segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Utilizando suas forças para ficar mais forte

Lauren Keller Johnson*

Melhorar a performance tem a ver com superar as fraquezas, correto? Não, segundo Marcus Buckingham, autor de Go Put Your Strengths to Work: 6 Powerful Steps to Achieve Outstanding Performance (Coloque Suas Forças para Trabalhar: 6 Passos Poderosos para Alcançar Performances Diferenciadas, em tradução livre, Free Press, 2007). Ele diz que aqueles que possuem performances consideradas top atingem a excelência não por enfatizar suas fraquezas mas por enfatizar suas forças, identificando-as, colocando-as no âmago do seu trabalho e lapidando-as.

Mas o que são forças exatamente? “São muito mais do que simplesmente o que você faz bem”, diz Buckingham, ex-pesquisador do Instituto Gallup (Washington, D.C.), que atualmente comanda a The Marcus Buckingham Company, sediada em Beverly Hills, California. Esta empresa fornece consultoria neste assunto, treinamento e e-Learning. “A noção de que suas forças são aquilo em que você é bom é incompleta”., explica Buckingham. Atividades que por acaso você realiza bem o desanimam se você não gostar delas. “E isso acaba transformando-se em fraquezas.”

Suas forças são as atividades do trabalho que consistentemente fazem você se sentir produtivo, energizado e comprometido. Times compostos por pessoas que gastam a maior parte do tempo delas utilizando suas forças atingem performances mais altas que aqueles que não fazem isso, embora sejam comprometidos da mesma forma, de acordo com a pesquisa sobre times de alta performance da Gallup, citadas por Buckingham.

Para criar valor máximo para o negócio, a partir de suas forças, você precisa:

- Identificá-los
- Encontrar formas de colocá-los no âmago do seu trabalho.

Identificando suas forças
Quando surge a hora de identificar suas forças, diz Buckingham, “Apenas você pode fazer isso. Você é aquele que melhor sabe quais atividades o animam ou o desanimam. Você não precisa de uma avaliação de 360º ou um comentário do seu chefe.”

Determinar suas forças exige que você anote como você se sente antes, durante e após realizar cada atividade durante seu dia. Se você se vê vislumbrando o depois de uma atividade específica antes mesmo de começar a cuidar dela, se você tem condições de se concentrar nela enquanto a realiza e se você se sente realizado e animado ao terminá-la, são grandes as chances de ela ser uma força para você.

Buckingham sugere este exercício: Pegue um bloco de papel e desenhe uma linha dividindo as primeiras páginas em duas colunas. No topo da coluna da esquerda, escreva “Eu adorei”. No topo da coluna da direita, escreva “Eu detestei”. Todo dia, durante uma semana, registre cada atividade que você realiza no seu trabalho em uma das colunas.

Registre todas suas atividades e as sensações que elas despertaram em você no momento em que elas se desenrolarem, e não no final do dia ou semana. Liste também as atividades e suas emoções de forma específica. Por exemplo, “Eu me senti entusiasmado quando analisei os números das vendas para a divisão de iluminação.

Eu me senti consumido por uma sensação de medo quando eu sentei para escrever o artigo sobre nova estratégia para a companhia.” Evite linguagens vagas, como por exemplo “eu gostei da reunião do novo time de marketing”, “eu gostei dos novos desafios que surgiram para mim nesta semana” ou “Eu me senti bem quando aprendi coisas novas”.

Assegure-se também de listar as atividades que você realiza de fato, em vez de situações em que você foi o destinatário de outras ações. Por exemplo, não escreva algo do tipo “eu me senti energizado quando o CFO elogiou meu trabalho durante a reunião.”

O que você deve fazer se tiver muitas atividades listadas na coluna “Eu odiei”? “Isso não significa necessariamente que você deva abandonar seu emprego e começar tudo de novo”, diz Buckingham. Nem mesmo significa que você precisa rever seu papel. Como discutido anteriormente, mudanças incrementais podem ajudá-lo a melhorar o equilíbrio entre as duas colunas.

Uma vez completada sua lista de atividades “Eu adorei” e “Eu odiei”, preste atenção na coluna “Eu adorei”. Identifique as três atividades que mais incitam reações emotivas positivas a você. Estas são as atividades com as quais você gostaria de ocupar mais seu tempo, para não dizer todo seu tempo, durante uma semana típica. Ela são suas forças mais importantes.

Encontre formas de colocar suas forças no âmago do seu trabalho
Agora que você identificou suas três forças-chave, o próximo passo é fazer ajustes no seu papel para ocupar mais tempo utilizando as mesmas. Para cada força, Buckingham recomenda seguir esta abordagem LIVRE composta de quatro passos:

Focar: Identifique como você atualmente utiliza estas forças no trabalho, e com que freqüência. Por exemplo, no livro Go Put Your Strengths to Work, Buckingham apresenta uma diretora chamada Heidi, que identificou uma de suas forças-chave como sendo “ajudar um gerente de hotel a pegar um bom hotel e transformá-lo no melhor hotel”. Neste passo da estratégia, Heidi diz que ela utiliza sua força quando ela dá aula de liderança para gerentes gerais e quando ela planeja e conduz orientações em pré-aberturas e pós-encerramentos da atividade. Ela calculou que ela utiliza sua força, por alto, em 20% do seu tempo.

Deixar fluir: Imagine em que situações você poderia ocupar seu tempo e quais ações você poderia tomar para utilizar sua força. Por exemplo, Heidi percebeu que “ter uma conference call com o grupo pertinente para identificar suas necessidades” concentra esta força e a torna apta a utilizá-la além dos 20%.

Educar: Identifique habilidades e técnicas que possam ajudá-lo a alavancar futuramente esta força. No caso da Heidi, ela decidiu checar se havia alguma “melhor prática” interna que ela pudesse aprender perguntando aos diretores de produto de alguma empresa co-irmã da Hampton Inn’s, sobre como eles abordavam as melhorias de performance do hotel.

Expandir: Considere como você compartilha suas melhores práticas com os outros no que se refere a esta força e expanda seu papel para fazer melhor uso dela. Por exemplo, Heidi decidiu encontrar-se com um diretor de produto na semana seguinte para discutir idéias sobre como medir os resultados da performance dos hotéis.

E ela resolveu conversar com seu gerente sobre como o trabalho dela poderia ser reformatado de forma que ela poderia focar sua atenção no suporte para os gerentes do hotel alcançar performance superiores.

Seu objetivo é fazer mudanças incrementais e empurrar gradualmente seu trabalho em direção de suas forças e o mais longe possível de suas fraquezas. “Você está reescrevendo a descrição do seu trabalho, bem sob o nariz do seu chefe”, diz Buckingham. “E assim como em toda predisposição, seu chefe quer que você faça isso. A isto chamamos assumir responsabilidades para seu próprio desenvolvimento.”

O que você faz com as atividades que o desanimam e são críticas para seu trabalho? Buckingham sugere estas estratégias:

Encontre alguém que é forte na atividade que o desanima e veja se ele se interessa em conversar com você sobre esta questão.

Ofereça constantemente suas forças; isto pode no final tornar suas fraquezas irrelevantes. Buckingham cita um executiva da AT&T que adorava iniciar novos projetos e sistemas, mas que considerava dar manutenção a um projeto extremamente tedioso. Ela perguntava constantemente quais projetos novos e desafios estavam programados para serem iniciados e se oferecia para participar deles. Após um período, ela tornou-se tão habilidosa em procurar e se oferecer para projetos de inovação que seu supervisor concordou em reformatar a carreira dela em 18 meses, através de uma série de avaliações. Hoje, diz Buckingham, ela é conhecida como a Rainha dos Novos Projetos.

Redesenhe a atividade com fraqueza como um veículo para alavancar uma força. Por exemplo, se você detesta reuniões de briefings de design mas adora auxiliar clientes, pratique mentalmente a idéia de que tais reuniões são meios de tornar possível você atender melhor os clientes. Esta técnica não transformará uma atividade “com fraqueza” em uma “com força”, Bucukingham reconhece, “mas pode ajudá-lo a se sentir menos esvaziado por ela.”

Admita que nenhum trabalho é perfeito.Todo papel contém ao menos uma pequena porcentagem de atividades que o enfraquecem mas que você pode evitar, independentemente de como, de forma solícita, você reformate suas responsabilidades a favor de suas forças. O objetivo é manter as fraquezas em um patamar mínimo.

Transformar suas forças em drivers de performance de alto nível leva tempo, reflexão e coragem de redesenhar seu papel como é preciso. Mas o investimento vale a pena. Quando você ocupa a maior parte do seu tempo realizando atividades que toca suas paixões mais profundas, você e sua empresa se beneficiam disso.

* Lauren Keller Johnson é escritora de negócios, de Massachusetts

Fonte: Harvard Management Update, 18/01/08
Publicado pela
HSM Online em 19/02/08


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