segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Unicef Kids

O Fundo das Nações Unidas para a Infância lançou seu primeiro site infantil em língua portuguesa. A página foi criada pelo escritório da organização no Brasil e traz, de forma lúdica, informações sobre os direitos da criança e do adolescente à sobrevivência e ao desenvolvimento, ao aprendizado, à proteção do HIV/Aids, ao crescimento sem violência e sobre como ser prioridade nas políticas públicas.

O site mostra também o trabalho do Unicef no Brasil e no mundo, oferece jogos, desenhos para colorir, testes, vídeos, curiosidades, enquetes e fóruns. A parte gráfica traz fotos de crianças e adolescentes que participam de projetos patrocinados pelo Unicef no país.
www.unicefkids.org.br


Revista Filantropia - OnLine - nº184

Mais...

As redes sociais nos celulares

Empresas fabricantes de celulares miram suas forças no aumento do acesso às comunidades pelos aparelhos

Todos os participantes do Mobile World Congress queriam se tornar os melhores amigos das redes sociais. Da maior fabricante mundial de celulares, a Nokia, à Movidia, uma pequena fabricante irlandesa de chips, todos não falaram de outra coisa que não Facebook, MySpace e Bebo.

A maioria das visitas a essas comunidades online continuam a ser feitas por pessoas sentadas diante de um computador, que contam aos amigos onde estão e como se sentem, trocam opiniões sobre filmes e músicas favoritos ou enviam vídeos.

Mas a natureza espontânea e pessoal de boa parte dessa comunicação se presta perfeitamente aos celulares.

O presidente da MySpace, controlada pela News Corp., anunciou que o número de pessoas que acessam a rede via celular quadruplicou no ano passado, para 20 milhões, ante um total de 135 milhões de visitantes únicos, e o Facebook registrou salto semelhante.

"Esse é realmente o começo do nosso caminho com isso", disse Chris DeWolfe, presidente-executivo do Facebook, à Reuters.

O MySpace anunciou na feira acordos com a Nokia e Palm, que adaptarão alguns de seus celulares para incluírem recursos de envio de imagens ao site com o uso de apenas um botão.

A empresa confia que a maior parte dos fabricantes de celulares incluirão recursos de acesso ao MySpace no ano que vem.

O chamado "celular Facebook" ou Social Mobile, produzido pela INQ, empresa criada pela 3, da Hutchison Whampoa, conquistou o prêmio de celular do ano oferecido pelos organizadores do evento, a GSM Association, e todos os envolvidos se mostraram ansiosos por abocanhar uma parcela do crédito.

"A tecnologia de chipsets integrados da Qualcomm e o software BREW permitiram que a INQ compreendesse o potencial das redes sociais móveis", comemorou Enrico Salvatori, o diretor geral de operações da fabricante de chips Qualcomm na Europa.

Por trás do entusiasmo está um setor de telecomunicações que enfim conseguiu desenvolver a velocidade de rede, a capacidade e os aparelhos que tornam divertida a antes tediosa e demorada experiência de capturar e exibir imagens e vídeos com aparelhos móveis.


Georgina Prodhan
Newsletter HSM Online, 20/20/09

Mais...

Wagner Brenner discute os blogs

Entrevista com o criador do Update or Die, um dos 50 maiores blogs do Brasil

O blog Update or Die (UoD) está entre os 50 melhores e maiores do Brasil. Não. O coletivo Update or Die está entre os 50 melhores e maiores blogs do Brasil. Porque, como diz seu criador e gestor, Wagner Brenner, Update or Die é um movimento que se utiliza de um blog. Seu tema é inovação e sua produção, coletiva e colaborativa; são mais de 200 "updaters", profissionais de áreas diversas como publicidade, cinema, música, fotografia, design e moda. O tom, baseado no estímulo da curiosidade e na paixão de pessoas interessantes e interessadas, endossa a missão de ser um movimento de atualização pessoal por meio do aprendizado informal. Foi esse o processo que Brenner desenhou para ele próprio seguir aprendendo continuamente – e com prazer. Publicitário experiente, Brenner era diretor de criação sênior da McCann-Erickson quando optou pelo update, que virou estilo de vida, que virou negócio. E um negócio em expansão, já que o Update or Die deve iniciar em breve operações em Portugal e nos Estados Unidos.

Aqui ele enfrenta os temas espinhosos dessa ferramenta da internet 2.0. A ferramenta blog morreu, como disseram Nicholas Carr e Silvio Meira, ou não morreu, conforme defendido por Chris Anderson? Blogs bons precisam ser o suporte de algo maior, como uma missão ou um movimento? Eles dão vazão à inteligência coletiva ou desinformam e emburrecem as pessoas? Empresas realmente combinam com esse tipo de rede social? Será que o blog é apenas mais um trabalho que não parece trabalho para não ser remunerado?

Você foi alto executivo de uma grande agência de publicidade, a McCann-Erickson, e agora é um blogueiro –e por opção própria. Um profissional de recursos humanos desses que analisam carreiras talvez dissesse que esse foi um movimento descendente no gráfico [risos]. O que você diria?
Eu tenho problema com o rótulo “blogueiro”. Acho que o blog ficou associado a pequenas ou microcelebridades do mundo da blogosfera, sustentados por jargõezinhos da moda, e e esses caras acabaram personificando os blogs. Do mesmo jeito que tem motoqueiro e motociclista, que são duas coisas completamente diferentes, tem blogueiros e blogueiros. É como se a gente tivesse vendo televisão, por acaso sintonizasse uma novela mexicana e a partir daí achasse que televisão se resume a novela mexicana, em qualquer canal que você entre.

Então, o Update or Die não é um blog?
Não. A gente prefere chamá-lo de coletivo. Ao contrário do que a maioria das pessoas pode achar, ele não é um blog, só faz uso de um blog. Ele é um movimento que celebra a vontade de mudar –essa curiosidade, essa inquietação, que algumas pessoas têm de buscar o novo e o jeito mais fácil disso acontecer é por meio de um blog. O Update or Die nem nasceu como blog. Na época que eu ainda era publicitário trabalhava em agência, em 2003, a gente começou a mostrar algumas referências para os clientes, primeiro em reuniões presenciais, depois pela internet. E isso fez um sucesso muito grande, porque a gente saiu do dia-a-dia de apresentar campanha para uma prática de captar informações e abrir horizontes.

Você falou de informações. Mas hoje as pessoas reclamam de excesso de informação e déficit de conhecimento. Blogs são heróis ou vilões nesse filme?
Podem ser as duas coisas; e tanto heróis como vilões costumam ter grandes poderes. Blogs primam por disponibilizar um volume insano de informações –que antes se perdiam por não passarem pelos gargalos da mídia tradicional– e democratizar a emissão dessas informações, o que pode ser bom e ruim ao mesmo tempo. Muitos que deviam falar e não conseguiam agora podem; só que outros não deveriam falar e também podem. Agora, precisamos refinar o filtro. Mas, na balança, as vantagens ganham disparado. As informações vão virando conversas e eventualmente viram conhecimento. Temos mais pessoas conversando com mais pessoas, como em uma grande festa. O segredo é saber quem você puxa para o canto pra conversar.
Precisamos aprender a conversar, e isso quer dizer aprender a aprender. Diante do novo, só há duas opções: adaptar-se ou morrer, update or die, daí o nome do nosso blog. Mas para que isso aconteça é preciso perder os preconceitos e afiar o bom senso. As coisas mais interessantes muitas vezes aparecem de forma sutil. E a ansiedade por consumir informação atrapalha. Pessoalmente, evoluí bastante em relação a isso: antes achava que tinha que consumir toda a informação disponível, que era desperdício não aproveitar, como um adolescente em churrascaria rodízio. É um consumismo que vem muito do nosso modelo de vida mesmo, de ser "proprietário" das coisas. Mas a verdade é que o volume de informação atual nunca será coberto individualmente. O negócio é desacelerar, escolher bem e saborear mais. Aliás, as palavras "sabor" e "saber" têm a mesma raiz.
Então, eu pratico o aprendizado informal, o autodidatismo, e venho desenvolvendo meu próprio método para isso –cada um deve desenvolver o seu.

Você não se angustia mais com o excesso de informações da internet?
Eu acho que eu evolui nesses últimos anos a minha opinião a respeito do information overload. No começo, eu achava que tinha que consumir absolutamente toda a informação que tivesse disponível –na minha cabeça, era um desperdício não aproveitar, como se eu fosse um adolescente indo na churrascaria e pensando vou pagar 70 paus de qualquer jeito, vou comer que nem um louco, qualquer bobagem que me trouxerem. Depois que você começa a freqüentar a churrascaria mais vezes, você percebe que você não precisa se empanturrar; pode ser um pouco mais seletivo. Isso é consumismo e vem muito do nosso modelo de escola.
Para as pessoas que estão passando por esse momento de angústia hoje, digo o seguinte: eu estou nisso 24 horas por dia e já sei que nada sei mesmo. Não existe a menor possibilidade, mesmo que você morra e nasça quatro vezes seguidas, de você consumir a quantidade de conhecimento que existe hoje no mundo. Então, como eu disse, crie seu próprio método de aprendizado e saboreie. Apenas saboreie.
Se você for lá em casa agora, a gente vai abrir a porta da sala e vai ter dois livros abertos lá. Ai a gente vai subir a escada e na outra sala vai ter mais três livros abertos. E isso é um pouco a imagem do que acontece na minha cabeça mesmo, porque assim eu começo a consumir e vou consumindo muitas coisas ao mesmo tempo –e às vezes eu me perco um pouco nesse sentido. Para contrabalançar, eu tenho umas coisas do tipo me colocar um tema para estudar durante o mês de janeiro.

O Peter Drucker fazia isso também. Ele se propunha a passar um ou dois anos estudando um assunto e ia fundo. Por esse raciocínio, blogs são heróis quando dão vazão à inteligência coletiva, e são vilões quando desinformam e/ou emburrecem as pessoas. Certo? Para quem navega na internet, você pode descrever qual é a linha que separa as duas coisas?
Acho que tudo passa pela curva de maturidade de usar a ferramenta de um jeito legal. Quando você entra na internet é a mesma coisa de você estar numa feira, todo mundo gritando, você não sabe se é banana ou se é ‘chuchu’, fica muito mais difícil.

O aprendizado informal é a chave? Para adultos em especial? Estes parecem ter mais dificuldade de aprender do que as crianças...
Sim, o aprendizado informal é o caminho. Não acho que os adultos tenham mais dificuldade; têm mais resistência. Porque nada mais poderoso do que experiência andando de mãos dadas com curiosidade. Hoje vivemos num “hopi hari do saber” –meu avô não tinha acesso a 10% das coisas que estão ao meu alcance– e não brincar é uma pena! Uma lan house na periferia pode, de certo modo fazer mais diferença para um garoto sem oportunidades do que o ensino formal.
Tudo que a gente aprende naturalmente, sem precisar ir para a escola, é aprendizado informal. Foi assim que aprendemos a falar, a andar de bicicleta, a conquistar a primeira namorada e até a trabalhar –a gente vê alguém fazendo, se interessa e aprende. Lembra do seu primeiro emprego? Você aprendeu olhando para a mesa ao lado. Porém, há um paradigma clássico no mundo corporativo: 20% das coisas que você aprende dentro da empresa vêm do ensino formal e 80% do informal, embora 80% da verba seja investida no formal e 20% no informal. Está tudo invertido.
Pois essa possibilidade de aprender sozinho foi brutalmente potencializada pela internet. Seja lá qual for o objeto da sua curiosidade, tem algum craque por aí disposto a “dividi-lo” com você. São os chamados mavens, os aficionados. Em cinco minutos de conversa com um, você aprende o que levaria anos para alcançar –sem exagero. Já encontrou alguém que entenda muito de música numa festa? Ele passa um volume de dicas e sugestões que você levaria uma eternidade para decobrir sozinho ou formalmente. A conversa flui numa linguagem simples, que eu chamo de “infantilizada”, de quem fala como fã, não como acadêmico. Aliás, o traço principal de gente inteligente é a curiosidade, não a erudição.. E eu odeio jargões, são obstáculos à fluidez da informação. Boas idéias podem ser explicadas –pelo menos por alto– como se estivéssemos falando com uma criança de 10 anos.
Não existe maneira mais rápida e eficiente do que outra pessoa para nos ensinar coisas. Jay Cross, um dos que mais gosto nessa área do informal learning, parece um velhinho contando a história da Chapeuzinho Vermelho quando transmite conhecimento. Aliás, o Jay Cross diz, por exemplo, que você aprende mais numa sala de café do que numa sala aula, ou mais na biblioteca do que numa sala de aula, desde as coisas mais práticas até as mais elaboradas. Por isso, eu acho um absurdo empresa que você não pode entrar na internet no site que você quiser.

Como você, Wagner, aprende? Ou melhor, como organiza sua navegação pela internet com foco no aprendizado –e na captação de posts? Você pode citar algumas ferramentas, pessoas e sites de referência para quem quer se aprofundar neste mundo, coisas descobertas na sua expedição de aprendizado pessoal?
Eu acho que aprendi a ser ‘fuçador’ já na minha profissão. Aparecia uma conta nova de um produto que você desconhece totalmente –como foi, no meu caso, a dos absorventes Sempre Livre– e você tinha de se virar e ir atrás para entender aquele universo. Esse sempre foi um lado muito gostoso da minha profissão, o de ter que aprender, e eu continuo fazendo isso, agora bem mais do que antes até.
Outra coisa é que estou aberto a entender esse mundo, temos todos de estar. Já aprendi que uma boa ideia pode vir de qualquer lugar.

Mas, para tudo isso, precisa saber navegar, né?
Verdade. Acho que na nossa geração, dos imigrantes da internet, isso pode ser um pouco mais desafiador. Para nós, por exemplo, é impossível você pegar do novo sem comparar com o braço do antigo. Mas para o meu filho, por exemplo, que é um nativo da internet, não tem estresse, porque para ele já é natural tudo isso.
Vou te dar um exemplo bacana dele. A gente foi viajar lá pra Disney e lá teve um show do Indiana Jones ao vivo, a pedra rolando atrás do ator, o cara correndo, e o meu filho, que nem sabia quem era o Indiana Jones, achou aquilo sensacional. Voltamos para cá e ele já foi numa loja de videogames e descobriu que tinha um dos Indiana Jones. Aí ele perguntou, “papai o que o Indiana Jones faz?”. Respondi: “ele é um arqueólogo. E ele: “o que é arqueólogo?” Eu comecei a explicar o que o arqueólogo faz e ele quis saber se tinha mais jogos do personagem sobre isso. Eu perguntei: “Como é que a gente pode descobrir?” E ele logo respondeu: “internet”. Entramos no YouTube, tinha jogos com musiquinha e, do lado do computador tinha um teclado. Aí ele já começou a tirar a música. Dá para ver que o processo de aprendizado, que ele não vai esquecer nunca mais, é completamente outro com os nativos digitais. Não é pelo produto, é pela processo, que começa com a curiosidade.

Li um post muito interessante seu sobre leitura 2.0. Imagino que seja algo que nasceu da experiência do blog. Você poderia falar sobre isso e sobre como os bits do blog vêm modificando sua relação com o mundo dos átomos?
Tem modificado basicamente minha maneira de me relacionar com as fontes de informação. Hoje em dia eu pego um livro e lhe dou chances de me pegar. Faço uma leitura circular dele mesmo, de não seguir do começo até o fim em linha reta, como quem desce a rodovia dos Imigrantes até a praia. A gente não tem que ler o livro todo mais para chegar a conclusão de que o livro é ruim. A gente dá uma folheada para ver o que o próprio autor destacou como sendo uma coisa importante e ai já pega um pouco do critério e do tom do autor. Se ele é um cara que entrega rápido ou se deixa tudo para o último capitulo, por exemplo. No Outliers, do Malcolm Gladwell, quando eu li o primeiro capitulo pensei “que coisa maravilhosa, como é que esse cara descobre essas coisas”, mas no segundo capitulo ele começou a justificar o primeiro capitulo, o terceiro capitulo idem, e assim ele foi até o fim do livro provavelmente. Então, eu não cheguei até o fim, o primeiro capitulo bastou. Você tem que apreender o flow, o deixar fluir.

De novo, precisa aprender a navegar para fazer essa leitura circular...
É, e precisa vencer preconceitos também. Tem preconceitos de todos os lados.

Um bom blog precisa ser o suporte de algo maior, como uma missão ou um movimento?
O blog pode ser visto como o suporte para uma missão maior, sim. E essa missão maior é, em primeiro lugar, desenterrar um volume insano de informação que existe por ai e que antes tinha que enfrentar um gargalo de ser publicado –ou por uma revista, ou por um jornal, ou por qualquer meio tradicional de divulgação de informação. Se você imaginar a comunidade dos cientistas, por exemplo, a quantidade de informação que esses caras tem guardadas e que só podiam ser divididas antigamente por publicações do meio, você vê claramente o papel de um blog científico atualmente. Hoje em dia um cientista consegue divulgar isso de uma forma muito maior.
A segunda missão é a democratização da informação. Todo mundo hoje tem um megafone na mão –uns têm até um trio elétrico à sua disposição–, ou seja, todo mundo tem essa capacidade de sair falando. É evidente que isso tem um lado ruim também –muita gente não tem o que dizer e mesmo assim sai por ai falando. Mas só o fato de você ter a possibilidade de responder a qualquer coisa que tenha sido publicada sobre você, por exemplo, já compensa esse lado ruim.
E a terceira missão, ou o terceiro papel legal do blog, é dar voz a pessoas que até então não tinham voz por problema de censura, por exemplo, como acontece no Irã. Por exemplo, é uma loucura o fenômeno dos blogs no Irã –acho que é o terceiro país com mais blogs–, exatamente por essa razão.

Mas na China, por exemplo, não tem blog, não pode...
É, você tenta fazer e os caras cortam. No Irã eu acho que já conseguiram driblar isso.

Um blog pode ser realmente útil, e até profissional, sem descaracterizar-se?
Blog bom nasce de uma paixão. O meu nasceu lá em 2003, ainda dentro da agência, para colecionar as coisas que eu fuçava e dividi-las com colegas e clientes. Sou um fossador por natureza e sempre tive a certeza do poder das referências; eu entendia quanto essa "atualizada" podia contribuir para viabilizarmos projetos mais ousados. A paixão foi tanta que decidi usar minha experiência em consumo para tentar empacotar conhecimento de formas mais simples e gostosas, ajudando nesse processo de "update de gente". Contei com o incentivo do [publicitário] Walter Longo que teve a visão de transformar isso em negócio e me pôs uma “pilha danada”.
Quanto ao uso corporativo, ele pode ser sensacional desde que a paixão e a transparência se mantenham. Temos vários business blogs no escopo do UoD, como o da Livraria Cultura, o da Young & Rubicam, o de vocês e o da Bullet, e todos têm gente apaixonada por “consumir a vida” de modo geral –nenhum virou um jornalzinho digital. Queremos ajudar a criar grupos dentro das empresas para aproveitar o poderoso patrimônio da inteligência coletiva dos funcionários.
Agora há outro sentido de profissonal mais perigoso, que é o do blog que vira veículo e perde a vocação. Tomo cuidado para não deixar o lado comercial interferir no nosso foco do conteúdo diferenciado e do aprendizado informal. Mais do que popular, queremos mesmo é ser relevantes na vida das pessoas, estimular sua curiosidade. É processo, mais do que produto. A qualidade do conteúdo do Update or Die é uma unanimidade. Mas é apenas consequência de um processo –esse, sim, muito legal: gente obcecada, descobrindo e dividindo suas descobertas em tempo real.
Basta lembrar que os updaters são todos voluntários, ninguém ganha nada para escrever. Isso é o que garante a paixão nessa história e, de certo modo, também garante o profissionalismo, porque as pessoas se envolvem e se autogerenciam. Não tenho trabalho algum com o gerenciamento desses colaboradores. Na verdade, tento é não atrapalhar.

Blogs e empresas realmente combinam? Como é sua experiência com seus clientes empresariais, entre os quais a HSM se encontra, aliás?
Veja bem: não somos uma produtora digital que faz blog. Por isso, o que a gente tenta é levar para os nossos clientes uma possibilidade de criar uma comunidade dentro de suas empresas. Se blog e empresa combinam? Sim, porque blog dá vazão ao patrimônio geralmente negligenciado que toda empresa tem: o patrimônio da inteligência dos funcionários. Afinal, pela ótica daquela empresa, são todos pessoas qualificadas para estarem na posição onde estão, certo? E essas pessoas precisam ter uma sinergia entre elas para gerar valor para fora, para o mercado.
A gente fechou recentemente, por exemplo, um contrato para fazer o blog da Livraria Cultura, cujos ótimos vendedores –que estão mais para consultores, na verdade– representam um patrimônio incrível. Você chega lá e pergunta alguma coisa de um livro e eles sabem tudo porque são apaixonados por aquilo; todos lá têm esse perfil. Na HSM é a mesma coisa; vocês são apaixonados pela área de vocês.
Existe uma barreira nos blogs corporativos, e não é tecnológica, como alguns podem supor. Por incrível que pareça, é uma barreira cultural. Existem alguns lugares em que as pessoas se sentem meio intimidadas para escrever, com medo de se exporem, de como podem ser interpretadas. A pessoa tem que estar preparada para encarar a exposição do blog; saiu na chuva, é para se molhar.
Um diferencial nosso é o conteúdo cruzado. Para que o blog corporativo não vire um jornalzinho de empresa, fazemos que não seja só pelas pessoas da empresa. Inserimos conteúdo de updaters convidados –fornecedores, parceiros, clientes– e dos próprios canais do Update or Die. Isso é importante, como eu disse, porque uma boa ideia pode vir de qualquer lugar. E precisa ser cuidadosamente protegida por todos na empresa depois. É uma bolinha de sabão numa fábrica de prego, ela tem muita chance de estourar no meio do caminho, porque tem que passar por muita gente, e vai subindo devargazinho na empresa, então é muito difícil mesmo ela chegar lá mesmo. Deve ter cumplicidade dos dois lados para proteger essa bolha, porque senão ela não acontece.

O que costuma acontecer quando você vai apresentar a ideia de um coletivo numa empresa, por exemplo?
Você percebe que todos no começo ficam assim meio angustiados, com o pé atrás. Aí eu começo com o discurso que tem lugar para todo mundo e que mesmo não pertencia a esse universo. A primeira vez que eu fiquei na frente de um computador foi em 1994!!!
O lance é conseguir derrubar os preconceitos. Se você entra com esse preconceito contra o mundo virtual e começa a desdenhar do tipo “isso ai é tudo fútil demais”, já está se matando. É um suicídio lento nos dias de hoje. Tem de ir com o espírito de aprender. Estamos todos aprendendo.

Você acha que a ferramenta blog já é madura? Alguns, como o Nicholas Carr e o Silvio Meira, acham que ela até já morreu... Na verdade, vou reformular a pergunta: os blogueiros estão matando o blog?
Esse modo de colocar a coisa é interessante! Não sei se eles vão matar, mas eu acho que muitos estão fazendo um bom trabalho tentando fazer isso... [risos].
O problema do blog é que virou rótulo, atitude e moda –e isso pode acabar com toda a espécie. Existe uma curva de maturidade no uso das ferramentas digitais: o Twitter, por exemplo, ainda está no começo da curva; o blog está bem mais adiante. Mas não dá para analisar o fenômeno blog como se fosse uma coisa só; tem blogs de todas as cores hoje em dia, dos cat blogs aos que derrubam governos. A gente até prefere chamar o Update or Die de coletivo justamente para não nos enquadrarmos no rótulo.

O que você recomenda que nossos leitores façam em suas empresas? Blogging ou updating?
Updating, claro! Trata-se de um processo, não de um produto. O updating não tem fim, é para a vida toda. Mesmo que você vire um hermitão. Tanto é que o blog Update or Die é apenas uma parte do grupo Updaters, temos outras frentes como os encontros em empresas, os Updaters’ Talks –ainda restritos aos updaters mas que devem ser abertos ao público com o tempo–, a utilização dos updaters em processos de avaliação e consultoria, e muitas outras iniciativas que estão por vir... Acho que existe uma oportunidade de sair do atual modelo “palestra” e levar ao público a visão do curioso em vez da do "especialista". Queremos deixar todo mundo com vontade de continuar aprendendo sempre, sem estresse e com prazer, e não apenas empacotar um discurso.
Eu acredito em pessoas. Acho que uma pessoa sozinha pode interferir na vida de muitas, pode mudar os rumos de uma empresa inteira. Mas para que essa mágica aconteça é preciso acreditar de fato nisso. As empresas devem estimular as iniciativas individuais e as pessoas devem tomar as rédeas do próprio desenvolvimento, pessoal e profissional. É preciso prestar atenção ao que fazemos nos finais de semana, quando somos mais autênticos. É preciso não cair na armadilha de querer ser como todo mundo, repetir jargões, agir como o resto do rebanho. Dentro de cada um de nós existe algo de único, que pode fazer toda diferença. Só que você preciso investir um tempo para saber o que é. Viva o autodesenvolvimento. Update or die!

E como ninguém deseja a morte, o caminho é esse mesmo [risos]. Mas quais são os horizontes e fronteiras de um negócio de atualização pela internet como esse? Como expandi-lo, por exemplo?
A gente nunca planejou, mas, por conta dos nossos updaters expatriados –temos gentes em Atlanta, Nova York, São Francisco, Madri, Barcelona, Londres, China–, temos recebido leitores desses lugares. A gente tem muita leitura de Portugal hoje em dia, por exemplo. E, assim, vamos abrir um coletivo no mercado de Portugal este ano. E também pretende também abrir um coletivo nos Estados Unidos, com conteúdo em língua inglesa, que é um passo bacana também, porque A língua inglesa a gente acaba atingindo um público bem maior. A gente está vendo como utilizar um pouco dos posts que já são publicados aqui no Brasil, mas a intenção é criar redes de updaters de lá também. São várias caixinhas a serem abertas.

O mundo da gestão é um mundo baseado na mensuração de desempenho. Como se mede o sucesso de blog? Como você mede o sucesso do Update or Die?
Dá para medir sucesso de duas maneiras, uma mais racional e outra mais emocional. Racionalmente a gente vê grandes anunciantes ligando e querendo fazer a parceria com a gente, acompanha todas as métricas de audiência. Porém a mensuração emocional é a mais legal; é quando você perde a paternidade do que criou. É um momento iluminado que parece –oh!– que toca uma música. É quando outras pessoas se apaixonam pelo seu filho e vão tomando conta dele se fossem seus pais também. Hoje vejo as pessoas que escrevem lá no Update or Die, e fico com orgulho de ter conseguido criar um ambiente interessante o suficiente para atrair as pessoas tão interessantes que escrevem lá. Isso é métrica de sucesso.


Entrevista de Jorge Carvalho
Newsletter HSM Online, 11/02/09

Mais...

Carrefour busca projetos para patrocinar

O Carrefour lançou o edital "Jovens em Transformação", e receberá até o dia 13 de março deste ano, inscrições de projetos voltados para a preparação e qualificação de jovens, entre 16 e 24 anos, para o mercado do trabalho. Serão escolhidos três projetos que, receberão individualmente um valor máximo de 83.000 euros, proveniente da Fundação Internacional Carrefour, para ser usado no prazo de um ano.

É também necessário que a proposta contemple a geração de renda, de modo a garantir a auto-sustentação financeira do projeto também no médio e longo prazo. Os recursos obtidos com estes programas devem ser convertidos em benefícios e manutenção econômica da própria instituição, bolsa-auxílio ou em ajuda de custos para os jovens e suas famílias.

"Decidimos apoiar esse tipo de projeto, porque acreditamos na capacidade de transformação dos jovens e valorizamos o trabalho das instituições que criam espaços e oportunidades para o crescimento pessoal e profissional desses jovens", declara o diretor do Instituto Carrefour, Antônio Uchoa.

"Entendemos também que as organizações necessitam de ajuda para ampliar e melhorar seus resultados. Mas os projetos precisam contar com suas próprias fontes de recursos para que se mantenham ao longo do tempo e as mudanças sejam efetivas" afirma Uchoa.

Os programas a serem inscritos devem prever um período mínimo comprovado de qualificação de dois anos. Para participar, os jovens devem estar cursando ou ter concluído o Ensino Fundamental e Médio e ser de uma família de baixa renda e situação de risco social, de acordo com os critérios previamente estabelecidos.

Para a escolha dos trabalhos será formado um "Comitê de Seleção", com participantes indicados pelo Instituto Carrefour, que tenham comprovadamente experiência nas áreas de abrangência do tema e sem nenhum vínculo com as iniciativas inscritas.

Poderão participar entidades sem fins lucrativos como associação, fundação ou cooperativa, que atuem diretamente em uma das cidades ou regiões metropolitanas previamente definidas: Manaus (AM), Fortaleza (CE);Brasília (DF); Vitória (ES); Goiânia (GO);Campo Grande (MS); Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba (MG);João Pessoa (PB); Curitiba, Londrina, Pinhais (PR); Recife (PE); Porto Alegre, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Canoas, Santa Maria, Gravataí (RS); Natal (RN); Rio de Janeiro, São Gonçalo, Niterói, Alcântara, Santa Cruz, Belford Roxo, Duque de Caixas, Campo Grande(RJ).

As fichas de inscrição poderão ser acessados no site www.carrefour.com.br, no Menu Responsabilidade Social/Jovens em Transformação.O processo será efetuado por meio da análise do material de inscrição que poderá ser enviada, exclusivamente, pelos Correios até o dia 13 de março. Não serão aceitas propostas apresentadas por fax, e-mail ou entregues pessoalmente, ainda que dentro do prazo.

O material deverá ser enviado para: Rua Paul Valery, 255 - Granja Julieta - CEP 04719-050 – São Paulo – SP. A/C "Responsabilidade Social – Jovens em transformação".


redeGIFE Online, 02/02/09

Mais...

CNAS reforça anistia de filantrópicas

Ignorando a polêmica gerada no final de 2008 com a edição da Medida Provisória 446/08, a chamada MP das Filantrópicas, o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) renovou o certificado de 4.100 mil entidades para o triênio (2007-2009). A renovação foi publicada no último dia 26, no Diário Oficial da União (DOU), por meio de resolução.

Para entender o imbróglio, é preciso considerar o histórico. Ao publicar a MP o governo mudou as regras para a concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas), documento que isenta de impostos 5.630 organizações registradas em todo o país – a um custo aproximado de R$ 4,4 bilhões por ano.

Na época, a medida foi considerada polêmica em dois pontos. No primeiro, a suposta “anistia” a entidades na renovação do certificado. Pela MP – e agora pela resolução do CNAS - todas as organizações que deram entrada na documentação, incluindo aquelas que estavam em suspeição para renová-la, tiveram deferimento automático de seus pedidos.

Outra discussão fundamental foi a responsabilidade de outorgar o documento, que deixa de ser do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), e passa a ser dos ministérios da Educação (MEC), Saúde (MS)e Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Eles darão a chancela de acordo com as especificidades de trabalho de cada entidade.

”O CNAS precisava se livrar dos processos, por essas duas razões, pois foram deferidos e ele não mais cuidará deles”, explica o advogado, Eduardo Szazi, especialista em legislação do terceiro setor. Segundo ele, é preciso tomar cuidado com generalizações, já que a resolução “publicou” o deferimento de todos os processos em tramite e não apenas daqueles que estavam tendo problemas.

“A lista não compreende apenas as entidades problemáticas, mas todas aquelas que estavam com pedido em andamento, com estrita atenção à quota de gratuidade”, argumenta.

O que é Cebas?
Para entender o tema é preciso saber porque o Cebas é importante. O certificado garante às entidades imunidades tributárias e, em contrapartida, elas devem oferecer à população a continuidade de serviços públicos de saúde, educação e assistência social que a estrutura governamental não consegue oferecer.

Essas entidades - geralmente hospitais, universidades e casas de assistência social - ficam livres da contribuição previdenciária patronal, equivalente a 20% da folha de pagamento, e das contribuições CSLL (sobre o lucro líquido), PIS e Cofins (9,25% sobre o faturamento).

“Mas isso não quer dizer que esse dinheiro vá direto para o bolso dessas entidades, como alguns querem fazer crer. Para conseguir o Cebas é preciso comprovar que existe um atendimento no mesmo valor isentado no imposto”, afirma Szazi.

Briga Política
O anúncio da resolução levantou questionamentos no Congresso Nacional. Em novembro, o então presidente do Senado, Garibaldi Alves, já havia devolvido a MP ao Executivo, com o argumento de que a matéria não atendia os requisitos constitucionais de urgência e relevância.

Agora, foi a vez do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs), senador Heráclito Fortes (DEM-PI), dar sua opinião sobre o tema. O senador classificou como "desrespeito ao Congresso" e "afronta ao Brasil" a decisão do governo de renovar a certificação dessas entidades.

“É uma demonstração cabal de que o governo não está preocupado com a moralidade pública. Reconhecer entidades com graves vícios administrativos é estimular a corrupção no Brasil. Este ato nada mais é que uma demonstração de que o governo defende a impunidade. É lamentável”, condenou o senador, em entrevista à Agência Senado.

Já a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), vice-presidente da CPI das ONGs, identificou dupla responsabilidade sobre o assunto. “Está claro que há um equívoco pelos dois lados. O Senado precisava ter dado uma resposta. Para a senadora, com essa decisão consolidou-se "a certeza de que os membros do governo não estão preocupados com os desvios de recursos praticados por algumas ONGs".

No entanto, segundo o advogado Eduardo Pannunzio não custa lembrar que a posse do Cebas não garante automaticamente o direito à “isenção” das contribuições sociais. “Conforme esclarece a própria MP, além da certificação a entidade deve cumprir diversas outras exigências. Dessa forma, caberá à Receita Federal efetuar esse controle e, se constatado o descumprimento de quaisquer desses requisitos, lavrar auto de infração”, explica.

Além disso, garante Pannunzio, a própria certificação está sujeita a cancelamento pelos ministérios, caso se verifique que a entidade deixou de atender às exigências legais

Espera-se agora uma rápida aprovação da MP – que trancará a pauta da Câmara a partir do dia 4 - com a vitória do senador José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado. Como o político está mais afinado com as propostas do Governo Federal, ele possivelmente não criará empecilhos para sua aprovação, como fez Garibaldi Alves, no ano passado. “Isso torna improvável que a devolução da MP vingue”, acredita Szazi.


Rodrigo Zavala
redeGIFE Online, 02/02/09

Mais...

Google além dos links patrocinados

Empresa lança novas maneiras de anunciar no YouTube e promete explorar a publicidade em seus outros produtos

O Google Brasil está lançando novos formatos publicitários para seu canal de compartilhamento de vídeos YouTube. Chamado de Auto Play, o principal deles se abre ao lado direito da página inicial do site e automaticamente começa a passar o vídeo do anunciante sem o som original por 30 segundos. Caso a publicidade desperte o interesse do internauta - o que desafia os criativos a pensarem peças bastante atrativas -, este poderá clicar no anúncio e assitir ao vídeo na íntegra.

O espaço será vendido através de diárias e será alternado com o outro formato já existente, o Click-to-Play, que se diferencia pelo fato de que não permite que o vídeo rode imediantamente quando a página se abre exigindo o clique do internauta. De acordo com o Google, a demanda pelos espaços já disponíveis no YouTube tem sido alta e a expectativa é aumentar consideravelmente o número de anunciantes no endereço.

As outras duas possibilidades são as versões expansíveis desses dois formatos, sendo que os vídeos aparecem em widescreen com maiores dimensões e fundo totalmente customizável. Todos os formatos contarão com sistemas de medição constante de resultados e jamais aparecerão ao mesmo tempo. A idéia é proporcionar mais interatividade, cobertura e impacto.

Além das novas possibilidades para o YouTube, faz parte dos planos do Google Brasil apostar em formatos para todos os outros produtos da empresa ampliando assim a receita para além dos links patrocinados. Para explorar a audiência de mais de 30 milhões de brasileiros do Orkut, por exemplo, o Google colocou em teste no final do ano passado um espaço destinado a publicidade através de banners que aparece no perfil dos usuários. Segundo a empresa, a proposta é lançar novos espaços ao longo do ano explorando outros serviços como Google Maps.


Mariana Ditolvo
Meio & Mensagem Online, 29/01/09

Mais...

Mix de Comunicação - tudo o que você precisa saber para construir um plano de comunicação eficaz

Estratégia de comunicação tem por objetivo comunicar de forma clara e compreensiva a proposta de valor da empresa, ou seja, “o que” a empresa, por meio de seus produtos e serviços, tem para oferecer ao seu público-alvo (clientes).

A estratégia de comunicação também deve telegrafar o posicionamento da empresa. Uma combinação entre: a) a identidade da empresa; b) imagem que a empresa tem perante o mercado; e c) proposta de valor materializada por meio de seus produtos e serviços.

Muita calma nesta hora! Este é “O MOMENTO” de investir uma boa parte da sua verba destinada a marketing e comunicação.

É fundamental obter o máximo de indicações formais de que a empresa está realmente pronta para “vocalizar” sua essência para seus clientes sem causar “dissonância cognitiva”. Em bom português: evitar uma reação negativa ou, pior ainda, uma reação de descrédito quando a mensagem chegar aos ouvidos dos clientes.

Compreender o “arsenal” das ferramentas de comunicação disponível, ou, tecnicamente falando, o “mix de comunicação” disponível é o primeiro passo antes de colocá-lo em uso.

“Cada ferramenta de comunicação atua como um ‘amplificador’ que entrega a mensagem ‘da Empresa’ aos ouvidos do público-alvo com maior ou menor intensidade e com mais ou menos ruído.”


Construindo um plano de comunicação eficaz
Seguindo a metáfora do “amplificador” para explicar novos conceitos... Existem também interferências, ou seja, várias empresas utilizando-se do mesmo “amplificador” (share of voice), o que significa que a voz “da Empresa” ou sua forma de expressão tem que ser transmitida alta e claramente (stopping power) para sobressair (breakthrough the clutter) a dos concorrentes, que muitas vezes estão investindo mais dinheiro (share of investment) e acabam por chegar a um número maior de clientes (reach) e também com maior freqüência (frequency).

Conhecer bem o público-alvo nesta fase é fundamental para que o volume de investimento possa impactá-los de forma eficiente, ou seja, você pode comprar um “amplificador” só para você (roadblock), o que custa caro, mas definitivamente será mais eficiente.

Um plano de comunicação eficiente deve cercar, “orbitar” o público-alvo, ou seja, devem-se mapear com maior precisão possível os “pontos de contato” com este público para GARANTIR AFINIDADE e priorizar os investimentos no mix de comunicação EVITANDO DISPERSÃO.

Focar em táticas que tenham maior afinidade com o público-alvo e menor dispersão é fundamental para eficiência do plano.

O próximo passo é definir o conjunto de atividades que serão destinadas de forma equilibrada a cada um dos três pilares: “construção da marca”, “geração de demanda” e “desenvolvimento dos canais de vendas”, e assim decidir quanto investir em cada um destes três pilares conforme as prioridades da empresa.

A integração completa entre programas de marketing e vendas que têm objetivo de construir sua marca, gerar demanda e desenvolver seu canal de vendas.


PROPAGANDA - não jogue dinheiro no lixo!
Sua empresa pode, rapidamente, jogar 80% da verba de marketing e comunicação no lixo!

Nunca se deve usar qualquer tipo de propaganda fora do contexto de uma campanha que comunique de forma compreensível e multimídia a promessa que sua empresa pretende fazer a seus clientes. É um erro grave investir em propaganda com o objetivo de explicar, ou pior, "evangelizar", uma determinada experiência proporcionada por um produto ou marca desconhecida.

Propaganda é uma ferramenta poderosa para recuperar e organizar o que já está na cabeça de seu cliente sobre sua empresa. É uma ferramenta de mão única ainda muito usada pela pré-histórica escola de comunicação que resiste ao mundo digital. Existe um ditado que diz que "metade do dinheiro investido em propaganda vai para o lixo, só não se sabe qual metade". Não arrisque - pergunte antes a um especialista sobre como usá-la de forma eficaz.

* PROPAGANDA COOPERADA
Empreste, ou pegue emprestado, o poder da marca do seu parceiro de negócio. Propaganda cooperada tem duas funções:

1. Emprestar sua poderosa marca para um parceiro estratégico que não tem o mesmo peso ou reconhecimento.
2. Associar sua marca, pegar uma carona nos atributos de uma marca de grande reconhecimento. A propaganda cooperada nunca deve ser executada sozinha, ou seja, é uma extensão de uma campanha central.

* PROPAGANDA COM TESTEMUNHAL E ESTUDO DE CASO
Credibilidade com aplicabilidade. É uma tática simples e rápida de comunicar o benefício de um produto ou serviço. Combina dois elementos poderosos: a "voz do cliente" relatando sobre o "benefício real" que ele teve ao adquirir o produto da sua empresa.

Esse tipo de propaganda deve ser utilizada em conjunto com uma ação de assessoria de imprensa. As duas juntas têm grande afinidade e amplificam eficaz e exponencialmente a credibilidade da mensagem.

ASSESSORIA DE IMPRENSA
Construindo a marca com credibilidade e neutralidade do jornalismo. A forma mais eficiente de explorar ao máximo esta excepcional ferramenta é alinhá-la com os objetivos da empresa. A partir daí, deve-se mapear e conhecer as publicações e editores com maior afinidade. Como métrica de sucesso, torne sua empresa uma fonte confiável de informações, na qual o editor pode colher o que precisa para suas publicações.

São pouquíssimas as empresas que sabem usar assessoria corretamente. Normalmente confundem assessoria de imprensa com propaganda gratuita e não conseguem mais do que notinhas de rodapé na sessão de miscelâneas e, claro, a antipatia dos editores.

MANUAL DE IDENTIDADE VISUAL
Não sai de casa sem ele!

O manual da marca confina através das suas regras bem definidas a exaltação do ego criativo de agências que pensam apenas em ganhar prêmios. Confina também o mau gosto de indivíduos internos da empresa que acreditam profundamente que podem construir campanhas eficazes. Use o manual de identidade visual como um amuleto contra estas duas forças perversas. Mantenha-o sobre o poder de um diretor sênior ou presidente que não se deixe levar por entusiasmo nem mau gosto. O manual de identidade visual é O caminho para construção consistente e coerente da marca ao longo do tempo.


MATERIAL INSTITUCIONAL: OBRIGATÓRIO E INDISPENSÁVEL
Não culpe o cliente por não entender seu posicionamento. Sua empresa é quem está promovendo o caos!

* O FILME
Muito usado em festinhas, feiras e convenções. Um verdadeiro desperdício de dinheiro do acionista! O filme institucional tem uma função nobre, fundamental para a compreensão do posicionamento da empresa. É uma ferramenta obrigatória para o time de campo que fala com os clientes. NÃO, você não quer o time de campo apresentando a empresa com suas próprias palavras! Tenha absoluta certeza que sua marca não estará sendo violada a cada contato.

* O FOLDER INSTITUCIONAL
Companheiro inseparável do FILME INSTITUCIONAL.

Juntos, têm a função de em 15 minutos de conversa com o cliente posicionar de forma compreensível sua empresa, seus produtos e serviços. Pedem permissão para que a extensão da reunião seja suave a favor da sua empresa. Torne obrigatória a utilização destas duas ferramentas para qualquer indivíduo que tenha relacionamento com o cliente. Ou então, confie o destino da sua marca a capacidade de articulação e dicção de seus representantes. Receita infalível para o fracasso na construção da marca!


EVENTOS
Mostre a cara!

A presença física e o toque são fundamentais para a materialização da empresa e seus produtos. A atitude na forma dos valores da empresa só é transmitida com eficiência com a presença física. Existem vários tipos de eventos que podem ser elaborados de acordo com a estratégia a ser perseguida:

* MESA REDONDA
Evento qualitativo. Convida-se nominalmente um grupo seleto dos principais clientes. Para este tipo de evento deve-se buscar uma mescla saudável entre malho de vendas e algo que promova o relacionamento. É muito comum uma degustação. Busque memorabilidade!

* SHOW CASE
Neste tipo de evento a empresa mostra pra seus clientes tudo o que tem. Expõe seus produtos e serviços para "degustação" e permite ao cliente, através do representante de vendas, manipular o produto ou explorar o potencial de um determinado serviço. Busque a degustação do que se está promovendo.

* ROAD SHOW
Leve a experiência para o cliente em sua cidade. Combinar o roadshow com show case é uma técnica eficaz para promover um excelente encontro entre empresa e cliente. No roadshow seja generoso. Busque horários alternativos, sessões repetidas e hotéis de qualidade.

* FEIRAS E EXPOSIÇÕES
Tematize sua presença na feira. Seu stand é sua cara e seu posicionamento!

Aproveite para combinar sua presença na feira com assessoria de imprensa, já que é um hot topic em destaque. Aproveite também para realizar eventos paralelos. Seu público muitas vezes viaja de todos os lugares para visitar a feira. Por isso, jantares, festas, cafés da manhã, coquetéis etc. são uma ótima oportunidade ao redor destes eventos.

* CONVENÇÕES
Treine, capacite, mas principalmente celebre!

Uma convenção é um evento que deve acontecer ao menos uma vez por ano. É um momento de compartilhar as estratégias para o ano seguinte. Apresentar novos produtos e serviços não somente para os representantes e colaboradores, mas também para os clientes que transacionaram com a empresa ao longo de um ano. Não use todo o tempo apenas para assuntos relacionados ao dia-a-dia do trabalho. Celebre, distribua reconhecimento por desempenho, distribua prêmios, apresente novos desafios e programas de vendas e marketing.


CUSTOM PUBLISHING
Toda empresa tem um catálogo de produtos. Uma opção é misturar seu catálogo de produtos com um editorial e transformá-lo em uma revista que organiza a exposição de seus produtos de forma contextualizada.

A tática de construir revistas customizadas ao negócio vem crescendo muito. É uma forma de organizar a experiência do produto ora mostrando features, ora deixando experts e iluminados da indústria dar seus testemunhos sobre tendências, expectativas de mercado, aplicabilidade etc. Não use on-line. Mesmo que mais caro, imprima e entregue um exemplar físico. Outra boa tática é encartar com a publicação mais importante do setor que sua empresa está inserida.


INTERNET
O conceito a ser perseguido é que o público alvo deve estar a um click do que está buscando.

* INTERNET VIA HOT SITE
É uma área de aterrissagem específica para um programa de vendas específico ou para um produto que acabou de ser lançado.

É, definitivamente, uma boa ferramenta para consolidar todas as informações que orbitam um produto ou promoção. O hot site deve ser simples, direto ao ponto e oferecer exatamente o que o cliente busca. Portanto, neste caso, menos é mais!

* SITE INSTITUCIONAL EQUIPADO COM E-COMMERCE
Desative seu site monolítico, chato e inútil. - Use a internet como portal de relacionamento com seus clientes.

Existem várias funções que habilitam seu site a tornar-se um portal de relacionamento interativo com o cliente ou grupos de clientes específicos. Popule o site com conteúdo relevante, estimule o retorno, reforce a utilização do conteúdo via newsletters periódicas.

Permita downloads, aponte para links afins, publique pequenos filmes, monte um blog, estimule chat, publique vídeo treinamento sobre especificações de produtos, disponibilize material de divulgação, e-commerce etc.


O PLANO DE COMUNICAÇÃO
Só chame ou fale com seu cliente quando estiver seguro do seu posicionamento e mensagem. Se não tem nada pra falar, o melhor mesmo é ficar quieto.

Não se aventure por este caminho sem ajuda de um especialista. Um plano de mídia eficiente deve ser integrado, cross-mídia e que tenha capacidade de cobrir diversos pontos de contato com o cliente, ou seja, desde seu despertar até a hora de dormir, passando pelo trabalho, casa, trânsito, lazer etc. Cada ferramenta de comunicação tem uma função bem definida. Usou errado, verba de marketing foi para o lixo e sua empresa continua no anonimato!

Conheça os elementos do MIX DE COMUNICAÇÃO antes de decidir sobre o Investimento:

* TV
Só deve ser usada no caso de produtos que precisam aparecer para grandes massas. Mesmo assim, deve-se observar o mínimo de freqüência para que a empresa apareça minimamente. Não se compra TV por unidade de anúncios, mas por índices de cobertura e freqüência.

Esta ferramenta é uma grande comedora de verba de marketing e de eficiência cada vez mais questionável por sua característica unilateral. Prefira TV a cabo! Se tiver duvidas do porque, tente assistir TV aberta por mais de 5 minutos e responda, honestamente, se associaria sua marca a algum destes programas.

* MERCHADISING
Ótima forma de associar sua marca em uma situação real. Extremamente caro já que normalmente entra no contexto de uma novela, por exemplo, e o cliente não tem nenhum controle sobre a exposição já que o autor é quem decide como será inserido o produto e por quanto tempo. Se sua empresa não está entre aquelas que têm mais dinheiro de marketing que idéias, não use!

* RÁDIO
Difícil utilização! é comum ouvirmos propagandas toscas no rádio. O erro mais freqüente é tentar simular uma experiência proporcionada por um produto sem imagem. Rádio precisa de muita freqüência para que sua empresa apareça minimamente. Nunca use isoladamente, procure patrocinar programas específicos que têm afinidade com sua marca ou produto.

* JORNAL
Baixíssima retenção. Compra-se, lê-se e na mesma noite vai para o quintal para o cachorro fazer xixi sobre ele. Não use para construção de marca. Use para ações pontuais de geração de demanda em programas de vendas específicos com períodos bem definidos.

* REVISTA
Ótimo meio de comunicação. Principalmente as verticalizadas ou especializadas em um determinado tipo de indústria. Prefira sempre páginas duplas, ou melhor, ainda, use formatos impactantes como z-fold ou gate-fold. Uma boa estratégia é utilizar formatos mais impactantes, mais caros, para o lançamento de uma campanha e depois sustentá-los com páginas duplas. Se você só tem dinheiro para páginas simples, use seu dinheiro em outra ferramenta de comunicação.

* BANNERS
Não têm muita eficiência e devem ser trocados com freqüência, já que viram parte da paisagem rapidamente. Alternativas como compras de palavras chave via Google ou otimização dos sites de busca com SEO são alternativas com melhor custo beneficio. Em hipótese alguma use pop-ups.

* PROMOÇÕES VIA INTERNET - Email marketing é muito frágil!
Esta ferramenta de custo muito baixo se popularizou através dos SPAMs que a transformou em vilã, aniquilando sua promessa de eficiência, custo baixo e performance. No entanto, para quem sabe utilizar, é uma ferramenta muito eficaz. Use sempre acompanhada pelo televendas proativo. As promoções de cross selling e upselling devem ser entregues por email marketing e reforçadas, imediatamente após o disparo, pelo televendas de forma proativa.

* INFORME PUBLICITÁRIO
Excelente ferramenta para lançamento de campanhas. Seu uso deve ser muito pragmático e bem formatado para facilitar a vida dos que decidirem ler. Cuidado para não colocar um informe numa revista de baixa afinidade com seu público-alvo. A chance de alguém ler é exatamente nenhuma.

* MOBILIÁRIO URBANO
Cidade limpa deveria ser um programa obrigatório em todas as cidades para evitar a poluição visual. Se em sua cidade, a propaganda de rua é livre, não use esta FERRAMENTA para não misturar a imagem da sua marca ao chiqueiro urbano. No entanto, existem ótimas oportunidades de fazer diferença em lugares específicos com aplicações bem elaboradas. Usar dentro e fora do domínio de um aeroporto, por exemplo, pode ser muito eficaz. Existem, por exemplo, TVs internas, backlights, carrinhos, promoções dentro do avião, revista de bordo, outdoors etc. Definitivamente aeroporto é um bom território a ser dominado!



IMPORTANTE
Considerações sobre “reach e frequency”: metodologia criada nos anos 70. Os meios de comunicação de hoje, como a Internet, e a TV digital, não existiam naquela época. Portanto, este método, se seguido, deve sê-lo com muita cautela. Não é uma regra que garante o sucesso do plano, muito pelo contrário, é uma regra que pode “queimar” literalmente seus investimentos extremamente rápido. As agências tradicionais, que seguem o modelo ultrapassado de montar um plano de mídia, gostam desta regra porque conseguem alocar maior volume de dinheiro em ações tradicionais “above the line”, em que se cria um filme de TV, por exemplo, e se gasta a maioria do investimento do cliente com o mínimo esforço. Já o “below the line” dá trabalho, é menos rentável e muito mais difícil de implementar. Na maioria das vezes, quando um plano de comunicação não gera nenhum efeito é porque esta observação importante foi negligenciada.

“Um plano de comunicação efetivo também deve mapear os hábitos dos clientes para impactá-los durante seu dia-a-dia.”

Exemplo: Público-alvo é aqui representado pelo ‘Pedrinho’
1. Acorda pela manhã e liga o rádio na estação de notícias;
2. Dirige até o trabalho ouvindo rádio, numa via com muitos outdoors;
3. Chega ao trabalho e acessa o site de Notícias e Saúde;
4. Lê seu jornal preferido;
5. Dá uma olhada na sua revista semanal e mensal que carrega na sua pasta;
6. Checa seu e-mail pessoal;
7. Abre sua correspondência com várias malas diretas de várias empresas;
8. Volta do trabalho pela mesma via com outdoors, só que agora ouve música;
9. Chega em casa, liga TV para ver o jornal e assistir novela;
10. Depois da novela, vai ao cinema.
_________________________
Saiba mais - é só clicar nos artigos abaixo:
* Público Alvo
* Mix de Comunicação
* Elasticidade da Marca
* Experiência da Marca
* Estratégicas de Marketing
* Construindo Marcas que vendem


Fonte: BrandMe

Mais...

NBC veta filme da Peta

O comercial que defende os vegetarianos foi considerado de alto teor sexual

Um comercial da Peta, ONG que atua em favor de um tratamento ético aos animais, teve sua transmissão vetada pela rede de televisão americana NBC por ser considerado de alto teor sexual.

Veja o filme clicando no link "Mais" abaixo.

O filme, que foi veiculado nos intervalos do Super Bowl, chama-se "Veggie Love" e mostra mulheres de lingerie em posições insinuantes que começam a dançar rodeadas por vegetais, enquanto levam brócolis e abóboras para uma banheira. A peça encerra com a assinatura: "Os estudos demonstram que os vegetarianos fazem sexo melhor. Seja vegetariano".

Por meio de um comunicado, a NBC justificou a decisão alegando que "o comercial vai além do nível sexual admissível" e que teria sido vetado por não se ajustar às normas da emissora, que este ano será a encarregada de retransmitir o Super Bowl. A rede acrescentou estar disposta a reconsiderar sua posição desde que a organização elimine algumas das sequências "inapropriadas".


Meio e Mensagem Online, 28/01/09

Mais...

Novas oportunidades para o investimento social

A precipitada queda dos mercados pelo mundo e o medo de uma recessão global, criaram a mais desafiadora situação econômica da geração. Porém, à medida que observam de perto seus investimentos financeiros, eles podem observar que os investimentos sociais podem preencher um nicho que anteriormente estava vazio.

A crise financeira alterou a forma como os investidores veem os riscos. Quando os mercados de ações estavam numa bolha de crescimento sustentável, os investidores começaram a ter a expectativa de poder aumentar suas carteiras a cada ano. Mas agora que o valor de muitos investimentos tem sofrido quedas, investir ficou repentinamente mais arriscado. Como consequência, os investidores estão olhando da mesma forma o retorno dos investimentos de risco e o impacto social e ambiental.

O investimento no social, que dá retorno financeiro com alto impacto social, teve momentos difíceis nos anos recentes ao competir com os investimentos tradicionais, que têm retornos maiores, porém sem o benefício social. Os investidores geralmente estariam mais preocupados com os retornos no resultado final. Mas com a queda dos valores destinados a esse fim, os investidores poderiam considerar outras faces dos recursos além dos resultados.

“Até aqui, tem havido uma fria determinação para focalizar somente os números, quando ficou evidente o redemoinho que temos vivido onde as contas não são confiáveis”, disse James Bevan, Oficial Chefe de Investimentos do Gerenciamento de Investimentos CCLA, uma empresa de gerenciamento de fundos para caridade, igrejas e autoridades locais do Reino Unido.

“Estes são tempos instigantes” ele disse. “Num mercado estourando é fácil ser guloso. Mas num de turbulências como este aqui, as pessoas começarão a procurar pelo investimento total”. Em outras palavras, aquele que afeta as comunidades e os problemas cruciais.

A turbulência nos mercados tradicionais surge no momento onde os fundos de investimento social estão aumentando. O Fórum Europeu de Investimento Responsável (Eurosif) descobriu que de 2005 até 2007, o crescimento dos recursos nos fundos de responsabilidade social europeus mais que dobraram para um total de € 2, 66 bilhões administrados.

Apesar da turbulência do mercado, muitos dessas linhas de investimentos tiveram sucesso para levantar recursos para suas necessidades e fechar a sua quota. A BRAC, que trabalha com o Shore Bank Internacional dos EUA, fechou seu fundo Africano de Crédito com muito sucesso arrecadando US$ 63,4 milhões para sustentar suas operações em Uganda, Tanzânia e sul do Sudão. Adili, a fábrica de confecções éticas do Reino Unido arrecadou com êxito £ 1 milhão para suas operações. O Banco Triodos, sediado na Holanda, recebeu € 20 milhões em comprometimentos para seu novo fundo de micro financiamento de € 100 milhões.

Dada a incerteza da economia, os investidores não querem se aventurar além dos seus investimentos tradicionais para investimentos sociais, mas será demandado deles padrões éticos e sociais “mais altos que os dos seus investimentos tradicionais”, disse Guy Davis, chefe de filantropia da Pan Assets Management do Reino Unido. “A curto prazo, o mercado de investimento social não se multiplicará exponencialmente; penso que existe um crescimento relacionado à noção de que o investimento social como forma crescerá e, a longo prazo, será muito mais popular”.

Enquanto as condições do mercado tempestuoso abrem oportunidades para investimentos sociais, precisa ser observado como se sairá a economia global. O Fundo Monetário Internacional previu na sua reportagem no final do ano passado na World Economic Outlook que a economia mundial “está entrando numa grande retração econômica” seguindo “o choque financeiro mais perigoso dos mercados maduros desde 1930”.

Para filantropos que possuem sua própria carteira de investimentos para administrar, os eventos pouco têm mudado suas estratégias ou suas ações, disse Charles Mesquita chefe do investimento de filantropia em Rensburg Sheppards. “A filantropia terá sua estratégia no lugar, e não estamos vendo mudanças nessas estratégias. Elas não farão mudanças com a evolução dos eventos”.

No Banco da Caridade, o banco do Reino Unido que utiliza seus depósitos para fundar empreendimentos sociais, a demanda continua alta para caridades que precisam de fundos, disse Jerry Moore gerente sênior do risco de créditos. Ele pensa que o efeito nocauteador na economia e no investimento social no mercado acionário será imenso.

“Nos, certamente vivemos momentos interessantes, os mais interessantes de nossas vidas,” Moore continua: “Isto, de longe, é a pior crises que tenho visto em muitos anos. Mas no final do dia, ainda tem gente que investirá e nós, como instituição, estamos abertos para negócios”.

Investors’ perspective é produzido com a colaboração com Investing for Good, um financista social intermediário e gerenciador de ativos baseado no Reino Unido, fundada em 2004. http://www.investingforgood.co.uk


Maureen Stapleton
Analista na Investing for Good. Email: mstapleton@investingforgod.co.uk
Envolverde, 28/01/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

Mais...

Armadilhas da web 2.0

Companhias que tentam se conectar com pessoas jovens via sites de web 2.0, dedicados à sustentabilidade, são como um pai embaraçado em uma festa de adolescentes

Uma ruiva linda olha bem para seus olhos e promete que vai “desplugar mais seus aparelhos eletrônicos”. Uma mulher asiática dá sua palavra de honra de que vai “trocar mais com as outras pessoas”, e um homem barbado na moda diz que ele “pelo menos vai considerar um carro híbrido”.

Esses personagens são membros de um variado elenco espalhado por sete páginas consecutivas em uma recente edição da New Yorker, nos incitando a entrar em um site chamado willyoujoinus.com, uma criação da Chevron, uma companhia petrolífera americana que no Brasil, é chamada de Texaco.

O objetivo do anúncio publicitário parece ser ambíguo. Ele mostra às pessoas que a companhia se preocupa com a crise energética, assim como incita os leitores a visitar o site que tenta construir uma comunidade de gente que também se preocupa com essa questão.

A Chevron não está sozinha no que diz respeito a corporações experimentando a tão chamada “web 2.0”. Usando páginas na internet separadas dos seus sites corporativos. Outras que seguem a tendência são a Waste Management, baseada em Huston, Texas e a Liberty Mutual, companhia de seguros com sede em Boston, Massachusetts. E muitas outras empresas estão planejando empreendimentos similares.

Ainda estamos sem resposta sobre a efetividade dos sites corporativos web 2.0 que são um sistema híbrido de sites de campanhas sociais (como o de Barack Obama) e redes sociais on-line.

Acredito que esses sites corporativos não funcionam porque eles são uma invenção, são falsos, o sonho mal-sucedido de funcionários de RP. Eles me lembram um pai de meia idade usando um boné virado para trás procurando impressionar os amigos do seu filho.

Sites tradicionais – aqueles que as companhias já têm – são folhetos on-line. As informações estão expostas, mas guardadas e existe pouca oportunidade para os visitantes interagirem com elas. Os sites de web 2.0 enfatizam a interatividade oferecendo ferramentas, como calculadoras de carbono, blogs dos executivos (onde os visitantes podem comentar e se engajar em um diálogo) e oportunidades para criar uma rede de visitantes que possuem interesses similares.

O último benefício é que isso é especialmente excitante. Se você pode criar um site e ele pode criar sua própria comunidade, então ele obtém vida por si próprio e pode se desenvolver em um destino, pode ajudar efetivamente nas idéias envolvidas com sustentabilidade. A companhia patrocinadora se beneficiará por ser vista como uma facilitadora do debate.

Melhorando o Facebook
Companhias estão encantadas com o prospecto de se tornarem um site desses, algo parecido com o Facebook (rede social on-line mais usada pelos americanos, equivalente ao Orkut), ou ainda aqueles sites extremamente populares onde as pessoas publicam fotos dos seus gatos fazendo caretas engraçadas.

Até agora, os prospectos das campanhas de websites corporativos parecem sombrios, dado a pobreza das primeiras ofertas. Por exemplo, a Liberty Mutual tem um slogan: “Responsabilidade? Qual a sua política?” Isso passa extensivamente na televisão incitando as pessoas a serem cidadãos responsáveis, dizendo que ela é uma corporação responsável e cidadã. O anúncio mais recente tem uma jovem em uma cadeira de rodas fazendo esforços hercúleos para andar de transporte público na chuva indo votar nas eleições.

A companhia – que não tem nenhuma política de responsabilidade corporativa publicada – vem tentando começar um debate sobre responsabilidade pessoal dizendo às pessoas para visitarem seu site de responsabilidade (que é separado do site da companhia). Lá o internauta encontra outros videos e um blog onde acontece um “debate” pré-aquecido. Um jornalista é o blogger. Isso é profissional, mas passa qualquer limite. Todos aqueles que postam comentários parecem escrever com a mesma eloqüência do blogger. Se essas são realmente pessoas reais, então suas contribuições estão sendo editadas. Dessa forma, não se pode visitar o site sem aquele sentimento horrível de estar nas mãos mortas do departamento de relações públicas.

Então encontramos um problema. Sites de redes sociais de verdade funcionam porque eles são reais. As pessoas os visitam porque elas procuram uma comunidade em que realmente querem entrar. Visitantes fazem comentários em blogs porque eles se sentem confiantes sobre as questões discutidas. E é possível saber quando essas pessoas são reais, quando elas escrevem mal.

Por que qualquer mortal comum quereria passar seu tempo em um site ruim conspirado pelo pessoal do marketing? Por que a Chevron acredita que os modelos de boa aparência vão “desplugar mais seus aparelhos” e vão falar animadamente sobre isso no willyoujoinus.com?

Eu posso entender porque as pessoas iriam ao site do Greenpeace em busca de um senso de comunidade. Mas porque qualquer um em seu perfeito juízo iria buscar o mesmo no site da Waste Management ou o da Liberty Mutual?

Suponho que algumas companhias com marcas extremamente fortes possam fazer isso. A Apple e a Nike talvez, ou aquelas companhias que fabricam acessórios e tênis de skatistas muito legais.

Mas companhias que não são legais ou “maneiras” – e a maioria é assim – irão a absolutamente a lugar nenhum usando seus bonés virados para trás.

Peter Knight,
Correspondente da Ethical Corporation, presidente da Context Amercia e diretor do Context Group
Ideia Socioambiental, 29/01/09

Mais...

Novo site aponta avanço desigual nos ODM

Reduzir pela metade a pobreza extrema é uma das metas da ONU em que o Brasil evoluiu, como um todo. Mas, em 433 municípios, o que aconteceu foi o oposto: o número de pobres cresceu de 1991 a 2000 (últimos dados disponíveis sobre o tema). Esse tipo de desigualdade motivou a criação do Portal ODM, um site que vai acompanhar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) nos 5.564 municípios brasileiros. Os ODM são uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015 e que agora estão sendo adaptadas para os municípios do Brasil.

“As médias são perversas”, diz o coordenador executivo do Núcleo de Apoio a Políticas Públicas e um dos responsáveis pelo Portal, Sergio Andrade. “O Brasil avança na média, mas os problemas locais continuam”, acrescenta.

Exemplo disso é o município de Manari (PE) que, em 1991, tinha 87,8% da população vivendo com menos de meio salário mínimo, a linha de pobreza considerada pelo Portal para os municípios. Esse percentual de pessoas vivendo com menos salário mínimo cresceu e chegou a 89,99% em 2000. Manari é o município de mais baixo IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), uma adaptação do IDH aos indicadores regionais brasileiros. O pior desses casos é o da cidade de Palmares Paulista (SP), onde o número de pessoas vivendo abaixo do indicador de pobreza do Portal cresceu 153,6% no mesmo período. Ao todo 2769 cidades (das 5507 para as quais havia dados desse indicador até 2000) tiveram desempenho pior que o do Brasil como um todo.

Na outra ponta, mostra o portal, 11 municípios (todos do Rio Grande do Sul) conseguiram reduzir o número de pessoas na pobreza em 2000 para um quarto do que era em 1991. Paraí obteve o melhor desempenho com uma redução 81% dos habitantes que viviam com menos de meio salário mínimo.

Para reduzir essas discrepâncias, a equipe do site (que ainda funciona com limitações, mas deve entrar no ar nesta semana) espera inserir os ODM na agenda de governo dos prefeitos que assumem em 2009. Para Ana Rosa Soares, do PNUD, o portal marca uma nova fase de estímulo aos ODM no Brasil. “Hoje o governo federal já está bem envolvido, tem trabalhos importantes na área, mas queremos que os ODM sejam alcançados por todos, na esfera local”.

Adaptações
Alcançar as metas, porém, não é responsabilidade integral do município. A pobreza, como no caso de Manari, depende de outros fatores: “é uma questão estrutural do país que um município não resolve sozinho, mas ele também é um ator importante”, argumenta Sergio. “A ideia não é culpar um município por não alcançar uma meta da ONU, mas sim fazer com que ele progrida e que estabeleça sua própria meta”, afirma Ana Rosa.

Usar as mesmas metas para o governo de uma nação ou de uma pequena cidade pode parecer uma dificuldade, mas os idealizadores do Portal são unânimes em dizer que isto é possível. “A cidade é onde a vida acontece de verdade”, diz Luciana Brenner, coordenadora do Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis). Para ela, a capacidade de mobilização, de apoio da população às ações de governo, torna-se maior quanto mais locais forem as ações.

Para reunir os dados, o Portal ODM fez uma seleção de índices que são compatíveis à realidade municipal e que têm relação com as metas. Cabe ao município compreender os desafios que lhes são mais pertinentes e até decidir se vai incluir outros dados, traçar outras metas próprias que vão de encontro aos ODM, explica Luciana. “O Portal traz o feijão com arroz para mostrar como os ODM estão e os municípios, para efeitos de planejamento, podem trazer mais indicadores”, acrescenta Sergio.


Dayanne Sousa, para o Pnud
Envolverde, 28/01/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

Mais...



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br