quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Projeto de lei quer que Fust seja usado para ampliar acesso à internet

Publicado pelo Computerworld em 08/01/08

Em análise na Câmara, o Projeto de Lei 1063/07, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), determina que os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) sejam utilizados para garantir o acesso a qualquer serviço de telecomunicação, principalmente a internet.

Erundina defende a universalização do acesso à rede de computadores e argumenta que atualmente a Lei Geral de Telecomunicações (9.472/97) e a Lei 9.998/00, que criou o Fust, prevêem a utilização dos recursos do fundo apenas para universalizar os serviços de telefonia fixa.

"O acesso à internet é o serviço cuja universalização é urgente, por seus reflexos na educação, na saúde, na cultura, na economia, em todos os campos da atividade humana", defende Erundina.

"De imediato, o uso mais importante dos recursos do Fust é na melhoria da educação brasileira. O projeto que apresentamos permite que o governo aplique anualmente até 100% dos recursos do fundo em educação."

A proposta também define o Ministério das Comunicações, e não mais a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), como o órgão de implementação dos programas, projetos e atividades que empregam recursos do Fust.

Segundo o projeto, 50% da arrecadação anual do Fundo de Fiscalização dos Serviços de Telecomunicações (Fistel - Lei 5.070/66) serão destinados ao Fust. Erundina argumenta que a arrecadação anual do Fust, cerca de 800 milhões de reais por ano, apesar de expressiva, não é suficiente para promover a universalização dos serviços de telecomunicações e uma efetiva inclusão digital.

Regularização
O projeto propõe ainda que os municípios que implantarem sistemas de acesso à internet recebam outorgas gratuitas do serviço e da freqüência necessária para a implantação do sistema.
Essas providências, na avaliação da deputada, vão regularizar várias situações, uma vez que muitas prefeituras municipais já disponibilizam gratuitamente o serviço de acesso à internet a seus cidadãos sem a devida licença da Anatel.

A proposta também determina que o Poder Executivo elabore um plano nacional de inclusão digital da população brasileira após a publicação da lei. Este plano deverá levar em consideração, entre outros pontos, o estímulo à entrada de novos prestadores de serviço de conexão de alta velocidade, de forma a permitir ampla competição.

Tramitação
A matéria tramita em caráter conclusivo, em conjunto com o PL 2417/03, que trata da promoção da inclusão digital. Os textos serão analisados pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Outro projeto, desta vez em análise pelo Senado, prevê que os recursos do Fust sejam usados para popularizar o acesso ao celular, especialmente nos cerca de 2 mil municípios que hoje não dispõem de redes móveis de telefonia.

Para que os mais de 5 bilhões de reais do Fust, no entanto, possam ser usados para outros fins que não a universalização da telefonia fixa, é preciso mudar a lei que o criou.

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Envio de spam poderá ter multa de até R$ 200 por mensagem

Publicado pelo Computerworld em 08/01/08

Pela proposta em análise na Câmara, a mensagem deverá conter um endereço válido para resposta e um procedimento identificável para que o usuário opte por não receber outra

O envio de spams poderá ser punido com multa caso a Câmara dos Deputados aprove o Projeto de Lei 1227/07, do deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO). O projeto define o spam como qualquer mensagem eletrônica não solicitada, isto é, enviada por e-mail ou outro procedimento sem prévia autorização do remetente. A proposta admite o envio de mensagem eletrônica comercial apenas quando houver relação comercial pré-existente entre o remetente e o destinatário.

Os infratores pagarão uma multa de até 200 reais por mensagem eletrônica comercial não identificada ou mensagem não solicitada enviada em desacordo com as exigências da lei. O envio de uma mensagem eletrônica a destinatário que tenha optado por não recebê-la também será multado em até 200 reais.

Além disso, a mensagem deverá conter um endereço válido para resposta e oferecer um procedimento claramente identificável para que o destinatário opte por não receber outras mensagens do remetente. Uma mensagem eletrônica não solicitada poderá ser enviada uma única vez, desde que atenda a essas exigências.

Infração
Os provedores de acesso a redes de computadores serão obrigados a manter recursos que possibilitem aos usuários identificar, bloquear e optar por não receber mensagens eletrônicas não solicitadas. Caso o provedor deixe de oferecer esses recursos, será multado em até 500 reais, com acréscimo de um terço desse valor (165 reais) na reincidência.

O projeto caracteriza como crime o falseamento e a fraude nas informações sobre o remetente das mensagens, sobre a data e hora de expedição ou do roteamento de qualquer mensagem eletrônica. A conduta criminosa será punida com detenção de três meses a dois anos e multa de até 500 reais por mensagem falseada ou fraudada.

Problema econômico
Eduardo Gomes lembra que o envio de mensagens não solicitadas é um dos principais problemas na internet atualmente. "Estatísticas recentes revelam que mais da metade das mensagens que trafegam na rede mundial são spam. Essa proporção crescerá ainda mais nos próximos anos", teme.

Segundo o deputado, além do transtorno para o destinatário, o spam é um problema econômico para a internet. "Embora saia de graça para o remetente, o custo do tráfego de spam é arcado pelos serviços de acesso à rede e pelos que a sustentam, tais como governos nacionais e instituições de fomento à pesquisa", salienta.

Identificação
O parlamentar reconhece que a aplicação da lei é difícil para coibir o tráfego indesejado de spams, por conta do caráter supranacional da internet e da dificuldade de identificação do remetente. Mesmo assim, afirma entender que "a discussão do problema é de grande relevância para a comunidade de usuários da rede" e o Congresso não pode evitá-la.

O projeto tramita em conjunto com o PL 2186/03, que já foi aprovado pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. As propostas serão analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania antes de seguir para o Plenário.

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Sexta-feira é o último dia de inscrição de projetos sociais na seleção pública da Petrobras

Publicado pela Agência Petrobrás de Notícias em 08/01/08

Foto Agência Petrobrás

Já passa de 1 mil o número de projetos sociais inscritos na seleção pública de 2008 do programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras. Até o final da tarde desta segunda-feira, 7 de janeiro, havia 1229 iniciativas cadastradas, entre projetos de abrangência estadual, regional e nacional. O prazo de inscrições será encerrado nesta sexta-feira, 11 de janeiro.

Até o momento, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia são os estados com maior número de projetos inscritos. Amapá, Acre, Paraíba, Roraima e Alagoas são os que têm menor participação. A Região Sudeste lidera e a Região Norte tem o menor número de projetos inscritos.


Serão destinados R$ 27 milhões para a edição deste ano do programa Desenvolvimento & Cidadania Petrobras. Cada instituição poderá solicitar até R$ 690 mil, pelo período de um ano, para implantação e desenvolvimento do projeto apresentado. Se necessário, a companhia avaliará a possibilidade de o apoio ser estendido por até 24 meses.

Instruções para inscrição
No site www.petrobras.com.br/desenvolvimentoecidadania,, as instituições têm acesso ao passo-a-passo para elaboração do(s) projeto(s). O envio do material deve ser feito em um volume único lacrado, contendo quatro vias encadernadas separadamente em formato A4, acompanhados dos sumários dos formulários de inscrição e demais documentos requeridos. O encaminhamento por via postal deve ser feito por correspondência registrada e com aviso de recebimento, segundo normas dos Correios, para: Caixa Postal 29143 - CEP: 20540-970. Mais informações poderão ser obtidas no SAC (0800-789001).

A inscrição na seleção pública do Desenvolvimento e Cidadania Petrobras é gratuita e deverá ser feita somente no endereço www.petrobras.com.br/desenvolvimentoecidadania, até sexta-feira, 11 de janeiro. Os projetos têm que ser postados, impreterivelmente, até 14 de janeiro de 2008.

Serão aceitos projetos sob responsabilidade de organismos governamentais, não governamentais e comunitários, legalmente constituídos no país, que atuem no Terceiro Setor brasileiro. Cada organização poderá inscrever até três projetos, mas só poderá ser contemplada em um. Poderão candidatar-se projetos em andamento, ou em fase de planejamento, que tenham como foco uma das seguintes linhas de atuação:

Cada organização poderá inscrever até três projetos, mas só poderá ser contemplada em um. Poderão candidatar-se projetos em andamento, ou em fase de planejamento, que tenham como foco uma das seguintes linhas de atuação:
• Geração de Renda e Oportunidade de Trabalho;
• Educação para a Qualificação Profissional;
• Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente.

A divulgação pública dos resultados do processo seletivo será feita até o final do mês de maio de 2008, pela imprensa e pela internet, no mesmo endereço eletrônico.

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Código Brasileiro de Auto-Regulamentação do Marketing Direto

Código de Ética da Associação Brasileira de Marketing Direto

O Código de Ética da ABEMD - Associação Brasileira de Marketing Direto, constitui a auto-regulamentação do setor de marketing direto no Brasil, entendendo-se por marketing direto um sistema interativo que usa uma ou mais mídias para obter uma resposta ou transação mensurável em algum lugar.

As presentes normas de auto-regulamentação têm por objetivo prover os consumidores e as organizações que atuam em marketing direto de princípios de conduta de aceitação nacional e internacional.

Este Código reflete a política da ABEMD de manter um nível de conduta que prioriza a responsabilidade, tanto da entidade quanto dos agentes de marketing direto e de estabelecer com o consumidor relações que tenham por base princípios éticos e justos.

Todos são chamados a apoiar este Código de fato, levando em conta seus princípios e objetivos, e a não considerar suas normas meros obstáculos passíveis de serem contornados por manobras legais.

Por considerar que práticas comerciais abusivas e toda comunicação fraudulenta, enganosa, imoral ou ofensiva são sempre nocivas à publicidade, inclusive no setor de marketing direto, a ABEMD determina a todos os seus associados a observância deste Código.

Capítulo 1 - OS TERMOS DA OFERTA

Honestidade

1.1. As ofertas devem ser claras, precisas e completas, para que o consumidor possa saber a natureza exata do que é oferecido, o preço, eventuais taxas extras, as condições de pagamento e as obrigações nas quais incorre ao fazer a solicitação.

1.2. Antes de divulgar uma oferta, os agentes de marketing direto devem estar preparados para comprovar todas as afirmações anunciadas. São vedadas publicidade ou alegações inverídicas, enganosas, fraudulentas ou que depreciem outras empresas injustificadamente.

Clareza

1.3. Os materiais de comunicação devem incluir uma descrição clara dos pontos essenciais da oferta e do produto ou serviço. Deve-se deixar claro quando uma oferta mencionar bens que não estão incluídos ou que têm custo extra.

1.4. Não poderá ser utilizado material de comunicação que, por suas dimensões reduzidas, localização ou outra característica visual, possa afetar a clareza da oferta ou de exceções a ela.

1.5. As fotografias, ilustrações e situações que representam devem constituir reproduções fiéis dos produtos ou serviços relacionados no material de comunicação.

Condições objetivas

1.6. Todas as descrições e garantias devem estar de acordo com condições, situações e circunstâncias vigentes no período da oferta. Referências a quaisquer limitações (tais como tempo e quantidade) devem estar expressas no material de comunicação e serem cumpridas.

Discriminação

1.7. É inaceitável a discriminação de qualquer pessoa ou grupo com base em raça, cor, religião, nacionalidade, sexo, idade ou estado civil.

Padrões morais

1.8. As propostas não poderão incluir material ofensivo ou inaceitável para publicidade em termos morais.

Publicidade para crianças

1.9. Ofertas próprias apenas para adultos não poderão ser dirigidas a crianças.

Identificação e objetivo

1.10. Em todos os contatos de marketing direto devem ser explicitados os seus objetivos e o nome da empresa, instituição ou organização responsável. Ninguém poderá fazer ofertas ou solicitações sob pretexto de pesquisa ou similar quando o verdadeiro objetivo for a venda.

1.11. As ofertas e remessas devem apresentar com clareza o nome e o endereço ou telefone do agente de marketing direto, para que o consumidor possa entrar em contato.

Proposta em vez de fatura

1.12. Não podem ser usadas propostas que possam ser confundidas com notas, faturas ou outros documentos de cobrança.

Taxa de entrega

1.13. Quando houver cobrança de taxa de entrega, esta deverá ser compatível com os preços vigentes.

Uso da palavra "grátis" e termos semelhantes

1.14. Qualquer produto ou serviço oferecido ao consumidor sem custos ou obrigações pode ser apresentado como "grátis". Quando um produto ou serviço for oferecido gratuitamente e/ou quando a oferta exigir que o consumidor compre outro produto ou serviço, todos os termos e condições devem ser apresentados junto à palavra "grátis" ou ao termo semelhante.

Sistemas de venda

1.15. Ofertas de opção negativa - aquelas que exigem uma manifestação de não aceitação pelo consumidor - são proibidas pelo Código de Defesa do Consumidor.

1.16. Programas de fornecimento automático e continuado de produtos ou serviços deverão obter do consumidor a prévia anuência dos termos iniciais e condições de cancelamento.

Propaganda comparativa
1.17. O material de comunicação que fizer comparação com produtos e serviços da concorrência deverá respeitar os seguintes princípios e limites:

a) O objetivo maior da comparação deverá ser o esclarecimento ou a defesa do consumidor;
b) A comparação deverá ter por princípio a objetividade. Dados subjetivos, de fundo psicológico ou emocional não constituem uma base válida de comparação perante o consumidor;
c) A comparação deverá ser passível de comprovação;
d) A comparação de preços deverá citar a fonte;
e) A comparação não poderá ser feita entre produtos ou serviços de épocas diferentes, a menos que se trate de referência para demonstrar evolução entre bens de consumo, o que, nesse caso, deve ser caracterizado;
f) A comparação não poderá estabelecer confusão entre produtos e marcas concorrentes, caracterizar-se como ato de concorrência desleal ou denegrir a imagem do produto, serviço ou marca de outra empresa.

Garantias

1.18. Quando um produto ou serviço for fornecido com uma garantia (incluindo assistência e suporte técnico), o material de comunicação deverá relacionar seus termos e condições ou informar como o consumidor poderá conhecê-los.

Uso de teste ou pesquisa na comunicação

1.19. Pesquisas ou testes utilizados em material de comunicação devem ter sua fonte e metodologia citadas e provar a afirmação específica a que se referem. O material de comunicação não pode distorcer resultados de testes ou pesquisas nem utilizá-los fora de contexto.

Depoimentos e declarações

1.20. Depoimentos e declarações somente podem ser utilizados quando:
a) Autorizados pela pessoa citada;
b) Verdadeiros e relacionados à experiência da pessoa em questão;
c) Não tomados fora de contexto de forma a distorcer a opinião ou experiência da pessoa com o produto ou serviço.


Capítulo 2 – ATENDIMENTO

Segurança

2.1. Os produtos e serviços devem atender à legislação vigente. As informações fornecidas com o produto devem incluir orientação correta para o uso e instruções completas, inclusive advertência sobre montagem e segurança, sempre que necessário.

Disponibilidade

2.2. Os agentes de marketing direto só podem oferecer produtos e serviços quando estes estiverem disponíveis ou quando houver previsão de entrega ou fornecimento.

Prazo de entrega

2.3. Quando o material de comunicação não especificar o prazo de entrega de produtos ou serviços, fica o mesmo estabelecido em no máximo 30 dias a contar da data do recebimento do pedido. Em todos os casos, os agentes de marketing direto devem atender os pedidos com a maior rapidez.

Igual oportunidade de crédito

2.4. Os agentes de marketing direto que oferecerem em suas campanhas opção de pagamento parcelado devem apresentar formalmente as razões da recusa de um pedido de crédito, sempre que solicitados pelo consumidor.


Capítulo 3 – LISTAS

3.1. Lista é um conjunto de informações individuais sobre consumidores - pessoas físicas ou jurídicas - utilizada nas atividades profissionais de marketing direto, e assim deverá ser definida sempre que divulgada.

Respeito à privacidade do consumidor

3.2. Os agentes de marketing direto que abrem a outras empresas a possibilidade de utilizar suas listas de clientes para ações de marketing direto devem informar tal prática ao consumidor no momento em que seus dados estiverem sendo coletados.

3.3. Os agentes de marketing direto devem oferecer ao consumidor a opção de ter seu nome suprimido de sua lista e providenciar a supressão para os que assim o desejarem.

3.4. Os agentes de marketing direto devem restringir a coleta de informações sobre o consumidor e seu compartilhamento com outras empresas aos dados adequados para fins de marketing.

3.5. Critérios de seleção e informações que possam ser consideradas de natureza pessoal ou íntima não poderão ser compartilhadas com outras empresas quando o consumidor acreditar que tais dados serão mantidos em sigilo.

Acordos para uso de listas

3.6. Os agentes de marketing direto devem certificar-se da fonte e dos métodos de formação da lista antes de utilizá-la ou tornarem-se seu corretor.

3.7. Os proprietários, responsáveis pela compilação e corretores de listas não poderão permitir o compartilhamento de suas listas para ofertas que violem quaisquer das normas deste Código.

3.8. As ofertas devem ser dirigidas para os segmentos do público que mais provavelmente estarão interessados ou que sejam usuários em potencial dos produtos ou serviços oferecidos.

Respeito à propriedade das listas

3.9. Nenhuma lista ou informação nela contida poderá ser usada em violação aos direitos legais do proprietário da lista ou ao acordo entre as partes. Qualquer abuso deverá ser levado ao conhecimento do proprietário legal.


Capítulo 4 – TELEMARKETING

A partir do dia 10 de setembro de 2005, este capítulo passou a ser regido pelo Código de Ética de Call Center, Contact Center, Help Desk, SAC e Telemarketing do Programa de Auto-Regulamentação do Setor de Relacionamento com Clientes e Consumidores, que tem a ABEMD como uma das entidades criadoras e signatárias.

Veja a íntegra do código no menu Código de Ética de Call Center/Telemarketing


Capítulo 5 - ARRECADAÇÃO DE FUNDOS

Veto à participação nos resultados

5.1. Nas ações de arrecadação de fundos e doações para instituições sem fins lucrativos, os indivíduos, organizações ou empresas que delas participem não poderão ser remunerados de forma proporcional aos recursos captados.

Autenticidade da instituição

5.2. Não poderá ser feita arrecadação de fundos e doações para instituições sem fins lucrativos que não estejam em funcionamento.


Capítulo 6 - RESPEITO À LEGISLAÇÃO

6.1. Os agentes de marketing direto devem atuar de acordo com o Código de Defesa do Consumidor e obedecer à legislação vigente sobre publicidade, práticas de marketing e comércio.
(Data de Aprovação : 12/03/97)

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Fashion Rio abre espaço aos pequenos

Ana Paula Grabois
Publicado pelo
Valor Online em 09/01/08


Márcio Duque criou a Homem de Barro em 2004 e hoje tem uma lista de 44 clientes e está presente em 50 lojas
Foto Silvia Costanti/Valor

Mais profissionalizadas, pequenas marcas cariocas estréiam nesta edição nas passarelas do Fashion Rio, reservadas para grifes já consolidadas no mercado. É o caso da Homem de Barro, que já participou das últimas oito edições semestrais do Fashion Business, bolsa de negócios da feira de moda.

Criada em 2004 por Márcio Duque, a marca ganhou espaço entre os atacadistas brasileiros, abriu uma loja este ano em Ipanema e prepara uma estrutura para passar a exportar. "Começamos do nada e no ano passado crescemos 300%", diz Duque, que iniciou no setor de moda vendendo anéis e bolsas na praia junto com a mulher Aline, estilista da marca. Hoje, a empresa vende para 44 clientes e está presente em 50 pontos de venda em todo o país. "Com o desfile, a tendência é aumentarmos nossa produção e venda", disse Duque. O próximo passo será a entrada no mercado de franquias.

A AcomB, marca desenvolvida pela ONG Ação Comunitária do Brasil este ano, contou com a ajuda do estilista Beto Neves, da Complexo B, para dar seus primeiros passos na passarela do Fashion Rio. A ONG participava nos últimos quatro anos do Fashion Business, mas como um núcleo de moda. "De núcleo de moda, passamos a ser uma marca. Pretendemos ser um negócio social sustentável", diz a coordenadora da AcomB, Viviane Martins.

O projeto nasceu na comunidade da Cidade Alta, bairro de Cordovil, no subúrbio do Rio e conta com 60 artesãos, entre bordadeiras e pintores de estamparia. A ONG desenvolve ainda cursos de qualificação nessas técnicas para os jovens da região e vai contar a história da gata Borralheira que vira Cinderela ao pisar nas passarelas. "Vamos falar sobre a identidade deles. Queremos tirar esse lado somente social e colocar estilo, identidade, na marca", diz o estilista Beto Neves. A visibilidade deve aumentar a produção da confecção, que hoje vende para lojas multimarcas. "Pretendemos duplicar o lucro até o fim do ano", disse Viviane. A profissionalização das pequenas confecções no Rio conta com o apoio do Senai Moda do Rio, que promove a capacitação em design de moda, produção, comercialização e exportação. No Fashion Business, o Senai Moda organiza as empresas em pólos e oferece os espaços. "O evento é importante para vender, testar os produtos. As empresas vão refinando seus negócios e as suas coleções e depois ficam prontas para um lançamento no Fashion Rio", disse a gerente do Senai Moda do Rio, Cristiane Alves. O segmento de moda é o terceiro maior gerador de postos de trabalho da indústria no Estado do Rio e emprega cerca de 90 mil pessoas.

De janeiro a novembro de 2007, as exportações de moda carioca cresceram 13%, mesmo com o câmbio desvalorizado. A estilista Gisele Barbosa, dona de uma confecção de mesmo nome, produz roupas bordadas artesanalmente voltadas majoritariamente ao exterior, como Japão e Austrália. "Vendemos 2 mil peças para o Brasil e 5 mil para fora do país. Os estrangeiros dão muito valor ao trabalho artesanal", diz a estilista, cuja produção é feita por 200 famílias de bordadeiras. As vendas da empresa têm crescido a um ritmo de 15% nos últimos três anos.

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Internet muda a cara do antigo "faça-você-mesmo"

Heather Green, BusinessWeek
Publicado pelo
Valor Online em 08/01/08

É uma tarde nublada de dezembro, mas o Pop Up Community Center no centro de Manhattan está fervendo. Espalhados ao longo de uma mesa branca de madeira, meia dúzia de pessoas, com ferro de passar, unem sacos plásticos para criar um tecido de material reciclável. Outros se debruçam sobre máquinas de costura, transformando o plástico em grandes bolsas coloridas, carteiras e até travesseiros. Ocasionalmente, recorrem a conselhos de Anda Lewis Corrie, que lidera uma oficina na qual se ensina a transformar velhos sacos plásticos em objetos que tenham alguma utilidade.

Mais um projeto de serviço comunitário? Não exatamente. Corrie trabalha na área de marketing da Etsy, um mercado virtual, na internet, no qual as pessoas vendem artesanatos de produção própria. O workshop de Corrie trata de compartilhar a experiência do "faça-você-mesmo", uma iniciativa que a Etsy e várias outras empresas, grandes e pequenas, tornaram um negócio considerável.

A Etsy não revela a receita, mas prevê tornar-se rentável no início do próximo ano com o que recebe: US$ 0,20 por item listado e mais uma comissão de 3,5% por mercadoria vendida pelo site. Em 2007, esses comerciantes venderam 1,92 milhão de itens, por US$ 26,5 milhões, de acordo com a Etsy. A empresa iniciante, criada há dois anos e meio, produz vídeos on-line e organiza oficinas com o objetivo de persuadir mais pessoas a aprender umas com as outras a criar artesanato e vendê-los na Etsy. Como a empresa é uma espécie de eBay para artigos de produção manual, quanto mais pessoas se inscreverem para vender seus artesanatos no site, melhor a empresa se sai. "Queremos ajudar as pessoas a ganhar a vida criando coisas", diz Corrie

Embora a mania por artesanato esteja bem consolidada, com vendas de US$ 31 bilhões em 2007, a internet ainda oferece espaço para crescer a passos rápidos. A Hubert Burda Media, uma revista de costura alemã criada há 58 anos, relançou seu site em inglês, BurdaStyle Web, em julho, para compartilhar modelos de roupas que podem ser modificados pelos visitantes para criar novos desenhos. A editora O´Reilly Media, de Sebastopol, Califórnia, lançou a Make and Craft há três anos. São revistas on-line e impressas que mostram como fazer a partir de vídeos e modelos enviados pelos leitores via internet. No site britânico StyleShake, recém-lançado, os usuários desenham e trabalham em conjunto pela internet em seus próprios vestidos de festa, que podem enviar para que a empresa os produza para eles.

Muitas dessas empresas dizem que seguem a linhagem da tecnologia de código aberto dos programas de computador, movimento iniciado nos anos 90 por programadores que queriam criar softwares que qualquer um pudesse usar. Em vez de ter um especialista ensinando as pessoas como fazer algo, o movimento do código aberto ressalta como grupos de pessoas podem compartilhar experiências e aproveitar esse conhecimento. Agora, essa idéia dissemina-se rapidamente.

"Há um ressurgimento do interesse no 'faça-você-mesmo' e surge o desejo de unir pedaços de informação e compartilhá-los como se fosse um código aberto", diz Elizabeth Osder, professora visitante da Annenberg School for Communications, da University of Southern California.

O artesanato, que movimentou US$ 31 bilhões em 2007, pode crescer ainda mais com ajuda da web

Para a Burda, o momento não poderia ser melhor. A empresa quer criar uma comunidade do faça-você-mesmo além da Europa. É a maior vendedora de modelos de costura no continente, mas diz ter apenas 2% do mercado nos Estados Unidos. Embora a Burda não tenha lucro com os modelos que são extraídos de seu site, espera que o boca-a-boca eleve as vendas desses padrões nos EUA. A cada semana, a Burda divulga um padrão diferente na internet, como calças de pernas largas ou as peças conhecidas como saia lápis com pregas. Os modelos são exibidos em formato PDF, que os visitantes podem copiar para seus computadores ou imprimir. Os costureiros podem alterar os modelos a seu gosto e não há restrições a que vendam a roupa finalizada.

A comunidade da BurdaStyle entra em regime de completo código aberto após cada padrão ser colocado na rede. Os membros trocam dicas e colocam fotos no fórum digital sobre como alterar o desenho. Até criam exibições de slides, passo a passo, para demonstrar como mudar o colarinho de um terno ou tornar um pijama em uma roupa para grávidas. Relançado há cinco meses, o BurdaStyle possui cerca de 29 mil membros e recebe 1,5 milhão de visitas por mês.

Uma de suas usuárias mais fiéis é Mirela Popovici, 28 anos, que passa horas no site. Baixa modelos, recebe conselhos nos fóruns virtuais e cria slides mostrando "como fazer". Programadora de computadores durante o dia, a moradora de Hollywood, Flórida, passa as tardes e fins de semana fazendo saias, vestidos e "tops". Em janeiro ela criou uma loja na Etsy. Popovici inscreveu-se para registrar seu site, de graça, sob o nome mirela.etsy.com. Paga à Etsy apenas as tarifas de listagem dos produtos e as comissões sobre as vendas. Agora, além de lingerie e jóias, ela vende algumas das roupas que faz usando os modelos da Burda.

A Etsy foi uma das pioneiras em fazer do compartilhamento de informações um bom negócio. No início de 2007, criou a Etsy Labs, uma comunidade em sua sede, instalada no decadente centro do Brooklyn. A cada dois ou três dias, os vendedores que usam o site da Etsy e outros artesãos promovem aulas noturnas nas quais ensinam uns aos outros suas habilidades, desde como empalhar animais e fabricar instrumentos musicais até a encadernar livros. A empresa, fundada por três amigos com vinte e poucos anos, que se conheceram quando estudavam na New York University, agora ostentam 50 mil vendedores ativos e 600 mil membros registrados.

O movimento virtual do faça-você-mesmo é forte entre as pessoas com menos de 30. O uso de internet é hábito e eles já compartilham quase todos os aspectos de suas vidas na internet. Para compartilhar esse conhecimento no mundo real falta apenas um passo. No ano passado, 45 mil pessoas lotaram a feira Fairgrounds, de San Mateo, Califórnia, onde a Make realizava sua segunda Maker Faire anual. Juntou 300 adeptos inovadores do faça-você-mesmo e apresentou corridas de ferramentas elétricas (lixadoras e cortadores de grama podem atingir quase 100 quilômetros por hora, se tiverem rodas) e uma girafa mecânica em tamanho comparável ao de uma verdadeira.

A experiência de Eric Wilhelm reflete o desejo de colocar a mão na massa. Enquanto se doutorava em engenharia mecânica no Massachusetts Institute of Technology (MIT), então com 23 anos, tornou-se adepto do kitesurfe, esporte em que se surfa na água puxado por um pequeno parapente. Como não tinha o dinheiro suficiente para comprar o equipamento, Wilhelm construiu suas próprias pranchas e mostrou detalhes dos projetos em seu site. Os leitores passaram a pedir mais informações e ajudaram a construir outros projetos. Há dois anos, ele lançou o Instructables.com, site no qual qualquer um pode contribuir com dicas de "como fazer" e ter o retorno dos leitores.

Agora, o site tem 7,5 mil diretivas de como fazer quase tudo, desde uma câmera fotográfica sem lentes, até esculpir uma cadeira de madeira. "Meu avô tinha um monte de vidros de comida de bebê vazios com parafusos e pregos no porão. As pessoas agora começam a ver como isso é valioso", diz Wilhelm. " É por isso que tricotar agora é moderno e está na moda."

Tradução de Sabino Ahumada

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Assembléia de SP aprova nota fiscal eletrônica

Cristiane Agostine
Publicado pelo
Valor Online em 09/01/08

A Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou ontem a nota fiscal eletrônica. O projeto, do Executivo, é uma das iniciativas de maior alcance político do Estado porque dá ao governador José Serra (PSDB) uma bandeira para se contrapor ao crescente apetite fiscal do governo federal. Pelo projeto, 30% do que for recolhido do ICMS por mês em cada estabelecimento comercial será devolvido aos consumidores. Com a aprovação do projeto, o governo paulista prevê um aumento gradual de arrecadação de R$ 4 a R$ 13 bilhões anuais, sendo que o repasse ao consumidor é estimado entre R$ 800 milhões e R$ 1,2 bilhão.

Para que o consumidor receba o dinheiro, no cartão de crédito ou na poupança (é preciso acumular R$ 25), ou ainda em abatimento no IPVA, é preciso que ele se cadastre pela internet. A oposição reconhece os méritos do projeto, mas acusa-o de elitismo pela dificuldade de acesso à internet de boa parte de população. O projeto foi alterado em um ponto polêmico: a compra de equipamentos para emitir a nota eletrônica. Os comércios que faturam até R$ 120 mil não precisarão comprar máquinas para emitir as notas e poderão continuar emitindo os cupons fiscais. O contador será responsável por declarar o CPF ou o CNPJ de cada consumidor para o ressarcimento. A devolução não leva em conta, por exemplo, as vendas de produtos como bebidas, cigarros e carros.

A sonegação do ICMS em São Paulo é alta. A Secretaria da Fazenda estima que para cada R$ 100 arrecadados, outros R$ 60 são sonegados. A idéia central do projeto, de combate à fraude, foi elogiada pelos parlamentares. Entretanto, os deputados do PT, P-SOL e até mesmo do PSDB fizeram críticas à proposta. Entre os problemas estão a falta de clareza na distribuição dos recursos e a eventual migração de consumidores dos pequenos comércios para as grandes redes varejistas, em busca de receber maior repasse do ICMS.

Segundo o deputado Orlando Morando, do PSDB, a proposta pode gerar uma expectativa grande no consumidor, que não será contemplada. "O que será devolvido é baseado no que cada estabelecimento comercial arrecada do ICMS. Isso pode prejudicar o pequeno comércio", disse. O tucano é vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados e ao detalhar sua preocupação, exemplificou o caso do pequeno comércio da periferia, que arrecada menos ICMS porque suas maiores vendas são de produtos da cesta básica, isentos do imposto. Assim, devolveriam menos ao consumidor e poderiam perder clientes para as grandes redes, que vendem uma variedade maior de produtos, recolhem mais ICMS e poderiam dar um retorno maior aos consumidores. "Além disso, se um mercadinho não compra nada em um mês, não devolverá nenhum centavo ao consumidor. Isso não acontece nas grandes redes", disse.

Na análise do líder do PT na Assembléia, deputado Simão Pedro, o projeto é "marqueteiro" e dará um "retorno pífio" ao consumidor. "O benefício para a população será muito pequeno, mas o governo vai fazer muita propaganda de que será uma forma de diminuir a tributação. É preciso que o governo deixe claro ao consumidor que não será devolvido 30% da compra", disse. Reforçando as críticas da oposição, Rui Falcão (PT) afirmou que a intenção de Serra é fundamentar as críticas à gestão fiscal do governo federal. "Serra quer mostrar que ele reduz tributos em São Paulo enquanto Lula os aumenta. É mentira e será uma forma de fazer publicidade com uma medida que não atingirá os grandes sonegadores de impostos".

Já a líder do PSDB na Assembléia, deputada Maria Lúcia Amary, defendeu a nota fiscal eletrônica como um projeto que representa um avanço no sistema tributário. Para ela, o modelo servirá de exemplo para todo o país. "O governo reorganizará o sistema tributário e fará um reajuste fiscal. Temos uma excessiva carga tributária e esse projeto ajudará a combater isso", afirmou. "O gesto do governador, de enviar o projeto ao Legislativo para votação, foi muito positivo. O governo Lula só aprova matérias importantes por Medida Provisória", atacou.

Os deputados da oposição divergem até mesmo do "slogan" do programa da Secretaria da Fazenda paulista - Programa de Estímulo à Cidadania Fiscal do Estado de São Paulo. Rui Falcão observou: "O PSDB acredita que só é cidadão quem tem vantagem financeira. É uma relação mercantilista, não republicana", pontuou. A líder do PSDB discorda: "Vamos incentivar o povo a exigir a nota fiscal. Será um resgate da cidadania", afirmou Maria Lúcia.

Dos 94 deputados, 71 participaram da votação. O projeto foi aprovado com 55 votos a favor e 16 contra. Apesar da tranqüilidade para aprovar projetos na Assembléia, o PSDB sofreu um revés com a denúncia contra o ex-líder do partido na Casa, deputado Mauro Bragato. Ele é investigado por suspeita de recebimento de propina de uma empreiteira contratada pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Ontem, o Conselho de Ética do Legislativo nomeou o deputado David Zaia (PPS), aliado ao governo, para a relatoria do caso. Bragato terá uma semana para apresentar sua defesa e em um mês o conselho deve apresentar parecer sobre a denúncia. Por meio da assessoria, o tucano elogiou a "isenção" do conselho e disse que entregará a defesa antes do prazo.

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Governança ainda sem sustentabilidade

Graziella Valenti
Publicado pelo
Valor Online em 09/01/08

Mauro Cunha, vice-presidente do IBGC: as empresas não têm prazo de validade
Foto Marisa Cauduro/Valor


A notícia é ruim. Sustentabilidade é tema sem prioridade administrativa até nas companhias listadas no Novo Mercado da Bovespa. Teoricamente adeptas das melhores práticas de governança, as empresas ainda enxergam de forma separada assuntos societários e financeiros dos temas "sustentáveis". Por isso, muitas se dizem praticantes da boa governança mesmo que seus projetos estratégicos não levem em conta os impactos que causam na sociedade, seja no processo produtivo ou na prestação de serviços.

Apenas dez companhias do espaço da bolsa que exalta a excelência em gestão compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado pela mesma bolsa há cerca de dois anos. Ou seja, o Novo Mercado tem 80 empresas, mas só pouco mais de 10% delas participam da formação do ISE. A presença no indicador depende das respostas dadas a um extenso questionário sobre a sociedade e seus procedimentos e de uma seleção por liquidez das ações.

Mas também há uma boa notícia. Para os especialistas, uma gestão com boa governança nas questões societárias e administrativas deve colocar na rota de um plano sustentável as companhias que ainda não estão. "Ao inserir a equidade, a transparência e o hábito à prestação de contas em seus princípios básicos, as empresas vão caminhar naturalmente nessa direção", diz Mario Monzoni, professor e coordenador do Centro de Estudo em Sustentabilidade (CES), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de um dos responsáveis pela metodologia do ISE.

O professor aposta que a adesão ao ISE aumentará ao longo dos anos, tanto pelo maior interesse das companhias como pela superação das limitações de liquidez, especialmente pelas novatas na bolsa. Para responder ao questionário de seleção, as empresas precisam que suas ações sejam negociadas há, no mínimo, 12 meses. Como a maior parte das ofertas inicias de ações ocorreu em 2006 e 2007, muitas não preenchem esse requisito pela falta de histórico.

Quando consideradas apenas as estreantes que preenchem as exigências de liquidez, de fato, o cenário melhora. Das 12 empresas que emitiram ações no Novo Mercado em 2004 e 2005, cinco já estão no ISE (42%). Ficaram fora Grendene, Porto Seguro, Cosan, Nossa Caixa, OHL Brasil, Submarino e Renar Maçãs.

Os especialistas são unânimes em afirmar que governança e sustentabilidade devem andar juntas, pois são complementares. Paralelamente ao aumento da abrangência do conceito de governança, o de sustentabilidade também cresceu. Não mais se trata só de projetos para o meio-ambiente, explica Roberto Gonzalez, diretor de estratégia de sustentabilidade do The Media Group.

O universo empresarial, com seu gosto por jargões, deve buscar agora o chamado "triple bottom line" - algo como três focos de ação , numa tradução livre. Os alvos são as questões sociais, ligadas aos funcionários e à comunidade do local de atuação da empresa; as ambientais, relacionadas aos impactos ecológicos; e as financeiras, dos resultados obtidos.

Monzoni, da FGV, explica que a companhia preocupada com temas ambientais e sociais deve avançar sobre seus próprios procedimentos, antes de fazer projetos externos, apenas compensatórios. É preciso primeiro avaliar os efeitos do processo produtivo - como resíduos, gases emitidos, energia utilizada e tratamento dado aos funcionários.

"Não ter um projeto sustentável significa que uma companhia não conseguirá sustentar sua taxa de crescimento no longo prazo. Ou seja, vai desaparecer no tempo", afirma Mauro Cunha, vice-presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Para ele, o investidor é influenciado por essa questão mesmo que não queira ou não perceba. "Não se trata de ser bonzinho. Muitas empresas esquecem um artigo de seu estatuto social que diz: 'o prazo de duração da sociedade é indeterminado'".

Além das informações nos balanços serem pobres em conteúdo sobre sustentabilidade, quando não ausentes, também os prospectos de apresentação das companhias que abriram capital deram pouco espaço ao tema. Para Gonzalez, o material é ruim, o que atesta a falta de preocupação com o assunto. Em geral, os documentos das novatas trouxeram pouca informação e sem profundidade. Trata-se de um comportamento que prejudica a transparência e, portanto, fere os princípios de governança. A questão, porém, pareceu não impactar as operações.

De 2004 até agora, foram vendidos R$ 94 bilhões em papéis na bolsa brasileira. Nem mesmo o investidor estrangeiro, tido como mais seletivo e criterioso com o tema, deu importância à questão. Os recursos internacionais responderam por nada menos do que 70% desse total.

"O investidor não foi treinado para ver a ligação entre governança e sustentabilidade. Mas, aos poucos, perceberá que é tudo a mesma coisa", reforça Monzoni. Incluídas aí as questões financeiras - foco predileto do mercado de capitais, desde os fornecedores de crédito, aos investidores em ações até os analistas.

O professor da FGV lista algumas vantagens na adoção de uma administração sustentável: a redução de riscos com passivos ambientais; maior acesso ao crédito; barateamento de custos com seguros; lealdade do consumidor; melhora da imagem institucional; e redução de potenciais conflitos com os públicos de relacionamento da empresa. Destaca ainda que o avanço sustentável amplia a inovação na produção.

A Natura é uma das raras exceções no universo empresarial, pois vê conjuntamente governança e sustentabilidade. "São temas absolutamente integrados", enfatiza o gerente de relações com investidores, Helmut Bossert. Mas admite que, apesar do comportamento perante o assunto, ainda não percebe diferença no preço das ações. "Tenho a impressão que, ao longo do tempo, seremos sempre lembrados por ter esse diferencial. Hoje, isso é apenas observado, mas não é 'precificado'"

A empresa investe 3% da receita líquida anual em pesquisa e desenvolvimento, área ligada à sustentabilidade. Além disso, prefere matérias-primas limpas mesmo mais caras. "Nem pensamos em buscar margem usando algo barato e poluente."

Por enquanto, assim como foi com a governança no passado, o valor agregado com a gestão sustentável ainda está no campo do intangível. Mas já é um sinal dos tempos que não haja dúvida sobre as vantagens no compromisso com o tema.

A Deloitte Touche Tohmatsu percebeu essa mudança e trouxe para o Brasil sua área de consultoria que cuida dos aspectos sociais e ambientais. O sócio responsável Ives Müller diz que o crescimento da procura pelas companhias é exponencial. Porém, não revela os dados. Elas estão interessadas em preparar relatórios sobre o assunto e dar credibilidade ao conteúdo. "As organizações começam a perceber que mostrar preocupação contínua gera valor e assegura perenidade ao negócio."

Bossert diz que hoje a Natura já ganha ao agregar valor a sua imagem e, com isso, chamar mais atenção dos consumidores. No longo prazo, as vantagens devem aumentar. "Acreditamos que todos terão de pensar como nós e, quando isso acontecer, estaremos à frente."

Predomina, entre os especialistas, o sentimento de que a tendência é de forte aumento da cobrança por sustentabilidade pelos públicos consumidor e investidor. Um dos trabalhos de Bossert é ampliar a base de acionistas da Natura focados em projetos equilibrados - hoje, eles respondem por 10% do total. A idéia é ampliar esse porcentual, apresentando os diferenciais da companhia.

Porém, Bossert conta que, na maioria das vezes, quando trata do tema, os analistas financeiros apenas ouvem, sem participar do debate com a empresa. Não há dúvidas de que o lucro e a geração de caixa chamam mais atenção do que as informações sobre consumo de energia e água por produto, percentual de resíduo por peso de produto e índice de refil faturado, frente às vendas
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Com apelo natural, marcas brasileiras miram os EUA

Daniela D'Ambrosio e Cynthia Malta
Publicado pelo
Valor Online em 09/01/08

Clelia Angelon, da Surya: seus produtos estão em 30 Estados americanos e exportações já são 50% do faturamento
Foto Ricardo Benichio/Valor

O discurso da biodiversidade tão propagado pela Natura ganha discípulos de todos os tamanhos no Brasil - especialmente daqueles que querem conquistar seu espaço lá fora. Nem o câmbio desfavorável fez esmorecer os planos de companhias nacionais de cosméticos de pequeno e médio porte que elegeram o mercado externo como sua principal estratégia.

E os Estados Unidos - que depois da Europa despertaram para o conceito de produtos naturais - surgem como uma das grandes oportunidades de negócio do momento. Empresas como Surya Brasil, nuNaat, Amazônia Viva e Vita Derm usam de ingredientes como guaraná, açaí e pupunha para emplacar seus produtos nas cobiçadas e disputadas prateleiras americanas.

O primeiro passo - construir uma relação de confiança - já começa a ser dado. "Os EUA só tinham dúvidas a nosso respeito e agora estamos começando a vencer as barreiras", afirma Luis Carlos Basílio, presidente da Abihpec. "É um envolvimento que cresce, conforme se estabelece uma relação de respeito."

Vegetariana e naturalista desde a adolescência, Clélia Angelon é o cartão de visitas da sua empresa, a Surya Brasil. Casada com um indiano, começou vendendo henna, produto natural que tinge os cabelos, e resolveu expandir a linha. A empresa abriu uma subsidiária nos Estados Unidos em 1997 e só a partir de 2005 começou a colher os frutos - prova de que se trata de uma tarefa árdua e demorada. "É um trabalho de formiguinha que exige um conhecimento profundo do mercado", afirma Clélia.

E, apesar do câmbio, este tem sido um dos melhores anos para a companhia No mês de julho o faturamento triplicou em relação a junho. Seus produtos já estão em mais de 30 Estados americanos e conseguiu entrar em lojas de produtos naturais como The Haealth Nuts, Westerly Market, Rickys NYC e Sunflower Market. O impulso veio com a conquista do Ecocert, emitido por uma certificadora francesa de produtos naturais e orgânicos.

"Os consumidores americanos são muito informados e conscientes, já descartam o produto só de olhar a composição", conta. Entre as matérias-primas vetadas estão os parabenos, derivado de petróleo considerado alergênicos, amônia, água oxigenada e até produtos químicos mais técnicos, como o diazolidinil uréia, que contém formol e é considerado cancerígeno.

Embora a Surya tenha uma linha de xampus e cremes batizada "Amazônia Preciosa", um dos carros-chefes é a coloração em pó. Outra coqueluche é a tatuagem de genipapo, 100% natural e que fica 15 dias na pele. As exportações representam 50% do faturamento da Surya Brasil, de R$ 7 milhões no ano passado.

O nome Amazônia, aliás, já está ganhando status de commodity. A Amazônia Viva, empresa de produtos naturais de luxo criada no ano passado - um hidratante para o corpo custa R$ 120 e um xampu R$ 40- pretende pavimentar sua entrada no mercado americano a partir do ano que vem. O plano é começar a vender os produtos daqui a três anos, afirma a empresária Maria Cristina Ferreira, que já exporta para a França e Grã Bretanha. "Vejo mais chance de crescimento no mercado externo do que interno."

Mas em tempos de real valorizado um produto tão caro consegue ter espaço? "O mercado já está pronto para as marcas naturais mais baratas, eu tenho um trabalho adicional de provar a qualidade do meu produto", diz Cristina.

A Vita Derm, que fabrica produtos para tratamento de rosto, cabelo e corpo e faturou US$ 170 milhões em 2006, sendo 5% disso em exportações, inaugurou em março deste ano uma loja, a Spa Vita, em Boca Raton, na Flórida, e está em negociação com uma grande rede de varejo, cujo nome ainda é mantido em sigilo. O modelo de spa tem por objetivo fazer a consumidora testar os produtos, aplicados por profissionais. Se ela gostar, pode levar para casa ou voltar à loja para outra sessões de tratamento. Obter certificação internacional também é considerado ponto importante na conquista da clientela - fora e dentro do Brasil.

A linha Vita Amazônia, por exemplo, é testada por um instituto de bio-engenharia cutânea na França, conhecido pela sigla ISIC. Marcelo Schulman, que tem a produção centralizada no bairro paulistano da Lapa, também estuda instalar uma fábrica no Amazonas, mas argumenta que, apesar dos benefícios fiscais oferecidos pela Zona Franca de Manaus, a distância do seu principal mercado consumidor, o Estado de São Paulo, e dos fornecedores é um ponto negativo expressivo. Ele considera outras alternativas (ver abaixo).

O potencial dos produtos brasileiros com apelo natural em outros países já está atraindo empresas totalmente voltadas ao mercado externo. Com fábrica em São Paulo, a nuNAAT - palavra que significa terra no idioma falado na Groenlândia - foi criada em 2005 somente para exportar. Apesar da falta de referência ao mercado brasileiro, os produtos contêm insumos como guaraná, cupuaçu, karitê e semente de linho. A empresa compra parte da matéria-prima de uma reserva de índios do Mato Grosso que faz extração do óleo de castanha. E, claro, usa isso como importante ferramenta de marketing.

A companhia está abrindo um escritório e um centro de distribuição em Miami e escolheu um nicho para atuar: produtos naturais para o mercado étnico - com grande potencial nos Estados Unidos. "Os Estados Unidos não são tão burocráticos como outros países em termos de normatização e registro dos produtos", afirma Alexandre Vasto, diretor da nuNAAT. "Lá, é preciso ser organizado e ter preço competitivo".

Por conta do interesse maciço de empresas brasileiras em entrar naquele mercado, já existe uma rede de "fornecedores de serviços", que vão desde profissionais que desenvolvem estratégias de marketing até especialistas numa determinada rede de varejo. "O que importa mesmo é é estar lá, estudar e sentir o mercado", diz Vasto.

O mercado americano de cosméticos é o maior do mundo, com uma participação de 19,6%. Faturou US$ 50,35 bilhões no ano passado. O brasileiro, que conquistou a posição de terceiro maior do mundo, faturou R$ 17,5 bilhões.

A Natura, que já tem uma forte presença na América Latina, e em 2005 abriu uma loja em Paris, partirá para o mercado americano no primeiro semestre do próximo ano através do modelo de venda direta. A companhia elegeu a costa oeste para começar o trabalho.

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Avalanche de novidades aumenta investimento em marketing

Daniele Madureira
Publicado pelo
Valor Online em 09/01/08

Edmundo Klotz, presidente da Abia: aumento da renda favorece as apostas da indústria alimentícia em itens de maior valor agregado

Há muito tempo a indústria de alimentos não colocava tantos novos produtos nas gôndolas. Nos primeiros seis meses deste ano, segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), os fabricantes de alimentos desembolsaram R$ 1,16 bilhão em marketing - o que engloba lançamento de produtos, verbas de promoção, divulgação, marketing e publicidade. O valor quase empata com o que foi aplicado ao longo de todo o ano passado, R$ 1,266 bilhão.

Em relação ao primeiro semestre de 2006 (R$ 800 milhões), o aumento foi da ordem de 45%. As empresas voltaram, este ano, ao mesmo patamar verificado no início do Plano Real, em 1995, quando a indústria aplicava 1% do faturamento em marketing.

"O aumento da renda do consumidor e a estabilização da economia têm incentivado os fabricantes a apostarem em produtos de maior valor agregado", diz Edmundo Klotz, presidente da Abia. Segundo Amilcar Lacerda de Almeida, gerente do departamento de economia, estatística e planejamento da associação, a recuperação nos investimentos em marketing vem acontecendo desde 2003, depois da forte alta do câmbio no ano anterior, que inviabilizou parte dos recursos destinados à publicidade. "Este ano, os investimentos em marketing devem atingir R$ 2,1 bilhões", afirma Almeida.

Curiosamente, a aplicação de recursos em pesquisa e desenvolvimento se mantém proporcionalmente abaixo, neste ano, do que representou no ano passado, o que sugere que a indústria tenha optado por extensões de linha.

O investimento em fusões e aquisições também deu um salto enorme: R$ 10,5 bilhões neste primeiro semestre, contra R$ 1,8 bilhão do ano passado. "Mas, neste caso, incluímos na conta as operações nos setores de açúcar e álcool e também dos frigoríficos, áreas que estiveram bastante aquecidas este ano", diz Almeida. Os derivados de carne (bovina, de aves e suína), por sinal, foram os produtos que tiveram o maior aumento real de vendas nos primeiros seis meses: 14,15% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 16 bilhões, já descontada a inflação. Neste caso, explica Klotz, as exportações puxam o resultado. "A chancelaria brasileira está fazendo um bom trabalho ao eliminar eventuais barreiras à carne e derivados no exterior", diz o presidente da Abia.

As exportações tiveram uma participação importante na receita do setor durante o período de janeiro a junho deste ano: US$ 12,2 bilhões, com crescimento de 31,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A segunda categoria que apresentou o melhor desempenho em vendas foi a de chocolate, cacau e balas, com aumento real de de 13,3%, perto de R$ 4 bilhões. "A venda de chocolates vem crescendo desde 2004, mais uma vez incentivada pelo aumento da renda do consumidor", diz Almeida.

A indústria como um todo, no primeiro semestre, registrou aumento real de vendas de 4,59%, atingindo R$ 103,8 bilhões ou US$ 51,12 bilhões. Óleos e gorduras registraram alta de 10% nas vendas, atingindo R$ 11,32 bilhões. Laticínios, por sua vez, registrou alta de 11,2% entre janeiro e junho deste ano sobre os mesmos meses do ano passado, para R$ 11,5 bilhões.

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