quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

ONG do "laptop de US$ 100" demite 50% dos funcionários e reduz salários

Nicholas Negroponte, fundador da OLPC, afirma que ONG desenvolve a segunda geração do laptop XO; cortes atingem 50% dos funcionários
Foto Reuters


A ONG OLPC (Um Laptop por Criança, em inglês) informou nesta quarta-feira (7) que vai demitir 50% de seus funcionários, entre contratados e terceirizados. A organização afirma que a medida era "inevitável" em razão de sua condição financeira. Os 32 funcionários que ficarem sofreram redução de salário.

A organização, fundada por Nicholas Negroponte, é responsável pelo computador XO, conhecido como "laptop de US$ 100", distribuído a crianças em países em desenvolvimento.

A princípio, o XO iria ser vendido por US$ 100, entretanto, hoje o produto custa US$ 199. Cerca de 600 mil crianças nos países em desenvolvimento receberam o aparelho.

"O futuro traz algumas incertezas e dificuldades, mas também a excitação que existe com a dedicação a uma causa e um novo caminho que nos fará perceber o propósito moral da OLPC", afirma o fundador da organização.

Segundo Negroponte, entre os focos da OLPC no momento estão o desenvolvimento da segunda geração do XO, que deve ser lançada em 2010, e um novo programa de conectividade que tenha custo zero. Também há planos de fazer com que o laptop seja gratuito para os países menos desenvolvidos.


Folha Online, 08/01/09

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Ministérios distribuem Calendário de Exposição e Feiras 2009

A versão impressa do Calendário Brasileiro de Exposições e Feiras, edição 2009, continuará sendo distribuída a todos que se cadastraram para obter esse material neste formato. No entanto, essa publicação permanecerá disponível para consulta e impressão no site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no endereço eletrônico www.desenvolvimento.gov.br.

O Calendário é uma publicação conjunta da Secretaria de Comércio e Serviços (SCS), do MDIC, e da Subsecretaria-Geral de Cooperação e de Promoção Comercial (SGEC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE). A SCS é responsável pela elaboração da versão em português, coleta de dados e distribuição do material no Brasil, e a SGEC tem a atribuição de traduzir esse produto para outros idiomas e promover sua distribuição no estrangeiro, por meio das representações diplomáticas do Brasil no exterior.

A formalização desta parceria ocorreu com a edição da Portaria Ministerial MRE/MDI nº 5, de 11 de janeiro de 2008, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.), de 16 de janeiro de 2008, que também prevê a possibilidade de outras ações conjuntas dos dois órgãos.

A Secretaria de Comércio e Serviços (SCS), do MDIC, adverte que os eventos programados neste Calendário são de inteira responsabilidade de seus respectivos promotores, e que, informações complementares podem ser obtidas nos sites dos eventos e/ou das empresas ou entidades promotoras, cujos endereços estão disponíveis a partir da página 187 desta publicação.

O acesso às informações presentes nesta publicação, além de estarem disponíveis no site do Ministério, também podem ser encontradas no site do MRE (www.mre.gov.br) e no portal da BrasilTradeNet, na página www.braziltradenet.gov.br, que também possibilita a realização de pesquisas por nomes, setores e unidades da Federação.

Mais informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação Social do MDIC
(61) 2109.7190 e 2109.7198
Alice Rosas Maciel
alice.maciel@desenvolvimento.gov.br


Site do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 08/01/09

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Ministério não cumpre nem 20% da meta de 2008 no combate ao trabalho infantil

Número não chega nem a 20% da meta prevista para 2008, que era localizar 34 mil pessoas

O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) terminou 2008 com o resultado mais fraco desde 2004 e o segundo pior desde 2000 no combate ao trabalho infantil. Os auditores fiscais do ministério localizaram 5.179 crianças e adolescentes exploradas no mercado de trabalho no período até o dia 18 de dezembro.

O número não chega nem a 20% da meta prevista para 2008, que era localizar 34 mil pessoas. Em 2007, 7.999 foram localizadas --número 54% maior do que o de 2008. Isso significa que o ministério encaminhou menos crianças e adolescentes para o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e outras ações sociais.

O Ministério do Trabalho disse que a meta de 2008 foi "superdimensionada". O plano original, diz a pasta, era localizar em 2008 10 mil crianças e adolescentes dentre as 2,5 milhões que estão irregularmente no mercado de trabalho.

Segundo o diretor do Departamento de Fiscalização do Trabalho do MTE, Leonardo Soares, a meta original foi dobrada pelo Ministério do Planejamento. Depois sofreu novo acréscimo com a aprovação de uma emenda parlamentar.

Soares, no entanto, não soube explicar por que o Planejamento dobrou a meta. "Eles dão aquela explicação padrão de quem mexe com o sistema, que houve erro e não tem como corrigir. Aí a gente tem que ficar um ano inteiro explicando que aquilo está superdimensionado", disse.

A explicação para a queda de localizações, segundo Soares, é a dificuldade de encontrar as crianças e adolescentes que trabalham em atividades rurais. "É preciso o apoio dos parceiros da rede de proteção à criança que estão nos rincões."

O ministério também argumenta que a greve dos auditores fiscais, que durou 48 dias, entre março e maio do ano passado, prejudicou o cumprimento da meta. No entanto, levantamento da Folha mostra que a média de crianças localizadas diariamente no período da greve (19) foi superior à média geral do ano (14,7).

Katleem de Lima, do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, disse que a criação de mais empregos formais nos últimos anos aumentou a demanda de fiscalizações em outros setores, colocando em segundo plano o combate ao trabalho infantil.

Na avaliação do coordenador nacional do IPEC/OIT (Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho), Renato Mendes, o número de auditores fiscais do Trabalho --3.122, segundo o ministério-- é insuficiente.

Ele disse que, sem a participação dos conselhos tutelares e prefeituras, será impossível fiscalizar a presença de adolescentes em serviços domésticos, na agricultura familiar e em atividades informais.

A OIT iniciou em dezembro último uma campanha para incentivar os prefeitos eleitos a tomarem medidas contra a presença de crianças e adolescentes no mercado de trabalho. Mendes afirmou que a falta de capacitação de gestores municipais sobre as responsabilidades das prefeituras contra o trabalho infantil impede uma atuação complementar à do MTE.


Breno Costa e Pablo Solano
Folha Online, 08/01/09

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Ano novo e a recorrente farsa orçamentária

Orçamentos federais, estaduais e municipais foram aprovados no final do ano

No contexto de um agitado cenário internacional, com destaque para a cruenta guerra na Faixa de Gaza e as incertezas sobre o desdobramento da crise financeira internacional, retomaremos nesta Pindorama velhas discussões sobre velhos problemas.

Mais uma vez será proclamada a inadiável necessidade de uma reforma tributária, ainda que a grande maioria dos que defendem tal bandeira não faça a menor idéia do que ela venha a ser. A principal motivação dessa campanha é a redução da carga tributária. Chegou-se a instituir um pitoresco "impostômetro", que pretende medir diariamente o quanto já se pagou de tributos no ano, como se tratasse de uma bomba de gasolina. Não há, todavia, nenhuma iniciativa para conter o gasto público corrente que é a verdadeira causa da expansão da carga tributária.

Os orçamentos federais, estaduais e municipais foram aprovados no final do ano. À exceção dos diretamente interessados em aumentar os gastos (parlamentares, empreiteiras, funcionários públicos, etc.), ninguém tomou conhecimento do assunto. A partir daí tem início a recorrente farsa orçamentária: contingenciamento de recursos, liberação de emendas parlamentares como forma espúria de conquistar apoio político, corrupção a céu aberto em virtude do superfaturamento de obras e cobertura de novos gastos por meio de aumento da carga tributária.

No curto prazo, sou completamente cético quanto à possibilidade de mudanças fiscais, abrangendo o tamanho da carga tributária e a reestruturação do gasto público e do processo orçamentário. Pelo que se percebe, nos dias de hoje, a única reforma que irá prosperar será a tola e custosa reforma ortográfica.

Caso prosperasse o Projeto Mabel de reforma tributária - versão degradada do já suficientemente ruim projeto original do Poder Executivo -, os que apostaram na redução da carga tributária iriam ter uma enorme surpresa. Ocorreria justamente o contrário, pois os tributos teriam que aumentar para compensar as programadas transferências federais para estados e municípios, a exemplo da "bolsa ICMS", destinada a cobrir inevitáveis perdas estaduais decorrentes da implantação do mítico princípio do destino, e do fundo de desenvolvimento regional, concebido como forma de "contrabalançar" a suposta perda de poder dos estados para praticar ilegalmente a guerra fiscal. Felizmente, parece que são remotas as chances de aprovação dessa pantomima tributária.

Continuaremos a lastimar nossas desigualdades pessoais e regionais de renda e cultivar a ilusão de que essas questões se resolvem mediante programas assistenciais de todos os gêneros, como o Bolsa Família.

Ninguém pode deixar de reconhecer a imprescindibilidade desses programas em condições de pobreza extrema. O reconhecimento, contudo, não dispensa a obrigação de perquirir e tentar remover as causas da pobreza, em lugar de perpetuar o assistencialismo, a despeito de suas notáveis "virtudes" eleitorais.

Será que não se percebe que a impossibilidade fática de observância das vigentes normas trabalhistas por parte das microempresas é a principal razão para manter na informalidade 60% da força de trabalho brasileira, como bem assinala o professor José Pastore? Não seria o caso de instituir o Simples Trabalhista, com regras específicas para as microempresas?

Não deveríamos pensar em uma "saída" para os beneficiários do Bolsa Família? O senador Álvaro Dias, no final do ano, apresentou projeto de lei que faculta às empresas que contratarem beneficiários daquele programa deduzirem da contribuição previdenciária patronal valor correspondente à bolsa paga. O custo fiscal obviamente é nulo, mas representa uma enorme promoção social para o cidadão, à medida que há um resgate de sua condição de assistido para outorgar-lhe a de trabalhador incluído no mercado formal de trabalho.

Espero que no curso do ano sejamos guiados pelo bom senso no enfrentamento da crise econômica, pondo de lado arroubos voluntaristas ou táticas suicidas. É imprudente subestimar problemas reais ou imaginar que o enfrentamento da crise se opera pela expansão do gasto corrente de governo. É ingenuidade pôr muitas esperanças no governo Obama, porquanto sua atenção deverá centrar-se na resolução dos problemas internos dos Estados Unidos, sem fôlego para cuidar dos problemas dos outros países.

Freio nos gastos correntes, manutenção dos investimentos públicos, adoção de medidas compensatórias para uma provável perda de arrecadação, flexibilização das regras trabalhistas e redução parcimoniosa das taxas de juros, no meu entender, deveriam integrar um receituário básico anticrise. O mais provável, contudo, é que sigamos a rota dos improvisos e dos adiamentos de soluções.


Everaldo Maciel
Gazeta Mercantil, 08/01/09

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Economia Criativa - A cultura e o desenvolvimento em países da África, América Latina e Ásia

O conceito de economia criativa envolve temas como o simbólico, a produção singular e a criatividade. Embora venha sendo amplamente discutido, defini-lo é um processo contínuo, pois depende de contextos culturais, econômicos e sociais diferentes.

A publicação online Economia Criativa como Estratégia de Desenvolvimento: Uma Visão dos Países em Desenvolvimento aborda a questão em diversos países. Em três idiomas (português, inglês e espanhol) está disponível para leitura online ou para impressão em PDF, no site do Itaú Cultural.


Imagem: Liane Iwahashi/Itaú Cultural
Fonte: Itaú Cultural

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Negócios em vista na perspectiva de cidades sustentáveis

Soluções que combinam competitividade econômica, respeito ao meio ambiente e qualidade de vida nas regiões urbanas representam novos nichos de mercado

Como um dos principais motores da inovação, o setor privado desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sustentável das cidades. E as oportunidades de negócios nessa área são inúmeras. Incluem desde o desenvolvimento de tecnologias mais limpas que promovam maior uso de energias renováveis, construções e transportes mais eficientes em termos de energia até a captura de carbono e a reciclagem de água e de resíduos.

A partir do estudo “Desafio das Megacidades”, encomendado pela Siemens à GlobeScan e MRC McLean Hazel a empresa de origem alemã identificou tendências globais e reorientou sua estratégia de negócio. Segundo Péricles de Oliveira, diretor de gestão de qualidade e gestão ambiental da Siemens no Brasil, o estudo serviu como um mapa para o futuro. Oliveira explica que com o aumento do número de pessoas vivendo nas cidades e a ampliação da expectativa média de vida haverá um aumento na demanda por serviços de saúde, proteção ambiental, segurança, proteção e mobilidade, além de desafios sociais relacionados à educação, diversidade e escassez de recursos naturais.

“Hoje, mudamos o foco dos nossos negócios da área de telecomunicações para prover soluções eficientes, que garantam sustentabilidade nas áreas de energia e meio-ambiente, indústria e infra-estrutura e saúde”, afirma.

Anualmente, a empresa investe cerca de € 3 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de produtos e soluções, levando em conta sustentabilidade e eficiência energética. Em 2007, a receita originada da venda de produtos sustentáveis foi de cerca de €17 bilhões (23% da receita total). O objetivo da Siemens é chegar a €25 bilhões em 2011 e ajudar a abater 275 milhões de toneladas de CO2.

Hoje, a Siemens possui um portfólio variado de produtos sustentáveis que incluem sistemas ferroviários que proporcionam mobilidade e compatibilidade ambiental, alternativas ao carvão e petróleo como geração de energia eólica, por biomassa e células de combustível, motores elétricos para a indústria até 45% mais eficiente em termos de energia e sensores de alta tecnologia para monitorar a qualidade do ar: “Baseada na inovação, em produtos orientados para o futuro, na eficiência de processos e na gestão responsável, nossa estratégia de sustentabilidade contribui para aumentar o valor da companhia no longo prazo”, ressalta Oliveira.
Cidades com baixa emissão de carbono
A Phillips é uma das grandes empresas globais de olho nas oportunidades decorrentes do desenvolvimento das cidades, especialmente as relacionadas à iluminação, um de seus mais importantes mercados. No entanto, o grupo holandês tem liderado o movimento em busca de soluções para a eficiência energética a começar pela mudança de rumo no negócio, tradicionalmente focado em lâmpadas incandescentes para fluorescentes.

Segundo Terry Doyle, vice-presidente sênior da Philips Research, junto ao setor de transportes e indústria, as construções são as maiores responsáveis pelas emissões de carbono em escala global. Tanto nos prédios comerciais quanto residenciais, a iluminação representa 40% das emissões.

“Introduzimos no mercado uma série de inovações na área de iluminação que representam uma forma eficiente de reduzir emissões de CO2. No mundo, 90% de toda a eletricidade é usada para iluminação. A partir de soluções como lâmpadas fluorescentes compactas e LEDs para o uso eficiente da iluminação, a estimativa é que 40% desse consumo seja poupado, o que significa uma economia de mais de 100 milhões de euros por ano no mundo todo”, ressalta Doyle.

Aprimorar sistemas de controle de iluminação e temperatura consiste em outro foco de atuação da Phillips. Para desenvolver soluções nessa área, a companhia estabeleceu uma parceria com o Lawrence Berkeley National Laboratory, um dos mais importantes centros de pesquisas do Estados Unidos na área de energia.

Além disso, a companhia pretende ampliar o uso da tecnologia de LEDs (Light Emiting Diodes - Diodos Emissores de Luz). A iluminação por LED pode proporcionar uma economia de energia de 90% em comparação com as lâmpadas tradicionais incandescentes. Londres já fez a troca para iluminação pública com LEDs e Budapeste está instalando LEDs nos semáforos.

As lâmpadas de rua gasosas duram em média 12 mil horas. Além de caro, substituí-las também pode prejudicar o trânsito. As lâmpadas de rua feitas com LEDs custam o dobro dos modelos atuais de design semelhante, diferença compensada pela vida útil mais longa. Com durabilidade da ordem de 50 mil horas de uso, as lâmpadas com LEDs só precisariam ser substituídas a cada 12 anos, se ficarem acesas em média por 11 a 12 horas ao dia.

“Se quisermos alcançar uma economia de baixo carbono, teremos que desenvolver energias renováveis e, ao mesmo tempo, reduzir substancialmente a energia que vem sendo consumida ao longo do ciclo de vida dos produtos e nas atividades das pessoas. Para tanto buscamos soluções mais eficientes energeticamente e também tecnologias para controlar sistemas de iluminação e temperatura”, afirma Doyle.

Necessidade de reinventar-se

A velocidade com que se agravam os problemas urbanos sugere que as empresas revisem suas estratégias urgentemente sob a pena de terem seus próprios negócios comprometidos no futuro.

Segundo Maurício Waldman, geógrafo e sociólogo da Universidade de São Paulo (USP), a indústria automobilística é um dos setores que deve rever seu modelo de negócio, buscando inclusive outras áreas de atuação. “A se manter o ritmo de crescimento da frota, em 2050, haverá seis bilhões de automóveis no planeta. É como se hoje cada habitante tivesse um carro. Essa situação é insustentável. Acaba acontecendo um contra-senso: a pessoa tem o automóvel, um símbolo da liberdade de locomoção, mas não consegue andar”, afirma.

A pesquisa e desenvolvimento de veículos híbridos, com motores que além da gasolina também funcionam a álcool e baterias elétricas, é uma das linhas de pesquisa e desenvolvimento preferenciais do setor automotivo. No entanto, segundo especialistas, é necessário fazer mais.

Além da poluição, há o problema estrutural das cidades que não comportam uma frota em crescimento constante. Atenta a essas tendências, a Ford mantém em Dearborn, Estados Unidos, um grupo de especialistas dedicados a identificar novas frentes de negócios a partir das megatendências que transformarão a sociedade nas próximas décadas.

Denominado “mobilidade nas megacidades”, o novo modelo de negócio da Ford volta-se para o desenvolvimento de produtos e tecnologias para integrar o transporte urbano. “Está claro que a resposta para os problemas relacionados à mobilidade não é vender 1,8 carro e caminhão para cada pessoa no mundo. Junto com nossos públicos de interesse, devemos desenvolver novas soluções de transporte. Precisamos integrar trens, ônibus e táxis com o compartilhamento de carros e bicicletas de modo seguro, fácil de usar e acessar. A Ford deseja estar na vanguarda desses novos meios de transporte”, afirma David Berdish, gerente de desenvolvimento de negócios sustentáveis da Ford Motor Company.

O estabelecimento de parcerias é um dos elementos-chave da estratégia de mobilidade da Ford. Para a empresa, o desenvolvimento de soluções práticas nessa área requer a combinação de esforços de diferentes setores, tais como os de transporte, energia, telecomunicações, logística, governos e consumidores.

Desde 2007, a Ford e a Universidade de Michigan vêm trabalhando juntos no Sustainable Mobility and Accessibility Research and Transformation (SMART) com o intuito de desenvolver novos modelos de negócio em mobilidade. Cidade do Cabo, na África do Sul, foi a cidade escolhida para receber o projeto-piloto dessa iniciativa.

Entre os participantes do projeto, destacam-se líderes do setor privado e do governo, especialistas em transporte, assim como empreendedores que trabalham com táxis, micro-ônibus e bicicletas.

A Ford protagoniza outras iniciativas para discussões na área de mobilidade, como o projeto EMBARQ do World Resources Institute e de um grupo de discussão, organizado pelo Conselho Mundial de Empresas e Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), que reúne corporações do setor automotivo.


Juliana Lopes, Revista Idéia Socioambiental
Envolverde, 07/01/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Orgânicos terão selo oficial no primeiro semestre de 2009

Produtores têm prazo até 28 de dezembro de 2009 para se adequarem ao sistema

A implementação do selo do governo federal que permitirá ao consumidor identificar os produtos orgânicos nas prateleiras dos supermercados deverá ocorrer no primeiro semestre deste ano. A previsão é da coordenadora substituta de Agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina Saminêz. Em 2008, foram publicadas duas instruções normativas que contribuirão para a regulamentação da agricultura orgânica brasileira. A que implementa a Comissão Nacional de Produção Orgânica, ao conferir novas atribuições às comissões nas unidades da federação e a que regulamenta os sistemas orgânicos de produção animal e vegetal.

Com isso, mais três instruções precisam ser publicadas no Diário Oficial da União (DOU). São elas: de mecanismo de controle da garantia da qualidade orgânica, de extrativismo sustentável orgânico e de processamento de produtos orgânicos. De acordo com Saminêz, a agricultura orgânica é importante para a economia brasileira, principalmente nos aspectos social e ambiental. "No manejo, o produtor procura minimizar o impacto da ação produtiva sobre o meio ambiente, ao obter um produto diferenciado que lhe proporcionará maior retorno econômico", enfatizou.Os produtores têm até 28 de dezembro de 2009 para se adequarem ao sistema, pois o decreto de regulamentação dos orgânicos, publicado em dezembro de 2007, estabeleceu o prazo de dois anos para os agricultores.


Envolverde, 07/01/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Os Desafios da Comunicação e da Mobilização de Recursos

O conceito de mobilização de recursos envolve parte das dimensões econômica e política da sustentabilidade. E, embora reconheça a comunicação como um direito humano, vou abordá-la aqui como elemento potencializador das ações das ONGs.

Dentro do guarda-chuva ‘recursos’ estão incluídos, além dos recursos financeiros, os recursos materiais, os recursos técnicos e os recursos políticos que podem provir de pessoas ou de organizações. Para mobilizar recursos localmente, um primeiro passo é despertar as pessoas e organizações para as causas e conseqüências dos problemas sociais, de forma a mudar suas percepções sobre o mundo ao seu redor. O processo do despertar é normalmente seguido por uma sensação de incômodo e insatisfação que, por sua vez, gera a vontade de fazer algo para mudar a realidade desnuda. É nesse momento que temos a oportunidade de mobilizar pessoas e organizações.

Se uma ONG ou um coletivo de ONGs apresentam claramente à sociedade propostas de transformação da realidade e formas de participação em processos de mudança, é bastante provável que pessoas e organizações respondam positivamente, envolvendo-se política e/ou financeiramente com a causa, missão e o trabalho dessa(s) ONG(s). Entendemos que assim se inicia a construção de uma base de apoio social. De forma simplificada, isso significa que precisamos tocar emocionalmente as pessoas para mobilizá-las.

O primeiro e grande desafio é o desconhecimento do grande público sobre as ONGs e seu papel na sociedade. Não apoiamos o que não conhecemos, e muito menos o que não compreendemos. Temos um grande desafio aqui: fazer com que a sociedade saiba o que é uma organização não-governamental e compreenda de forma simples, porém correta, qual é o seu papel na sociedade. E só para reafirmar, compreendemos que o papel das ONGs - através de suas diversas ações - é o catalisador de transformações sociais e não instrumento de implementação de políticas governamentais.

No nível organizacional, o primeiro desafio é o “onguês”! É a língua que só as próprias ONGs entendem. Como então podem estabelecer diálogo com os diferentes, com outros setores, com outros indivíduos? Como construir uma base social de apoiadores locais se a linguagem utilizada pelas ONGs não é acessível? É importante adequar a linguagem ao público com o qual queremos estabelecer diálogo e relações de cooperação. Isso não é novidade alguma, mas ainda se configura como um grande desafio para as ONGs.

Tanto a comunicação quanto a mobilização de recursos são processos contínuos e não projetos. Por esse motivo, iniciar um processo de comunicação e/ou mobilização de recursos locais é antes de tudo uma decisão institucional. Ambos são considerados processos de intervenção na organização, pois provocam mudanças na cultura organizacional, ou seja, nas suas idéias, crenças, práticas e políticas internas.

Outra questão é que tanto os processos de comunicação como os de mobilização de recursos são institucionais, e não pessoais ou departamentais. Por isso, devem ser internalizados e institucionalizados por meio de políticas, procedimentos e práticas. Caso contrário, há o risco da organização tornar-se ‘refém’ de profissionais ou departamentos.

A importância de mobilizar todos os níveis da organização para esses processos é que eles geram mudanças, e mudanças trazem consigo resistências. Vamos ao exemplo da comunicação: dados são a base da informação, e a informação por sua vez é a base da comunicação. Também sabemos que informação é poder. Pois bem, ao iniciar um processo de comunicação, as informações terão de ser disponibilizadas para que a comunicação possa acontecer. Esse processo de democratização das informações gera mudanças não só nas formas de trabalho das pessoas, mas também nas relações internas de poder.

É preciso, portanto, ter perseverança. Não é um processo simples, pois as organizações passam a fazer algo novo, que ainda não dominam. Encontrar as estratégias que dão certo leva tempo. Não existe fórmula. E a adoção de estratégias de comunicação e de mobilização de recursos depende do perfil da organização, do que ela quer alcançar e do público com quem quer estabelecer relações.

É interessante observar que os resultados concretos do processo de comunicação surgem mais rapidamente que os de mobilização de recursos. Na comunicação, os resultados podem ser observados interna e externamente nos primeiros dois anos; já os relacionados à mobilização de recursos são consolidados entre o terceiro e o quinto ano. Há organizações que conseguem atingir resultados mais rapidamente, em especial aquelas mais novas, onde a cultura organizacional está ainda em formação.

Investimentos iniciais são necessários para comunicar e mobilizar recursos. Não só investimentos financeiros, mas investimento de energia, de atenção institucional, de trabalho interno. Não é fácil iniciar um processo de comunicação e mobilização de recursos sem investimentos financeiros iniciais, e são pouquíssimas as agências de cooperação, fundações ou institutos que apóiam essa linha de trabalho. Uma possibilidade de iniciar um trabalho, mesmo com pouco recurso disponível, é a de buscar parcerias técnicas que possam ajudar a construir esses processos, especialmente quando a organização não tem conhecimento suficiente de como iniciá-lo. Um exemplo são as parcerias com agências de comunicação.

Construir novos relacionamentos e obter credibilidade junto a novos públicos é outro grande desafio. Isso nos traz de volta a questão da linguagem que pauta a necessidade de aprender a falar com outros e também de aprender a ouvi-los, de modo a tentar entender e também tentar fazer com que nos entendam. Um exemplo prático disso é a maneira como as ONGs escrevem a sua missão. Dificilmente é uma frase curta, simples e objetiva. Normalmente é um parágrafo extenso, cheio de jargões, de difícil compreensão, e acaba por ser, como conseqüência, de difícil apoio. Se a comunicação é positiva, clara e objetiva, a probabilidade de obter respostas com as mesmas características são maiores.

Para construir credibilidade também surge o desafio da transparência. Prestar contas não só do aspecto financeiro, mas principalmente do impacto do trabalho. Em inglês há um termo para isso, chamado accountability. É um conceito bem amplo que envolve questões como legitimidade, responsabilidade e transparência. Em geral, as organizações que buscam a transparência diante da sociedade e de seus parceiros apresentam nos seus Sites, tanto dados financeiros como as suas realizações em programas e ações, relatórios anuais de impacto, avaliações, auditorias, pesquisas, policy papers, e uma gama de outras informações relativas à atuação institucional.

Essa questão põe outro tema em pauta, que é comunicar o impacto do trabalho gerado a partir dos programas e projetos desenvolvidos pelas ONGs. Não basta ter a intuição de que o trabalho está gerando mudanças, é necessário saber quais mudanças estão sendo geradas para poder comunicá-las. Em verdade é imprescindível, para toda e qualquer organização, saber quais são os reais resultados de sua intervenção no mundo para poder catalizar tranformações em um âmbito mais amplo, como por exemplo através da influência em políticas públicas. Existem metodologias e instrumentos de avaliação de impacto que ajudam as ONGs a coletar dados confiáveis para, a partir daí, gerar informações chaves que, por sua vez, vão ser a base de uma comunicação fidedigna.

Normalmente as ONGs começam a construir uma imagem pública sem ter definido previamente qual imagem pública querem construir. Obviamente, essa construção deve refletir os posicionamentos políticos, as crenças, os valores e os princípios da organização. O problema é que, se não há clareza sobre os elementos que compõem a imagem e sobre qual a imagem que se quer construir, corre-se o risco de fortalecer uma imagem irreal, indesejada. Não é impossível reconstruir uma imagem pública, mas é um processo que exige muito trabalho e tempo. Assim, realizar um bom trabalho interno de comunicação minimiza riscos trazidos pela comunicação externa.

A comunicação externa gera reconhecimento, que por sua vez gera demandas internas e oportunidades. Estar preparado para lidar com os dois é essencial. Então, o desafio é o de prever as demandas e preparar-se internamente para recebê-las e encaminhá-las bem. O surgimento de oportunidades é um indicador de que uma boa comunicação externa está em curso - oportunidades de parcerias, de financiamento, de participação em eventos, etc. A tentação é a de aproveitar todas elas. Aqui o desafio é saber escolher bem as oportunidades. Elas estão alinhadas institucionalmente? Estão de acordo com nossos princípios, valores, crenças, trabalho? Estamos preparados? Temos pessoal qualificado? Estamos nos desviando ou há, realmente, uma oportunidade de desenvolvimento aqui? Tentar se distanciar da ‘tentação’ e analisar a oportunidade de forma pragmática é um bom exercício, especialmente as oportunidades de financiamento.

Algumas organizações possuem definições institucionais claras sobre as iniciativas de comunicação e estratégias de mobilização de recursos, possuem vontade política de implementá-las, acreditam no trabalho, têm garra, equipe formada e estrutura física, mas não conseguem ‘alçar vôo’. A dificuldade se apresenta no ‘como’ fazer acontecer. Aqui surge uma tensão nas ONGs, pois é difícil encontrar um profissional de comunicação ou de mobilização de recursos que tenha ambos os lados desejados pelas ONGs: excelência técnica e militância política. Normalmente se encontra um bom técnico ou um bom militante. E aí a ONG deverá investir politicamente ou tecnicamente para que ele/ela se torne um/a profissional completo/a.

Outro desafio é a criatividade. As ONGs podem e devem exercer mais a criatividade e inovação em suas ações de comunicação e mobilização de recursos. Afinal, não a exercem tão bem em suas ações de campo, em seus projetos e programas? Trazer essa criatividade para ‘dentro’ da organização pode render bons frutos. Como as ONGs normalmente não possuem recursos suficientes, o que pode surgir como alternativa para chamar a atenção das pessoas e organizações é mudar a forma de se comunicar e de mobilizar recursos. Se diferenciar pela forma, não sem qualidade. Uma sugestão é a de ter momentos de criação voltados às ações de mobilização e de comunicação. Esses exercícios mostram as capacidades internas que a ONG dispõe e sobre as quais sequer têm conhecimento. Vale a pena tentar!

Por fim, como disse Nelson Mandela em 1997, referindo-se às organizações da sociedade civil africanas - mas que também serve para reflexão das organizações brasileiras: “Muitas organizações da sociedade civil não podem ser consideradas de fato organizações da sociedade civil. Primeiro porque a sociedade civil não as conhece e segundo porque elas dependem mais dos governos nacionais e internacionais do que do próprio povo para a sua sustentabilidade.”

Esta é uma versão compacta do artigo resultado de uma apresentação realizada no seminário “Comunicaids: Políticas Públicas e Estratégias para o Controle Social”. Publicado em livro do mesmo nome organizado por Alessandra Nilo e realização da Gestos, Gapabr-sp, Gapa-rs e Fórum de Ongs Aids de São Paulo, Brasil, 2005. Artigo revisado e atualizado em Julho de 2008.

Janaína Jatobá
Foi Coordenadora do Programa de Mobilização de Recursos da Oxfam entre 2001 e 2008. Atualmente exerce a Gerencia do Programa de Desenvolvimento Institucional e Comunitário do Instituto C&A no Brasil (www.institutocea.org.br)
Aliança Interage 07/01/09

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