que é imediatamente perceptível, é educação e fiscalização no trânsito. Quando se cria um cidadão mais educado, ele vai exigir coisas melhores. O governo local precisa, também, trabalhar a mobilidade, que significa uma gestão para mobilidade e não para o tráfego de veículos, o que inclui calçadas, ciclovias, sinalização etc. Além disso, toda a estrutura municipal, que inclui lideranças e servidores, deve dar o exemplo, com medidas como: ter uma frota de automóvel limpa, não cometer infrações, ter coleta seletiva e programas de eficiência energética nos prédios públicos, ter tudo legalizado na obras e prédios públicos, praticar compras sustentáveis.


Maura Campanili
Fonte: Clima em Revista, n° 10, Fevereiro de 2009. IPAM/CES-FGV
Envolverde, 28/02/09
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Prêmio da ONU dará US$ 40 mil à ação sustentável

Concurso que já premiou duas iniciativas brasileiras em edições anteriores tem inscrições abertas; 20 projetos serão escolhidos

Estão abertas até 16 de março as inscrições para o 4º Prêmio Seed (“semente”, em inglês - http://www.seedinit.org), que reconhece e ajuda iniciativas voltadas para a sustentabilidade em países em desenvolvimento. A edição deste ano premiará 20 iniciativas, ao contrário das edições anteriores, que escolheram apenas cinco projetos. Dez dos premiados receberão US$ 40 mil cada, a serem entregues num período de seis a doze meses. O restante, receberá US$ 5 mil cada.

Os vencedores serão anunciados em agosto deste ano. Os projetos concorrentes devem estar em sintonia com os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) e com os compromissos assumidos na 2ª Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002, em Johannesburgo (África do Sul). O objetivo é incentivar ações inovadoras, que estejam no início, tenham participação das comunidades locais, possam ser implantadas em outros locais e sejam focadas no combate à pobreza e no uso sustentável dos recursos naturais.

Fundada em 2002 por PNUD, PNUMA (Programa das Nações Unidas pro Meio Ambiente) e IUCN (União Internacional pela Conservação da Natureza, na sigla em inglês), a rede Seed, que promove o prêmio, já elegeu duas iniciativas brasileiras nas últimas edições. A primeira delas, escolhida em 2007, foi a ONG Projeto Bagagem (http://www.projetobagagem.org/2009/), que apóia a criação de destinos turísticos alternativos e leva o turista a conhecer projetos sociais realizados nas regiões visitadas. A idéia é beneficiar as comunidades locais através da geração de renda e da participação direta da população na elaboração dos roteiros turísticos.

Pintadas Solar (http://pintadas-solar.org/Home_portugues.aspx), segundo projeto brasileiro premiado, foi escolhido em 2008 e atua em Pintadas, município do semi-árido baiano. Seu objetivo é levar para lavouras da região tecnologias de bombeamento de água e de irrigação que usam energia solar. Desta forma, o projeto busca garantir a segurança alimentar, a agricultura em pequena escala e a geração de renda no mercado de biocombustíveis, numa região com escassez de água em razão da falta de chuvas. Com isso, a iniciativa pretende ainda incentivar a adaptação da comunidade local às mudanças climáticas.

Inscreva seu projeto no Prêmio Seed 2009 - http://www.seedinit.org/mainpages2/awards/eligibility/index.php


Redação do Pnud
Envolverde, 28/02/09
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Governança corporativa é bom negócio também para as empresas menores

Não é segredo que boa parte das empresas brasileiras de pequeno e médio portes nasceu da postura empreendedora de seu dono ou de seus sócios

Superação! Esta é a palavra que melhor define a necessidade de empresas dos mais variados setores e tamanhos nestes tempos de turbulência. Diversas políticas e recursos foram mobilizados em prol de grandes corporações. As operações globais de salvamento envolveram cifras consideráveis, profissionais dos mais respeitados currículos forneceram rumos considerados salvadores.

No entanto, a realidade é que neste ambiente de recursos financeiros e profissionais escassos, empresas de pequeno e médio portes enfrentam desafios desproporcionais para obter apoio na superação do momento atual e sair do outro lado do túnel devidamente fortalecidas. Por tudo isso, antes de contar com a graça dos "bem-intencionados", as empresas de pequeno e médio portes devem, de uma vez por todas, contar com elas mesmas, com sua própria capacidade de superação.

Mas como andar sozinhas e com as próprias pernas se esta crise, de proporções jamais vistas, está sugando grandes e portentosos? A resposta pode ser considerada simplista ou otimista, dependendo dos "olhos", mas a aplicação efetiva de práticas de boa gestão e governança corporativa é um caminho efetivo para se evitar ou mesmo solucionar muitos dos desafios que as empresas deste segmento estão enfrentando.

Não é segredo que boa parte das empresas brasileiras de pequeno e médio portes nasceu da postura empreendedora de seu dono ou de seus sócios. E muitas delas surfaram na onda do crescimento em razão do tino e empenho de seus fundadores e, também, e não raro, por causa do mercado naturalmente aquecido. Agora, com ventos soprando na direção contrária, mexendo com a "naturalidade" do mercado, o tino empreendedor nem sempre é suficiente para manter a empresa em cima da onda.

Faz-se necessário nesta hora, nem que seja somente para consumo interno, ter uma visão ampla e imparcial do próprio negócio. Porém, dependendo da vontade e necessidade, é extremamente vantajoso manter a transparência do negócio para o mercado externo. Esta visão ampla e transparente se consegue com a aplicação efetiva de práticas de governança corporativa, fazendo parte da cultura da empresa, transformando a maneira com que o dono ou sócios se relacionam com o negócio.

Mas e eu, como faço? É uma reação natural do empresário achar que conceitos como "governança corporativa" ou "sustentabilidade" são sofisticados demais, distantes da realidade do seu negócio. Como ele mesmo comenta: "essas coisas são para os outros".

Em parte o empresário até tem razão. Os investimentos necessários para obter uma estrutura formalizada em funcionamento podem ser elevados, o retorno do serviço, em muitos casos, não é instantâneo, e a própria manutenção também necessita de um custo permanente.

No entanto, a boa notícia é que é absolutamente viável, haja vista o número de consultorias contratadas por empresas de pequeno e médio portes. Sobre o custo, ele pode variar sim. Dá para implantar métodos de governança corporativa a um preço que "cabe no bolso" e, ao mesmo tempo, conseguir benefícios concretos em um curto espaço de tempo.

E por falar em benefícios... Eles são claros e importantes em qualquer setor. Com uma visão mais ampla de seu próprio negócio, o dono ou sócio tem condições de ver e, muitas vezes, antecipar e corrigir qualquer tipo de distorção para conduzir sua empresa de forma mais segura. Conseguindo dar transparência ao negócio, o dono ou sócios criam condições mais favoráveis, conseguem parcerias, empréstimos bancários, investimentos externos e até mesmo a venda do negócio.

Ainda na linha de desmistificação da governança corporativa, cabe ressaltar que, ao contrário do que muitos pensam e afirmam, equivocadamente, não foi o sistema de governança corporativa que falhou e deixou na "berlinda" algumas grandes empresas do País. Em meio a uma crise de proporções dantescas, não é possível colocar a culpa em um único fator, ainda mais na prática da governança corporativa. Está comprovado que as empresas que souberam aproveitar as metodologias de um sistema de gestão foram capazes de evitar prejuízos e reagir às mudanças do oscilante mercado financeiro.


Bruno Schmidt
Gazeta Mercantil, 27/02/09

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Crise global já atinge financiamento de ONGs

A crise financeira mundial - que teve origem nos Estados Unidos, contaminou outros países, derrubou mercados, colocou grandes economias em recessão e estatizou bancos - já atinge os programas de ajuda financeira de nações ricas para aquelas em desenvolvimento. Relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) classifica como crítico o nível das doações feitas pelos países ricos e os convoca para aumentar essa ajuda. Apesar dos doadores terem se comprometido a elevar a ajuda em 50 bilhões de dólares (cerca de 117 bilhões de reais) até 2010, em relação a 2004, o estudo da OCDE constatou que ainda faltam 30 bilhões de dólares (cerca de 70 bilhões de reais) para a atingir a meta. O relatório foi divulgado pouco antes de a Irlanda anunciar um corte de 95 milhões de euros (aproximadamente 278 milhões de reais ) no seu programa de assistência. Antes, a Itália tinha feito o mesmo.

Uma significativa parte desses recursos financia projetos das organizações não-governamentais (ONGs) em vários países. O Brasil, que já foi prioridade das nações doadoras, vem sofrendo uma redução de destinação desses recursos desde que a economia brasileira passou a dar sinais positivos. Segundo o relatório, o Brasil deverá registrar uma queda de 25% no período 2005-2010 em termos de ajuda recebida, apesar de a América do Sul crescer 18% nas estimativas para esse mesmo período.

Desculpa
Na opinião do diretor executivo da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), José Antônio Moroni, essa retração de financiamento é uma questão antiga e tem origem no questionamento de políticos e setores da sociedade de alguns países do hemisfério norte sobre a ajuda ao desenvolvimento com base no argumento de que eles também têm problemas sociais que não foram resolvidos, além de um "certo preconceito". Para ele, "a crise esta servindo apenas como um argumento a mais neste debate".

Segundo Moroni, as ONGs brasileiras mais atingidas pela diminuição de recursos estrangeiros são as que atuam com direitos humanos e a construção de um novo modelo de desenvolvimento. "Estamos procurando ter a nossa autossustentabilidade. Isso não está sendo fácil. O Brasil não é um país solidário. As empresas até têm recursos para ajudar, mas não se interessam em patrocinar projetos na área de direitos humanos", desabafa Raimunda Bezerra, que trabalha no Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular do Acre (CDDHEP/AC). A ONG que foi fundada em 1990 na capital do estado, Rio Branco, atende cerca de 150 casos por ano. A única ajuda internacional que recebe vem da França, no valor anual de 40.000 reais, referente a um projeto aprovado no ano passado para os próximos três anos.

'Seleção natural'
No total, cerca de 225 agências bilaterais e 242 multilaterais financiam aproximadamente 35.000 atividades por ano ao redor do mundo com a finalidade de alcançar os objetivos de desenvolvimento do milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Juntas, elas têm um orçamento que chegou a 107,1 bilhões de dólares (cerca de 250 bilhões de reais) em 2005; em 2007, já estava em 95 bilhões de dólares. Três dessas instituições multilaterais - Comissão Europeia, Banco Mundial e as Nações Unidas - são responsáveis por 30% de toda a ajuda global.

Em sua apresentação do relatório, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, diz que "a crise está nos ensinando muito sobre a nossa vulnerabilidade e interdependência, mas também está mostrando que temos uma extraordinária capacidade de cooperar e encontrar entendimentos comuns e dividir soluções entre nações". Para Rodrigo Baggio, diretor executivo do Comitê para Democratização da Informática (CDI), as ONGs vivem um "processo de seleção natural" que as fará adotarem padrões cada vez mais parecidos com uma empresa. "Elas vão ter de buscar um diferencial com foco em resultado, corte de custos, eficiência, qualidade de gestão, indicadores de resultados e transparências", diz.

Baggio acredita que somente assim as ONGs brasileiras poderão disputar investimentos estrangeiros, que nos últimos anos têm sido direcionados principalmente para os países da África. O continente, com exceção do norte do Saara, deverá chegar a 2010 recebendo 34% mais recursos do que o registrado em 2005, segundo o estudo da OCDE.

Cultura
O diretor de política ambiental da ONG Conservação Internacional (CI) do Brasil, Paulo Gustavo Prado, prevê que a situação possa piorar com a possibilidade de o Reino Unido fazer alguns ajustes no seu programa de assistência ao desenvolvimento. O país está entre os maiores doadores do mundo. Cerca de 80% dos recursos da CI vêm do estrangeiro por meio de acordos com agências multilaterais e fundos norueguês, inglês e alemão. "Mas o nosso maior doador são os doadores privados e fundações e filantropia americanas", explica Prado.

Com uma verba anual de 11,7 milhões, a ONG, que nasceu nos Estados Unidos, está presente em 43 países. No Brasil, repassa 60% de seus recursos a 159 outras ONGs e institutos brasileiros. Apesar da crise e dos indicativos de cortes dos países desenvolvidos nas ajudas internacionais, Prado é otimista quanto à continuidade dos investimentos estrangeiros. "Aqui no Brasil o universo não é muito amigável para doações, salvo as feitas por empresas para cultura e esportes. Nos países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos e União Europeia, existe uma cultura de doação por pessoas físicas, coisa que ainda estamos longe de alcançar no nosso país", ressalta.


Luiz de França
Veja Online, 27/02/09

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Nova economia global será tema da Conferência Internacional do Ethos 2009

Estão abertas as inscrições para a 11ª Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social do Instituto Ethos. Nesta edição, que ocorrerá entre 15 e 18 de junho, no Hotel Transamérica, em São Paulo, os participantes serão convidados a discutir a respeito das transformações que pessoas, empresas, sociedade e Estado precisam empreender para construir uma nova economia global, mais justa e sustentável. Por isso, a programação foi dividida em plenárias, mesas redondas, painéis temáticos e oficinas de gestão, com o objetivo de divulgar diferentes visões e práticas sobre o tema. E, para aprofundar a reflexão sobre os dilemas vividos atualmente, serão organizadas rodas de diálogo rara incentivar o compartilhamento de idéias e a criação de novos conhecimentos.

Como já se tornou tradicional, a Conferência Internacional 2009 será iniciada com o debate “RSE na Mídia”, no dia 15 de junho. Esta atividade é aberta ao público, assim como a Mostra de Tecnologias Sustentáveis, que vai se realizar simultaneamente à Conferência Internacional, no mesmo Hotel Transamérica.

Assim como nas edições anteriores da conferência, em 2009 também haverá intérpretes da Língua de Sinais Brasileira (Libras), para garantir a comunicação das pessoas surdas. Portadores de outras deficiências devem informá-las no ato da inscrição para que a organização da Conferência Internacional 2009 adote as providências necessárias.

As inscrições serão feitas exclusivamente pelo site http://www.ethos.org.br/ci2009
Valores:
Até 27/02/2009: associados - R$ 1.320; outros- R$ 2.310
Até 17/04/2009: associados - R$ 1.815; outros - R$ 2.541
Até 29/05/2009: associados - R$ 2.190; outros - R$ 3.250
A partir de 29/05/2009: associados – R$ 2.590,00; outros – R$ 3.680,00
No valor da inscrição estão incluídos coquetéis, cafés, almoços e o material do participante.

Conferência tem mostra de tecnologias sustentáveis
Como parte da programação da 11a. Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social, o Instituto Ethos promove a Mostra de Tecnologias Sustentáveis. A exposição reúne informações e conhecimentos sobre tecnologias sustentáveis disponíveis, visando tanto a ampliação de seu uso pelos indivíduos e organizações como o estímulo a organizações públicas e privadas a intensificarem o desenvolvimento, produção e uso dessas tecnologias.

A mostra não pretende ser uma feira de ciência ou de produtos, mas sim um ambiente onde o visitante poderá ver, interagir e conhecer o funcionamento das tecnologias e os requisitos para o seu adequado desempenho em uso.

"Tecnologia Sustentável" compreende metodologias, técnicas, sistemas, equipamentos ou processos economicamente viáveis, passiveis de serem produzidos e aplicados de forma a minimizar os impactos negativos e a promover impactos positivos no meio ambiente, na qualidade de vida das pessoas e na sustentabilidade da sociedade.

Os interessados em expor no evento devem fazer a inscrição gratuitamente pelo endereço até o dia 8 de março. As tecnologias inscritas são selecionadas com base em critérios definidos por uma curadoria composta por entidades que reconhecidamente tratam dos temas que são objeto da mostra.

As iniciativas inscritas devem ter como foco questões relacionadas à sustentabilidade das cidades, dos negócios rurais e à conservação e manejo sustentável de ecossistemas. Também devem apontar soluções relacionadas às fontes de energia, gases de efeito estufa, consumo de materiais, resíduos, uso da água, água, biodiversidade, equidade, diversidade, combate à corrupção, trabalho decente e inclusão social.

A visitação da exposição é aberta ao público e gratuita mediante cadastro no site do evento, a partir de março.

Mais informações em http://www.ethos.org.br/mostra2009


Redação do Instituto Ethos
Envolverde, 26/02/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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