segunda-feira, 14 de abril de 2008

Com crescimento, saúde ganha corpo

Nos últimos anos, surgiu na bolsa um novo setor: o de saúde. Várias empresas, dos mais variados ramos de atuação, fizeram ofertas iniciais de ações (IPOs, em inglês). Desde a companhia de laboratórios Diagnósticos da América S.A. (Dasa), até as distribuidoras de medicamentos Cremer e Profarma, passando pela empresa de planos odontológicos Odontoprev, até as de planos de saúde Amil e Medial. O crescimento econômico, o envelhecimento da população e a tendência de consolidação do setor devem representar um futuro promissor, sobretudo para as empresas líderes.

Um extenso relatório elaborado pela área de análise do Santander sobre Amil e Medial mostra a situação do setor, o que se esperar dele e as perspectivas para as companhias. "Estamos otimistas para o setor de saúde como um todo e o pano de fundo é o crescimento econômico, que deve aumentar a quantidade de pessoas com assistência médica, especialmente nas classes mais baixas", afirma o analista e responsável pelo relatório Daniel Gewehr.

Espaço para as companhias crescerem não falta. Só 20,5% da população têm assistência médica, a léguas de distância de países desenvolvidos como os EUA, em que 85% possui o serviço. No Sudeste do Brasil, 32% das pessoas têm assistência médica - em São Paulo esse percentual é de 40% -, enquanto no Norte apenas 7,2% têm. Os percentuais também mudam dependendo da faixa salarial. Só 25% das pessoas que ganham entre dois e três salários mínimos têm assistência médica, enquanto esse percentual é de 84% entre quem ganha mais de 20 salários. "Quanto mais gente empregada, maiores as chances desses percentuais aumentarem por meio dos planos corporativos que as empresas fazem ou mesmo por conta própria dos trabalhadores."

O envelhecimento da população é outro fator que conta a favor, uma vez que a aceitação desse serviço é maior entre os mais velhos. As pessoas com mais de 60 anos são as que mais possuem assistência médica. Os brasileiros com mais de 65 anos hoje são 6% da população e, em 2050, já serão 20%. O fato de ser um setor altamente pulverizado abre espaço para aquisições, com a Amil e a Medial, as duas maiores, em larga vantagem, diz Gewehr. As cinco maiores (Amil, Medial, Bradesco, Intermédica e SulAmérica) têm apenas 24% dos segurados. Em 2001, havia 2.700 seguradoras de saúde e, no fim de 2007, já eram 1.998. Desde 2006, a Amil comprou sete empresas, entre elas, gigantes como a Blue Life, e a Medial comprou a Amesp, o que significou 473 mil vidas seguradas a mais.

O analista do Santander tem recomendação de compra para as ações da Amil e da Medial, mas dá preferência para os papéis da Amil. "É a maior empresa do setor, supercapitalizada, com R$ 1 bilhão em caixa após o IPO, e com grande habilidade para cortar custos", diz Gewehr. Ele tem preço alvo, para o fim deste ano, de R$ 19 para as ações da Amil, o que representa um potencial de valorização de 84,65% ante o fechamento de sexta. E de R$ 31,30 para as da Medial, um potencial de alta de 99,36%.

Daniele Camba
Publicado pelo
Valor Online em 14/04/08


Nenhum comentário:



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br