segunda-feira, 10 de março de 2008

Saiba em qual estágio está a construção da futura norma de Responsabilidade Social e as perspectivas de avanço em 2008

A 5ª plenária do Grupo de Trabalho de Responsabilidade Social da ISO (WG SR) aconteceu em Viena (Áustria), de 5 a 9 de novembro de 2007, e apontou os caminhos da construção da futura norma de Responsabilidade Social, a ISO 26000. Entre as novidades do encontro, em que foram aprovadas vinte resoluções, estão: o documento será tratado de forma integrada na próxima reunião; a previsão de lançamento da ISO foi alterada para 2010 e a elaboração da quarta minuta do documento (WD.4), com a meta de avançar para o estágio seguinte (Committee Draft - CD) na próxima reunião, marcada para setembro de 2008 em Santiago, no Chile.

Sob a liderança compartilhada da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto Sueco de Normalização (SIS), a plenária foi marcada por forte presença de países em desenvolvimento, que ultrapassou a dos países desenvolvidos. Ao todo, participaram 400 especialistas de 78 países, um recorde. "Isso confirma o crescente interesse que essa norma vem despertando", afirmou o co-secretário do WG SR, Eduardo Campos de São Thiago, que supervisionou a organização da plenária, feita pelo Instituto de Normalização da Áustria (ON).

São Thiago observou que, em paralelo ao desenvolvimento da norma, a ISO e o WG SR têm sido ativos no que se refere à ampliação de representação e da conscientização, promovendo inúmeros workshops regionais para aumentar conscientização em relação à importância da futura ISO 26000. Em 2008 está prevista uma reunião em Copenhague, na Dinamarca.

Confira abaixo a breve entrevista concedida por São Thiago, que também é assessor de Relações Internacionais da ABNT, ao portal Setor3 sobre o atual estágio do processo da ISO 26000 e as perspectivas e novidades para 2008.

SETOR3 – Quais resultados importantes foram alcançados nesta reunião?
Eduardo Campos de São Thiago – Entre eles, 7.225 comentários foram recebidos em relação ao terceiro projeto de trabalho (WD.3) da ISO 26000, circulado previamente à reunião de Vienna, mostrando notável engajamento e compromisso por parte dos quase 400 especialistas que participam do desenvolvimento da norma. Com 20 resoluções aprovadas o Grupo de Trabalho decidiu que é tempo de avançar um pouco mais. O documento avançou e foi tomada a decisão de se discutir um quarto projeto de trabalho (WD.4) após a reunião de Viena, com a recomendação expressa em resolução de ter como meta avançar para o estágio seguinte (CD) na próxima reunião plenária, marcada para setembro de 2008 em Santiago, Chile. Com isso, espera-se que a ISO 26000 seja publicada em 2010.

No atual estágio do trabalho (WD), o objetivo consiste em continuar construindo consenso entre os especialistas. Já na fase de CD, o objetivo será a obtenção de consenso entre os organismos nacionais de normalização e as organizações internacionais participantes.

Também foi definido o estabelecimento de uma Força Tarefa de Redação (IDTF) para revisar o texto da ISO 26000 de forma integrada, com base nos comentários recebidos. A reunião de Viena foi a última em que o texto da norma foi preparado e discutido em partes separadas. A partir de agora, o texto será trabalhado de forma integral, segundo cronograma de trabalho detalhado que foi estabelecido em Viena para a preparação do WD.4.

SETOR3 – O que prevê o cronograma de trabalho detalhado estabelecido em Viena para a preparação do WD.4?
Eduardo Campos de São Thiago – O cronograma prevê os passos a serem dados pelo grupo para a elaboração do WD.4, a ser discutido em Santiago, incluindo preparação do texto, submissão aos especialistas para comentários, compilação dos comentários, preparação de novo texto com base nos comentários recebidos e envio do texto aos especialistas para sua análise prévia para a reunião de Santiago. Além disso, são estabelecidos o(s) responsável (eis) e os tempos envolvidos para cada passo. Na verdade, o tempo é escasso para o volume do trabalho que está sendo realizado e por isso pode-se dizer que haverá sempre especialistas trabalhando na preparação do texto em alguma parte do mundo.

SETOR3 – Houve participação equilibrada das seis categorias de stakeholders nas delegações nacionais?
Eduardo Campos de São Thiago – Embora em termos de número ainda haja uma quantidade maior de stakeholders das categorias indústria, governo, ONGs e SSPO (Serviço, Suporte, Pesquisa e outros), em relação à quantidade de representantes dos consumidores e dos trabalhadores, pode-se considerar que, de modo geral, o WG SR tem obtido uma participação expressiva e crescente, particularmente se for levado em consideração sua participação histórica em outros comitês da ISO. É importante destacar que a busca por uma participação mais equilibrada é uma preocupação constante tanto da liderança do WG SR quanto da própria ISO.

SETOR3 – Como você define a participação dos especialistas brasileiros em Viena?
Eduardo Campos de São Thiago – Os especialistas brasileiros tiveram atuação destacada em Viena, seja defendendo com convicção as posições da delegação, seja assumindo responsabilidades nos diferentes grupos que se formaram.

Confira abaixo as notícias sobre a construção da ISO 26000...


Matérias anteriores:
Ladislau Dowbor
Leia o artigo: Gestão social e transformação da sociedade

Og Dória, de Barcelona
Fórum Universal das Culturas debate perspectivas para um mundo melhor

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Será a privatização das causas sociais?
Nova Norma
Com publicação prevista para 2009, a ISO 26000 será um guia de diretrizes em Responsabilidade Social e de uso voluntário

Juliana Rocha Barroso
Publicado pelo Setor3 em 25/02/08

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MEC oferece sistema on-line para solicitação de recursos

O Ministério da Educação (MEC) disponibiliza a estados e municípios um sistema on-line para solicitação de recursos do programa Brasil Profissionalizado. Em 2008, são R$ 210 milhões para aumentar a oferta de escolas e matrículas de educação profissional pública no país. Até 2011 serão mais R$ 690 milhões. A meta é atender 800 mil alunos, capacitar 14 mil professores e construir 2.500 laboratórios.

O financiamento deve servir para construção, ampliação ou reforma de escolas públicas de ensino médio e profissional; aquisição de mobiliário, equipamentos e laboratórios destinados ao ensino profissional e tecnológico; ou ainda para compra de acervo bibliográfico. Os recursos também podem ser utilizados para a formação de professores na área de ciências (química, matemática, física e biologia).

Os proponentes dos projetos terão que respeitar algumas condições, tais como: gratuidade do ensino; alcance da maior amplitude de matrículas; consonância com o catálogo de cursos técnicos; implantação de plano de estágio; vagas para jovens e adultos; e compromisso de gerenciamento na manutenção das escolas e das respectivas matrículas na educação profissional, a ser verificado por meio dos dados do Censo Escolar.

(Envolverde/Nota 10)

Publicado péla Envolverde em 05/03/08


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Investimento social privado em alta

Os desafios e particularidades da atividade social das empresas no Brasil

O Brasil é uma das maiores economias do mundo e um dos países com pior distribuição de renda. As desigualdades sociais explicam, em grande medida, porque cada vez mais corporações têm investido em áreas que antes eram responsabilidade exclusiva dos governos como educação e saúde. “O ambiente é favorável ao investimento social privado no Brasil. Trata-se de um setor em franca expansão, na medida em que, com a estabilização da economia, mais empresas têm acumulado riqueza e ampliado o seu potencial de contribuir para a sociedade”, diz Fernando Rossetti, secretário-geral do Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), organização com 106 associados de origem privada que financiam projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público e que realizará entre 2 e 4 de abril, em Salvador (BA), o seu quinto congresso de investimento social privado.

Apesar do avanço, o investimento social feito por empresas no Brasil está muito distante da realidade de países como os Estados Unidos. Para se ter uma idéia, as 189 maiores empresas e fundações norte-americanas investiram US$ 10,2 bilhões em causas sociais no ano de 2006. No Brasil, os investimentos sociais privados atingiram R$ 4,7 bilhões, segundo a pesquisa “A ação social das empresas”, divulgada, em 2006, pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

A política de benefícios tributários pode ser uma das hipóteses para essa importante diferença de volume do investimento social. Nos EUA, segundo Rossetti, os doadores consideram financeiramente mais vantajoso investir seu patrimônio em fundações administradas pelos filhos por conta dos incentivos fiscais. De acordo com o Ipea, apenas 2% das corporações fizeram uso de incentivos fiscais no período de 2000 a 2004. Para 40% dos empresários entrevistados, o valor do incentivo era muito pequeno e não compensava seu uso. Mesmo assim, o investimento social privado teve um crescimento de 10% comparado à primeira edição da pesquisa (2002).

Ainda segundo Rossetti, a atuação social das empresas avançou conceitualmente, deixando de ser assistencialista para desenvolver a cidadania. Hoje o investimento social privado, seja por meio de projetos próprios, apoio a organizações do terceiro setor, criação de institutos, fundações corporativas ou familiares, obedece a uma lógica empresarial de planejamento, monitoramento e avaliação de resultados, gerando benefícios para a comunidade atingida e para os negócios da empresa.

Em entrevista a Idéia Socioambiental, Rossetti, recentemente eleito presidente da Wings (Worldwide Initiatives for Grantmakers Support), rede global de 140 grandes doadores e apoiadores de filantropia no mundo, faz uma análise ampla da evolução desse setor no Brasil e dos desafios que enfrenta no novo contexto da sustentabilidade nos negócios.


1. Na conjuntura atual, ainda há espaço para a filantropia?

Há espaço para todos os tipos de ação, desde a filantropia tradicional, caracterizada pelo assistencialismo, até uma filantropia estratégica por meio do investimento social privado com visão de longo prazo e objetivo de transformar a realidade de uma comunidade. Evidentemente, há uma diferença qualitativa entre uma e outra, mas as práticas mais tradicionais não devem ser abandonadas. Hoje ainda é preciso dar o peixe, ensinar a pescar e ao mesmo tempo reformular toda a cadeia produtiva da pesca.


2. Existem as fundações vinculadas às empresas e às pessoas físicas. Quais são as vantagens e limitações de cada uma delas?

As fundações ligadas às empresas hoje, frequentemente, têm que pensar o seu trabalho no campo social ou ambiental de maneira alinhada com o pensamento estratégico do negócio. As fundações corporativas podem agregar valor à sociedade por meio da transferência das suas competências. Por exemplo, uma empresa de telecomunicações dispõe de uma competência em comunicação, já uma companhia financeira tem a administrativa, enquanto que uma fabricante de software pode contribuir para a inclusão digital. Em todos esses casos, o trabalho que a empresa realiza apresenta alguma relação também com o negócio. O limite é esse. A boa filantropia corporativa baseia-se na relação ganha-ganha, de modo que a comunidade e a empresa sejam beneficiadas. Quando a empresa promove a inclusão digital, a comunidade se beneficia, mas cria-se um mercado para os softwares que a companhia fabrica. Já no da filantropia familiar, essas amarras em relação ao negócio, propriamente dito, não existem. Há mais liberdade na hora de pensar a maneira como se vai aplicar o investimento. Por outro lado, existe o risco de perder um pouco a ênfase na gestão ou na profissionalização desse trabalho, o que para as empresas costuma ser um fator essencial. Quando a gestão e profissionalização não são prioridades, aumenta a tendência de fazer trabalhos mais assistencialistas deixando de lado um pensamento estratégico. A questão é que o ambiente todo está amadurecendo. Então, mesmo as fundações vinculadas às pessoas físicas já estão surgindo com pensamento estratégico muito desenvolvido.


3. Em relação à legislação e incentivos fiscais, as condições para criação de uma fundação, vinculada à empresa ou à pessoa física, são as mesmas?

Não. As empresas gozam de alguns benefícios fiscais para fazer o seu investimento social privado, a exemplo da Lei Roaunet, do Fundo para a Infância e Adolescência e, mais recentemente, da Lei de Incentivo ao esporte. Para as pessoas físicas, só há isenção por meio da Declaração do Imposto de Renda pelo formulário completo. Já no nível familiar, não há nenhum tipo de incentivo. Essa é a grande diferença do Brasil para os Estados Unidos, por exemplo. Lá, se alguém decide deixar uma herança para a sua família os tributos podem chegar a 40%. Enquanto aqui, o nível de tributação é de 4%. Sendo assim, nos EUA, é mais vantajoso investir em uma fundação e não pagar tributos. Os incentivos bem feitos e administrados são instrumentos muito importantes para aumentar o investimento social privado.


4. Há ambiente favorável para o investimento social privado no Brasil?

Sim, extremamente favorável. Esse é um setor em franca expansão. O número de ONGs triplicou nos últimos 15 anos. Hoje, há cerca de 300 mil delas, desenvolvendo trabalhos relevantes para a sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, houve um desenvolvimento econômico significativo no País nesses últimos 10 anos. Com o Plano Real, o Brasil alcançou uma política estável que está gerando novas riquezas. E o acúmulo de riquezas em determinadas empresas e famílias aumenta o potencial de contribuição para com a sociedade.


5. Existe uma relação entre desenvolvimento e crescimento do investimento social privado?

Sem dúvida nenhuma. A filantropia é feita com dinheiro do ente privado, seja empresa ou pessoa física. Quanto mais riqueza um país gera, mais condições de filantropia ou investimento social privado ele tem. Não por acaso, quando se olha o Brasil, a região Sudeste e depois a Sul, onde há maior concentração econômica, são as que têm mais investimento social privado.


6. Os fatores culturais ou religiosos influenciam o volume de investimento social em um país?

Têm influência enorme. Os fatores culturais e religiosos talvez estejam nas bases das práticas filantrópicas de um país. São nítidas as diferenças da filantropia praticada entre comunidades católicas, cristãs ou judaicas. Na cultura norte-americana, por exemplo, as famílias doam uma parte de sua renda para fundações, obras de assistência ou de caridade. No Brasil, um país de tradição católica, as famílias têm o costume de dar o dinheiro para a igreja desenvolver trabalhos sociais. Mas isso vem mudando, com o crescimento da filantropia corporativa no mundo. Com a abertura da nossa economia, sobretudo a partir da década de 90, o Brasil passou a receber essas influências e a incorporar elementos da filantropia vindos de outras culturas.


7. O volume de investimentos de empresas em causas sociais e ambientais é uma forma de avaliar o grau de maturidade da responsabilidade social em um país?

Acho que sim. O número de organizações que existe na sociedade reflete a quantidade de recursos disponível. Mas no Brasil tem-se uma cultura que reproduz a má distribuição de renda. Há também a questão política. Tradicionalmente, o Estado brasileiro não é gerido para o benefício público, mas para o de determinados entes privados. Existe uma necessidade de reforma política séria, a partir da qual o Estado passe a atuar com uma orientação mais pública e menos privada.

É necessária também uma mudança cultural. A elite deve se preocupar com a questão pública e não apenas com interesses privados. Por outro lado, o um dos traços característicos do brasileiro é o seu jogo de cintura, a sua criatividade e sua capacidade, para o bem ou para o mal, de se adaptar fácil a novas situações. Tem-se aqui uma enorme capacidade de lidar em ambientes que estão em transformação como a economia global de hoje.


8. Qual a sua avaliação da filantropia no Brasil? Existem avanços? Quais são os desafios?

As práticas filantrópicas não só no Brasil, mas em todo o mundo, observam um caráter mais assistencialista. Houve uma evolução muito significativa nos últimos 15 anos, mas isso aconteceu principalmente nas grandes empresas porque elas têm o capital para investir em planejamento, consultores, profissionais para fazer a gestão. Nas pequenas e médias empresas, nas fundações de pessoas físicas ou famílias, essa cultura ainda não chegou. Há muito ainda o que evoluir para atingir uma visão mais estratégica da contribuição para a sociedade.


9. Mesmo que a empresa não tenha uma política de responsabilidade social, investir em filantropia é algo positivo?

Sim. Esse é um tipo de atividade que se aprende fazendo. Para envolver a estratégia de como trabalhar na sociedade, é preciso fazer, experimentar, avaliar, replanejar. A tendência é que este trabalho filantrópico comece a ficar cada dia mais alinhado com o negócio. É o conjunto de ações no qual está incluída a filantropia ou o investimento social privado que ajuda a construir a imagem que os consumidores fazem desta ou daquela empresa. Cada vez mais as pessoas escolherão marcas nas quais identificam uma relação mais responsável com a sociedade e com o meio ambiente.ist


Dimensão do investimento social privado no Brasil

Total de investimentos em 2006: R$ 1 bilhão
Áreas de atuação:
1º - Educação: 81%
2º - Desenvolvimento comunitário: 52%
3º - Cultura e artes: 50%
4º - Geração de trabalho e renda: 44%
5º - Apoio à Gestão de organizações do Terceiro Setor: 40%
6º - Assistência Social: 35%
7º - Meio ambiente: 35%
8º - Defesa dos direitos: 27%
9º - Esportes: 25%
10º - Comunicações: 21%
11º - Outros: 15%

Fonte: Censo Gife 2005/2006


(Envolverde/Idéia Socioambiental)

Juliana Lopes, da Revista Idéia Socioambiental
Publicado pela
Envolverde em 05/03/08
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Mais dólares no combate a violência contra mulheres

Os recursos da Organização das Nações Unidas para combater a violência contra as mulheres cresceram de maneira significativa, passando de US$ 3,5 milhões em 2006 para US$ 15 milhões no ano passado. Este dinheiro é administrado pelo Fundo das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), agência que estabeleceu uma meta ambiciosa: arrecadar US$ 100 milhões por ano ate 2015. Desde que foi criado em 1997 o fundo para combater a violência de gênero recebeu mais de US$ 33 milhões. Quase a metade destes recursos foi obtida no ano passado.

“O fundo é um complemento vital de nosso trabalho em todas as regiões para pôr fim à violência de gênero na vida das mulheres, seja em situações de conflito ou não”, disse a diretora-executiva interina do Unifem, Joanne Sandler. A funcionária afirmou que a campanha agregará valor e visibilidade aos esforços que governos, doadores, organizações de mulheres e outros da sociedade civil realizam para combater a violência de gênero, cuja erradicação é tão importante quanto outras metas de desenvolvimento.

Na semana passada, a companhia de cosméticos Avon anunciou o lançamento de uma associação público-privada para promover as mulheres e pôr fim à violência contra elas. A empresa se comprometeu a dar US$ 1 milhão ao fundo administrado pelo Unifem. A presidente da Avon, Andréa Jung, declarou à imprensa que a companhia contribui há mais de 120 anos com a valorização das mulheres, oferecendo a elas a oportunidade de manejarem seu próprio negócio, através da venda de seus produtos, e alcançar a independência econômica.

O Departamento para o Desenvolvimento Internacional da Grã-Bretanha destinará US$ 350 mil, durante um período de três meses, para combater a violência sexual e de gênero em Ruanda. É parte de um programa de três anos, com custo estimado de US$ 3,2 milhões, no qual o Unifem trabalha com as forças de segurança desse país africano. Em novembro o Unifem lançou uma iniciativa através da Internet, “Diga não à violência contra as mulheres”, liderada pela atriz australiana Nicole Kidman, que é embaixadora da boa vontade do Unifem.

“Na medida em que mais pessoas aderem, podemos ver um crescente movimento de gente exigindo o fim da violência, incluindo governos e clebridades como as atrizes Catherine Deneuve e Hillary Swank”, disse Sandler. No mês passado a Fundação da ONU, com sede em Washington, expressou seu apoio ao Unifem e prometeu doar um dólar para cada uma das primeiras cem mil assinaturas reunidas pela campanha na Internet, que já acumula 197.531 adesões de pessoas de todo o mundo.

Em uma declaração à Comissão sobre o Status das Mulheres das Nações Unidas, que na sexta-feira encerrou duas semanas de deliberações, a Coalizão Contra o Tráfico de Mulheres disse que a violência masculina é uma barreira para atingir a igualdade de gênero. “Entre as práticas mais sérias e preocupantes da violência de gênero estão a exploração sexual com fins comerciais, que inclui o tráfico sexual, a prostituição, a indústria da busca de noivas pela Internet, a pornografia e o turismo sexual”, disse a Coalizão, às vésperas do Dia Internacional da Mulher, comemorado no sábado.

Sandler disse à Comissão que o nível de financiamento com que contam os diferentes programas é um indicador da brecha que deve ser fechada para acabar com a violência de gênero. Outros fundos administrados pela ONU, para a promoção da democracia ou a manutenção da paz, contam com mais recursos do que o manejado pelo Unifem para acabar com a violência de gênero. O programa para combater a Aids, a tuberculose e a malária, lançado em 2002, reuniu US$ 10 bilhões.

Em fevereiro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou formalmente a campanha “Unidos para acabar com a violência contra as mulheres”. Ban disse em seu discurso na Comissão que se trata de um tema que “não pode esperar”. Pelo menos uma em cada três mulheres apanham, são violentadas ou forçadas a manter relações sexuais em algum momento de sua vida, acrescentou. “Nenhum país, cultura ou mulher, jovem ou adulta, está imune a este açoite. Com muita freqüência os autores destes crimes não são punidos”, disse Ban.

A campanha para erradicar a violência contra as mulheres coincide com a decisão dos líderes mundiais de renovar seu compromisso para financiar as Metas de Desenvolvimento do Milênio, assumidas pela Assembléia Geral da ONU em 2000, que propõe reduzir pela metade a pobreza extrema e a fome ate 2015, entre outros objetivos, entre os quais está alcançar a igualdade de gênero. Incrementar os recursos para este fim, disse Ban, é fundamental para atingir as demais metas de desenvolvimento. (IPS/Envolverde)

(Envolverde/IPS)
Thalif Deen, da IPS
Publicado pela
Envolverde em 10/03/08
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ONU pede que mundo invista em meninas e mulheres

Secretário-Geral falou durante cerimônia para marcar Dia Internacional da Mulher, em 8 de março

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a igualdade de gênero é uma condição para o progresso no mundo. Ele lembrou que o tema é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Ban fez a afirmação durante uma cerimônia antecipada de comemoração do Dia Internacional da Mulher, marcado neste sábado. A mensagem teve como tema: "Investir nas Mulheres e Meninas".

Segundo Ban, investir em mulheres não é só a coisa mais certa, mas também a mais inteligente.

Fome
O Secretário-Geral da ONU disse que com o financiamento da igualdade de gênero, o mundo também ajuda a combater a pobreza, a fome, as doenças e o analfabetismo.

Ban falou ainda do impacto, em nível global, de empréstimos para micro-empresas geridas por mulheres.

Ele disse que houve um crescimento de 10 milhões de pequenas empresas em 1999 para 69 milhões em 2005.

Ban Ki-moon afirmou que com o acesso ao financiamento, à tecnologia e ao mercado, as mulheres conseguem expandir seus negócios e assim contribuir para o desenvolvimento.

Política
Uma das participantes da cerimônia, em Nova York, a deputada da Assembléia Nacional de Angola, Maria Vahekeny do Rosário, falou à Rádio ONU, sobre medidas adotadas no país para aumentar a presença de mulheres na politica.

"Em setembro, em Angola vão se realizar eleições legislativas e, por força das mulheres parlamentares, nós conseguimos integrar nesta lei uma disposição que obriga todos os partidos políticos a terem pelo menos 30% de mulheres nos órgãos de decisão dos partidos. E pensamos que, a partir daí, poderão depois surgir ministras, deputadas e outras mulheres para os níveis subsequentes", disse.

Nesta semana, centenas de mulheres de todo o mundo estão participando, na sede da ONU, da 52ª. Sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o Estatuto da Mulher com tema sobre igualdade de gênero e empoderamento de mulheres.

Para ouvir esta notícia clique em http://www.un.org/av/radio/portuguese/realfile/5484.asp

(http://www.un.org/radio/por/detail/5484.html)

(Envolverde/Rádio ONU)

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU

Publicado pela Envolverde em 07/03/08
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Cidades apagam as luzes para alertar sobre mudanças do clima

Desligue as luzes por uma hora e ajude a chamar a atenção do mundo para as mudanças climáticas

No dia 29 de março, quem se importa com o planeta vai desligar as luzes por uma hora, das 20h às 21h. A iniciativa chama-se Earth Hour e é uma idéia do WWF-Austrália, que já realiza este movimento desde o ano passado.

O objetivo da ação é aumentar a consciência sobre mudanças climáticas e demonstrar como indivíduos, trabalhando juntos, podem fazer a diferença na luta contra este tema global. Oficialmente, a Rede WWF está apoiando o Earth Hour em mais de 20 cidades e cinco países da Rede.

Essas cidades já se juntaram: Atlanta, São Francisco, Fênix, Chicago )EUA) Bangcoc (Tailândia), Ottawa, Vancouver, Montreal, Toronto (Canadá), Dublin, (Reino Unido), Sydney, Perth, Melbourne, Canberra, Brisbane, Adelaide (Austrália), Copenhagen, Aarhus, Aalborg, Odense, Manila (Filipinas), Suva (Fiji), Tel Aviv (Israel) e Christchurch (Nova Zelândia).

Quem quiser assinar o compromisso de apagar as luzes em nome do combate às mudanças climáticas, pode clicar no link http://www.earthhour.org/sign-up.


(Envolverde/WWF)

Publicado pela Envolverdem em 10/03/08

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Prêmio Nike premia torpedos de celular do Brasil

ONG brasileira que envia informação a jovens por meio de mensagens de telefone móvel é um dos ganhadores de concurso internacional

O projeto brasileiro 0800 Rede Jovem, que oferece informação de utilidade pública a jovens via torpedo de celular, foi um dos três vencedores de um concurso internacional promovido pela fabricante de artigos esportivos Nike, em parceria com a organização não-governamental Ashoka/Changemakers. A premiação, cujo objetivo era identificar ações inovadoras que usem o esporte como instrumento de mudança social, dará US$ 5 mil a cada ganhador. A ONG brasileira planeja aplicar o recurso no aperfeiçoamento de seu site e na criação de um serviço de boletim noticioso, para ampliar o número de pessoas atendidas.

Numa primeira etapa, 381 iniciativas de 69 países haviam se inscrito no concurso, chamado Todo Mundo pode Mudar o Mundo: Esporte para um Mundo Melhor. Submetidos a um júri de seis pessoas ligadas às áreas social e esportiva — entre elas o presidente da Nike, Mark Parker, o ala do Chicago Bulls Luol Deng e o presidente do Barcelona, Joan Laporta —, 16 projetos foram selecionados para a final. A escolha dos três vencedores foi feita por meio de voto popular, no site do concurso.

Dois projetos brasileiros — além do 0800 Rede Jovem, o Programa Vencer — estavam entre os finalistas. Os outros dois trabalhos vencedores foram o Grassroot Soccer: Usando o poder do futebol na luta contra a Aids, da África do Sul, e o Sports4Kids: Levando o jogo de volta à área de lazer das escolas, dos Estados Unidos.

O 0800 Rede Jovem não tem enfoque voltado exclusivamente ao esporte. Sua principal meta é ampliar as oportunidades para a juventude de baixa renda, oferecendo informações sobre trabalho, educação, esporte e serviços públicos, todo dia útil, por meio de mensagens de texto via celular, conhecidas como torpedos. "Nosso projeto era o único entre os finalistas que não realiza uma atividade esportiva direta, mas apresenta uma abordagem inovadora a respeito do esporte, aliado a outras questões que fortalecem a juventude", afirma a coordenadora do projeto, Alice Gismonti.

A ONG faz parcerias com organizações das cinco favelas em que atua. Por meio de jovens dessas comunidades, elas pesquisam oportunidades esportivas e culturais gratuitas, além de vagas de trabalho. As informações são sintetizadas e enviadas por celular. O ponto de partida do projeto é que uma boa parte das pessoas nessa faixa de idade desconhece serviços disponíveis próximos de onde moram. Como parte dos jovens tem celular (geralmente pré-pago), usou-se a tecnologia para tentar promover inclusão social.

Hoje, a iniciativa beneficia 500 jovens de 17 a 24 anos, do Complexo do Alemão e do Complexo do Maré (Rio de Janeiro), de Madureira (Rio de Janeiro), Val Paraíso (Santo André, em São Paulo) e Primeiro de Maio (Vila Velha, Espírito Santo).

Ampliação
"O recurso do prêmio vai nos ajudar, de certa forma, a ampliar o número de jovens que vão receber essas oportunidades, mas por e-mail. Com a visibilidade, no entanto, nós vamos procurar aumentar a quantidade de jovens que recebem por celular também", diz Alice. "O nosso planejamento para 2008 é encontrar parceiros que nos ajudem a elevar esse número para 2.000 jovens."

Embora o esporte seja apenas uma das abordagens da ação, a ONG possibilitou que 23% dos participantes se inscrevessem em alguma modalidade esportiva, de acordo com pesquisa realizada pela entidade em setembro.

Agora, o 0800 Rede Jovem estuda criar um serviço de envio de torpedos só sobre atividades esportivas. Essa ação, contudo, depende ainda da chegada de novos apoiadores. "Acredito que a visibilidade oferecida por esse prêmio vai nos trazer muitos parceiros estratégicos e possivelmente financiadores para a gente aumentar o alcance de nosso trabalho", completa Alice.
O PNUD é parceiro da Nike na Rede Esporte pela Mudança Social — iniciativa que tem a participação de 23 entidades no Brasil, além de atletas e ex-atletas profissionais — e apoiou a divulgação do prêmio Todo Mundo pode Mudar o Mundo.

Leia a descrição do 0800 Rede Jovem no site da premiação: http://www.changemakers.net/en-us/node/3438

(Envolverde/Pnud)

Osmar Soares de Campos, do Pnud

Publicado pela Envolverde em 07/03/08
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6ª Edição do Prêmio Senai de Reportagem

Prêmio de R$ 20 mil para reportagem sobre educação profissional

Estão abertas até o dia 30 de abril as inscrições para a 6ª edição do Prêmio SENAI de Reportagem, realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A indústria brasileira premiará as melhores reportagens sobre educação profissional e tecnológica.

Podem ser inscritas reportagens publicadas no período de 1º de janeiro de 2007 a 15 de fevereiro de 2008. O primeiro colocado de cada categoria, com exceção da Especial Universitário, receberá R$ 15 mil; o segundo colocado, R$7 mil; e o vencedor do 6º Prêmio SENAI de Reportagem receberá R$ 20mil. O prêmio é dividido em seis categorias: Jornalismo Impresso, Radiojornalismo, Fotojornalismo, Telejornalismo, Internet e Especial Universitário.

A novidade desta edição é a inclusão do tema Inovação Tecnológica para a Indústria, em homenagem aos 70 anos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). As reportagens deverão focar a inovação como melhoria para o desenvolvimento de novos processos e produtos, contribuindo para o aumento da competitividade da indústria e do país. Nessa categoria, podem ser inscritas somente reportagens de veículos impressos.

Na categoria Especial Universitário podem ser inscritas reportagens de alunos do curso de Jornalismo a partir do 5º semestre. O vencedor ganhará viagem e hospedagem para visitar um Centro de Tecnologia do SENAI e mais R$ 2 mil para transporte e alimentação.

O material deve ser enviado juntamente com a ficha de inscrição para a Unidade de Comunicação Social do Sistema Indústria (Unicom), no Setor Bancário Norte, quadra 1, bloco C, 14º andar – Edifício Roberto Simonsen – CEP 70.040-903.

O regulamento e mais informações sobre o prêmio podem ser conferidos no site http://www.senai.br/reportagem ou pelos telefones: (61)3317-9562/ 3317-9912.



Publicado pelo Pauta Social em 07/03/08

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