segunda-feira, 14 de abril de 2008

O que as empresas querem do executivo da nova era digital

Quiroga, atual diretor de marketing e tecnologia da Cyrela, trouxe a experiência com o "start up" da Americanas.com
Foto Marisa Cauduro/Valor


A era digital imprimiu uma mudança jamais observada no mundo do marketing e da comunicação. Informações circulando em alta velocidade, novas mídias, consumidores mais exigentes, fragmentação dos mercados, maior exigência pela mensuração de resultados e a preocupação com o valor das marcas são apenas alguns dos fatores que mostram essa revolução à qual os profissionais estão tendo de se adequar.


São novidades, conceitos e ferramentas que ainda nem existem nos livros, mas que já se lançam como uma forte pressão sobre os executivos de marketing das empresas. Clientes hoje se unem em blogs, sites e até mesmo em comunidades de relacionamento para reclamar de uma empresa. Ferramentas de busca como o Google e Yahoo despejam informações em frações de segundos. São mecanismos que se alastram de forma viral e fogem ao controle das empresas, exigindo respostas imediatas e ações internas integradas entre diferentes departamentos.

"O consumidor está muito mais rápido do que as organizações", diz em entrevista ao Valor o consultor americano Don Edward Schultz, professor da Northwestern University. Autor de 18 livros, entre eles "O Novo Paradigma do Marketing", Schultz foi um dos primeiros a citar o conceito de comunicação integrada e a sinalizar que, com as novas tecnologias, o poder estava migrando das empresas para os consumidores. Ele esteve em São Paulo na semana passada como palestrante do "1º Encontro Agenda do Futuro- Os desafios da comunicação e do marketing na Nova Economia", promovido pelo Grupo TV1.

Quem tem mais dificuldade de acompanhar essa velocidade, diz Schultz, são os profissionais que já passaram dos 40 anos. "Os jovens já nasceram assim, nesse mundo com tanta informação e novidade, e entendem as mudanças com facilidade. Aqueles de gerações mais antigas, apesar de mais experientes, muitas vezes têm mais dificuldade para lidar com o novo".

Por mais cruel que possa parecer sua afirmação, Schultz insiste que este é um fato com o qual lida diariamente na universidade. "Demoramos mais tempo retreinando os professores do que ensinando os estudantes." Até mesmo os MBAs, diz Don Schultz, considerados os cursos mais avançados da administração, estão defasados nesse quesito. "As escolas ainda estão mais focadas em produtos do que em serviços", reforça. "E, levando isso para as empresas, quando o consumidor sabe mais do que a pessoa de vendas que está em contato com ele, temos um problema.


Mas, afinal, qual é o perfil do executivo de marketing moderno? O consultor Jaime Troiano, diretor da Troiano Consultoria de Marca, acredita que há três pontos fundamentais que devem estar no DNA desse novo profissional: além da formação mercadológica, tem que entender também de negócios, com conhecimento de estratégia, finanças, tecnologia, desenvolvimento de produtos, comunicação; deve ter grande abertura à mudança, enxergando-a como desafio e não como uma ameaça ao seu cargo; e tem que ter profunda curiosidade para entender cada vez mais o seu cliente, buscando ferramentas que ajudem a trazer o dinheiro do bolso do consumidor para o caixa da empresa entendendo o que o cliente sente.

O diretor de marketing e tecnologia da Cyrela, Germán Quiroga, levou para o setor de construção civil a experiência que teve ao participar do "start up" da Americanas.com, onde foi o principal executivo de marketing e tecnologia. E o resultado tem sido muito interessante no que diz respeito à inclusão das novas mídias e tecnologias em um meio bastante tradicional: a empresa, que atua como incorporadora, construtora e imobiliária e tem hoje 30% de suas vendas realizadas pela internet, o que já representa em torno de 20% do faturamento da companhia. "O cliente que usa essa mídia quer ser atendido rapidamente, eficientemente e com segurança. Mas também sabemos que no fundo ele tem as mesmas expectativas dos outros: ser bem atendido."

Afinal, criar um novo canal de comunicação com o cliente não significa apenas lançar um bom site na internet, e eis aí mais uma barreira a ser rompida pelos profissionais de marketing. Existe uma grande mudança cultural por trás de tudo isso. É preciso, por exemplo, haver capacitação intensiva da equipe de atendimento. "Damos treinamento aos consultores até mesmo de língua portuguesa, para que eles escrevam corretamente as mensagens eletrônicas, e também na parte jurídica, porque a responsabilidade sobre aquilo que é escrito é muito grande", conta Quiroga.

Quanto à sua própria carreira, o executivo concorda com os especialistas de que é fundamental ter visão global do negócio. "O volume de novas formas de comunicação é enorme. Você precisa saber escolher aqueles que geram mais valor para a empresa e que componham o seu mix de ofertas", diz ele, graduado em engenharia eletrônica e mestre em mídias digitais pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

A preocupação faz sentido: consultorias internacionais como Interactive Advertising Bureau, McKinsey e Booz Allen Hamilton comprovam que, quando o departamento de marketing atua com sinergia com outras áreas ele alcança um nível estratégico, os resultados traduzidos em receitas e lucros são maiores.

Para o professor e consultor José Carlos Teixeira Moreira, da Escola de Marketing Industrial (EMI), o que mudou e muitos não perceberam é a exigência e o direito do consumidor pela relação verdadeira com a empresa. Independentemente do canal, se é tradicional como a televisão ou moderno como o celular ou a internet, o que o cliente quer é ser acolhido -e não apenas atendido. "Na carreira do marketing, além de dominar o que há de ponta na tecnologia, o profissional tem que dominar o que há de eterno na relação com o outro: o acolhimento. Quem vai se destacar são aqueles que estão prontos para ouvir", diz ele.

Teixeira Moreira, que fundou a EMI com objetivo de trazer mais valor à relação empresa/cliente, o desafio da carreira é orquestrar o equilíbrio entre a tecnologia e o moderno a serviço da construção de relações duradouras. Uma das principais funções do profissional de marketing, completa ele, é conseguir ter o presidente da empresa ´trabalhando´ para ele. "A questão mercadológica é um processo de compromisso e crença", diz. Entre os exemplos de vanguarda nesse sentido, Moreira destaca empresas como Sadia, grupo Algar, Método Engenharia e Magazine Luiza.

Nas universidades, a dificuldade consiste em ensinar aos alunos temas que mudam com tamanha velocidade especialmente em função da internet e novas tecnologias disponíveis para uma empresa se comunicar com os clientes, como os blogs, celulares e sites de relacionamento. "A disciplina de marketing está se tornando mais voltada para o processo do que para o conceito. Muito do que estamos discutindo não está nos livros, e até mesmo os 'cases' publicados já estão antigos. Hoje focamos as aulas em casos do dia-a-dia, fazendo uma mistura organizada entre as experiências dos alunos e professores", explica Thimothy Altaffer, professor do Certificate in Marketing Management (CMM), pós-graduação em gestão de marketing do Ibmec São Paulo.

A prestação de contas sobre os investimentos realizados em merketing também é outro fator que pesa entre as funções do executivo da área atualmente. "O marketing tradicional era mais intuitivo ao tentar entender o consumidor. Hoje em dia existem muitas ferramentas e maneiras tangíveis de se medir os resultados dos investimentos. E os profissionais são cobrados por isso", diz o professor.

Sob o ponto de vista das contratações e mercado de trabalho, o headhunter Dárcio Crespi, sócio diretor da Heidrick & Strugles, diz que importa menos o número de canais e ferramentas que o executivo conhece e mais a linguagem que ele utiliza e se ele é capaz de dar as respostas na velocidade necessária. Já em relação à idade do profissional, Crespi explica que depende muito do público com o qual a empresa contratante se relaciona. "Se o produto é voltado para o público jovem, o perfil do profissional que vamos buscar provavelmente será o mais próximo possível do consumidor."

O segredo, segundo o diretor-geral do grupo atacadista Martins, César Suaki , é obter coerência e alinhamento. "Não podemos esquecer que, junto da nova economia, continua a velha economia. Nós usamos a tecnologia da informação para conciliar o concreto e o virtual."

Por Roberta Lippi, para o Valor, de São Paulo
Publicado pelo
Valor Online em 14/04/08

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Remessas para o Brasil caíram 4%

A crise do subprime nos Estados Unidos e a valorização do real reduziram as remessas dos brasileiros que vivem no exterior para o país em 4%, em 2007. É a primeira vez que isso ocorre desde que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) passou a acompanhar o fluxo desses recursos. Depois de terem atingido o pico de US$ 7,373 bilhões em 2006, as remessas recuaram para US$ 7,075 bilhões no ano passado.

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Micro Transferências de Dinheiro (ABM Transfer) e vice-presidente sênior para a América do Sul da Western Union, Odilon Almeida, a redução das remessas de brasileiros que vivem no exterior é um fenômeno temporário, "decorrente da desaceleração da economia americana e do fortalecimento do real em relação ao dólar".

Almeida explicou que esses fatores afetaram principalmente o as remessas dos Estados Unidos ao Brasil. Segundo o BID, cerca de 75% das remessas de emigrantes ao Brasil vêm dos EUA; 15%, da Europa; e o restante do Japão.

Mas, o especialista também lembrou que a crise nos Estados Unidos redirecionou "o fluxo migratório dos brasileiros". Isto quer dizer que muitos estão preferindo viver em outros países da América e da Europa, "o que irá compensar, a médio prazo, a queda das remessas oriundas dos Estados Unidos".

Segundo a análise do BID, a recuperação da economia brasileira também teve influência na queda das remessas ao desestimular o movimento de emigração.

O fluxo de remessas desacelerou para a América Latina e Caribe como um todo, sob o impacto da crise imobiliária americana. De acordo com os dados do Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin) do BID, as remessas para a região somaram US$ 66,5 bilhões em 2007, 6,7% a mais que os US$ 62,3 bilhões do ano anterior. É a primeira vez desde o ano 2000 que as remessas de emigrantes para a América Latina e Caribe registra crescimento de só um dígito.

Além do Brasil, o México também teve um ano fraco em remessas em 2007. O maior destino das remessas de emigrantes na América Latina, o México recebeu US$ 24 bilhões no ano passado, 1% a mais do que em 2006.

Já em outras partes da região, o fluxo continuou intenso. As remessas para países da América Central cresceram 11% chegando a US$ 12,4 bilhões; e para os países andinos, 5%, alcançando US$ 11,6 bilhões. As remessas são fonte importante de ingressos para muitos países em vias de desenvolvimento. Na Guiana, representam 43% do Produto Interno Bruto (PIB); no Haiti, 35%; e em Honduras, 25%.

O Fumin, fundo autônomo administrado pelo BID, começou a estudar estes fluxos para avaliar seu tamanho e impacto econômico. O fundo também tem incentivado a concorrência entre prestadores de serviços de transferências de recursos, que nos últimos anos vêm reduzindo as tarifas nas operações de remessas de dinheiro para a região, diz o BID.

No Brasil, porém, afirma Almeida, a legislação não favorece a concorrência e explica em parte o fato de metade das operações serem "informais", ou seja, feitas por meio do mercado paralelo. É por esse motivo que o Banco Central (BC) calcula as remessas de emigrantes em cerca de US$ 4 bilhões. Outra perna do mercado é a remessa do Brasil para o exterior. Essas saídas são estimadas em US$ 1 bilhão pela Western Union que ainda calcula que 80% sejam feitas por canais informais. "A informalidade está aumentando no Brasil e na Venezuela", disse Almeida.

A regulamentação vincula as remessas ao câmbio, o que restringe o pagamento das remessas a instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio. Além disso, a diferença entre a cotação do dólar no mercado paralelo e no mercado oficial, embora infinitamente menor do que já foi no passado, incentiva as operações informais. De 12 países da América do Sul, apenas Brasil e Colômbia exigem que as remessas tenham o pagamento realizado por meio de bancos e corretoras, argumentando que os bancos têm controles melhores. Almeida considera essa exigência desnecessária uma vez que o câmbio da remessa é, de toda forma, fechado junto a um banco.

O presidente da ABM Transfer argumenta que a flexibilidade da legislação aumentaria a concorrência, contribuindo para reduzir os preços. "Nos Estados Unidos, às vezes o preço varia conforme a cidade ou até da rua onde a casa de remessas está instalada".

Remessas de US$ 1 mil dos EUA (Boston), Portugal e Espanha custam US$ 7,99 na Western Union; de zero a US$ 5 no informal; e de US$ 5 a US$ 10 nos outros. Além disso, há o spread cobrado sobre a taxa de câmbio, que é de 1% na Western Union.

Maria Christina Carvalho
Publicado pelo
Valor Online em 14/04/08

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Com crescimento, saúde ganha corpo

Nos últimos anos, surgiu na bolsa um novo setor: o de saúde. Várias empresas, dos mais variados ramos de atuação, fizeram ofertas iniciais de ações (IPOs, em inglês). Desde a companhia de laboratórios Diagnósticos da América S.A. (Dasa), até as distribuidoras de medicamentos Cremer e Profarma, passando pela empresa de planos odontológicos Odontoprev, até as de planos de saúde Amil e Medial. O crescimento econômico, o envelhecimento da população e a tendência de consolidação do setor devem representar um futuro promissor, sobretudo para as empresas líderes.

Um extenso relatório elaborado pela área de análise do Santander sobre Amil e Medial mostra a situação do setor, o que se esperar dele e as perspectivas para as companhias. "Estamos otimistas para o setor de saúde como um todo e o pano de fundo é o crescimento econômico, que deve aumentar a quantidade de pessoas com assistência médica, especialmente nas classes mais baixas", afirma o analista e responsável pelo relatório Daniel Gewehr.

Espaço para as companhias crescerem não falta. Só 20,5% da população têm assistência médica, a léguas de distância de países desenvolvidos como os EUA, em que 85% possui o serviço. No Sudeste do Brasil, 32% das pessoas têm assistência médica - em São Paulo esse percentual é de 40% -, enquanto no Norte apenas 7,2% têm. Os percentuais também mudam dependendo da faixa salarial. Só 25% das pessoas que ganham entre dois e três salários mínimos têm assistência médica, enquanto esse percentual é de 84% entre quem ganha mais de 20 salários. "Quanto mais gente empregada, maiores as chances desses percentuais aumentarem por meio dos planos corporativos que as empresas fazem ou mesmo por conta própria dos trabalhadores."

O envelhecimento da população é outro fator que conta a favor, uma vez que a aceitação desse serviço é maior entre os mais velhos. As pessoas com mais de 60 anos são as que mais possuem assistência médica. Os brasileiros com mais de 65 anos hoje são 6% da população e, em 2050, já serão 20%. O fato de ser um setor altamente pulverizado abre espaço para aquisições, com a Amil e a Medial, as duas maiores, em larga vantagem, diz Gewehr. As cinco maiores (Amil, Medial, Bradesco, Intermédica e SulAmérica) têm apenas 24% dos segurados. Em 2001, havia 2.700 seguradoras de saúde e, no fim de 2007, já eram 1.998. Desde 2006, a Amil comprou sete empresas, entre elas, gigantes como a Blue Life, e a Medial comprou a Amesp, o que significou 473 mil vidas seguradas a mais.

O analista do Santander tem recomendação de compra para as ações da Amil e da Medial, mas dá preferência para os papéis da Amil. "É a maior empresa do setor, supercapitalizada, com R$ 1 bilhão em caixa após o IPO, e com grande habilidade para cortar custos", diz Gewehr. Ele tem preço alvo, para o fim deste ano, de R$ 19 para as ações da Amil, o que representa um potencial de valorização de 84,65% ante o fechamento de sexta. E de R$ 31,30 para as da Medial, um potencial de alta de 99,36%.

Daniele Camba
Publicado pelo
Valor Online em 14/04/08

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Mineração, bancos e siderurgia navegam em rentabilidade

Embora não se espere um ano tão glamouroso para o mercado de capitais - em número de ofertas, ingresso de novas empresas e valorização das ações -, as companhias abertas brasileiras devem continuar a brilhar em 2008. A expectativa é que a saúde financeira e a rentabilidade das empresas continuem fortes, a despeito da crise financeira externa e da possibilidade de aumento de juros no país.

Os setores que devem se destacar em resultados são praticamente os mesmos de 2007, como mineração, siderurgia e financeiro. E o fato de se prever mais do mesmo não é uma má notícia, pois em tempos de crise é tranqüilizante a avaliação de que se pode contar com a previsibilidade e a continuidade do bom desempenho das companhias.

"Há um conjunção de fatores favoráveis no país, como crescimento econômico, aumento da renda e do emprego e ampliação dos investimentos realizados por diversos setores produtivos", afirma a economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria. A esses itens se junta o fato de as empresas estarem capitalizadas, devido às ofertas de ações dos últimos anos.

Para o professor da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Evaldo Alves, a crise nos Estados Unidos ainda não afetou de forma significativa a demanda mundial por produtos brasileiros, que continuam sendo exportados para diversos mercados. As empresas que sentiram alguma diminuição na procura externa conseguiram direcionar a produção para o ambiente doméstico.

Ele também avalia que a taxa de juros nacional, candidata à maior vilã dos negócios no país, deverá subir, mas de forma modesta, sem grande impacto nas projeções de crescimento da economia. O Banco Central estima expansão de 4,8% neste ano, contra os 5,4% apurados em 2007. "Se a desaceleração americana e a alta dos juros no Brasil forem moderadas como o esperado, 2008 não será tão risonho como 2007, mas ainda será um ano muito positivo", destaca.

O setor de mineração, puxado pela Vale, deve se manter nos primeiros lugares do ranking de rentabilidade do país neste ano, segundo os analistas. Pedro Galdi, da corretora ABN Amro Real, explica que o principal motivo é o reajuste do minério de ferro, acima de 65%, que tem sido fechado pela Vale nas negociações com os clientes internacionais. Isso por causa da grande procura pelo produto, especialmente da China.

Em 2007, a companhia também foi responsável pelo excelente desempenho do setor, que apresentou rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 34,7%, conforme levantamento do Valor Data, perdendo apenas para o item "outros" (44,3%), que reflete basicamente o tradicional bom desempenho da Souza Cruz (o item inclui também Ecodiesel e SP Turismo). Preços mais altos, produção maior e consolidação da compra da canadense Inco garantiram resultados recordes pra a Vale no ano passado. Para se ter uma idéia da grandeza do retorno do setor de mineração, a rentabilidade do total de companhias abertas nacionais ficou em 17,4% em 2007.

Outro setor que é promessa de grande retorno neste ano é o de metalurgia e siderurgia. "Apesar do aumento do custo dos insumos, como o próprio minério de ferro, as companhias estão conseguindo repassar essa alta para os preços dos produtos vendidos", destaca o estrategista de renda variável da Unibanco Corretora, Vladimir Pinto. Esse movimento é possível devido à demanda tanto interna, proveniente da indústria automobilística, quanto externa.

No ano passado, o setor de metalurgia e siderurgia foi o terceiro mais rentável, atrás de "outros" e mineração. Conforme o estudo do Valor Data, apresentou rentabilidade sobre o patrimônio de 27,6%.

Já por conta do mercado interno, um segmento da economia que deve manter os bons resultados neste ano é o financeiro, incluindo bancos e empresas de serviços, como a processadora de transações de cartões de débito e crédito Redecard. A expansão do crédito acima de 20% ao ano justifica as expectativas. Na avaliação do analista Pedro Galdi, da corretora ABN, o maior acesso da classe C aos produtos bancários e o desenvolvimento de alguns tipos de financiamentos, como o habitacional e o de veículos, impulsionam o setor. A inadimplência sob controle também contribui.

Por outro lado, o aumento tributário no setor no início do ano foram notícias negativas, mas sem grande impacto no andamento das operações. O segmento de serviços financeiros teve rentabilidade sobre o patrimônio de 26,5% em 2007. O de finanças e seguros apresentou 24,2%.

O comportamento da classe C, que cresceu e ampliou o consumo de uma série de produtos - de alimentos e artigos de higiene a eletrodomésticos e crédito - poderá ser o responsável por eventuais surpresas no ranking de rentabilidade em 2008. Companhias de varejo e eletrodomésticos também podem se destacar, afirma a analista-chefe da Banif Securities, Catarina Pedrosa.

Já alguns segmentos da economia não têm perspectivas de melhora. É o caso dos têxteis, que competem com os produtos chineses e sofrem com a valorização do real, pois ganham menos com as exportações. "A competitividade desse setor deve continuar ruim", avalia Vladimir Pinto, do Unibanco.

A mesma cautela se deve ter em relação aos segmentos de educação e serviços médicos, por exemplo. De acordo com Catarina, do Banif, esses setores têm dificuldades de repasse de custos e tentam elevar a rentabilidade via consolidação. "As empresas buscam escala para administrar melhor os custos e aumentar os resultados."

Vale destacar que, em uma série de empresas de diversos setores, a rentabilidade foi negativamente afetada em 2007 pela realização de ofertas de ações. Essas operações resultam em aumento do patrimônio líquido e, conseqüentemente, reduzem o indicador. A rentabilidade significa lucro sobre patrimônio. Isso ocorreu em muitas empresas do Novo Mercado. As companhias do segmento de governança corporativa da Bovespa tiveram rentabilidade de 14,5% no ano passado.

Silvia Fregoni
Publicado pelo
Valor Online em 14/04/08

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Patrocínio social da Petrobras tem 129 projetos na disputa final

Foto Stéferson Faria / Agência Petrobrás

Cento e vinte e nove projetos de todos os Estados do País permanecem na disputa pelos recursos de patrocínio social da Petrobras para 2008. O anúncio dos resultados da penúltima etapa da seleção pública, que compreendeu a análise da Comissão de Seleção, composta por 21 especialistas do governo, da sociedade civil, da imprensa e da força de trabalho da Petrobras, revela a seguinte distribuição regional até o momento: Norte - 15 projetos; Nordeste – 45; Centro-Oeste – 10; Sudeste – 36, e Sul – 17. Também prosseguem no processo três projetos de caráter regional e outros três de caráter nacional.

No total, foram analisados 654 projetos aprovados pela Triagem Técnica. Dos projetos selecionados nesta etapa, 73 se enquadram na Geração de Renda e Oportunidade de Trabalho. Outros 34 (29%) se inserem na Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente. Na linha de Educação para a Qualificação Profissional, 19 projetos (o equivalente a 15%) irão para a triagem final.

Um total de 64 projetos, ou 49,7% do total, tem a criança e o adolescente e a agricultura familiar como foco. Outros públicos atendidos são os jovens, os assentados da reforma agrária, as mulheres (igualdade de gênero), os catadores de resíduos, comunidades indígenas, pessoas com deficiência, comunidades ribeirinhas / pescadores, jovens egressos do sistema penitenciário / adolescentes em liberdade assistida, artesãos, GBLT e comunidades quilombolas.

Projetos por Estado
Até o momento, a distribuição de projetos sociais que continuam na disputa pela verba de patrocínio da Petrobras é a que segue:

Região Norte: Roraima – 1; Acre – 2; Amapá – 2; Amazonas – 2; Tocantins – 2; Pará – 2, e Rondônia – 4. Total: 15 projetos.

Região Nordeste: Maranhão – 2; Piauí – 3; Ceará – 9; Rio Grande do Norte – 4; Paraíba – 5; Pernambuco – 5; Alagoas – 4; Sergipe – 5, e Bahia – 8. Total: 45 projetos.

Região Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul – 2; Distrito Federal – 2; Goiás – 3, e Mato Grosso – 3.

Região Sudeste – Espírito Santo – 2; Minas Gerais – 8; Rio de Janeiro – 11, e São Paulo – 15. Total: 36 projetos.

Região Sul – Paraná – 4; Santa Catarina – 4, e Rio Grande do Sul – 9. Total: 17 projetos.

O trabalho da Comissão de Seleção foi a penúltima etapa de projetos sociais do Programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras. Dos 6.485 projetos pré-inscritos via internet, 4.177 foram consideradas inscrições efetivamente válidas.

O Conselho Deliberativo se reunirá na primeira semana de maio para escolher a relação final de projetos contemplados. O anúncio do resultado será feito no final de maio. A companhia vai destinar, em 2008, R$ 27 milhões ao patrocínio de iniciativas de Responsabilidade Social via seleção pública. Cada instituição poderá solicitar até R$ 690 mil, pelo período de um ano, para implantação e desenvolvimento do projeto apresentado. Se necessário, a Petrobras avaliará a possibilidade de o apoio ser estendido por até 24 meses.

O processo de seleção do Programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras tem abrangência nacional, sendo que 50% dos projetos apoiados terão como público participante jovens entre 15 e 29 anos. Os estados do semi-árido terão que ser contemplados com, pelo menos, dois projetos. Iniciativas que reapliquem tecnologias sociais mapeadas pela Rede de Tecnologia Social serão priorizadas nas situações de empate técnico, em qualquer uma das fases do Processo Seletivo.

A divulgação pública dos resultados do processo seletivo será feita até o final do mês de maio de 2008, pela imprensa e pela internet.

Depoimentos
Cibele Barros, representante do Ethos e integrante da Comissão de Seleção nesta etapa, disse que a Petrobras “é uma referência de prática na área de Responsabilidade Social entre as empresas”, e que o processo tem também o mérito de capacitar e potencializar o trabalho dessas entidades para serem parceiras não somente da Petrobras, como de outras empresas.

Reinaldo Fleury, representante do Instituto Paulo Freire, destacou a contribuição da Petrobras para problemas fundamentais da realidade brasileira. “A seleção pública tem uma relevância social indiscutível. Percebemos que foi um processo de formação para as organizações.”

A representante da Unicef, Sofia Lerche, uma das integrantes da Comissão, lembrou a importância dos 34 projetos voltados para a garantia das crianças e dos adolescentes na etapa final.

Publicado pela Agência Petrobrás de Notícias em 10/04/08

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