sábado, 27 de setembro de 2008

Senac São Paulo comemora o Dia da Responsabilidade Social

O Centro Universitário Senac – campi Santo Amaro, Águas de São Pedro e Campos do Jordão – abre as suas portas à comunidade, dia 27 de setembro, para comemorar o Dia da Responsabilidade Social no Ensino Superior Particular. A iniciativa, que é promovida pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), está na sua terceira edição e tem como objetivo integrar a comunidade local aos projetos sociais realizados por alunos e funcionários do Senac São Paulo.

Na capital, as atividades serão realizadas no Centro Universitário Senac – campus Santo Amaro. O público poderá participar, das 9 às 17 horas, de 70 ações gratuitas, como oficinas de capacitação profissional, palestras sobre a importância da preservação ambiental, apresentações teatrais e musicais e atividades esportivas para todas as idades.

Para comandar as ações simultaneamente, a instituição conta com a participação de mais de 600 voluntários, sendo grande parte formada por alunos e funcionários e apoiadores, como o SESC Santo Amaro, o Instituto Barrichello Kanaan (IBK), a Camisaria Colombo, a Associação Paulista de Empreendedores Culturais (APEC), o grupo Escoteiros de Interlagos, o Instituto de Apoio, Pesquisa e Inclusão de Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais (IAPE), a Subprefeitura de Santo Amaro e a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.

Segundo a coordenadora da área de iniciativas sociais do Centro Universitário Senac, Camila Rizzo, a comemoração da data é uma forma de a instituição mostrar à comunidade que está sempre de portas abertas. “A partir do evento, aproximamos os funcionários e os alunos da realidade local e os motivamos a dar continuidade ao trabalho social que, muitas vezes, tem início durante esse evento”. Ela completa ainda dizendo que “se o conhecimento oferecido através de uma oficina de capacitação profissional puder contribuir para a geração de renda de determinada família, nosso objetivo terá sido alcançado”.

As comemorações do Dia da Responsabilidade Social têm início com a apresentação do grupo Clave de Lata, formado por crianças da Associação de Assistência à Criança Santamarense. O grupo fará uma adaptação do musical “Os Saltimbancos”, de Chico Buarque de Holanda.

Esportes
A festa continua no Centro Esportivo do Campus Santo Amaro, com as apresentações de tecido aéreo e capoeira. Além disso, serão promovidas as oficinas de Vôlei Sentado, voltada para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, e de Clínica de Basquetebol, coordenada pelo IBK, instituto criado pelos pilotos brasileiros Rubens Barrichello e Tony Kanaan.

De acordo com o piloto da Honda, Rubens Barrichello, é por meio dessas iniciativas que os jovens economicamente desfavorecidos passam a ver a inserção na universidade como algo possível. “Assim como o Senac, o IBK acredita no potencial do esporte e da educação como uma estratégia de transformação social. Por isso, quando o Centro Universitário Senac abre esse espaço, os estudantes percebem que os obstáculos são pequenos perto do sonho de ingressar em uma faculdade. Eles ficam encantados com a possibilidade de melhorarem a qualidade de vida à medida que buscam o conhecimento”, afirmou o fundador do IBK.

No período da tarde, o público poderá conferir outras atividades esportivas, como um minifestival de jogos cooperativos, cujo objetivo é incentivar a prática da cooperação no cotidiano social, educacional, pessoal e familiar, promovendo a integração entre os participantes, professores e alunos da instituição. A atividade será ministrada pelos docentes do Projeto Cooperação, organização brasileira especializada na promoção da Cooperação e do Sentido de Comum-Unidade em empresas, escolas, órgãos governamentais e não-governamentais, comunidades e em processos de transformação pessoal e grupal.

Moda
Para os fashionistas, o Centro Universitário também desenvolveu uma atividade especial: a oficina de Moda com Retalhos, que conta com a participação da professora do mestrado em Moda, Cultura e Arte do Centro Universitário Senac, Maria Eduarda Araújo Guimarães. A pesquisadora mostrará para o público que é possível criar looks diferenciados gastando pouco ou praticamente nada e transformar os retalhos, doados pela camisaria Colombo, em peças criativas. No final do workshop, os participantes poderão levar as peças produzidas para casa.

Gastronomia
Já para os amantes da Gastronomia, o campus preparou uma aula do Projeto Chefs Especiais. Voltado para crianças com síndrome de down, o projeto tem como objetivo despertar, entre os participantes, o interesse pela gastronomia. Durante o workshop, ministrado pelo chefe Márcio Berti, os alunos aprenderão a elaborar pratos salgados e doces.

Outra atividade na área de gastronomia é a oficina Lanche no Escuro, que permite aos participantes terem uma vivência sem o uso da visão. O grupo tomará um lanche no escuro e terá que descobrir o que está comendo, trabalhando assim os outros sentidos. A idéia do exercício é aproximar as pessoas sem deficiência da realidade dos deficientes visuais.

Entre as apresentações, os visitantes poderão participar de 12 oficinas de capacitação profissional, na área de gastronomia, artesanato, moda e informática ou aprimorar os conhecimentos na biblioteca do campus. Para ter acesso ao acervo de 40 mil títulos, entre livros, periódicos, mapas, CD-ROMs, CDs, DVDs e fitas VHS do Centro Universitário Senac, os visitantes precisam efetuar a inscrição no Balcão de Atendimento. Para se inscrever é preciso apresentar o R.G., um comprovante de residência e uma foto 3X4.

Neste balcão, o público também poderá fazer doações de livros ou trocá-los por outros exemplares. É importante ressaltar que todos os espaços da biblioteca foram projetados para permitir o acesso a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Além disso, o local concentra o Espaço Braille, que possui um acervo de mais de 200 títulos em áudio e braille. Por meio desta iniciativa, o Centro Universitário Senac pretende fomentar ações que contribuam para a revitalização do ensino, da pesquisa e da extensão, consolidando práticas de gestão responsável.

O encerramento do evento em Santo Amaro ficará por conta da Comunidade Samba da Vela e da Cia. de Teatro Paidéia, que apresentarão o espetáculo Sampa-Ópera-Samba. Com uma hora de duração, a montagem consiste na mistura da ópera com o uso de um dos gêneros mais tradicionais da MPB: o samba.

Interior
No interior, as comemorações continuam no Centro Universitário Senac – campi Águas de São Pedro e Campos do Jordão, com a realização de mais 30 atividades gratuitas.
Em Águas de São Pedro de São Pedro, as comemorações terão início mais cedo. Na sexta-feira, dia 26 de setembro, haverá uma Oficina de Gastronomia na Creche Municipal. O objetivo da atividade, que será realizada às 9 horas, é despertar o interesse das crianças em consumir frutas, legumes e verduras. No mesmo dia, os alunos do Programa Jovem Aprendiz do Senac ministrarão uma palestra sobre Projetos de Responsabilidade Social Voltados à Comunidade. A palestra será apresentada em dois horários: às 10 horas e às 15h30.

No sábado, dia 27 de setembro, o público poderá conferir, a partir das 9 horas, brincadeiras para todas as idades, rodas cantadas, esculturas em balão e pintura de rosto. Durante o evento, que será realizado na avenida principal da cidade, também haverá a distribuição de camisinhas e de sacos de lixo para veículos.

Em Campos do Jordão, a comemoração terá início com a oficina de origami. Ao longo do dia serão realizadas 16 atividades, como workshops de culinária, oficinas de artesanato e de découpage a partir de filtros de café.


Programação do Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro

27 de setembro, sábado
Centro de Convenções
* 9 horas às 15h30 – Bazar da Rede Social Campo Grande
* 9 horas às 15h30 – Feira de Troca de Livros
* 10 horas às 12 horas – Corte de Cabelo e Escova
* 10 horas às 12 horas – Maquiagem e Penteado
* 10 horas às 11 horas – Oficina de Capacitação – Contadores de História para Educadores
* 14 horas ás 15h30 – Meditação
* 15h30 às 16h30 – Apresentação Teatral do SESC Santo Amaro
* 15h30 às 16h30 – Corte de Cabelo e Escova
* 15h30 às 16h30 – Maquiagem e Penteado

Centro Esportivo
* 10 horas às 12 horas – Jogos Cooperativos
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Vôlei Sentado
* 10 horas às 12 horas – Caça ao Tesouro
* 10 horas às 12 horas – Área Circense de Lazer
* 10 horas às 11 horas – Apresentação de Capoeira
* 11 horas às 12 horas – Apresentação de Tecido Aéreo
* 14 horas às 15h30 – Clínica de Basquetebol do Instituto Barrichello Kanaan

Biblioteca
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Lanche no Escuro
* 10 horas às 11 horas – Teatro de Fantoches
* 10 horas às 12 horas – Balcão de Carteirinhas
* 10 horas às 12 horas – Jogos de Tabuleiro
* 10 horas às 12 horas – Oficina Interativa “Meu nome em Libras”
* 10 horas às 12 horas – Utilizando o Dicionário da Língua Brasileira de Sinais com Recursos Multimídia
* 10h30 às 12 horas – Exibições de Documentários
* 11 horas às 12 horas – Contação de Histórias Infantis
* 14 horas às 15 horas – Oficina Lanche no Escuro
* 14 horas às 15 horas – Escreva o seu Nome em Braille
* 14 horas às 15h30 – Contação de Histórias
* 14 horas às 15h30 – Balcão de Carteirinhas
* 14 horas às 15h30 – Exibição de Documentários
* 14 horas às 15h30 – Jogos de Tabuleiro
* 14 horas às 15h30 – Histórias Infantis Traduzidas para Libras
* 14 horas às 15h30 – Utilizando o Dicionário da Língua Brasileira de Sinais com Recursos Multimídia

Praça do Cubo
* 9 horas às 10 horas – Apresentação do Grupo Clave de Lata com o Espetáculo “Os Saltimbancos”
* 10 horas às 11 horas – Danças Circulares
* 10 horas às 12 horas – Recreação com o SESC Santo Amaro
* 14 horas às 15 horas – Danças Circulares
* 14 horas às 15h30 – Recreação com o SESC Santo Amaro

Praça de Alimentação
* 12 horas às 12h15 – Orquestra de Mímica
* 12h15 às 12h30 – Apresentação Do Grupo de Percussão da Brascri
* 12h30 às 12h45 – ApresentaçãO Musical do Grupo Ação Comunitária

Prédio Acadêmico 1
* 10 horas às 11 horas – Oficina de Reciclagem com PET
* 10 horas às 11 horas – Palestra – O Circo e seu Impacto nas Comunidades
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Bordados
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Moda em Retalhos
* 10 horas às 12 horas – Oficina Usando o Computador e a Internet
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Foto Ambiental
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Arte com Jornal e Água
* 10 horas ás 12 horas – Palestra - A importância da Atividade Física para Pessoa com Deficiência
* 10 horas às 12 horas – Palestra - Conhecendo o Braille
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Grafite
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Bijouteria
* 10 horas às 12 horas – Mosquiteca: como capturar o mosquito da dengue
* 10h30 às 12 horas – Oficina de Auto-retrato: foto digital
* 11 horas às 12 horas – Oficina de Reaproveitamento de Óleo para a Produção de Sabão
* 14 horas às 15 horas – Sessão de Cinema Jovem
* 14 horas às 15 horas – Oficina de Educação Ambiental
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Pinturas Decorativas Especiais
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Crochê: customização de camisas
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Auto-penteado
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Orientação e Mobilidade da Fundação Dorina Nowill
* 14 horas às 15h30 – Palestra - Cultura e Educação: responsabilidade de todos
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Pintura em Tela
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Língua Brasileira de Sinais
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Artesanato com Lã Cardada

Centro Gastronômico
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Salgados para Festas
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Coquetelaria sem Álcool
* 10 horas às 12 horas – Oficina de Trufas e Chocolates
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Salgados para Festas
* 14 horas às 15h30 – Oficina de Coquetelaria sem Álcool
* 14 horas ás 15h30 – Projeto Chefs Especiais

Marquise do Prédio Acadêmico 1
* 11 horas às 12 horas – Construção de Maquete Social
* 13 horas às 14 horas – Apresentação Circense – Folias de Picadeiro

Praça do leitor
* 10 horas às 11 horas – Yoga
* 11 horas às 12 horas – Ginástica com Massagem Terapêutica
* 14 horas às 15 horas – Dança do Ventre
* 15 horas às 15h30 – Ginástica com Massagem Terapêutica

Serviço:
Dia da Responsabilidade Social no Ensino Superior

Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro
Local: Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823 - Santo Amaro - São Paulo
Horário: das 9 às 17 horas, sábado
Informações: http://www.sp.senac.br ou (0xx11) 5682-7300
Gratuito


Envolverde, 25/09/08
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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O futuro passa por mídias sustentáveis

A evolução do conceito de sustentabilidade empresarial já atingiu empresas industriais e de serviços, no entanto passa ao largo quando se fala em sustentabilidade das empresas de mídia.

Os conceitos de sustentabilidade baseados no tripé econômico, social e ambiental estão permeando as atividades de todos os setores da economia. Isto tem acontecido principalmente porque as empresas estão em permanente disputa por mercados e por consumidores cada vez mais atentos às questões relacionadas à sustentabilidade. As bolsas de valores de Nova York e de São Paulo estão entre as primeiras a lançar indicadores de sustentabilidade em seus pregões, e os balanços socioambientais estão tornando-se companheiros inseparáveis dos balanços econômicos das empresas. Os bancos e as empresas seguradoras já descobriram que financiar ou segurar empresas “sustentáveis” é mais rentável e oferece menor exposição ao risco.

Os mesmos conceitos de sustentabilidade que permeiam as relações entre empresas dos mais diversos setores com a sociedade (é claro que isto ainda não é um comportamento generalizado), ainda não chegaram às empresas de mídia. Jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão têm a sustentabilidade como coisa pontual. São raros os exemplos de incorporação dos conceitos de respeito social e ambiental na estrutura diária de cobertura da mídia, em todas as suas vertentes. Para muitos meios, ambiente ainda é pauta especial e não uma transversalidade.

Mesmo sendo vanguarda da sociedade em movimentos para a garantia de direitos fundamentais, a mídia é extremamente conservadora em relação à incorporação de comportamentos e conceitos que levem a transformações nos padrões de consumo e comportamento. Vem sempre a reboque de outros setores e normalmente reflete uma realidade institucional e social às quais se mantêm refratária em sua estrutura interna. É comum as páginas de jornais estamparem odes à modernidade empresarial enquanto em seus próprios balancetes os números não se harmonizam. Em se tratando de políticas de recursos humanos então, ai a desafinação é total.

No quesito transparência e governança as empresas de mídias são modelo de opacidade. A lei exige que a propriedade de empresas de comunicação seja de pessoa física natural do Brasil. Mesmo com a abertura permitida para o capital estrangeiro, esta liberalidade atingiu apenas 30% do capital da empresa e não permitiu que este capital fosse captado em bolsa de valores, onde investidores poderiam tornar-se acionistas e, assim, com base nas regras impostas pelo mercado e pela Comissão de Valores Mobiliários, as empresas teriam de tornar públicos seus balanços e suas mazelas.

Um dos requisitos maiores da sustentabilidade é a transparência e a coerência das ações das empresas nos mercados. E estes são os pontos onde as empresas de comunicação pecam. E o problema vem de longe, a quebra de empresas de comunicação de grande porte no Brasil é endêmica, no entanto muito pouco se sabe das causas das doenças que as atingem, dos sintomas. Quando o público toma ciência de que há algum problema, o paciente já desfila em carro fúnebre. Diários Associados, com sua estrela maior, a TV Tupi, Grupo Visão, Grupo DCI, TV Excelsior, Grupo Manchete, Gazeta Mercantil, isto só para falar nos grandes.

Não existe na mídia a noção de que sustentabilidade é um processo transversal. Assim como nas redações se acredita com muita força que as empresas de comunicação são expectadores privilegiados da realidade, com muita capacidade de influenciá-la, mas imune às suas emanações.

Meio ambiente não está presente na grande mídia de forma consistente porque também não está presente na estrutura de gestão destas empresas. Grandes corporações nacionais e internacionais já elevaram o tema ambiente e sustentabilidade para seu coração administrativo. As gerências de meio ambiente dos anos 90 tornaram-se as diretorias de meio ambiente neste início de século XXI e, em breve, deixarão de existir para que a transversalidade ocupe todos os espaços ambientais nas estruturas de gestão.

Medo e preconceito estão entre os motivos para que as empresas de mídia, principalmente aquelas que têm versões impressas possam abraçar os conceitos de sustentabilidade em seu cotidiano. Papel é a grande matéria-prima. Ou seja, elas pensam não existir sustentabilidade em seus processos industriais. Tintas com base em chumbo já foram abolidas, mas centenas de milhares de toneladas de papel são utilizadas diariamente para fazer jornais, revistas, encartes e toda a série de produtos ligados ao mercado editorial. Ora, as próprias empresas produtoras de papel estão entre as que buscam se enquadrar nos processos de sustentabilidade, não há razão para as empresas de mídia sentirem-se acuadas neste quesito.

Mas e os padrões insustentáveis de consumo apregoados desde a revolução industrial e entronizados como absolutos a partir do século XX? Estes sim podem ser a resposta mais coerente para o distanciamento da mídia dos processos de sustentabilidade. Afinal, segundo uma definição universalmente aceita e apregoada pela ex-primeira Ministra da Noruega, Groo Brutland, “ser sustentável é suprir as necessidades das gerações atuais garantindo os recursos naturais para que as gerações futuras consigam suprir suas próprias necessidades”. É também universalmente aceito que os padrões de consumo pregados pela mídia são insustentáveis para toda a população do planeta Terra e que vão esgotar os recursos naturais em um prazo de tempo muito curto. No entanto, o marketing rasteiro continua apostando na exaustão dos ecossistemas.

O caso do descompromisso do marketing com a sustentabilidade e com a ética chega aos limites do absurdo e do crime. É o caso de uma publicidade de um aparelho de TV Samsung que mostra e incentiva um vizinho a roubar um aparelho de TV entregue por engano em sua casa. Mas este é apenas um caso entre milhares.

Enquanto as mídias veicularem coisas como esta, certamente, por uma questão de coerência, não poderão falar em sustentabilidade, governança e ética com muito conforto.


Com este artigo o jornalista Adalberto Wodianer Marcondes foi eleito pelos colegas da Rede Ethos de Jornalistas como Destaque do Prêmio Ethos 2008. Este texto é uma reflexão sobre a relação entre as empresas de mídia e o conceito de sustentabilidade.

Dal Marcondes (como é conhecido pelos colegas) já atuou em empresas como Grupo Estado, Abril, Gazeta Mercantil, DCI, Agence France Presse, Agência Dinheiro Vivo e outros. Sua visão das mídias vem de mais de 20 anos atuando como repórter e editor de economia. Desde 1995, quando criou a Envolverde, vem atuando na construção de um jornalismo voltado para a construção do futuro. A Envolverde foi reconhecida em 2006, pelo Instituto Ethos com o prêmio por Iniciativa Editorial em internet, no mesmo ano seu editor recebeu da ANDI (Agência Nacional dos Direitos da Infância) o título de “Jornalista Amigo da Infância”. A missão da Envolverde é: “Jornalismo pela Sustentabilidade”.

Equipe de Redação


Adalberto Wodianer Marcondes
Jornalista e editor da Revista Digital Envolverde.
Agência Envolverde, 25/09/08
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída

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Tudo que é sustentável tem o padrão de rede

..."os departamentos de responsabilidade social das empresas estão tentando juntar ações setoriais que não têm muita relação entre si, como se combinando 800 miligramas de operação econômica, com 150 miligramas de preocupação ambiental e 50 miligramas de ação social, pudéssemos desencadear algum tipo de reação química capaz de catalisar um processo sustentável."

No segundo volume da série Escola de Redes, procuro mostrar quais são os principais desafios colocados para as empresas que quiserem se manter na busca da sustentabilidade neste início do século 21.

Na ‘Carta Rede Social 171’ apresentei um breve resumo das idéias que aparecem em dois livros que acabei de escrever para a Escola-de-Redes: “Novas visões sobre a sociedade, o desenvolvimento, a Internet, a política e o mundo glocalizado” e “Tudo que é sustentável tem o padrão de rede: sustentabilidade empresarial e responsabilidade corporativa no século 21”.

Vou apresentar agora mais um pouco do conteúdo do segundo livro, que começa com uma observação até certo ponto desconcertante: os departamentos de responsabilidade social das empresas estão tentando juntar ações setoriais que não têm muita relação entre si, como se combinando 800 miligramas de operação econômica, com 150 miligramas de preocupação ambiental e 50 miligramas de ação social, pudéssemos desencadear algum tipo de reação química capaz de catalisar um processo sustentável. Ora, isso é desconcertante porque, infelizmente, ao que tudo indica, fórmulas como essa não poderão produzir 1 grama de sustentabilidade.

No segundo volume da série Escola de Redes, procuro mostrar quais são os principais desafios colocados para as empresas que quiserem se manter na busca da sustentabilidade neste início do século 21 a partir de uma única constatação básica: a de que tudo que é sustentável tem o padrão de rede.

Sim, tudo que é sustentável tem o padrão de rede. Todas as evidências disponíveis corroboram essa afirmativa. Ecossistemas, organismos vivos e partes de organismos são os melhores exemplos de entidades sustentáveis. E todos esses tipos de sistema têm o padrão de organização de rede: estruturam-se e funcionam como redes. Essa constatação nos leva a duas conclusões.

A primeira conclusão é a de que se tudo que é sustentável tem o padrão de rede, então devemos abandonar agora nossas velhas maneiras de tratar a questão, desvencilhando-nos daquelas idéias e tentativas de formular teorias sobre a sustentabilidade que não tenham como foco a organização, a estrutura e a dinâmica de rede.

O que não devemos fazer?
Eis um elenco de dez idéias (ou crenças) e práticas (ou comportamentos) sobre sustentabilidade empresarial que devemos abandonar. Freqüentemente, elas têm nos levado a cometer equívocos quando tentamos:

===> Reduzir a sustentabilidade à sua dimensão ambiental.

===> Dirigir todas as nossas preocupações com a sustentabilidade para “salvar o planeta”.

===> Avaliar que o que está em risco é apenas a vida como realidade biológica.

===> Encarar a sustentabilidade como resultado da soma artificial de ações setoriais (econômicas, ambientais e sociais) que têm como objetivo garantir que a empresa continue dando lucro.

===> Tomar a sustentabilidade como uma espécie de programa (ou conjunto de idéias) que possa ser aplicado independentemente de ação política.

===> Imaginar que a sustentabilidade pode ser obtida por meio do exercício tradicional da responsabilidade social.

===> Pensar que a sustentabilidade é um objetivo a ser alcançado no futuro.

===> Definir sustentabilidade como durabilidade.

===> Tentar encontrar uma fórmula ou um caminho para que a sustentabilidade seja alcançada.

===> Acreditar que a sustentabilidade será alcançada se fizermos alguma coisa a mais sem mudar realmente nosso modo de ser.

É preciso analisar por que tais crenças e comportamentos devem ser abandonados se quisermos atingir o coração da idéia de sustentabilidade e enfrentar os desafios colocados por suas exigências.

A segunda conclusão é de que se tudo que é sustentável tem o padrão de rede, então, temos que parar de ficar contornando o problema e ir direto ao ponto. Vamos falar a verdade: as empresas não estão organizadas como redes. Elas não têm um funcionamento compatível com a estrutura de rede. Logo... as empresas não são sustentáveis. Ponto.

O que devemos fazer?
Qualquer pessoa ajuizada dirá que não é viável desmontar os modelos de gestão hierárquicos atuais ? predominantemente baseados em comando e controle, mas que mal ou bem estão funcionando ? sem ter o que colocar no lugar. A mudança para uma empresa-rede não poderá ser feita abruptamente ou de uma vez. O que significa que um novo padrão (em rede) terá de surgir convivendo com o velho padrão (hierárquico) e que, portanto, deverá haver uma transição.

Mas o que é necessário fazer para iniciar uma transição da organização-mainframe para a organização-network?

===> Em primeiro lugar, procurar saber o que é uma rede, como ela se organiza, estrutura-se e funciona e procurar conhecer as relações entre seu funcionamento (fenomenologia da rede) e sua estrutura (topologia).

===> Em segundo lugar, procurar saber o que é uma rede social (pois as empresas são organizações sociais) e aprender a fazer netweaving em redes sociais, quer dizer, aprender como articular e animar essas redes.

===> Em terceiro lugar, tentar, então, aplicar esses conhecimentos para iniciar a transição da empresa-pirâmide para a empresa-rede. Em muitos casos, a empresa-pirâmide é quase monárquica, regida por modos de regulação autocráticos, próprios das estruturas verticais de poder baseadas em comando-execução, ordem, hierarquia, disciplina, obediência, vigilância e sanção, enquanto a empresa-rede é regida por modos de regulação democráticos, mais compatíveis com a estrutura de rede distribuída.

E depois?
Conquanto possa ser surpreendente, a única resposta para essa pergunta é a seguinte: se quisermos ir direto ao ponto, não há o que fazer depois. Por quê? Porque, na verdade, não sabemos, e, provavelmente, nem possamos fazer mais nada, além disso.

É o necessário. Alguém pode retrucar que o necessário nem sempre é suficiente. Sim, mas se o necessário não for feito, será inútil querermos fazer o suficiente para alcançarmos a sustentabilidade.

Tudo que é sustentável tem o padrão de rede, essa é uma condição fundamental. Devemos, portanto, concentrar nossos esforços para obtermos tal condição.

Repetindo para concluir: se quisermos constelar condições mais favoráveis à sustentabilidade das organizações humanas, precisamos entender as redes, procurar saber como elas se organizam, se estruturam e funcionam. E, a partir daí, então, aprender a fazer netweaving.

Bem, esta é a razão de ser da Escola-de-Redes. Não deixe de ler no final desta carta um convite para que você também se conecte a essa iniciativa.

Até a ‘Carta Rede Social 174’ e um abraço do

Augusto de Franco
augustodefranco@gmail.com

25 de setembro de 2008.

Para ler e comentar as ‘Cartas Rede Social’, ex-‘Cartas Capital Social’ (e antigas ‘Cartas DLIS’) e outros textos de Augusto de Franco, publicados a partir do final de 2005, clique em www.augustodefranco.com.br


UM CONVITE
Amanhã, dia 26 de setembro de 2008, das 9 às 12 horas, haverá o lançamento do Nodo-de-São-Paulo da Escola-de-Redes. Será na sede da Fecomercio (Rua Dr. Plínio Barreto, 285, 3º andar, São Paulo, Brasil).

Além do Nodo-de-Curitiba (o primeiro, lançado em 21 de junho passado) e do mencionado Nodo-de-São-Paulo, temos vários novos nodos em preparação, como o de Porto Alegre (previsto para outubro próximo) e o de Brasília (ainda sem data). E temos também outros nodos sendo organizados ou cogitados: o de Santa Fé (Argentina), o de Belém, o de Bogotá (Colômbia), o de Berlim (Alemanha) e, quem sabe (pois ainda não é certo), o de Seattle (USA).

Do que se trata? Nada mais do que uma articulação de pessoas, em rede distribuída, para promover o aprendizado individual e coletivo sobre redes sociais. A Escola-de-Redes é um misto de escola (ambiente favorável à realização de processos educativos) e think tank, ambos organizados em rede. É uma coligação de pessoas e grupos que integram comunidades de projeto e de prática, de aprendizagem e de pesquisa.

Embora se chame Escola-de-Redes, trata-se, na verdade, de uma não-escola. Como mostra a logo escolhida: E = R, quer dizer: a escola é a rede. Em palavras: se a escola já é a rede, para que escola? Se a própria rede é uma escola...

A Escola-de-Redes não é uma organização hierárquica nem uma articulação centralizada ou descentralizada de instituições ou organizações formais. Em última instância, são “apenas” pessoas, conectadas em rede, que cooperam entre si para investigar temas relacionados à redes sociais, compartilham voluntariamente seus conhecimentos, divulgam e aplicam os produtos que desenvolveram.

Que tal? Porque você também não se conecta à Escola-de-Redes?


PARA SE CONECTAR À ESCOLA-DE-REDES
Para se conectar à Escola-de-Redes não é necessário participar de um nodo. Qualquer pessoa pode se conectar individualmente: basta clicar em www.redes.org.br e deixar uma mensagem. Até agora temos 111 pessoas conectadas. Para ver a relação clique no link abaixo:
http://escoladeredes.org.br/?page_id=14


PARA ABRIR UM NOVO DA ESCOLA-DE-REDES
Qualquer grupo de pessoas pode abrir um nodo da Escola-de-Redes. Os nodos da Escola-de-Redes são os grupos locais de pessoas conectadas que constituem a escola. A escola é cada nodo e todos os nodos. Cada novo nodo tem total autonomia para estabelecer sua própria agenda de atividades, sua estrutura e seu regime de funcionamento, desde que assuma os objetivos da Escola-de-Redes, não se organize segundo padrões hierárquicos e conte com a concordância dos nodos já existentes.

Quais são os objetivos da Escola-de-Redes? A investigação teórica e a disseminação de conhecimentos sobre redes sociais e à criação e transferência de tecnologias de netweaving.

O que significa não se organizar segundo padrões hierárquicos? Significa adotar um padrão de rede distribuída (nem centralizada, nem descentralizada) de pessoas. Ou seja, não vale “rede” de instituições, organizações, entidades, empresas, ONGs etc. Não pode ter presidente, governador, secretário-geral, diretor, coordenador ou assemelhado.

Como obter a concordância dos nodos já existentes? Basta deixar uma mensagem - em www.redes.org.br - propondo a criação de um novo nodo. Para tanto é necessário informar o nome do novo nodo e a sua localização: cidade em que está situado e sites, blogs e outros meios virtuais que utiliza para a interação entre seus integrantes. As pessoas que compõem o nodo devem estar conectadas à Escola-de-Redes. O novo nodo existirá se (e enquanto) for reconhecido como tal pelos nodos já existentes. Entretanto, os nodos já existentes não poderão reconhecer um novo nodo se não souberem porque ele está sendo constituído e o que as pessoas que o compõem pensam sobre os objetivos da Escola-de-Redes. Assim, é bom que ao constituir um novo nodo, seus integrantes declarem no seu próprio site (ou no blog www.redes.org.br) sua motivação e sua visão coletivas.

Os interessados em abrir nodos da escola em outras localidades devem tomar a iniciativa, enviando uma mensagem para www.redes.org.br


AS ATIVIDADES DA ESCOLA-DE-REDES
Livros. A Escola-de-Redes = Nodo-de-Curitiba vai lançar dois livros (autorais) simultaneamente, agora no final de setembro ou início de outubro de 2008. São eles:
"Escola de Redes: Novas Visões sobre a sociedade, o desenvolvimento, a Internet, a política e o mundo glocalizado"
"Escola de Redes: Tudo que é sustentável tem o padrão de rede. Sustentabilidade empresarial e responsabilidade corporativa no século 21"

Novos títulos (também autorais, de pessoas conectadas à escola) estão sendo pensados. E também algumas traduções.

Revista de Redes. A Escola-de-Redes está organizando uma publicação bimensal virtual – de Domínio Público – contendo artigos inéditos sobre o tema. Anualmente os artigos publicados nas seis edições da revista serão editados na forma de libro (papel).

Encontros. Uma Conferência Internacional sobre Redes Sociais, inicialmente prevista para o início de dezembro de 2008, deverá ser adiada por motivos logísticos. Ainda não temos a nova data, mas provavelmente será no início de julho de 2009.

Cursos. Cursos básicos sobre netweaving em redes sociais estão sendo programados pelo Nodo-de-Curitiba para o início de 2009. A programação dos outros nodos deve ser acompanhada no site www.redes.org.br

Biblioteca. Está sendo organizada uma biblioteca virtual geral da Escola-de-Redes, contendo textos digitalizados que poderão ser baixados pelos conectados em PDF ou HTML. Um dos serviços da biblioteca será a construção de itinerários de leituras fundamentais (indicações de livros, artigos e vídeos que constituíram caminhos peculiares de leituras e referências importantes de pessoas e grupos criativos que participaram ou participam da investigação ou da experimentação de redes sociais). Os diversos nodos da Escola poderão organizar bibliotecas físicas em espaços de reflexão e discussão (lectoria).

Esta carta é um convite, para que você também se conecte e, se for o caso, organize um novo nodo da Escola-de-Redes na sua cidade.


Augusto de Franco
‘Carta Rede Social’, ex-‘Carta Capital Social’ (e antiga ‘Carta DLIS’) é uma comunicação pessoal de Augusto de Franco enviada quinzenalmente, desde 2001, para milhares de agentes de desenvolvimento e outras pessoas interessadas no assunto, do Brasil e de alguns países de língua portuguesa e espanhola. A presente 'Carta Rede Social 173' está sendo encaminhada para 14.201 destinatários.
Carta Rede Social 173, 25/09/08

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