segunda-feira, 30 de abril de 2007

PUCRS prepara encontros do terceiro setor em junho

Publicado pelo Correio do Povo

O VI Encontro Internacional do 3º Setor – Economia Social, VIII Encontro das Fundações e Organizações Sociais do Mercosul e I Encontro de Comunicação do Terceiro Setor acontecem nos dias 26 e 27 de junho no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. Um dos objetivos do encontro é a formação do Conselho Nacional Permanente do Terceiro Setor – Economia Social.

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Diminui “abismo digital” entre ricos e pobres

Publicado no INFO Online na sexta-feira, 27 de abril de 2007

Estudo aponta que países em desenvolvimento estão diminuindo seu atraso no uso de tecnologias digitais.

O estudo foi organizado pelo instituto americano Economist Inteligence Unit e contou com a ajuda da IBM, que auxiliou os pesquisadores a definir a metodologia de análise.

O estudo avaliou as 69 mais importantes economias do mundo, incluindo algumas nações da África, segundo seu nível de produção de software, acesso a internet pela população, qualidade da conexão à web, uso e disponibilidade de redes móveis e infra-estrutura telecom, entre outros critérios.

A análise apontou Dinamarca, Estados Unidos e Suécia como os melhores países do mundo em termos de desenvolvimento digital. O estudo revelou, no entanto, que vêm caindo a diferença que separa os países líderes em TI das nações mais atrasadas.

De acordo com o relatório, a expansão do acesso à web é mais veloz em nações da Ásia e da África que em países desenvolvidos. O Brasil aparece na posição 43 do ranking. De acordo com o estudo, o Brasil vêm melhorando seu ambiente para atrair investimentos em TI, bem como apresenta políticas para inclusão digital.

Na análise, no entanto, o Brasil é criticado por realizar este avanço de forma mais lenta que outros países em desenvolvimento. Um dos pontos negativos apontados no Brasil é o custo da conexão à internet banda larga, considerado alto em relação a outras nações.

Felipe Zmoginski, do Plantão INFO

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Mesmo pessoas na pobreza absoluta têm opções

The Economist 30/04/2007
Publicado no Valor Online de hoje

Neste mês, o Banco Mundial anunciou que 986 milhões de pessoas viveram com o equivalente a menos de um dólar por dia em 2004. Foi a primeira vez que o Bird computou menos de 1 bilhão de pessoas nesse estado deplorável. A definição de pobreza extrema adotada pelo banco é nítida e simples. Na mais recente edição do "Journal of Economic Perspectives", Abhijit Banerjee e Esther Duflo, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), qualificam-na de golpe de mestre retórico. Mas será a definição também totalmente arbitrária? E como subsistem os pobres com uma renda tão pequena?

Quando o Bird decidiu contar o número de pobres no mundo para o seu "World Development Report 1990", não buscou redefini-los. Em vez disso, um grupo de economistas chefiado por Martin Ravallion reuniu 33 limiares de pobreza nacionais já existentes. Na Índia, por exemplo, eram considerados pobres aqueles que ingeriam menos de 2,250 mil calorias por dia. Segundo o Bird, esse consumo era satisfeito mediante o gasto rural indiano típico de 15 rúpias por mês a preços de 1960-61.

Ravallion e equipe converteram rúpias, pesos e outras moedas numa unidade comum de poder de compra. Alguém que gastasse 15 rúpias na Índia rural em 1960 teria mais ou menos o mesmo poder de compra de bens e serviços que um americano que gastasse US$ 23,14 por mês em 1985. Mas o referencial indiano traduz excepcional temperança. Meia dúzia de outras linhas de pobreza (na Indonésia, Bangladesh, Nepal, Quênia, Tanzânia e Marrocos) ficaram poucos centavos de dólar aquém da provisão mais generosa de US$ 31/mês.

Com essa observação, nasceu o conceito de "dólares por dia", que passou, a partir de então, a ser usado em incontáveis declarações, lamentações e apelos. Reduzir à metade o contingente de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia é, por exemplo, a primeira das Metas de Desenvolvimento do Milênio endossadas por 189 países em 2000. O apelo retórico do conceito encolheu apenas um pouco quando Ravallion atualizou o limiar para US$ 1,08, a preços de 1993, ou o equivalente a cerca de US$ 1,53 em dinheiro corrente.

Mas o que significa essa linha para as pessoas abaixo dela? Banerjee e Duflo descrevem as "vidas econômicas" dos pobres, com base em 13 pesquisas domiciliares, da Costa do Marfim ao México. As duas pesquisas na Índia (em propriedades agrícolas em Udaipur e nas favelas de Hyderabad) eles mesmos as realizaram.

Vikram Seth, economista antes de tornar-se poeta, chamou de "lúgubre invasão de privacidade" o resultado dessas pesquisas. Em 2001, por exemplo, os pesquisadores do Bird em Timor-Leste registraram diligentemente se a família tomava banhos de chuveiro ou no rio; se usavam privada ou baldes; se construíam seus lares com tijolos ou palha, e assim por diante. Também pediram a entrevistados que recordassem o que tinham comido, bebido, mascado ou fumado na semana anterior: mandioca ou camarão? Munguba ou mamão? Cerveja ou vinho de palma?
Aparentemente, um dólar por dia deixaria escassa margem para escolhas e opções. A fome é, certamente, a mais limitante das restrições. Mas essas invasões de privacidade mostram que os pobres, na realidade, fazem escolhas. E também sugerem que as opções nem sempre são as melhores.

Os pobres não se queixam muito, observam os dois autores. Só 9% das pessoas em sua pesquisa em Udaipur dizem que suas vidas os deixam de modo geral infelizes. Mas eles têm muito de que se queixar. Acossados por fome e doenças, muitos são magricelos (65% dos homens adultos em Udaipur estão abaixo do peso ideal), mais de metade são anêmicos e cerca de um sétimo sofre de algum comprometimento da visão. Muitos ficaram sem comer pelo menos um dia inteiro no ano anterior.

E não comem tanto quanto poderiam. Segundo Banerjee e Duflo, a família pobre típica em Udaipur poderia gastar até 30% mais em comida se deixasse de gastar dinheiro em álcool, cigarros e festividades. Este item, que compreende casamentos, funerais e festas religiosas, costuma absorver cerca de 10% do orçamento doméstico. Esses gastos podem ser motivados por escapismo - os pobres têm muito do que fugir - ou, possivelmente, por emulação social. Mesmo pessoas em pobreza absoluta dão importância a seu status relativo.

Os autores analisam não apenas como os pobres gastam seu dinheiro mas também como o ganham. Descrevem as atribuladas mulheres na cidade indiana de Guntur, que se alinham nas ruas todas as manhãs, preparando panquecas em fogareiros a querosene, para vendê-las por uma rúpia. Às 10h, elas migram para outras outras atividades - preparam picles, bordam saris ou recolhem lixo.

Os pobres, sejam pequenos proprietários ou empresários, não têm escala nem especialização, enfatizam Banerjee e Duflo. Os agricultores de Udaipur cultivam as terras de sua propriedade - nem mais, nem menos -, mas apenas um quinto explora suas terras como principal fonte de renda. Em Bengala Ocidental, uma família pobre normalmente tem três membros que trabalham e que, reunidos, exercem sete ocupações.

É praticamente um "artigo de fé" entre economistas especializados em desenvolvimento que os pobres agem racionalmente, por mais difícil que seja sua situação. Se suas atividades são muito reduzidas, ou seus esforços muito dispersos, para que possam ser eficientes, isso não se deveria a seus erros de cálculo, mas ao fato de os mercados de terras, creditícios ou de seguro não os favorecerem. Como argumentou um economista em 1993, "mais de 40 anos de pesquisas... deveriam finalmente ter levado a descartar a idéia de que essas pessoas não sabem onde estão seus reais interesses".

Mas é precisamente essa a hipótese que está novamente emergindo nas mentes de Banerjee e Duflo. Por que, por exemplo, mais agricultores ganenses não cultivam abacaxi, o que lhes proporcionaria retornos entre 250% a 300% maiores, segundo estimativas? Por que tão poucos agricultores no Quênia ocidental usam fertilizantes em seus campos de cultivo, mesmo depois de lhes serem demonstradas as vantagens dessa prática?

"É perceptível a relutância dos pobres a se comprometerem psicologicamente com um projeto para ganhar mais dinheiro", dizem os autores. Quando alguém vive com um dólar por dia, pode ser penoso encarar friamente a situação, ou mesmo aspirar a coisa melhor. O "grande aspecto redentor da pobreza", escreveu George Orwell após suas excursões às sarjetas sociais em Paris e Londres, é "o fato de que [a pobreza] aniquila o futuro". (Tradução de Sergio Blum)

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