terça-feira, 8 de julho de 2008

Reposicionamento de marca é essencial para o Terceiro Setor

Casa Ninho: ex CACCC - Centro de Apoio à Criança Carente com Câncer

As entidades estão seguindo a mesma tendência das empresas, a fim de atingir mais objetivamente seus públicos-alvo

Os anos 1990 ficaram conhecidos como um dos períodos mais férteis para o surgimento de manifestações culturais de gosto duvidoso. Não deixaram muitas saudades como os anos 1980. Apesar desse aspecto negativo, a década passada ficou marcada pelo início de um movimento, principalmente das empresas, de ordem mercadológica. Propunha-se, à época, um reposicionamento de marcas e identidade corporativa, a fim de atingir um público cada vez maior ou, dependendo do caso, de maior poder aquisitivo.

Em pouco mais de dez anos, os conceitos acerca dessa estratégia evoluíram. O mercado fez uma releitura dessa nova ferramenta e redefiniu rapidamente o foco que queria dar a tais mudanças – levando em consideração, é claro, os desejos inconscientes dos stakeholders. Só para citar alguns exemplos de empresas bem sucedidas, estão o Bradesco e a Alpargatas, dona da marca Havaianas.

A primeira mudou radicalmente sua imagem institucional, abandonando uma identidade visual de cunho cartorial, quadrada e burocrática, para uma aura de modernidade, sofisticação e agilidade. A segunda investiu pesado e conseguiu reverter a imagem de um produto considerado de terceira categoria, popular, sem graça e fajuto, para um objeto da moda, clean, com preço elevado e desejado por pessoas mais abastadas. Hoje, as sandálias Havaianas são exportadas para vários países e vendidas a preços nada populares.

Seguindo os passos
Com um pouco de atraso, o Terceiro Setor pegou carona nesse movimento que, ainda bem, não foi apenas mais uma moda mercadológica e passageira. A onda ficou mais forte ainda no final dos anos 1990 e agora já se mostra como uma tendência que veio para ficar.


Tradicionais instituições se viram obrigadas a acompanhar as mudanças e não se arrependeram de ações para o reposicionamento de sua identidade visual – novos logotipos e peças de papelaria, site mais dinâmico e atraente, alteração em uniformes entre outras ações para o desenvolvimento institucional da marca.


“No processo contínuo da reflexão estratégica de nossa entidade, 2005 foi ano de repensar a marca, a maior representação das informações sobre a instituição, pois atesta sua qualidade e agrega valor. É o que a faz especial e única, ou seja, um patrimônio institucional”, afirma Eduardo de Barros Pimentel, presidente da Fundação de Rotarianos de São Paulo, fundada em 1946. A principal mudança foi a criação de uma identidade única para a mantenedora e todas as entidades mantidas, que refletisse os mesmos atributos para todas. Assim, o nome Rio Branco passou a ser utilizado para todas as mantidas, promovendo, segundo Pimentel, grande sinergia e nítida percepção de valor pelo mercado, além de gerar referência de identidade.

“Além disso, a marca foi modernizada, refletindo a vanguarda da fundação como entidade educacional de primeira linha, que sempre evolui com o tempo”, argumenta Célia Dugaich, gerente de marketing. “Acreditamos que a marca rejuvenescida, equilibrada e dinâmica trouxe à instituição maior atratividade, e a idéia de transformação foi transmitida com sucesso, preservando os nossos valores e a nossa história.”

Um dos motivos, em geral, para que uma entidade decline de uma ação de reposicionamento de marca e identidade visual é o impacto que pode haver entre seus stakeholders. O temor é por não conseguir transmitir o novo conceito de maneira clara.

Mas, é claro, tudo vai depender das pessoas que estão por trás do desenvolvimento da campanha, da criação da marca, do uso de cores e tipologia.

Segundo Pimentel, a nova identidade institucional da Fundação Rotarianos de São Paulo foi bem recebida por todos os colaboradores e pelas diversas entidades mantidas, pois se reconheceu o esforço realizado, no sentido de unificar mantenedora e entidades mantidas.

“A idéia de dinamismo, flexibilidade, movimento e simultaneidade foi transmitida pela nova marca, gerando um movimento de grande repercussão e otimismo com relação à fundação, para os stakeholders e toda a comunidade.”

Coragem
Se o reposicionamento de marca já traz todo um estresse para os envolvidos, imagine, então, quando ocorre a criação de um novo nome para uma entidade – gera diversos sentimentos: medo, angústia, desconfiança, receio e dúvidas, muitas dúvidas acerca dos resultados. Foi o caso do Centro de Apoio à Criança Carente com Câncer (CACCC), que em dezembro de 2007 passou a se chamar Casa Ninho. A agência de publicidade Y&R foi quem desenvolveu as ações de reposicionamento da marca.

“A mudança no nome e no logo da instituição acontece para proporcionar uma maior identidade para a organização e de uma maneira que representa todo o trabalho de carinho e acolhimento que a Casa Ninho oferece para as crianças e adolescentes que necessitam dessa assistência”, explica Jaime Gianizella Filho, diretor da entidade. A entidade atua há mais de dez anos no cuidado com as crianças com câncer, propiciando a elas e a seus acompanhantes hospedagem, alimentação, medicação, transporte e acompanhamento de médicos e especialistas aos pacientes, além de assistência educativa, cultural e social.

Para o 2º tesoureiro da Casa Ninho, Marcelo Nodólskis, o projeto visa dar uma identidade mais comercial a um projeto de sucesso que nunca se preocupou em cuidar do marketing. “Esperamos que a nova identidade faça nosso trabalho se tornar mais conhecido, pois queremos conseguir mais parceiros que possibilitem à entidade aumentar suas atividades”, frisa.

Outras entidades do Terceiro Setor também promoveram mudanças e obtiveram sucesso, como a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), que tem entre seus objetivos promover o intercâmbio entre as ONGs que buscam a ampliação da cidadania, a constituição e expansão de direitos, a justiça social e a consolidação de uma democracia participativa. No ano 2000, a Abong passou por um processo de renovação de sua identidade visual, a partir da reorganização gráfica de informes e do site. Deu certo, e hoje está colhendo frutos, com a consolidação de sua imagem como agregadora de valores para o TS.

A Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora, coordenada por religiosos salesianos, foi outra entidade que decidiu, em 2003, adotar uma identidade visual que viesse ao encontro de suas necessidades, uma vez que precisava unificar diversas representações espalhadas pelo país, como as 103 comunidades educativo-pastorais – entre escolas, instituições universitárias, obras sociais, oratórios e paróquias.

A verdade é que neste século 21, que será conhecido como a Era da Informação, a adequação a novos padrões estéticos de imagem e de comunicação terá fundamental importância para a sobrevivência das entidades do Terceiro Setor. “O meio é a mensagem”, expressão cunhada no século 20 pelo filósofo e educador canadense Marshall McLuhan, ficou ultrapassada. Nestes dias atuais, com a tremenda exposição às informações a que estamos expostos, é certo dizer que a mensagem é o meio. E as entidades precisam entender isso, pois terão de aprender como, quando e por que se comunicar com seus stakeholders. Não adianta ter os canais certos se não houver sabedoria sobre como usá-los.


Marcio Zeppelini
Consultor em comunicação para o Terceiro Setor, editor da Revista Filantropia, produtor editorial pela Universidade Anhembi Morumbi e diretor executivo da Zeppelini Editorial & Comunicação.

Revista Filatropia OnLine - nº158

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35 ações pró-escola disputam prêmio
Dez iniciativas que ajudam municípios a melhorar qualidade das escolas vão receber premiação de R$ 100 mil para aplicar nos projetos


Um concurso do governo federal para destacar iniciativas de prefeituras que ajudem a melhorar a qualidade das escolas selecionou 35 finalistas, entre 240 projetos inscritos, para concorrer a um prêmio de R$ 100 mil. Ao final da seleção, restarão as 10 experiências consideradas mais eficientes para melhorar o rendimento dos alunos, capacitar professores e garantir que mais estudantes freqüentem as aulas.

Chamada Prêmio Inovação em Gestão Educacional 2008, a iniciativa visa destacar projetos municipais que ajudem a alcançar o Plano Nacional de Educação, uma série de metas estabelecidas pelo governo federal para tentar melhor a qualidade do ensino público e aumentar o acesso da população a escola. Cada uma das 10 iniciativas vencedoras deve investir o prêmio de R$ 100 mil na continuidade e ampliação dos projetos.

Os resultados devem ser divulgados a partir do dia 10 de dezembro. Está prevista uma cerimônia de premiação para o dia 17 do mesmo mês. Os 240 projetos de governos municipais já passaram por dois processos de avaliação. Ao final deles, restaram 35 finalistas de 13 Estados (Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Pará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão e Pernambuco).

Entre 4 e 19 de agosto uma comissão do prêmio vai visitar os projetos para conhecer de perto as ações e produzir um relatório sobre a execução da iniciativas e sobre os resultados alcançados, que será avaliado pela comissão julgadora. O PNUD participará da visita aos projetos in loco e ajudará a escrever o relatório.

O grupo das iniciativas finalistas inclui ações para promover educação de indígenas em Dourados, no Mato Grosso do Sul, elaborar indicadores para monitorar qualidade do ensino em Belo Horizonte, implantar um programa de educação ambiental em Ilhabela (São Paulo) e oferecer cursos a professores de Pompéia, também em São Paulo. O prêmio foi concebido para ser realizado a cada dois anos e está em sua segunda edição.


SARAH FERNANDES, da PrimaPagina
Pnud, Boletim nº 500, 0/07/08

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Projeto quer formalizar grupos de catadores

Caixa Econômica Federal quer registrar 30 associações de catadores de lixo reciclável, para que possam se inscrever em programas sociais

Trinta grupos de catadores de materiais recicláveis de cinco unidades da Federação devem virar cooperativas legal e formalmente estabelecidas, numa iniciativa da Caixa Econômica Federal que prevê beneficiar cerca de 900 pessoas. Formalizados, os catadores poderão participar de programas sociais e receber financiamento público para projetos.

A Caixa estima que 37% das agremiações de catadores são informais — eles trabalham em conjunto, mas não são cooperados. O banco ficará responsável pelos processos jurídicos que devem regularizar as associações.O projeto faz parte de um acordo de cooperação técnica com o PNUD para estimular geração de trabalho e renda em grupos vulneráveis.

A ação deve ser concluída em dezembro. A data de inicio depende da contratação de técnicos para implantar o projeto. A Caixa está selecionando, via edital, cinco consultorias para implantar o projeto, uma em cada unidade da Federação: Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Distrito Federal. As inscrições podem ser feitas pela internet, até 15 de julho.

Além do projeto com catadores, a instituição está selecionando consultorias para mais duas iniciativas com comunidades pobres. Uma delas vai fazer um diagnóstico sobre a produção de 49 grupos de artesões, de todas as grandes regiões do Brasil. O objetivo é que os cinco consultores selecionados, um por região, produzam um relatório sobre organização, produção e comercialização do artesanato, para subsidiar futuros programas da Caixa.

O outro projeto vai firmar parcerias entre grupos de costureiros e hospitais. A idéia é que eles produzam materiais como campos cirúrgicos, uniformes e aventais e os vendam para hospitais. O programa deve atender dois grupos em cada um dos 15 Estados a serem definidos.

Conheça o projeto
Saiba mais sobre o Acordo de Cooperação Técnica CAIXA/PNUD/ABC- MRE.
Edital
Veja aqui o edital para a seleção da Caixa. Os concursos abertos são números 1776/2008, 1805/2008 e 1806/2008.


SARAH FERNANDES, da PrimaPagina
Pnud, Boletim nº 500, 08/07/08

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ONU elogia ação social privada no Brasil

Relatório do PNUD sobre inclusão de pobres no processo produtivo destaca projetos da Natura, Sadia e Votorantim Celulose e Papel

Três empresas brasileiras — Natura, Sadia e VCP (Votorantim Celulose e Papel) — foram destacadas em um relatório do PNUD que mostra como a iniciativa privada pode incluir os pobres nos processos produtivos. As três companhias têm projetos que ajudam as comunidades a produzir matéria-prima e trazem ganhos de renda e ambientais, segundo o estudo.

“O poder da economia de gerar trabalho decente depende em grande medida do setor privado. E o setor privado, por fornecer bens de consumo e serviços, traz mais chances e oportunidade para os pobres”, afirma o relatório, intitulado Criando valores para todos: estratégias para fazer negócios com pobres.

O estudo apresenta exemplos de iniciativas empresariais que conseguiram ampliar o acesso dos pobres a bens de consumo e contratá-los em alguma etapa do processo de fabricação. Segundo o relatório, essas são maneiras de reduzir a pobreza e ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) (uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015).

A Sadia, do setor de alimentos, desenvolveu um programa para reduzir emissão de poluentes durante a produção de carne suína e criar melhor condições de trabalho para os criadores. A empresa forneceu biodigestores a 3.500 fornecedores, de modo a transformar detritos de porcos em fertilizante e comida para peixe, e ainda incrementar a renda dos produtores por meio da venda de créditos de carbono — o biodigestor converte metano em gás carbônico, o que diminui emissões de substâncias que agravam o efeito estufa. Esse projeto da companhia mostra que “sustentabilidade ambiental e redução da pobreza podem andar de mãos dadas”, diz o relatório.

A Natura contrata e capacita moradores de três comunidades do interior do Pará para extrair uma planta da Amazônia chamada priprioca, usada para fazer perfumes, sabonetes e cremes. “Para aumentar a escala da produção local e garantir extração sustentável, a companhia construiu um novo modelo de negócios, que envolve pequenas comunidades, organizações não-governamentais e governos na promoção do desenvolvimento local sustentável”, afirma o texto.

A empresa do grupo Votorantim que produz papel e celulose fez uma parceria com o Banco Real para oferecer crédito a pequenos agricultores do Rio Grande do Sul. Para os produtores, plantar eucalipto não era atividade atraente, pois a árvore só é cortada de sete em sete anos. Com o projeto, o banco concede empréstimos a juros menores, para que os agricultores possam desenvolver também outras culturas, e a Votorantim Celulose e Papel garante o empréstimo ao comprometer-se a comprar a madeira dos produtores.


SARAH FERNANDES da PrimaPagina
Pnud, Boletim nº 500, 08/07/08

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Último mês para inscrições no Programa de Democratização Cultural




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