segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Unibanco e AACD fecham parceria em capitalização

Fernando Travaglini
Publicado pelo
Valor Online em 26/11/07

Carlos Moura (esq.), diretor do Unibanco, e Eduardo Carneiro, presidente da AACD: mais de R$ 600 mil em dois meses
Foto Marisa Cauduro / Valor


O Unibanco Capitalização fechou parceria com a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) para destinar uma parte das vendas do plano de capitalização para a entidade. No mês de novembro, foi repassado o primeiro cheque, de R$ 100 mil. Em dezembro, o valor deve ser superior a R$ 500 mil.

O presidente da AACD, Eduardo de Almeida Carneiro, destaca que o acordo é "extraordinário" por atingir um público muito grande. "Em 58 anos, conquistamos credibilidade e a simpatia de todo mundo, mas não temos penetração muito grande. Contamos com 18 mil sócios".

Já com a parceria, a entidade poderá ser vista pelos 27 milhões de clientes do banco, usando o "meio do banco para chegar a um público com poder aquisitivo que pode nos ajudar", completa Carneiro. A instituição realiza mais de 5 mil atendimentos todos os dias, 96% deles gratuitos. Mesmo assim tem uma fila de mais de 32 mil pessoas.

Hoje, os planos de capitalização atingem 15% da base de clientes do Unibanco, incluindo o segmento Uniclass, de mais alta renda, que também compra esse tipo de título, explica o diretor do banco, Carlos Alberto Bezerra de Moura.

Moura acredita que os volumes doado à AACD servem como mais um incentivo. "Esses títulos se ajustam às pessoas que querem guardar dinheiro, mas não tem disciplina e ainda tem o incentivo do sorteio associado à ajuda à AACD", diz Moura.

Carneiro destaca ainda que parcerias como essas são importantes pela destinação fixa de recursos. "Dependemos do serviço de profissionais especializados e temos de ter linearidade no fluxo de caixa", explica. Segundo ele, essa segurança permite também planejar certas ações, por exemplo cirurgias, que exigem maior tempo de acompanhamento.

A AACD tem um orçamento anual de R$ 104 milhões para atender oito unidades e um hospital. Do total, 16% é coberto pelo SUS, parte ainda vem das cirurgias particulares realizadas no hospital e o restante, de doações. "Temos preocupação com a sustentabilidade da operação", enfatiza Carneiro.

Além do dinheiro, Carneiro ressalta que o conhecimento, o contato com a AACD é importante para mostrar que a prevenção é fundamental, visto que metade das pessoas atendidas são vítimas de acidentes.

O Unibanco já havia retomado, em março, uma antiga parceria do Hipercard com a AACD. Os usuários do cartão podem doar todo mês R$ 1, R$ 2 ou R$ 5 para a entidade. O montante mensal chega a R$ 200 mil. Eles estudam ainda uma parceria para treinamento de deficientes para o quadro de funcionários do banco.

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ONU convoca internautas a criarem vídeos para conscientizar sobre fome

World Food Programme criou canal no YouTube para concurso Hunger Bytes. Entre os cinco melhores, ganha o vídeo mais acessado.

O World Food Programme (WFP), da Organização das Nações Unidas (ONU), deu início nesta quarta-feira (21/11) ao concurso Hunger Bytes, que convoca estudantes e aspirantes a cineastas a criarem um vídeo curto que conscientize sobre a fome.

O programa aponta que a idéia é que as pessoas saibam e tenham consciência sobre uma crise, que envolve a morte de uma criança a cada cinco segundos, como consequencia da falta de comida.

O Hunger Bytes tem um canal no YouTube com um vídeo provocativo para inspirar os participantes. As imagens mostram pessoas comendo compulsivamente em competições. Ao final, a uma mensagem lembra que “850 milhões de pessoas vão dormir com fome todas as noites.” Assista ao vídeo no YouTube.

Os vídeos devem ter de 30 a 60 segundos e serem enviados por e-mail ao WFP - pode ser um link, arquivo .wmv ou do QuickTime, com menos de 4MB - até o dia 1 de agosto de 2008.

Cinco vídeos serão selecionados e publicados na web. Ganha o que tiver mais acessos até o World Food Day, no dia 16 de outubro de 2008. Para aumentar suas chances, os inscritos podem compartilhar o link com comunidades, redes sociais ou incluir o vídeo em blogs.

O vencedor irá visitar e filmar um dos locais de ação humanitária do WFP pelo mundo.

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Aberta Seleção Pública de Projetos do programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras

Publicado no site da Petrobrás

Está sendo lançada a Seleção Pública de Projetos 2007 do programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras. Neste ano, serão destinados R$ 27 milhões a projetos que contribuam para a redução das desigualdades sociais nas comunidades mais excluídas do país.

Visando assegurar a igualdade de condições no acesso a seus recursos, a Petrobras está planejando, durante o período de inscrições, Caravanas Sociais. Tratam-se de oficinas presenciais e virtuais que visam capacitar as organizações sociais para a elaboração de projetos. As oficinas presenciais ocorrerão em todos os estados brasileiros, são livres e gratuitas. As oficinas virtuais e o cronograma das oficinas presenciais podem ser acessados no site da Petrobras, em breve.

Poderão candidatar-se projetos em andamento ou em fase de planejamento que tenham como foco, ao menos uma das linhas de atuação:
. Geração de renda e oportunidade de trabalho
. Educação para qualificação profissional
. Garantia dos direitos da criança e do adolescente
Os projetos inscritos devem contemplar ações diretas que se relacionem a atividades de implantação, implementação, expansão, aperfeiçoamento ou replicação do projeto.

As inscrições estão abertas de 21 de novembro a 11 de janeiro, com o limite máximo de solicitação de recursos de até R$ 690.000,00 por projeto por ano (12 meses), com a possibilidade de renovação por até dois anos (24 meses).

Veja aqui o regulamento e aqui o roteiro de elaboração de projeto.

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ONU prevê 12,3 mi de toneladas de lixo eletrônico na Europa em 2020

Publicada pelo IDG Now! em 22/11/07

United Nations University critica baixa reciclagem e sugere aumento em programas para mais que duplicar descarte correto de gadgets.

Um estudo sobre lixo eletrônico divulgado pela United Nations University nesta quinta-feira (22/11) prevê que, mesmo com o aumento na reciclagem, os países da União Européia produzirão cerca de 12,3 milhões de toneladas de dejetos eletrônicos em 2020.

De acordo com o estudo, o lixo eletrônico entre os 27 países da União Européia crescerá até 2,7% anualmente até a data, a partir de 10,3 milhões de toneladas registradas em 2005, quando a região representou cerca de um quarto de todo lixo eletrônico produzido no mundo.

A baixa taxa de reciclagem atual dos restos de aparelhos eletrônicos - 25% dos equipamentos de pequeno e médio porte e 40% dos equipamentos maiores - mostra que o cenário tem espaço "para melhorias significativas", afirma o documento da ONU.

A proposta da United Nations University é elevar a taxa de coleta para 60% dos aparelhos médios e 75% dos maiores, o que resultaria em cerca de 5,3 milhões de toneladas recicladas até 2011, mais que o dobro das 2,2 milhões de toneladas que deverão ser reaproveitadas na Europa em 2007.

Os dados sobre as previsões fazem com que o órgão estime cerca de 4 quilos de lixo eletrônico por morador da União Européia em 2020, "taxa fácil de se lidar em membros mais ricos da união, mas bastante desafiantes para novos membros", explica o documento, apontando a dificuldade de países mais pobres no continente em lidar com os dejetos.


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Aumenta a auditagem de publicidade no rádio

Ivana Moreira
Publicado pelo
Valor Online em 23/11/07

Um acórdão do Tribunal de Contas de União de 2006 tornou obrigatória, para fins de pagamento, a comprovação de veiculação de todos os anúncios do governo federal em rádio. A determinação, que inspirou decisões semelhantes em governos estaduais como o de Minas Gerais, abriu um novo mercado para empresas especializadas em auditagem das emissoras de rádio do país.

Há mais de 3,7 mil emissoras de rádio em funcionamento no Brasil, a maior parte espalhada pelo interior. Elas ficam com cerca de 4% da verba total de publicidade no país. "Os anunciantes pagavam mas não tinham comprovação de que as emissoras haviam realmente veiculado o número de inserções contratado", diz Valter Cruz, diretor da mineira Pró-Ativa.

A empresa é dona da patente do TrackMedia, um sistema tecnológico, em plataforma java, que permite a auditagem on-line das inserções publicitárias. O governo mineiro foi o primeiro cliente da empresa. "O governo de Minas só anuncia em emissora auditada", afirma o diretor da Pró-Ativa.

Com uma boa base de rádios monitoradas, a empresa já começou a ser procurada também por grandes empresas da iniciativa privada, como a Fiat Automóveis. Os anunciantes pagam, dependendo do tipo de contrato, R$ 0,60 pela comprovação de cada anúncio veiculado.

O TrackMedia já está instalado em 296 emissoras de Minas Gerais, mercado teste para Pró-Ativa. Outras quase 300 emissoras de três Estados - Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraíba. Segundo Cruz, até abril serão 1,5 mil emissoras monitoradas pelo sistema, que foi desenvolvido por especialistas do Rio Grande do Sul. "A meta é chegar ao fim de 2008 com 2,5 mil emissoras monitoradas."

Para instalar o sistema de auditagem e passar a ser monitorada pela Pró-Ativa, as emissoras precisam pagar uma taxa de R$ 480. "A auditagem é um novo impulso para o meio rádio", aposta Valter Cruz.

A grande interatividade com os ouvintes, a segmentação de público e o custo relativamente baixo no meio rádio são qualidades reconhecidas pelos publicitários no planejamento das mídias de seus clientes. Mas a falta de informações sobre as emissoras e de dados a respeito da execução dos planos de mídia sempre foram reclamações freqüentes no mercado.

Nos últimos anos, as rádios perderam receita publicitária para outros veículos de comunicação, sobretudo a internet. De acordo com dados da publicação Meio & Mensagem, especializada no mercado publicitário, o faturamento publicitário das rádios brasileiras foi de R$ 461,3 milhões entre janeiro e agosto deste ano - valor 2,72% mais baixo que o do mesmo período do ano passado. A expectativa, porém, é de retomada do crescimento do faturamento das emissoras de rádio.

Além de investir em sistemas de comprovação da veiculação dos anúncios, como o TrackMedia, muitas emissoras vêm aplicando recursos também em avanços técnicos e tentam se preparar para aderir à tecnologia digital. As 3.766 rádios espalhadas pelo país conseguem atingir 93,9% da população brasileira, conforme dados da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.

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O que faz os ricos, ricos

Robinson Borges
Publicado pelo
Valor Online em 23/11/2007

Uma piada que tem circulado nas rodas de gestores de fortunas brinca com a diferença no estilo de vida dos ricos e dos super-ricos dos últimos tempos. Enquanto os ricos acham que viajar de primeira classe é um luxo, os super-ricos consideram que chique mesmo é ter um avião para chamar de seu. O motivo do bom humor dos administradores de recursos é que o número de endinheirados, sejam ricos ou super-ricos, cresce a uma velocidade quase supersônica no Brasil, e boa parte dos gestores está pegando carona neste vôo. No ano passado, os ativos dos milionários nacionais cresceram 20%, de acordo com um levantamento da consultoria Boston Consulting Group. Em outra pesquisa, realizada pela corretora Merril Lynch, observa-se um aumento de 10,1% no número de pessoas com mais de R$ 1 milhão para investir ao longo de 2006, um incremento superior ao da média global de 8,3% no mesmo período. "Em 2007, vivemos o pico do boom desta liquidez no país", afirma Paulo Colaferro, sócio-diretor da Taler Empreendimentos.

A capitalização de pessoas físicas brasileiras tem crescido como efeito colateral de uma conjuntura favorável do mercado: expansão das fusões e aquisições no país - R$ 23,6 bilhões no primeiro semestre e estimativa de chegar a R$ 70 bilhões até o mês que vem-, aquecimento do mercado imobiliário e aumento substancial do volume das ofertas públicas de ações, que até quarta-feira geraram R$ 29,5 bilhões em 2007. A expectativa é que o IPO da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) na próxima sexta-feira deva adicionar outros nomes à crescente lista de milionários, a exemplo do que ocorreu com o lançamento de papéis da Bovespa neste ano.

Um agente influente e poderoso para o aumento desta liquidez no mercado são os fundos de private equity, geridos por financistas que montam fundos e compram e vendem empresas na bolsa. A análise é de René Werner, da Werner & Associados Consultores Internacionais em Desenvolvimento Societário, que também observa uma alteração significativa no horizonte com a chegada de novas gerações no comando das empresas familiares. "A primeira geração das companhias nacionais aplicava 100% de seus lucros na operação. Com a entrada das segundas e das terceiras gerações, vejo uma diversificação no portfólio, com aplicações também no setor financeiro. O que antigamente era visto apenas como risco é agora uma grande oportunidade."

Antes da fase atual de bonança, muitos dos clientes da Taler - empresa que administra uma carteira de R$ 1 bilhão - possuíam grande número de ativos engessados, com pouca liquidez. Com a onda de fusões e aquisições, muitos se desfizeram de seus empreendimentos e alguns venderam seus imóveis para grandes incorporações, o que resultou na disponibilidade de mais dinheiro para investir no mercado financeiro. Hoje, 45% do patrimônio dos clientes cujos recursos são administrados pela Taler têm participação acionária e 30% investem em ativos imobiliários.

"Vivemos um fenômeno de amadurecimento dos mercados. É o capitalismo chegando no Brasil. Antes vivíamos um pré-capitalismo, em que poucas pessoas dispunham de acesso ao mercado de capitais", afirma Ricardo Taboaço, sócio da Taboaço, Nieckele & Associados, que administra cerca de R$ 800 milhões em sua carteira. "Metade desses recursos foram gerados pelo esplendor da nova riqueza", prossegue.

De acordo com o estudo do Boston Consulting, o aquecimento na formação de fortunas no Brasil começou a se intensificar no início da década. Entre 2001 e 2006, o país ocupou a vice-liderança no ranking das nações que experimentou maior expansão no volume de riqueza, com aumento de 22,4%. Perdeu apenas para a quase sempre imbatível China, que teve acréscimo de 23,4% ao longo do mesmo período. "Desejo que 2008 seja tão bom quanto 2007, entretanto, não acho que vamos manter a mesma velocidade no aumento de liquidez. Mas o ano que vem será um bom ano", afirma o diretor da Taler.

Mesmo sem manter o ritmo, as perspectivas seguem uma rota de prosperidade. "Projetamos um crescimento de 7,2% ao ano nos ativos dos ricos da América Latina até 2011, mais do que a média global de 6,8% prevista para o mesmo período", diz Michael Angelicola, gerente do grupo de pesquisas estratégicas das Américas da consultoria Capgemini, que realiza anualmente o levantamento World Wealth Report em parceria com o Merril Lynch.

Em termos globais, a situação também tem sido positiva. Os ativos financeiros das pessoas super-ricas somados aos das ricas tiveram ganhos de 11,4% no ano passado, totalizando US$ 37,2 trilhões, segundo dados da corretora americana. Foi a primeira vez, em sete anos, que esse índice chegou aos dois dígitos. No ano passado, havia 9,5 milhões de pessoas no mundo - 0,14% da população da Terra - com mais de US$ 1 milhão em ativos para investimentos.

Os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) têm sido alguns dos propulsores dessa economia próspera, de acordo com Angelicola. A China e a Rússia estão no topo da lista dos dez países que possuem maior aumento no número de milionários do mundo. "A população de chineses ricos cresceu 7,8% e a de russos, 15,5%. O Brasil e a Índia se mantêm fortes", observa. Para ele, o aumento do PIB das nações em desenvolvimento, a estabilidade econômica, o encorpado lucro das companhias dos países emergentes e do fluxo maior de investimentos estrangeiros também devem ser considerados como fatores de enriquecimento das pessoas das nações em desenvolvimento.

Na categoria "exclusiva" dos super-ricos, o Brasil também vai bem, obrigado. Na última lista da mítica revista "Forbes", o país contribui com 20 nomes. Em 2006, havia apenas 16 super-ricos nacionais e há cinco anos eram apenas 5. A maioria dos empresários brasileiros da "Forbes" é de industriais ou de donos de empresas prestadoras de serviços, que não herdaram fortunas e deram saltos por si mesmos.

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"Vivemos um fenômeno de amadurecimento dos mercados. É o capitalismo chegando no Brasil", afirma Ricardo Taboaço--------------------------------------------------------------------------------

A soma dos bens desses brasileiros passou de US$ 33,5 bilhões para US$ 46,2 bilhões. Trata-se de um aumento de 38% na comparação com 2006, superior à média de 35% dos super-ricos do ranking total da revista. O banqueiro Joseph Safra, de 68 anos, é o mais rico. Dono do banco Safra, ele aparece no 119º lugar na perspectiva mundial. Sua fortuna é de US$ 6 bilhões. Como segundo brasileiro mais rico e em 165º lugar no âmbito global está o empresário Jorge Paulo Lemann, da Ambev e Inbev, com R$ 4,9 bilhões. Um ex-banqueiro e atualmente empresário aparece no terceiro posto entre os brasileiros (214º no mundo): Aloysio de Andrade Faria, do Grupo Alfa, com US$ 4 bilhões. No quarto lugar (226º no mundo) vem a família liderada pelo empresário Antonio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, com US$ 3,9 bilhões (leia lista na página 7).

No âmbito internacional, delineou-se também um bom cenário para esta pequena parcela da população. O total de pessoas com patrimônio acima de US$ 1 bilhão, segundo a "Forbes", atingiu a marca recorde de 946 neste ano, 178 a mais do que o verificado no ano passado e maior do que qualquer outro número divulgado pela revista. Os Estados Unidos mantêm sua supremacia habitual. Possuem mais super-ricos do que qualquer outro país: 415. Mas a China mostra sua força com um belo segundo lugar. Ao todo, 53 países figuram na última lista da "Forbes", o que representa um recorde.

Os bilionários da "Forbes" acumulam hoje US$ 3,5 trilhões, com uma renda de US$ 3,14 bilhões, bem mais do que a média de US$ 231 milhões de 1982, quando Malcolm Forbes (1919-1990), criou o índice, há 25 anos. Na época, havia apenas 13 pessoas com fortuna acima de US$ 1 bilhão no ranking e era preciso ter US$ 75 milhões para ingressar no seleto grupo da "Forbes" - de apenas 400 nomes.

A senha atual para participar do clube é ter no mínimo US$ 1 bilhão. Trata-se de uma evidência de que a economia global está bem mais aquecida, um resultado direto de um ciclo de expansão inédito no mundo. Na análise de Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve (o Banco Central americano), essa liquidez mundial é resultado do fim do comunismo, o que resultou na entrada de grande número de pessoas na sociedade de mercado.

Essa nova ordem mundial implica fortes mudanças. Quando era criança, por exemplo, um descendente da tradicional família Vanderbilt, que durante décadas esteve no topo da lista dos clãs mais ricos do mundo, acreditava que todas as pessoas que morriam se transformavam em estátuas. A impressão de que a morte se materializava em bronze nasceu de sua freqüente presença em cerimônias de inauguração de bustos em praças públicas poucas semanas após o funeral de seus parentes aristocratas.

Hoje, o pequeno príncipe provavelmente não teria elaborado a mesma teoria sobre o outro lado da vida. A roda da fortuna está muito mais dinâmica e os símbolos da riqueza estão mais concentrados em empreendedores individuais do que nos cultuados herdeiros de corporações. "É a maravilhosa meritocracia do dinheiro", explica Peter W. Bernstein, autor de "All the Money in the World" (Todo o dinheiro do mundo).

Seu livro, recém-publicado nos Estados Unidos pela editora Alfred A. Knopf, revela a história da vida dos super-ricos, segundo a revista "Forbes". A análise da publicação permite captar uma grande mudança no perfil do capitalismo: o chamado dinheiro velho de poderosos sobrenomes perdeu força para o dinheiro novo de self-made men e de nomes conhecidos apenas do jet set empresarial, consolidando o segmento social dos emergentes. A maioria desses super-ricos é filha da classe média, acumulou a própria fortuna e gosta de alardear sua origem modesta, muitas vezes na periferia do mundo.

Quando a lista da "Forbes" saiu pela primeira vez, 53% dos integrantes do ranking haviam criado o próprio império, ante 47% de herdeiros de famílias tradicionais americanas como Vanderbilt, DuPont e Rockfeller. No ano passado, a proporção de super-ricos que ganharam dinheiro com o próprio suor era de 70%, mais de duas vezes o número de pessoas que já havia nascido em berço de ouro.


Durante esses anos todos, houve também uma significativa mudança na relevância dos setores fundamentais para a acumulação de riquezas (ou super-riquezas). Em 1982 o petróleo era a fonte de 22,8% das fortunas. Era o setor mais relevante, batendo a indústria (15,3%), o mercado financeiro (9%) e o de tecnologia (3%). Na lista do ano passado, o petróleo caiu para 8,5%, o mesmo índice do setor industrial. A tecnologia, por outro lado, subiu para 11,7% e o mercado financeiro para extraordinários 24,5%. Não por acaso, esses dois setores são muito mais ligados à inovação.

Mas o que hoje é chamado de dinheiro velho nos Estados Unidos já teve seu momento de frescor. No fim do século XIX, o Reino Unido era a grande potência da economia internacional, e os EUA eram apenas uma ex-colônia britânica. Com as duas Grandes Guerras na primeira metade do século XX, as nações do Velho Mundo se tornaram terras arrasadas e os EUA emergiram como potência econômica mundial. Saíam de cena os nobres europeus e magnatas como John D. Rockefeller, Andrew Carnegie e Cornelius Vanderbilt ganhavam os holofotes. Rockfeller foi o primeiro bilionário da história. Chegou a controlar 90% das refinarias de petróleo dos EUA, acumulando uma fortuna de US$ 236 bilhões, em valores atualizados. Os feitos o elevaram a símbolo de uma era, que, segundo Bernstein, evidenciava uma energia de empreendedorismo extraordinária, quando a sociedade enfatizava o poder das corporações e os herdeiros das fortunas acreditavam que a vida acabava em liga metálica de cobre e estanho numa praça qualquer.

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Concentração no mercado veterinário

Cibelle Bouças
Publicado pelo
Valor Online em 23/11/2007

O recente processo de concentração no mercado farmacêutico já produz reflexos no segmento de saúde animal, que enfrentará novas reviravoltas já no próximo ano. A cartada mais recente foi da americana Merial, que há menos de um mês adquiriu o laboratório neozelandês Ancare por um valor não divulgado.

A estratégia da empresa, que fatura por ano US$ 2,2 bilhões, tem por objetivo recuperar a liderança perdida em 2006, quando a também americana Pfizer Saúde Animal superou a Merial. A empresa comprou a Pharmacia em 2003 e consolidou-se no mercado veterinário nos últimos anos, encerrando 2006 com faturamento de US$ 2,311 bilhões. Em 20006, a Pfizer Saúde Animal também comprou a americana Embrex, que fatura em torno de US$ 55 milhões por ano e produz vacinas para o setor de aves.

A nova liderança, no entanto, terá vida curta. Em março deste ano, a americana Schering-Plough adquiriu a holandesa Intervet, como parte da compra da Organon BioSciences, divisão farmecêutica e química da Akzo Nobel. Assim que aprovada pelos órgãos anti-truste dos Estados Unidos e Brasil, a nova divisão de saúde animal da Schering-Plough elevará o seu faturamento global de US$ 910 milhões para valor aproximado de US$ 2,4 bilhões.

A "dança das cadeiras" já é notada no Brasil. De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), em 2006, a Merial ocupava a liderança do mercado, com 11% de participação, seguida por Pfizer 10%, Intervet e Schering-Plough (cada uma com 8%).

Entre janeiro e outubro deste ano, a Pfizer passou à frente, com 10,2% de participação, seguida por Merial, com 9,5%, e Intervet, com 8,66% - que, somado à Schering-Plough passará a ocupar a liderança do setor no país. "Esse mercado ainda passará por um grande movimento de consolidação em nível mundial e, no Brasil esse movimento também já ganha força", afirma Jorge Espanha, diretor de saúde animal da Pfizer.

Em julho deste ano, a brasileira Vetbrands Saúde Animal, que antes ocupada a 12ª posição do mercado, com faturamento de US$ 32 milhões no país, foi adquirida pela francesa Ceva Sante Animale, que também já tinha operações no Brasil, subindo para a nona posição no ranking do setor ao elevar a receita para algo próximo a US$ 57 milhões ao ano.

Atenta às mudanças e decidida a recuperar a liderança de mercado no Brasil e no exterior, a Merial - criada há dez anos a partir da união das divisões veterinárias da americana Merck e da francesa Sanofi-Aventis - traça um novo plano de vendas para as linhas de produtos da neozelandesa Ancare e estuda outras aquisições, inclusive na América do Sul.

"Estamos interessados em negócios na América do Sul que possam elevar o nosso portfólio ou que tenham uma estrutura comercial que permita alavancar os negócios da Merial na região", afirma Alfredo Ihde, presidente da Merial para a região Cone Sul.

De acordo com Ihde, a neozelandesa Ancare fatura US$ 40 milhões por ano e tem atuação hoje restrita às regiões da Austrália e Ásia, o que de imediato não oferece mudanças no ranking global veterinário para a Merial. "No entanto, a Ancare oferece um grande potencial de expansão dos negócios nos próximos anos, devido às linhas de produtos que já possui e às pesquisa que desenvolve no segmento de produtos para bovinos", afirma.

Um dos objetivos da Merial será expandir globalmente as vendas de produtos da Ancare, que já têm grande penetração na Austrália, Nova Zelândia, Coréia do Sul, Japão e Cingapura. Segundo ele, a empresa atua em segmentos onde a Merial não tinha participação efetiva, como suplementos minerais e alguns tipos de antiparasitários. No Brasil, onde a Merial espera faturar R$ 265 milhões neste ano (com crescimento em torno de 5% sobre 2006), as vendas de antiparasitários para bovinos correspondem a 40% da sua receita.

"Alguns produtos serão trazidos para o Brasil, mas sobretudo, teremos produtos com grande qualidade para exportar à Europa", diz. A aquisição também ajudará a Merial a garantir maior espaço nos mercados da Ásia e da Austrália, observa Ihde.

A Pfizer também avalia a possibilidade de aquisições no Brasil e no exterior, segundo Jorge Espanha, diretor de saúde animal da empresa. "Neste ano, crescemos no país acima da média do mercado com o aumento do portfólio e estamos abertos a aquisições e parcerias que possam resultar em aumento das vendas", afirma. Conforme dados do Sindan, até outubro, a empresa elevou as vendas no Brasil em 10%, enquanto o mercado cresceu 6,5% no mesmo período. Neste ano, a empresa fechou parcerias no país com a paranaense Allvet, para ampliar a rede de distribuição, e a Dow AgroSciences, para competir no segmento de produtos para pastagem.

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