quarta-feira, 8 de julho de 2009

Inovação ou extinção

A era atual pede a formação de empreendedores responsáveis
Na foto, sede da Team Academy, em Jyväskylä, na Finlândia


As mudanças globais estão aceleradas em todos os campos e já não basta compreender o passado e assimilar informações consolidadas para se preparar para o futuro. É preciso saber lidar com o inesperado, com o novo, e aprimorar a capacidade de resposta para enfrentar os desafios atuais. Assim, escolas e cursos de empreendedorismo inovador ganham destaque em vários países, inclusive no Brasil.

Iniciativas como o Instituto Endeavor, o Pioneers of Change, o Kaos Pilot e a Team Academy estão formando profissionais não mais para se encaixar nos modelos de empreendimentos conhecidos, mas para forjar novas maneiras de interagir e gerar negócios que sejam benéficos para toda a humanidade, considerando os aspectos sociais, culturais e ecológicos, além dos econômicos.

Elas já nascem conscientes da interligação entre as áreas e difundem o conceito de cidadãos do mundo entre seus participantes. Além disso, empregam novas formas de ensinar, pelas quais a autonomia e a coparticipação de todos os envolvidos são a base de sua metodologia. Ao contrário do ensino formal, não se centram em dar respostas, mas em aprimorar a capacidade de indagar e investigar, considerando o processo de aprendizagem uma responsabilidade de todos. O diálogo é constante e as tomadas de decisão são conjuntas. Também não separam o saber do fazer, mas usam a experimentação e o “mãos na massa” como prática rotineira.

O Pioneers of Change, por exemplo, foi fundado por pessoas de 16 países, funciona como uma rede mundial de aprendizado e tem como princípios: ser você mesmo; fazer o que importa; começar agora; engajar-se com outros; e nunca parar de fazer perguntas. O Endeavor, por sua vez, promove os encontros “Bota pra Fazer”, durante os quais divulga exemplos inspiradores de ações possíveis. Esse instituto seleciona e dá apoio personalizado a empreendedores inovadores.

Já o Kaos Pilot e a Team Academy reúnem equipes multidisciplinares na execução de projetos locais e internacionais. Ambos são programas reconhecidos de ensino superior em seus países de origem, Dinamarca e Finlândia, respectivamente. Embora funcionem sem salas de aula ou professores. Eles utilizam o sistema de tutores para orientar seus estudantes. Na Team Academy, essa proposta é reforçada por um contrato pessoal de aprendizado. Com esse documento, o participante avalia seu estágio atual e aonde quer chegar, firmando consigo mesmo metas pessoais. Ali, os projetos funcionam como empresas juniores, com gastos, ganhos e impostos recolhidos normalmente.

Fazer junto
Na base dessas experiências está uma nova visão que aposta, sobretudo, na capacidade de criação conjunta. “Partindo da valorização de cada indivíduo e dos sonhos que eles trazem consigo, preparam-se pessoas capazes de construir seu futuro”, explica Marcus Colasino, um dos pioneiros em empreendedorismo e inovação no Brasil, discípulo de Fernando Dolabela, criador da pedagogia empreendedora e da Oficina do Empreendedor já nos anos 1990.

Suas diretrizes consideram que as necessidades do presente pedem, sobretudo, uma ágil e eficaz capacidade de combinar elementos e tomar decisões acertadas. “O pensamento estrategista migra cada vez mais de um modelo como o do xadrez – com avaliação demorada de todas as peças, dos movimentos e suas consequências – para o de um jogador de videogame”, descreve Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. “É preciso analisar vários elementos simultaneamente e aprimorar a percepção para escolhas rápidas. As pessoas estão hiperconectadas e hipersensíveis e respondem com hipervelocidade também em relação às informações que recebem”, observa o executivo.

O Akatu apurou que os consumidores hoje entendem que as empresas existem para melhorar a sociedade e o meio ambiente e 84% querem uma ação rápida nesse sentido. Caminhos para empreender com êxito, de forma responsável e com boa velocidade podem ser encontrados mais facilmente com muitas cabeças pensando juntas. “Coletivamente, somos mais inteligentes”, observa Tatiana Sansone Soster, do Fórum de Inovação da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP). Assim, essas novas escolas utilizam, em lugar de aulas expositivas, reuniões e rodas de diálogo para planejamento, troca de informações e experiências e avaliações conjuntas.

Na Team Academy, até mesmo a bibliografia é definida pelas equipes, conforme o projeto abraçado. Cada livro lido conta pontos no currículo e é apresentado a todo o grupo, ou para vários times, no formato escolhido pelo seu leitor: escrita, oral, artística ou multimídia. Nesta escola, também há um empenho constante em simplificar procedimentos e ferramentas utilizadas. As diretrizes abraçadas são: desafiar o processo; inspirar uma visão comum; capacitar e permitir a ação do outro; moldar um caminho (dar o exemplo); e encorajar o coração (celebrar).

Balanço razão e emoção
O cuidado com os sentimentos de todos é uma premissa para gerar resultados mais eficientes e sustentáveis, segundo as práticas experimentadas. Essas novas escolas buscam construir um interesse genuíno pelo outro e por fazer junto, dando espaço para expressão das emoções.

“Certa vez, uma integrante de nossa equipe comunicou que ia sair, pois se sentia sobrecarregada. Outras pessoas disseram se sentir da mesma forma. Estávamos perto das férias de verão e elas teriam que passar a folga trabalhando, já que o projeto lhes colocava muitas tarefas”, contou Sanna Tossavaineu, recém-formada pela Team Academy. “Isso poderia ter sido uma grave crise e fazer nosso projeto desandar. Mas pensamos como uma equipe e buscamos um jeito de resolver a situação. Fizemos pequenos mutirões, todos executando as tarefas de cada pessoa, em conjunto numa mesma data, até que todo mundo tivesse condições de tirar as férias sem problemas”, continuou a nova empreendedora.

Sanna fala com entusiasmo do tempo que passou na Team Academy e diz que o principal lá é aprender um com o outro, expressar o que sente e enfrentar juntos os joy challenges (algo como “desafios que nos alegram”, termo empregado pela escola que utiliza muito humor em toda a sua dinâmica). “O ser humano tem emoção e fragilidades. Quando as expõe e as pessoas estão lá pra ajudar, tudo fica mais fácil”, comenta Tatiana S. Soster. “Estamos num tempo de modificar modelos mentais, privilegiando o engajamento pelo coletivo e o acolhimento das diferenças, deixando de lado o individualismo que coloca todos sob ameaça no planeta”, completa Sanna Tossavaineu.

Neuza Árbocz (Envolverde), Edição de Benjamin S. Gonçalves (Instituto Ethos)
Ethos, 07/07/09

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Crescem no país manifestações de democracia participativa

População aprende caminhos para tirar maus políticos dos cargos

A legislação brasileira oferece mecanismos para inibir a má aplicação de recursos públicos, mas, em geral, eles ainda são pouco conhecidos e utilizados. Depois de anos impedida e desencorajada do exercício da participação pública, a população está reaprendendo que pode e deve conhecer quanto se arrecada e onde é aplicado cada centavo gerado pelo trabalho de todos.

Além disso, está descobrindo que pode pedir, por iniciativa própria, o afastamento de maus políticos. Januária e Itajubá, em Minas Gerais, Ribeirão Bonito e Holambra, em São Paulo, são exemplos de cidades onde a população resolveu ficar de olho na atuação dos governantes e desvendar os caminhos legais para cobrar a transparência que é direito de todos.

Januária afastou seis prefeitos por má gestão e corrupção, em cinco anos, por meio de denúncias levadas à Câmara dos Vereadores e acompanhadas de perto por moradores que acabaram por fundar a Associação Amigos de Januária (Asajan). Sua ação se inspirou em movimento similar em Ribeirão Bonito, onde a população também se organizou, fundando a Amigos Associados de Ribeirão Bonito (Amarribo). Esta, a partir de sua experiência, publicou a cartilha O Combate à Corrupção nas Prefeituras do Brasil, na qual ensina como identificar e agir contra a improbidade administrativa.

Atuar por meio de associações ajuda a rastrear os atos públicos, pois reúne mais pessoas para acompanhar as publicações oficiais e as sessões na câmara de vereadores local, que deve fiscalizar os atos do Executivo, baseada na Lei Orgânica Municipal (LOM). Contudo, não raro a própria câmara se desvia de suas funções, ficando mesmo a cargo da população intervir na defesa do bem público.

Este foi o caso de Itajubá, onde a organização Transparência Itajubá nasceu da indignação da população com a decisão dos vereadores de alugar dez salas em um prédio ao valor de mais de R$ 1 milhão por ano. Sua atuação conseguiu arquivar o projeto e até reduzir o salário dos políticos da cidade. O poder da ampla divulgação tem sido difundido pela Transparência Brasil, que apóia a formação de unidades locais, como a daquela cidade mineira.

Esta também é a linha de atuação do Movimento Nossa São Paulo, que formou grupos de trabalho para acompanhar a gestão da cidade, mapeando as necessidades de cada uma das 31 subprefeituras e criando indicadores para uma análise mais precisa.

Acesso às informações
A lei brasileira obriga a tornar público todo ato, decreto e gasto de verbas nos âmbitos federal, estaduais e municipais*. Mesmo assim, os que querem acompanhar estas informações ainda enfrentam dificuldades na prática. A começar pelo volume de dados envolvidos, pela forma como são veiculados e pelo tipo de linguagem utilizada, muitas vezes, de difícil entendimento.

Fazer esse acompanhamento desde as menores células, os municípios, pode tornar esta tarefa mais viável. No entanto, não menos trabalhosa. Holambra, um município jovem (criado em 1993), tem uma Lei Orgânica com 276 artigos e um Plano Diretor com mais de 120 páginas. Os que se aventuraram a lê-lo, descobriram determinações como “área fadada a desaparecer”, como se uma parte do município pudesse deixar de existir. Nem mesmo os vereadores – neste caso ainda na gestão passada – sabiam explicar qual a intenção dessa definição no Anexo VI. Verificando pelas coordenadas geográficas, os moradores descobriram que se tratava de uma área verde, segundo o zoneamento definido na origem da cidade. Em algum momento, esse planejamento foi alterado, considerando que o verde dali desapareceria, sem nem mesmo indicar no que ele se transformaria.

A partir da leitura da LOM, os moradores tornaram-se mais preparados para acompanhar os trabalhos do Legislativo e do Executivo na cidade. Assim, detectaram rapidamente irregularidades na gestão que assumiu em janeiro de 2009, entre as quais a contratação de um escritório de advocacia para assessoria jurídica sem licitação alguma. Este contrato foi cancelado por ordem judicial. Contudo, a mobilização segue com auxílio do Ministério Público local, já que a Câmara de Vereadores se dividiu entre cinco vereadores defendendo a apreciação imediata das demais denúncias e quatro negando-se a fazê-lo. Como entre eles está o próprio presidente da Câmara, este optou por arquivá-las, desconsiderando os pedidos contrários.

Apoio mútuo
As iniciativas pela democracia participativa se organizaram em redes para facilitar a divulgação de informações e fortalecer o apoio jurídico, que é fundamental para sua atuação. Elas recomendam, por exemplo, que toda cidade acione os promotores de justiça de suas comarcas, a fim de fazer as prefeituras cumprirem as disposições da Lei 9.755/98, do artigo 16 da Lei 8.666/93 e a Instrução Normativa nº. 28/99, do Tribunal de Contas da União.

Entre outras coisas, essas normas estabelecem que as prefeituras devam publicar em seus sites na internet a relação de todas as compras efetuadas mensalmente, indicando todos os detalhes, como descrição dos itens, quantidade, preços unitários, CNPJ dos fornecedores etc. Além disso, o movimento lembra que qualquer cidadão, nos termos do artigo 5º., inciso 33, da Constituição Federal, pode requerer a lista de pagamentos da prefeitura e esta deve afixar diariamente a lista de pagamentos realizados.

Mais uma vez, unir-se em associações facilita todo o trabalho e evita exposição pessoal. “Eu admiro o que estão fazendo. Mas, em cidade pequena fica difícil a gente cobrar sem ser perseguido depois. Só pode se engajar quem não tem um negócio próprio”, declarou um morador de Holambra, que pediu para não ser identificado, expressando o medo que há anos impede o avanço de uma real democracia no país.

Neuza Árbocz (Envolverde), Edição de Benjamin S. Gonçalves
Ethos, 07/07/09

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Lucros do urso Knut serão divididos por dois zoológicos

Urso Knut já gerou milhões de euros para o zoológico de Berlim, onde foi apresentado à imprensa após ter sido rejeitado pela mãe
Foto Fabrizio Bensch/Reuters


O zoológico de Berlim conservará Knut, sua principal atração, pagando 430 mil euros (R$ 1,175 milhão) a um parque que exibe o pai do urso polar e que exigia uma parte dos lucros obtidos com a popularidade do animal estrela.

Os zoológicos de Berlim e de Neumünster (60 km ao norte de Hamburgo) fecharam um acordo amistoso para resolver a divergência sobre a divisão dos milhões de euros gerados por Knut, fundamentalmente pelas visitas e os numerosos produtos relacionados ao urso.

Os dois estabelecimentos devem anunciar os detalhes do acordo ainda nesta quarta-feira.

Knut, o primeiro urso polar que nasceu no zoológico de Berlim nos últimos 30 anos, foi abandonado pela mãe. O animal se tornou célebre em 2007, desencadeando uma verdadeira "Knutmania". A revista de moda americana "Vanity Fair" chegou a dedicar uma capa ao animal.

O zoo de Neumünster abriga Lars, o pai de Knut, e afirma ter direitos de propriedade sobre a estrela.

Durante uma audiência no tribunal regional de Berlim em maio, o zoológico da capital alemã propôs comprar Knut e Lars por 350 mil euros (R$ 957 mil), o preço de mercado para os ursos polares. Neumünster pedia 500 mil euros (R$ 1,367 milhão).

Knut, que fez sua primeira aparição pública em 23 de março de 2007, diante das câmeras da imprensa de todo o mundo, apresenta atualmente alguns problemas de comportamento, segundo grupos de defesa dos animais.


Folha Online, 08/07/09

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Após crise, escolas de negócios repensam seu papel e modelo de ensino

Quanta diferença um ano faz! Em 8 de abril de 2008, a Harvard Business School comemorou em grande estilo 100 anos triunfantes de MBA. Um ano depois, publicou um estudo questionando seu papel e iniciou um debate online intitulado "How to Fix Business Schools" (Como Consertar as Escolas de Negócios). Harvard não está sozinha ao reconhecer que alguma coisa está errada no mundo do ensino de administração.

Pontos de vista sobre a culpa das faculdades no derretimento econômico vão de um extremo ao outro, assim como as receitas de como reconquistar a confiança das empresas e dos estudantes.

Richard Cosier, reitor da Krannert School da Purdue University, diz que a ganância pessoal e as práticas de empréstimos antiéticas foram as causas do problema, e não as escolas de negócios. Para ele, dizer que as escolas não deveriam ensinar modelos financeiros complexos é um erro. "É como dizer que você não pode ensinar química porque pode fazer as coisas explodirem. As pessoas tomam suas próprias decisões." Outros são mais prudentes. Santiago Iñiguez, reitor da IE Business School da Espanha, representa a opinião de muitos quando diz que "não aceitar parte da responsabilidade seria dizer que não somos parte do jogo."

Harvard, historicamente lenta em agir, foi uma das primeiras a se movimentar desta vez, juntamente com a Insead, e lançou programas executivos que não oferecem diploma, voltados para os novos problemas das empresas. A maioria das escolas está redirecionando as questões do risco e dos modelos financeiros em seus cursos. Mas isso será suficiente?

Na Stanford Business School, Garth Saloner, professor experiente que ocupará o cargo de reitor da faculdade a partir de setembro, acredita que a pedagogia e o conteúdo precisam mudar. Saloner foi o principal engenheiro do MBA remodelado de Stanford, que exige que todos os novos alunos trabalhem em pequenos grupos de estudo para discutir várias questões empresariais. O objetivo, diz ele, é "equipar os alunos para que eles pensem de uma maneira crítica sobre os problemas que as empresas enfrentam."

Outros acreditam que o problema é mais profundo e sistêmico. Dipak Jain, reitor da Kellogg School da Northwestern University, diz que os últimos 15 anos de crescimento econômico tiveram um custo. "Os alunos passaram a se concentrar mais em ganhar dinheiro do que em aprender. É preciso haver uma correção nos salários dos MBAs."

Henry Mintzberg, professor de administração na McGill do Canadá e na Insead da França e de Cingapura, é um crítico de longa data do modelo tradicional de MBA praticado nos Estados Unidos. Ele não faz rodeios e afirma que a pegadogia e a estrutura dos programas de MBA americanos precisam mudar. "As escolas de negócios dos EUA continuam tentando arrumar o que fazem e não entendem que precisam mudar", diz.

Ele afirma que o método de análise de casos, no qual Harvard foi pioneira e que é replicado na maioria das faculdades americanas, ensina tomadas de decisões inapropriadas para os alunos mais jovens - que representam cada vez mais a população de MBAs nas salas de aula dos EUA. Na turma de 2008 de Harvard, por exemplo, mais de dois terços dos alunos haviam conseguido diplomas de graduação nos quatro anos anteriores.

Peter Tufano, professor de finanças de Harvard, diz que o método de estudo de casos e seu papel no desenvolvimento de "alunos arrogantes" foi uma das preocupações levantadas pela faculdade quando ela iniciou seus meses de autocrítica. Considerada a melhor escola de negócios do mundo, a Harvard Business School é um alvo fácil para aqueles que sentem a necessidade de culpar as instituições e seus formandos em MBA pelo colapso financeiro. Mas até mesmo os aristocratas de Harvard devem ter ficado horrorizados com o número de alunos formados pela escola que foram peças-chave no desenrolar da crise: Hank Paulson, ex-secretário do Tesouro dos EUA, Christopher Cox, ex-presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Stan O´Neal e John Tahin, os dois últimos presidentes do Merrill Lynch, e na Europa Andy Hornby, ex-diretor-presidente do HBOS.

O professor Mintzberg afirma que a inovação no ensino de administração não está mais sendo criada nos EUA, e sim na Europa. "As escolas de negócios americanas não criam administradores, elas criam orgulhosos arrogantes. Caso não corram o risco de quebrar, ou as inscrições não caiam para zero, elas não vão mudar."


Della Bradshaw, Financial Times
Valor Online, 08/07/2009

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Mercado interno do Brasil impulsiona marcas

Caderno especial sobre o Brasil publicado nesta terça-feira, 7, pelo britânico Financial Times cita o Festival de São João de Caruaru como exemplo de evento que impulsiona o mercado e as marcas locais

Um caderno especial sobre o Brasil, publicado nesta terça-feira, 7, pelo Financial Times, citou o Festival de São João de Caruaru como um exemplo de evento que ajuda a impulsionar as marcas diante do crescente mercado doméstico do país, que é capaz de "dar apoio não somente a marcas específicas, mas em alguns casos a indústrias inteiras".

A publicação afirma que o festival será visitado por 1,5 milhão de pessoas entre 30 de maio e 10 de julho, e que os patrocínios já arrecadaram cerca de R$ 6 milhões, uma alta de 30% em relação a 2008, segundo os organizadores.

O FT ressalta ainda que o nordeste está se tornando uma das regiões de maior crescimento no país, citando que a Anheuser-Busch Inbev, que participa do São João de Caruaru, lançou a linha Brahma Fresh para venda somente nesta região. O gerente de marketing da AB Inbev para essa região, Ricardo Neves, chama o mercado local de "espetacular".

Um exemplo disso é a história de um casal que investiu R$70 mil em equipamentos para uma micro-distribuidora de Recife, que emprega 15 vendedoras diretas, com 30% de comissão. Elas negociam porta a porta produtos da Nestlé, como iogurtes, biscoitos e café. "A empresa distribuía produtos de um concorrente, mas mudaram para Nestlé por causa do marketing e suporte que eles ofereciam e porque os consumidores poderiam pagar mais por uma marca que anseiam", disse o FT. Questionados, os donos do negócio disseram que não foram afetados pela crise financeira, e que pretendem investir mais R$ 70 mil no próximo ano.

Para dar uma ideia da força do consumo doméstico, o Financial Times cita o mercado de carros com motor flex, um fenômeno local que representa 90% das vendas de novos carros no Brasil e que possibilita aos motoristas escolherem a melhor opção de acordo, por exemplo, com o preço. "Os carros flex ajudaram o Brasil a tornar-se o sexto maior produtor de carros do mundo, sendo que eles são feitos em grande parte para brasileiros". A publicação lembra que, apesar da queda causada pela crise financeira, o governo do país colocou R$ 100 bilhões neste mercado e reduziu os impostos (IPI), o que faz as vendas de maio atingirem 250 mil unidades, 2% a mais do que no mesmo mês em 2008.

"Este é o Brasil que, finalmente, após anos de promessas descumpridas, está atraindo as atenções do mundo e investimentos estrangeiros diretos, enquanto outros rivais ficam de fora", conclui a publicação, que cita também alguns pontos negativos, como a má-qualidade da infra-estrutura e a falta de reformas essenciais, como a tributária.


Meio & Mensagem Online, 07/07/09

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Brasileiros confiam na publicidade, diz Nielsen

Consumidores daqui demonstram maior confiança na publicidade, seja em televisão, jornal, revista, internet e outdoor, quando comparados com Estados Unidos, França, Reino Unido, Argentina, Japão e China. Estudo foi feito com 25 mil pessoas em 50 países

Quando comparados com habitantes de alguns dos principais países do mundo, os brasileiros demonstram um alto nível de confiança na publicidade. Os dados são de uma pesquisa sobre Confiança na Publicidade que a Nielsen fez pela internet com 25 mil pessoas de 50 países, sendo 501 delas no Brasil.

Um dos aspectos do estudo analisou o quanto as pessoas confiam em publicidade em cada uma das mídias. Os anúncios em revistas, por exemplo, recebem a "Total Confiança" de 19% dos brasileiros, contra 10% dos argentinos, 5% dos norte-americanos, chineses e franceses, e 3% de japoneses e britânicos. Do mesmo modo, 57% dos brasileiros "Confiam de alguma maneira", contra índices parecidos em outros países. Os mais céticos estão na França, onde 42% "Não Confiam Muito" e 14% "Não Confiam Nada".

Essas quatro escalas (entre aspas) foram aplicadas às outras mídias. Em anúncios de jornal, 17% dos brasileiros confiam completamente, o melhor índice na comparação com os países citados. A média global para esta escala foi de 7%. Em spots de rádio, 14% dos brasileiros também confiam completamente, contra somente 3%, por exemplo, de Estados Unidos e Japão. A publicidade em mecanismos de busca é totalmente confiável para 9% dos brasileiros, e confiável em parte por 53% deles, sendo que somente 5% não confiam nada. Os franceses, por exemplo, tem 19% de pesquisados que não confiam nada, e apenas 2% dos norte-americanos e britânicos confiam totalmente. As peças de outdoor são completamente confiáveis para 13% dos brasileiros, contra 4% de norte-americanos, franceses e britânicos e mero 1% dos japoneses.

A mídia que atrai a maior parte dos investimentos em publicidade no mundo, a televisão, traz resultados ainda melhores para o anunciante daqui. É de 21% a proporção de brasileiros que confia totalmente nos comerciais e 57% os que confiam em parte. Somente 19% não confiam tanto e 4% não confiam nada. Como base de comparação, nos Estados Unidos somente 6% confiam totalmente, e na França e Japão o índice cai para somente 5%. Mas ninguém supera os britânicos em ceticismo, com 4% de confiança total.

Força do boca a boca
No contexto global, a Nielsen destacou que as formas de publicidade mais confiáveis são as recomendações de pessoas conhecidas e opiniões postadas pelos consumidores na internet. O estudo mostra que nove a cada dez consumidores de internet acreditam em recomendações de conhecidos, e sete em cada dez apostam nas opiniões postadas no online, o mesmo índice válido para as informações contidas nos sites das próprias marcas.

"A explosão da mídia gerada pelo consumidor nos últimos dois anos traz a tendência de confiança no marketing boca-a-boca durante o processo de decisão, tanto vindo de conhecidos quanto de desconhecidos na web", apontou em comunicado Jonathan Carson, presidente da unidade Online da Nielsen Company.

Ele aponta também que todas as outras formas de publicidade, com exceção dos anúncios de jornais, experimentaram um aumento no grau de confiança. E o maior crescimento na confiança, na comparação com a primeira pesquisa do gênero, realizada em abril de 2007, foi por parte dos patrocínios, com índice de confiança saltando de 49% para 64% hoje. A América Latina é a melhor região de confiabilidade em patrocínios, com 79% de brasileiros que acreditam neste tipo de publicidade, contra apenas 33% na Suécia, por exemplo.

Uma surpresa do estudo diz respeito sobre a efetividade do humor na publicidade brasileira. Perguntadas se eles costumam achar engraçados os comerciais que se propõe a ser assim, 38% dos brasileiros concordam fortemente ou concordam, 31% nem concordam e nem discordem, e 30% discordam ou discordam fortemente. O índice de discordância no Brasil é o maior entre os principais países. Na França, por exemplo, 20% discordam ou discordam fortemente, e o índice é de 13% nos Estados Unidos, 8% na Argentina, 14% no Reino Unido, e 16% no Japão.


Felipe Turlão
Meio & Mensagem Online, 07/07/09

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