sábado, 18 de agosto de 2007

Mais uma ONG fecha as portas

Marcelo Medeiros
Publicado pela
Rets em 17/08/07

Foto Portal do Voluntário

Há mais de 20 anos ele promove e defende os direitos de crianças e adolescentes. Fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e a Adolescência (Abrapia), o pediatra Lauro Monteiro por muito tempo levou adiante o trabalho da ONG por idealismo. Em suas palavras, "tinha um sonho a concretizar".

Duas décadas após a criação da organização, porém, ele está decepcionado. A falta de apoio financeiro fez com que decretasse o fim da entidade, responsável pela criação de serviços de atendimento e denúncia contra a exploração sexual infantil, além de campanhas contra o bullying (comportamento agressivo em escolas) em todo o país. Empresas e Estado deixaram de apoiar seus projetos. Devido às dificuldades que encontrou nos últimos anos, ele recomenda cuidado a quem pensa em abrir uma organização não-governamental. "Parei de procurar apoio. Meu conselho hoje em dia aos idealistas é 'não abra uma ONG'". Nesta entrevista, o pediatra conta as razões de sua frustração.

Rets - Por que, depois de 19 anos, a Abrapia fecha as portas?
Lauro Monteiro - Por vários motivos, mas o principal é a falta de apoio aos nossos projetos. A Abrapia completaria 19 anos em outubro. Criamos telefones de atendimento à crianças e adolescentes e pautamos a mídia por diversas vezes. Muitas das iniciativas da Abrapia foram pioneiras. Porém, desde janeiro de 2006, a entidade não recebeu nenhum centavo para pagar as contas, com exceção de contribuições esporádicas de amigos. Isso totalizava menos de mil reais. Logo, as atividades tiveram que ser interrompidas, pois não havia como pagar o salário dos funcionários e as despesas. Saio, no entanto, com a tranquilidade da missão cumprida. Não houve constrangimento algum.

Rets - Com quais apoios a organização contava?
Lauro Monteiro - Cada programa tinha um financiador. O programa Sentinela (de apoio a crianças vítimas de abuso sexual), por exemplo, era apoiado pela prefeitura do Rio de Janeiro. No fim de 2005, porém, fomos avisados que não haveria renovação do contrato. Até aí, tudo bem. O problema é que, durante muito tempo, tivemos que lidar com atrasos de pagamentos que nos obrigaram a pedir empréstimos para honrar nossos compromissos. Sem a renovação, ficamos sem dinheiro para pagar as dívidas. Chegamos a propor à prefeitura, quando da assinatura do contrato, uma cláusula que impunha uma multa para atrasos no pagamento, mas isso não foi aceito. Ficamos sem dinheiro para pagar os funcionários. Isso acaba com qualquer ambiente de trabalho.

Rets - A iniciativa privada tinha alguma participação no apoio a projetos?
Lauro Monteiro - Tivemos apoio de várias empresas, mas todos com data para acabar. O problema é que enfrentamos muita dificuldade para conseguir novos aportes. Fui a vários locais pedir ajuda, mas tudo era limitado demais. Surgiam, então, pessoas que faziam projetos e intermediavam os contatos com alguns financiadores, mas cobravam até 30% do valor do contrato. Como poderíamos abrir mão de um terço das receitas?

Rets - Você está frustrado com essa situação?
Lauro Monteiro - Como disse, estou tranquilo. Mas fico triste por ninguém ter assumido o Teca (Telefone Amigo da Criança e do Adolescente). É preciso convencer os governos da importância desse programa, que abre um canal para as vítimas denunciarem abusos. Mas já perdi a esperança. Outro exemplo é o programa de conscientização sobre a prática de bullying, problema antigo, mas nunca discutido. Trouxemos o projeto da Inglaterra em 2001, mais de dez anos depois de ele ser introduzido por lá. A Abrapia foi escolhida em uma seleção de projetos de uma empresa estatal e o programa foi considerado um sucesso. Quando o contrato chegou ao fim e perguntei se iriam renová-lo, pessoas de dentro da empresa me disseram que não, pois ele não era mais considerado prioritário, pois não se encaixava nos objetivos do Fome Zero. Daí me aconselharam a escrever um novo projeto, dentro da linha financiada pelo governo federal. Mas como a Abrapia faria isso? Não temos experiência em combate à fome. Nossa área é a de direitos da criança e do adolescente.

Depois de muita briga, decidi parar de procurar apoio. Meu conselho hoje em dia aos idealistas é "não abra uma ONG". O Estado não quer apoiar, as empresas também não. Há ainda muita confusão no terceiro setor.

Rets - Que confusão?
Lauro Monteiro - Há deturpações. Dizem que há cifras muito altas sendo gerenciadas por ONGs, mas essas são uma minoria. Há confusão entre as fundações empresariais e as ONGs. As pessoas pensam que devido à confortável situação financeira de algumas fundações, todas as ONGs estão assim. Eu trabalho como voluntário há muito tempo, não ganho nada com isso. Perdemos nossa sede uma vez, conseguimos outra. Tem gente que trabalha em sala emprestada. Claro que há pequenas organizações que, por vários motivos, se deram melhor que a Abrapia, mas isso não é um fato generalizado.

Rets - Por um lado, há falta de apoio financeiro, mas por outro também deve haver problemas administrativos. Falta profissionalismo ao terceiro setor no Brasil?
Lauro Monteiro - Falta. Não sei se para o bem ou para o mal. Hoje em dia, há muitos cursos de gestão de ONGs. Cheguei a ler vários livros de administração para entender um pouco melhor como as coisas funcionam, mas atualmente existe uma indústria em cima do terceiro setor. Ao mesmo tempo, precisamos de gente que trabalhe não pensando somente no dinheiro que vai ganhar, mas também nos objetivos da organização. No nosso caso, voltados para os direitos humanos. É possível profissionalizar a equipe até certo ponto. E isso é importante. Mas há dificuldade em conseguirmos profissionais qualificados em todas as áreas. Conseguimos atrair muita gente boa para a parte programática da ONG, para atuar em suas atividades-fim, mas para a parte administrativa, por exemplo, é mais difícil. Poucas organizações têm como pagar os salários de mercado para bons profissionais de administração.

Rets - Você acredita que há uma crise ética das ONGs?
Lauro Monteiro - Não exatamente. Porém, as entidades precisam ser mais independentes. As ONGs estão em crise financeira e a Abrapia é um exemplo disso. Elas não sabem ganhar dinheiro e nem acham que devem. Ainda assim, há pessoas que vêem o trabalho nesse setor como um grande negócio.

Rets - Na sua opinião, qual é o papel das ONGs hoje em dia?
Lauro Monteiro - As ONGs não podem ser responsáveis eternas pelos serviços que introduzem. Nosso papel é divulgar idéias, ser proativos, cobrar, criar. O governo, entretanto, é no máximo reativo. Nosso papel não é atender, prestar os serviços do Estado para sempre, mas os governos sempre acham que as ONGs vão dar um jeito de levar adiante programas que criam e que muitas vezes são reconhecidos como uma necessidade.

Rets - Com o fim da Abrapia, surgiu o Observatório da Infância e da Adolescência. Como ele funcionará?
Lauro Monteiro - Está tudo muito lento, pois estou pagando tudo do meu bolso. Estou em busca de apoio. Levei um ano fazendo o site, no qual pretendo divulgar os direitos das crianças e cobrar medidas neste sentido. Também vou fazer palestras e me relacionar com a mídia.

Rets - Há 20 anos o senhor atua nessa área. A situação melhorou?
Lauro Monteiro - Comecei em 1980 no Hospital Souza Aguiar, no Rio, e, desde então, vejo muitas melhorias. Naquela época, por exemplo, as mães não podiam acompanhar os filhos doentes. Era proibido. Para a opinião pública, o abuso sexual não existia - na verdade, ninguém falava sobre isso, era coisa de menino de rua. Hoje já se fala, sabemos que acontece em todas as classes sociais. Foi feito o Estatuto da Criança e do Adolescente, cujo cumprimento não é ideal, mas existe. Então, de uma forma geral, as coisas estão melhores na luta pelos direitos da infância e adolescência.

Mais...

Um Milhão de Histórias - Movimento para debate sobre o Plano Nacional de Juventude

Publicado pela Rets em 17/08/07

O Movimento Um Milhão de Histórias de Vida de Jovens acaba de lançar o CD Rom da campanha "Plano Nacional de Juventude em Pauta". O material está disponível para download no site www.ummilhaodehistorias.org.br, dando início à vertente virtual da Campanha pela democratização do debate sobre o Plano Nacional de Juventude.

Em fevereiro de 2005 o governo federal criou um conselho e uma secretaria nacionais de juventude – iniciativa que faz parte de uma política voltada aos 34 milhões de brasileiros/as que têm entre 15 e 24 anos. É nesta faixa etária que se encontra a parte da população atingida pelos piores índices de desemprego, de evasão escolar, de falta de formação profissional, mortes por homicídio, envolvimento com drogas e com a criminalidade. Agora, está pronto para ser votado no Congresso Nacional um projeto de lei elaborado pela Comissão Especial de Juventude, o Plano Nacional de Juventude. Uma emenda constitucional que dê suporte ao projeto e um estatuto da juventude também estão em discussão.

O Plano aguarda votação na Câmara, e neste momento, o Movimento Um Milhão de Histórias de Vida de Jovens, criado em 2006 pelas ongs Aracati e Museu da Pessoa, se une a outras ongs para iniciar uma campanha para promover a participação dos jovens e da sociedade em geral no debate sobre o plano. A iniciativa promove círculos de encontros onde jovens são estimulados a contar suas histórias e depois, com o apoio de um facilitador, escrever um roteiro de sua própria história, que é registrada para depois ser publicada na internet. De cada círculo saem novos facilitadores para outros círculos de histórias - e assim o movimento se espalha. As histórias se tornam ferramentas para discussão de temas relacionados às condições da juventude brasileira.

O objetivo do Movimento é reunir um milhão de jovens para que, por meio da articulação de suas histórias, mobilizem organizações sociais, programas de governo e outros movimentos sociais. Também é objetivo do projeto qualificar políticas públicas de juventude e, tornar o movimento conhecido pela sociedade.

Apesar de ser uma das principais vítimas da crise sócio-econômica do país, a juventude brasileira não tem seus direitos garantidos pela lei. Ao contrário de crianças, adolescentes e idosos, os 50,5 milhões de jovens brasileiros não são protegidos pela Constituição, por um estatuto ou outro aparato legal. Só agora o Brasil está dando os primeiros passos para quitar esta dívida e colocar os jovens em condições de enfrentar desafios como o desemprego e a exclusão social. Hoje, os jovens são 46,6% do total de desempregados das regiões metropolitanas (Dieese – Estudos e Pesquisas nº 11, 2005).

Sobre o Plano Nacional de Juventude
O Plano Nacional de Juventude – Projeto de Lei 4.530 -, possui mecanismos de participação direta da população na formulação de suas políticas. O Plano estabelece metas decenais para os ministérios que destinam ações e recursos à juventude e para governos estaduais e municipais, que terão dois anos para elaborar seus planos locais.

Entre os objetivos do Plano estão promover o empreendedorismo juvenil, a saúde, a segurança, os esportes, a inclusão digital, a educação, a pesquisa, a autonomia estudantil, a erradicação do analfabetismo e o direito à diversidade.

O documento traz um diagnóstico da situação da juventude e planos de atuação agrupados em quatro eixos. Em “Emancipação e Autonomia” encontram-se ações como a inclusão dos jovens nas escolas, a qualificação dos educadores, o aumento das vagas nas universidades, o fomento às redes de economia solidária entre juventudes e a regulamentação especial do trabalho do jovem que atenda às suas necessidades específicas. Em “Bem-estar” há ações ligadas à promoção de cultura, lazer, esporte, meio ambiente e saúde, como a democratização do acesso aos bens culturais e a criação de um fundo que apóie programas na área de prevenção às drogas e à violência. “Participação e Organização” insere os jovens na elaboração das políticas públicas, na gestão da educação e nas discussões comunitárias, por exemplo. “Políticas Afirmativas e Eqüidade de Oportunidades” implanta ações para atender às necessidades de jovens índios, afro-brasileiros, portadores de deficiência, GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis), mulheres, camponeses e jovens em conflito com a lei.

Mais...

II FSNE: movimentos repudiam a transposição do São Francisco

Rosário de Pompéia*
Publicado pela
Rets em 17/08/07

A caminhada do II Fórum Social Nordestino deixou evidente o repúdio dos movimentos sociais ao projeto de transposição do Rio São Francisco. Uma gigante carranca (símbolo que fica nas proas dos barcos que navegavam o rio) puxava a multidão, que entoava “São Francisco vivo: terra, água, rio e povo!”.

A conjuntura atual foi o ponto de partida para se pensar em novas estratégias de mobilização. “O processo de licitação está parado porque três empresas entraram com uma ação no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) alegando irregularidades. O projeto como um todo vai ser julgado pelo relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), Sepúlveda Pertence. Os movimentos encaminharam uma ação popular baseada em vários pareceres contrários ao projeto, inclusive o do Tribunal de Contas da União, que recomendou ao Ministério da Integração Nacional uma avaliação do alcance do projeto e o tempo necessário para atingir os beneficiados”, explica Juliana Barros, da Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais – AATR. Enquanto isso, as obras de destacamento e topografia estão caminhando, feitas por um Batalhão de Engenharia do Exército.

Durante os debates nas oficinas, seminários e conferências, os movimentos gritaram e mostraram que os principais beneficiados com a transposição serão os empreendimentos econômicos privados, como monocultura irrigada, carcinicultura, siderurgia e mercantilização da água. “A população está sendo vítima de uma política de marketing, pois o que realmente vai acontecer não é dito. Os beneficiados serão as empreiteiras, principais financiadoras de campanhas políticas. Os canais não vão chegar à população do semi-árido que está espalhada na caatinga, pois para isso serão necessárias outras obras - e assim, o preço da água vai encarecer”, explica Ruben Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra, em uma das oficinas do II FSNE. Alzení Thomaz, do Conselho Pastoral dos Pescadores complementa que o problema não é apenas a falta de água, e sim o acesso à água. E nesse atual projeto, 70% da água vai para o agronegócio, 26% para as grandes cidades e 4% para uma população que não vai ter como pagar essa água.

A urgente necessidade da revitalização do rio, que já demonstra sinais de falecimento, e os impactos sociais e culturais também foram questões levantadas por índios, quilombolas e pequenos agricultores. “Essas obras vão passar em territórios indígenas e não se levou em conta que somos contrários ao projeto. Isso é inconstitucional”, afirma Zé de Santa, da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOIMNE. “Esse projeto da morte do São Francisco também passa em comunidades quilombolas. O governo irá tirar as pessoas do seus territórios, mudando totalmente as suas vidas, interferindo nas suas organizações sociais, nas suas terras, nas suas culturas”, diz João da Conceição Santos, da Coordenação Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas - CONAQ. As principais conseqüências do projeto de transposição foram resumidas por Leomarcio Araújo, do Movimento dos Pequenos Agricultores da Bahia. “Vai ter mais concentração da propriedade de terras pelas indústrias e aumentará o uso do agrotóxico”.

O impacto na biodiversidade do Rio São Francisco é uma das preocupações do biólogo Maurício Lins Aroucha, da Agendha (Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia). “O Rio São Francisco possui a água mais doce do planeta de regiões semi-áridas e hiper-áridas. Ele é formado por rios temporários, em que a flora, fauna e microorganismos possuem uma dinâmica própria. Com a transposição, parte do rio ou todo ele (não sabemos ainda) deixará de ser temporário para ter água o ano todo, ou seja, será aletrada a dinâmica do rio. Dificilmente, a fauna, a flora e os microorganismos sobreviverão, pois isso exigiria uma mudança no seu código genético. “Os Estudos e Relatórios do Impacto Ambiental estão incompletos e, mesmo assim, apontaram inúmeros impactos negativos. Transposições desse porte que foram feitas pelo mundo tiveram um impacto negativo sobre o corpo hídrico e, em muitos lugares, o rio chegou a secar, como o Rio Colorado, nos Estados Unidos” explica Juracy Marques, professor da Universidade Estadual da Bahia. Vale salientar que o Brasil é signatário da Convenção Global para Conservação da Diversidade Biológica.

Propostas e alternativas
Alternativas mais eficientes e com menos impacto ao meio ambiente foram apontadas pelos manifestantes. Uma das mais citadas foi o "Projeto de Um Milhão de Cisternas", da Articulação do Semi-árido (ASA) e as 530 obras propostas pelo Atlas Nordeste - Abastecimento Urbano de Água, estudo elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA) que visa melhorar o gerenciamento da água entre os municípios da região. Enquanto a transposição está orçada em R$ 6,6 bilhões, o investimento previsto pelo Atlas é de R$ 3,6 bilhões. A transposição “beneficiaria” 391 municípios em quatro estados nordestinos. Já o Atlas alcançaria 1.356 sedes municipais em Minas Gerais e em todos os estados do Nordeste. Para o meio rural, existem cerca de 144 tecnologias, a maioria testada pela ASA. Construção de barragens subterrâneas, poços, barreiros e caldeirões de pedra também foram propostas como alternativas ao projeto. De acordo com Luiz Carlos Mandela, da Cáritas Brasileira, recurso hídrico existe em cada estado do Nordeste, o que falta é o gerenciamento para a satisfação das necessidades da população. “Deveriam criar um plano de gestão que institua o manejo adequado, descentralizado e participativo.”, sugere.

O projeto
Comumente conhecido como projeto da transposição do Rio São Francisco, oficialmente o nome da iniciativa é "Integração da Bacia do São Francisco às Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional". Para a sua realização, está prevista a construção de dois canais – um a Leste, que levará água para Pernambuco e Paraíba, outro na direção Norte, direcionado aos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. Esta obra está inserida no pacote do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC e custará R$ 6,6 bilhões até 2010, R$ 20 bilhões até 2020 e mais R$ 93,8 milhões por ano, de manutenção.

Rosário de Pompéia, em cobertura especial para Rets, é jornalista do Centro de Cultura Luiz Freire, que apoiou sua ida ao II FSNE.

Mais...

Senac Nove de Julho e Fecomercio promovem Fórum Empresarial de Desenvolvimento Sustentável

Roberta Lotti*
Publicado pelo
Setor3 em 10/08/07

No dia 21 de agosto, a Fecomercio São Paulo e o Senac Nove de Julho realizam o "Fórum Empresarial de Desenvolvimento Sustentável", para empresários e interessados. A entrada é franca.

O evento tem como objetivo identificar o espaço da Fecomercio como local onde empresários possam discutir temas ligados ao desenvolvimento em suas várias vertentes, fornecendo um local privilegiado para o debate de temas de fundamental importância, discutindo questões relevantes que poderão orientar e refletir em suas atividades diárias.

O encontro aborda tema "Dimensão Social e Econômica" e será ministrada por Augusto Franco, desenvolvedor de Nan Daí. Foi coordenador-geral da Agência de Educação para o Desenvolvimento (AED) e, entre 1995 e 2002, integrou (juntamente com Ruth Cardoso e Miguel Darcy de Oliveira) o Comitê Executivo do Conselho da Comunidade Solidária, onde foi o responsável pelas Rodadas de Interlocução Política que geraram, dentre outros resultados, a chamada Nova Lei do Terceiro Setor (Lei 9790/99, que criou as Oscips).

Outro palestrante convidado é o Dr. Rafael Bicudo, doutorando em Filosofia da Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), atualmente ministra aulas na Universidade Presbiteriana Mackenzie (Departamento de Economia) e na Trevisan Escola de Negócios, nos cursos de Relações Internacionais e Administração.

O evento acontece às 10 horas na sede da Fecomercio SP, na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – São Paulo. Para outras informações, o interessado pode entrar em contato pelo telefone (11) 2182-6900 ou pelo e-mail novedejulho@sp.senac.br.

-----------------------------
Serviço:
"Fórum Empresarial de Desenvolvimento Sustentável"
Quando: 21 de agosto de 2007, às 10 horas
Onde: sede da Fecomercio SP
Rua Dr. Plínio Barreto, 285
São Paulo – SP
Quanto: entrada franca
Informações: telefone (11) 2182-6900 ou novedejulho@sp.senac.br
-----------------------------

* Roberta Lotti é jornalista do programa Rede Social do Senac São Paulo

Mais...

Empresários de São Paulo debatem iniciativas de inclusão de pessoas com deficiência

Susana Sarmiento
Publicado pelo
Setor3 em 10/08/07

Entre os dias dois e quatro de agosto, mais de 40 empresas de variados setores e 128 palestrantes estavam na Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental para discutir três grandes temas: Sustentabilidade, Meio Ambiente e Economia. O evento foi uma iniciativa do Comitê de Responsabilidade Social (Cores), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Esta Mostra é um marco, um sinal dos tempos. Com isso, vemos que de fato as pessoas notam a importância do tema. O futuro dos negócios são negócios sustentáveis. Para você ganhar dinheiro, não precisa negligenciar os fatores socioambientais. As empresas que administram seu todo são bem vistas pela sociedade. E se cada uma olhasse a questão ambiental e social, estaríamos bem melhor", afirma Fábio Barbosa, presidente da ABN Amro Bank.

Durante a cerimônia de abertura do evento, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, reforçou que o mundo caminha na direção de projetos de preservação do meio ambiente e a necessidade de sinergia com diferentes áreas. "Este evento tem a mesmo espírito que o Projeto Cidade Limpa. Por dia, temos cerca de três mil manifestações encaminhadas a prefeitura para denunciar irregularidades. O poder público tem o papel de fiscalizar, enquanto o poder privado assume uma função empreendedora. Aqui nasce uma nova Fiesp", observa.

"Antes de banqueiros, somos pessoas", reforça Paulo Skaf. O presidente da Fiesp deu as boas-vindas aos participantes e ressaltou aos empresários a necessidade de construírem um mundo sustentável junto com a sociedade.

Inclusão Econômica
O painel Diversidade Social e Inclusão Econômica reuniu Luiza Russo, presidenta do Instituto Paradigma, Sergio Amoroso, presidente da Fundação Orsa e do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC), Bruno Alvim, vice-presidente do Conselho Consultivo da ONG Integrare – Centro de Integração de Negócios, e Mara Cristina Gabrilli, ex-secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura da Cidade de São Paulo, de 2005.

Luiza contextualizou a deficiência e mostrou o como o Instituto Paradigma atua na qualificação profissional dos deficientes. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) articula projetos, intermedia e dá assessoria de gestão de projetos na inclusão educacional e econômica. Para isso, há grupos de trabalho focados na criação de políticas públicas inclusivas, programas para alunos com deficiência em salas regulares, formação de professores, apoio na acessibilidade e viabilizar recursos para articular parcerias entre instituições públicas e privadas.
Quanto à inclusão econômica, o Paradigma atua no desenvolvimento de projetos corporativos focados na inclusão de pessoas com deficiência e com pouca experiência no mercado formal.

Luiza informa que cerca de 6,3 milhões dos habitantes de todo mundo são deficientes, representando 10% do total. Desses cerca 85% vivem em países em desenvolvimento e em situação de vulnerabilidade social. No Brasil, eles são 4,5% da população nacional. Eles se concentram geralmente na região Sudeste (39%).

"Dos quase quatro milhões de estudantes universitários matriculados nas instituições de Ensino Superior apenas 5.078 são pessoas com deficiência, representando 0,12% do total", informa a presidenta do Instituto. Ela defende que um grande parceiro para o processo de inclusão desta população é o setor privado, já que o setor público disponibiliza de programas, mas estes não se efetivam se não trabalharem em sinergia. Reforça ainda que a área de Terceiro Setor se especializou no cuidado com os deficientes, ajudando na produção de políticas públicas.

Em 2003, o Estado de São Paulo tinha 22% da população economicamente ativa, sendo 600 mil com algum tipo de deficiência. Luiza revela que, de acordo com dados da Delegacia Regional do Trabalho, o número de contratos para deficientes subiu nos últimos anos. Em 2001, havia 601pessoas com deficiência. Hoje há 60.506 pessoas com deficiência estão contratadas. Este fenômeno se deve à Lei de Cotas, estabelecida na lei 8213/91, que determina percentuais de contratação de 2 a 5% do total de trabalhadores e em diferentes áreas da organização.

Esta medida impacta diretamente na atuação das empresas na hora de contratar uma pessoa com deficiência. "Observamos através dos debates que as empresas têm necessidade de soluções coletivas, porque o problema não será resolvido de forma individual", pontua.

Sérgio Amoroso apresentou os programas da Fundação Orsa. Criada em 1994, a Fundação iniciou com pequenos projetos locais isolados para depois desenvolver programas sociais maiores. Explicou como as empresas do Grupo Orsa destinam 1% do faturamento anual bruto de suas empresas para a instituição. Esse compromisso, conhecido como Recurso Semente, viabiliza estratégias, gestão e planejamento à longo prazo.

Sobre a questão agrária, Sérgio contou o objetivo do programa de geração de renda para as comunidades rurais, que estimulam fixar os trabalhadores rurais em suas cidades. "O campo do Brasil dá muita oportunidade. Dividir é ver com todos os atores envolvidos a melhor saída. Não adianta fazer a mesma coisa que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Eles reivindicam um pedaço de terra, mas depois o trabalhador se torna novamente um pequeno proprietário rural. A situação não muda", critica.

Outro programa da Fundação é o Programa de Atendimento Humanizado ao recém-nascido por meio do método Mãe Canguru. Esta prática é conhecida por ser um tipo de assistência neonatal que implica no contato pele a pele precoce entre a mãe e o recém-nascido de baixo-peso. Esse contato permite a evolução da criança em posição canguru, posicionamento do bebe em decúbito prono, na posição vertical, contra o peito do adulto, que pode ser mãe ou outro familiar.

O representante da Integrare, Bruno Alvim, contou a história da ONG que promove negócios entre minorias com poder privado. "Tentamos trazer as empresas para nossos negócios. Geralmente, as empresas são pouco preparadas e tentamos ajudá-las. Mais importante que dividir a renda da sociedade é dividir as oportunidades das empresas para as pessoas com deficiência. Isso faz a gente caminhar", opina.

A Integrare trabalha de três formas. Primeiro capta recursos com os associados, depois divulga os cases de sucesso para estimular outras empresas a participarem do mesmo processo de inclusão. E, finalmente, a ONG ajuda no desenvolvimento das iniciativas destas empresas. No Brasil, a organização conseguiu sete milhões de dólares em negócios focados na inclusão do deficiente, enquanto a sede da ONG, nos Estados Unidos, atingiram 80 bilhões de dólares. "Se todos fizessem um pouco mudaria a história do País", pontua Bruno.

O debate contou com o depoimento de Mara Cristina Gabrilli, ex-secretária da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura da Cidade de São Paulo, que assumiu em 2005. Há 13 anos a psicóloga e publicitária sofreu um acidente de carro, que causou uma lesão medular e a deixou tetraplégica. Fez seu tratamento nos Estados Unidos e quando retornou ao Brasil notou a falta de informação e conhecimento de grande parte da população sobre deficiência. "Mais de 25 mil pessoas são excluídas por terem mobilidade reduzida. São idosos, gestantes e os deficientes. Na cidade de São Paulo, entre 11 mil habitantes cerca de três mil são pessoas com deficiência. É difícil sair de casa, você precisa ter equipamentos para facilitar a locomoção", revela.

Em 1997, Mara criou a ONG Projeto Próximo Passo (PPP), que auxilia deficientes físicos e financia pesquisas de curas. Percebemos que os atletas deficientes tinham dificuldade de chegar ao treino", justifica. Ela ainda explica que nos últimos 20 anos a própria iniciativa da Secretaria foi responsável por diversas ações, porém foram pulverizadas e pontuais – como a construção de calçadas, ruas e quarteirões mais acessíveis.

"A Secretaria Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida teve uma função mais pedagógica dentro da Prefeitura de São Paulo, pois a maioria desconhecia os problemas dos deficientes. Cerca de 10% dos cegos sabem braille e cada 20 mil nascidos em São Paulo são anões. Ninguém sabe destes dados. Todos nós somos humanos, muitos se baseiam pela aparência. Todos são agentes sociais. A barreira física não é a questão mais complicada. O mais difícil é a barreira da atitude, devido à falta de informação. Não temos que ter vergonha de ter preconceito, mas de não querer eliminá-las", esclarece Mara.

------------------------------
Serviço:

Instituto Paradigma
www.institutoparadigma.org.br

Integrare
www.integrare.org.br

Projeto Próximo Passo
www.ppp.org.br

Mais...

Conceito de rede social chega à televisão

Publicado pelo G1 em 16/08/07

Microsoft planeja sistema que se conecta à TV ou DVD e monitora programas. Usuários poderão saber o que outras pessoas estão assistindo e comentar escolhas.

A internet dá cada vez mais possibilidades aos usuários de assistirem programas e mais programas de TV, o que causa um certo “problema”: o que escolher? Tentando solucionar essa questão, a Microsoft está começando a investir em uma versão de seu sistema de mensagens instantâneas, o MSN Messenger, que se conecta à TV, ao computador e a outros usuários, monitorando a programação e possibilitando bate-papos e dicas de programação.

Desenvolvido para ser utilizado em TVs, DVDs ou tocadores digitais nos quais os usuários assistam a vídeos, o sistema manteria um registro de tudo o que passa por esses equipamentos. Pessoas utilizando a mesma tecnologia poderiam ver a programação de seus amigos - deste modo, grupos seriam capazes de sincronizar seus hábitos e conversar sobre os programas vistos.

Para a Microsoft, pautar a decisão da escolha sobre o que assistir através de recomendações de jornais, revistas e sites pode ser uma opção. No entanto, mesmo quando o programa é escolhido, a experiência acaba sendo um pouco solitária - outras pessoas da família e amigos, por exemplo, não vão assistir ao mesmo programa.

Segundo o site da publicação “New Scientist”, a idéia tem potencial para fazer sucesso - especialistas em marketing reconhecem há algum tempo que recomendações de pessoas com os mesmos hábitos têm mais influência do que propagandas ou outras formas de publicidade. Programas de mensagens instantâneas e redes sociais já são uma parte extremamente importante da web, e a combinação dos dois para fornecer recomendações de programas tende a ser algo que dê certo.

A idéia está no início, sendo ainda necessário o desenvolvimento de um software confiável, fácil de ser utilizado e que possa ser aplicado em diversos sistemas vídeos. Além das dificuldades para desenvolver esse sistema, a Microsoft também deve enfrentar competição neste mercado.

Mais...



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br