sexta-feira, 25 de julho de 2008

Rede de solidariedade

Assista à animação sobre a rede de voluntariado V2V - idealizada pelo Portal do Voluntário em colaboração com Fundación Chandra (Espanha) - e veja como funciona esta rede de solidariedade.




Se quiser saber mais sobre o Portal do Voluntário, sobre o V2V, sobre voluntariado ou se simplesmente quiser encontrar uma oportunidade para ser voluntário, visite www.portaldovoluntario.org.br/

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Cidade de Minas Gerais promove "Inverno Orgânico" até domingo

Cappelletti brodo orgânico é uma das receitas servidas no festival que termina no domingo


Termina no próximo domingo (27), o festival "Inverno Orgânico" na cidade de Gonçalves há 220 km de São Paulo.

Conhecida como a cidade dos orgânicos graças a produção de frutas, legumes, verduras, cachaça, café e pinhão sem o uso de agrotóxicos e pelas características do solo e plantação.

Até o fim de julho, a cidade que registra uma altitude média de 1.300 metros e possui aproximadamente 35 cachoeiras, promove um festival gastronômico nos finais de semana.

Entre as atrações está a apresentação do chef de cozinha Sérgio Peres, do restaurante Nó de Pinho, de Gonçalves que vai apresentar receitas preparadas com produtos orgânicos. Os pratos poderão ser provados pelo público presente na "Feira dos Orgânicos" no centro da cidade.

Mais informações podem ser obtidas no site: www.invernoorganico.com.br



Folha Online, 25/07/08

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Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência indica mudança de paradigma

“Estamos passando por um processo de mudança. Já conquistamos muitas coisas. O Brasil ter ratificado a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (PcDs) foi um marco, uma conquista histórica, um compromisso da sociedade brasileira”.

A afirmação é do professor Carlos Ferrari, deficiente visual, vice-presidente da Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais (AVAPE), instituição que busca a inclusão de pessoas com deficiência e integra o Conselho Nacional de Assistência Social, do Ministério do Desenvolvimento Social e Assistência Social.

Segundo o professor, a ratificação marca uma mudança de paradigma nas atitudes e abordagens em relação à questão. “A sociedade passa a ter um novo olhar. O Brasil fala para o mundo e entra no hall dos países que assinaram a convenção”, explica.

A convenção foi estabelecida em Nova Iorque em 30 de março de 2007 e a ratificação brasileira ocorreu no início do mês de julho de 2008. “Sem dúvida, veio numa boa hora. O debate já está amadurecido, o assunto foi muito discutido por diversos setores da sociedade e segmentos de lutas. As pessoas conseguiram chegar num ponto de maturação sobre a questão e convergir diferentes visões da sociedade. O Brasil precisava do debate, pois sem a discussão teríamos ratificado a convenção, mas ela funcionaria apenas em âmbito legal, e na prática mesmo poucas coisas mudariam”, diz Ferrari.

A convenção foi definida como um documento histórico, porque é o primeiro tratado internacional com status constitucional da história do Brasil. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), promulgou o decreto legislativo com a ratificação do texto no dia 9 de julho de 2008. Ele beneficiará 14,5% dos brasileiros, aproximadamente 25 milhões de pessoas que têm algum tipo de limitação funcional.

Construída com a participação de organizações de deficientes de todo o mundo, o texto da convenção estabelece obrigações para assegurar igualdade de oportunidades e adaptações necessárias ao livre acesso a bens, serviços e direitos, conferindo reconhecimento universal à dignidade das pessoas com deficiência.

Situação das pessoas com deficiência
Segundo Ferrari, o Brasil vem evoluindo no sentido de respeitar os direitos das pessoas com deficiência. “A lei de cotas nas empresas, por exemplo, foi um grande avanço. Os estabelecimentos comerciais evoluíram, colocando sinalização e rampas de acesso. As calçadas apropriadas nas ruas e nos metrôs também já fazem parte da cidade. As próprias empresas estão mais conscientizadas e mais preparadas para receber as pessoas com deficiência”.

Neste contexto, o trabalho do Terceiro Setor é de grande importância. “O Terceiro Setor vem fazendo um ótimo trabalho, se manifestando com muita propriedade, mobilizando a sociedade civil e chamando atenção para o assunto. As pessoas estão se conscientizando. Não queremos ser vistos como pessoas que precisam de proteção social, mas como cidadãos com direitos e plena capacidade para exigi-los e tomar suas próprias decisões como membros ativos da sociedade”.

Ferrari também explica que para a inclusão obter sucesso é necessário realizar um trabalho de sensibilização junto às empresas. “Não basta você contratar pessoas com deficiência para apenas cumprir cotas estipuladas pelo governo. A empresa tem que ter consciência que está contratando alguém que tem capacidade e total competência para exercer aquela função”, ressalta.


Vivian Lobato, do Aprendiz
Envolverde, 24/07/08
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Microcrédito não atinge 50% dos pobres

Serviços financeiros e oferta de crédito a juro baixo, com menos burocracia, beneficiam 47,8% das famílias de baixa renda do planeta

As microfinanças — oferta de crédito e de outros serviços bancários a juros baixos, com menos burocracia e prazos de pagamento flexíveis — atingem menos da metade das famílias pobres do mundo. Das 193,6 milhões de famílias que recebem menos de US$ 1 por dia, 47,8% têm acesso a esse tipo de serviço, de acordo com números citados num estudo do Centro Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD em parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

A Ásia é a única região em desenvolvimento em que mais da metade (68%) dos domicílios pobres são beneficiados por microcrédito. A proporção é menor na Europa Oriental e na Ásia Central (28,8%) e na América Latina (20,2%). A região em que as microfinanças têm menor penetração é África e Oriente Médio (11,4%).

“O acesso aos serviços financeiros traz inúmeros benefícios. Mas menos da metade dos domicílios nos países em desenvolvimento têm acesso a serviços financeiros, comparados com mais de 70% no mundo desenvolvido”, afirma Degol Hailu, do Centro Internacional de Pobreza, autor do paper Equitable Access to Financial Services: Is Microfinancing Sufficient?.

Em 2006, de acordo com o estudo, havia 3.316 instituições de microfinanças no mundo, que atendiam a 133 milhões de famílias pobres — desse total, quase 70% estava abaixo da linha da miséria e 85% eram mulheres.

Hailu destaca que o microcrédito é bastante importante para promover o acesso da população rural e de famílias pobres de centros urbanos às principais vantagens oferecidas pelos serviços financeiros. Servem de alternativa aos bancos, que freqüentemente não têm unidades em locais próximos a concentração de famílias de baixa renda. "Os pobres podem não ter o mínimo de dinheiro requerido pelo banco para abrir as contas. A falta de familiaridade com os complexos processos e as documentações envolvidas no depósito e retirada de dinheiro podem também constranger o acesso", diz o texto.

As microfinanças ainda não estão suficientemente disseminadas entre os pobres porque ainda se concentram em zonas urbanas e são “excessivamente dependentes de fundos internacionais”, afirma Hailu no artigo.

Para reverter a situação, diz o autor, freqüentemente a sugestão é ligar as instituições de microfinanças aos bancos comerciais — uma rede que traria benefícios tantos às instituições de microfinanças quanto para as bancárias. "Isso daria aos bancos uma maior base de clientes de pequenos negócios", afirma o texto, acrescentando que esse fenômeno pode ser chamado de "formalização da economia informal". Esse processo, ressalva, não garante que um número suficiente de pobres seja beneficiado, pois há carência de bancos comerciais, principalmente na zona rural.

Nesse sentido, defende Hailu, é preciso que as políticas públicas incluam financiamento direto aos pobres — como é feito na China, por meio de cooperativas de crédito rural, e no Vietnã, por meio de um banco público. Nesses dois países, “a política pública buscou o desenvolvimento rural por meio de programas de crédito em setores intensivos de mão-de-obra”, destaca. Não por acaso, nas duas nações asiáticas a pobreza tem caído rapidamente.


Redação do Pnud
Envolverde, 25/07/08
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Todo mundo quer saber

Olívio Guedes, diretor do Museu Brasileiro da Escultura, ministra aula no Universo do Conhecimento, uma das novas casas de cultura no bairro dos Jardins
Foto Sergio Zacchi/Valor


Logo no hall de entrada da Escola São Paulo, uma das muitas casas de cultura abertas nos últimos anos no refinado bairro dos Jardins, na esteira do sucesso da Casa do Saber, lê-se a placa: "Cultura é saúde". De fato, desde que trocou as aulas semanais de natação por cursos de literatura e arte, o advogado Marcio Silveira, de 37 anos, se sente melhor e mais produtivo. Diretor-jurídico da Oracle do Brasil, gigante no ramo de software empresarial, Silveira conseguiu convencer outros colegas de trabalho a trocarem atividades esportivas ou de lazer por algumas horas por semana ouvindo contos de Jorge Luis Borges.

Silveira desembolsa cerca de R$ 300 por mês para freqüentar vários tipos de cursos, um pouco mais do que gastaria na academia de ginástica e na natação. Não se arrepende. Hoje, mesmo com alguns quilos a mais, é capaz de citar de cor trechos do livro "Cidades Invisíveis", de Italo Calvino, um de seus favoritos, cujo diálogo entre os personagens Marco Pólo e Kublai Khan virou uma espécie de mantra diário. "Esse texto tocou-me profundamente e levo-o comigo no meu dia-a-dia, inclusive na empresa, pois é por meio da aprendizagem contínua que se garante a renovação do olhar e conseqüentemente a busca de alternativas viáveis", diz Silveira, animadíssimo com a próximo curso que freqüentará por três dias - A Arte de Colecionar: Paixão e Determinação.

Silveira não pode mais ser considerado um advogado excêntrico. Buscar aperfeiçoamento intelectual de todos os tipos virou uma tendência forte entre a classe média de São Paulo e de outras capitais brasileiras. Só na região dos Jardins há pelo menos uma dúzia de casas que oferecem todos os tipos de cursos possíveis, dos mais tradicionais, como História da Filosofia, aos mais curiosos, como A Arte de Contar Histórias para Crianças.


A Casa do Saber, por exemplo, a mais conhecida de todas, que pelo número de alunos de bom poder aquisitivo chegou a ser apelidada de "Daslup" (combinação de Daslu, a megaloja de luxo paulistana, com a Universidade de São Paulo, a USP, berço da intelectualidade paulistana) acaba de fazer mais um investimento de peso. Além das duas sedes em São Paulo - uma nos Jardins, outra em Higienópolis - e uma filial carioca, no bairro da Lagoa, a casa também mantém, desde o dia 20, uma unidade no luxuoso Shopping Cidade Jardim. O valor do empreendimento não é revelado, mas pelo preço do metro quadrado do shopping, um dos mais caros da cidade (cerca de R$ 10 mil), e o amplo espaço da nova unidade (200 m²), é possível ter uma idéia de como a Casa do Saber virou uma âncora poderosa e lucrativa dessa modalidade de negócios.

Para muitos, a força desses cursos é parte do ciclo de bonança econômica, que favorece o surgimento de uma nova classe média, sempre ávida por legitimação social por meio da cultura. Esse fenômeno, entretanto, tem lá seu lado positivo. "Todo mundo deseja o saber. A classe média alta também quer saber além dos horizontes da Daslu, e é bom que existam espaços para ela", justifica Daysi Bregantini, diretora do Espaço Cult. "O simples contato com alguns pensadores, mesmo que superficial, pode contribuir para melhorar o repertório", avalia.

Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia política da USP está alinhado com Daysi. Para ele, não há nenhum mal em verificar o anseio dos emergentes por cultura. "A ignorância leva a um constrangimento social, que acaba obrigando o sujeito a procurar por conhecimento", afirma Ribeiro. "E esse tipo de pressão é ótimo, leva a pessoa a avançar na vida."

O aumento do número de casas de cultura foi acompanhado por uma mudança do perfil dos freqüentadores. A classe média alta, representada por empresários, profissionais e socialites, ainda forma a base de sustentação dos cursos, mas, nos últimos anos, tem dividido o espaço nas salas com estudantes de pós-graduação, à procura de aulas complementares, e com profissionais das mais variadas áreas e classes sociais, bancados por suas respectivas empresas. Na maioria dos casos, o funcionário é levado ao curso para aprofundar o conhecimento na sua área. "As empresas que pagam cursos para seus funcionários exigem aplicação prática", explica Daysi. "Por exemplo, no curso A Arte de Editar um Livro, aqui da Casa Cult, grande parte dos alunos era de profissionais ligados a editoras."

No entanto, há casos cada vez mais comuns de a empresa se dispor a bancar o curso de um funcionário mesmo que não haja nenhuma ligação do conteúdo da aula com a atividade profissional. A socióloga Marina Bedran, curadora da Casa do Saber, acredita que essa tendência é reflexo imediato da crescente segmentação do mercado. "O profissional fica tão preso ao seu universo, ao seu saber, que acaba sendo necessário o conhecimento em outras áreas para que ele ganhe mais produtividade", comenta.

Na Casa do Saber, há bancários fazendo curso de literatura, com bolsas de estudo oferecidas por suas companhias. Para Marina, o resultado nem sempre é satisfatório. "Por um lado, é muito bom abrir a cabeça de um profissional para outras culturas, para outros conhecimentos, enfim, humanizar sua formação, mas as empresas, tão afeitas a padrões, a normas, podem criar, meio sem querer, funcionários mais contestadores, mais idealistas", alerta.

No Espaço É Realizações, localizado na Vila Mariana, a porta está aberta para alunos de todas as idades e classes sociais. Há cursos sobre tudo, seja para os que se interessam apenas superficialmente por um assunto e desejam cursos rápidos, de duas horas, seja para alunos de pós-graduação com lacunas na formação. Dona de casas entediadas e aposentados também são bem-vindos. O curso A Arte de Contar Histórias faz sucesso com senhoras voluntárias que querem aprender a narrar histórias para crianças doentes em hospital. Executivos têm preferência por cursos de filosofia e arte contemporânea. "Nosso público é muito variado, mas a motivação é a mesma: todos querem aprender a consumir cultura de qualidade", diz Edson Filho, diretor-geral da Espaço É Realizações.

Considerada uma das pioneiras do ramo, a da Augôsto Augusta, no mercado há dez anos, é a mais ortodoxa das casas de cultura. Localizada na rua Augusta, também nos Jardins, nasceu como uma extensão da galeria e livraria inaugurada em 1968 por Regina Berjuhy e Lúcia Bertizlian. Em 1998, assumiu-se como um núcleo de reflexão sobre cultura e arte, com cursos de música, teatro, literatura, cinema e filosofia. A escola recusa-se a ministrar cursos rápidos e não faz questão de atrair todos os perfis de alunos. "Temos aqui desde alunos jovens até senhores de 84 anos, mas todos, com níveis intelectuais altíssimos, tem o mesmo objetivo: aprofundar o conhecimento", informa Regina. "Ninguém vem aqui para fazer hora, para aparecer ou por modismo: quem vier com essa proposta certamente vai se sentir constrangido."

Regina revela certo incômodo com a proliferação de escolas que ministram cursos de conhecimento na região, a maioria, segundo ela, com a clara intenção de aproveitar apenas um novo filão do mercado. "Elas tentam copiar o nosso esquema, mas não conseguem", diz, sem citar nomes. Mas o alvo, certamente, é a Casa do Saber, a mais badalada casa de conhecimento de São Paulo - a abundância de socialites freqüentando os cursos chegou a provocar a oposição de alguns intelectuais, que não aceitaram dar aulas no local.


Segundo a curadora da Casa do Saber, o perfil dos freqüentadores hoje é muito mais heterogêneo. Os cursos se diversificaram ao longo do tempo e atraíram um público diferente e diferenciado. Marina não concorda com o estereótipo criado em torno da casa, de ser apenas mais um ponto de encontro dos bem-nascidos - ou novos-ricos - da cidade. "Temos de tudo aqui, de estudantes de classe média a profissionais de pós-graduação e também não temos absolutamente nada contra o aluno que não tenha uma ligação profissional, diretamente produtiva, com as aulas", afirma.

Ela conta que atualmente é muito comum a procura por temas contemporâneos, tanto por estudantes, que querem se aprofundar no tema, quanto por empresários, profissionais liberais e socialites que desejam "estar por dentro do que acontece no mundo". "Os nossos cursos sobre a eleição nos Estados Unidos ou sobre os Brics [expressão criada pelo economista Jim O'Neill para denominar os principais mercados emergentes do mundo, Brasil, Rússia, Índia e China] fazem muito sucesso."

O músico e compositor Luiz Tatit, professor titular do Departamento de Lingüística da USP, vê com bons olhos o aumento do número de casas que ministram cursos de humanidades. Na sua opinião, eles podem - e devem - ser uma ótima alternativa ao academicismo. "É preciso louvar qualquer instituição que tem como objetivo vender cultura, mesmo que não tenha a pretensão de se aprofundar no tema", diz Tatit.

Ele já foi convidado para dar aulas no Espaço Cult e ficou impressionado com o clima informal das aulas. "O lugar era agradável, as poltronas dos alunos eram muito confortáveis e havia um interesse genuíno do público pelo que eu dizia - como posso ser contra isso?", indaga Tatit. "Era um curso ministrado à noite, freqüentado basicamente por estudantes. Mas eu não teria problema nenhum em dar aula para mulheres 'desocupadas'. Seria puro preconceito da minha parte."

A Universo do Conhecimento, inaugurada recentemente, segue o script da maioria das outras escolas. Localizada num casarão tombado nos Jardins (na alameda Ministro Rocha Azevedo) mantém o clima de sala de visitas. Os alunos são recebidos ao som de música clássica por uma espécie de hostess, que anota seus nomes e os encaminha até a sala de aula. Tudo planejado pela empresária Luciene Miranda de Paula, ex-sócia da Universidade São Marcos, fundada por sua família. Há quatro anos, Luciene coordenava cursos livres da Livraria Cultura, na região da avenida Paulista. A demanda aumentou e ela decidiu investir entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões na fundação da Universo do Conhecimento, que integra um espaço maior, dedicado à cursos de especialização e pós-graduação. "Se há melhora no poder aquisitivo, as pessoas procuram mais qualificação", observa Luciene.

A reportagem assistiu a um dos encontros culturais da noite na Universo do Conhecimento - A Arte como Valor: Simbólico, Emocional e Mercadológico -, ministrado por Olívio Guedes, diretor do Museu Brasileiro da Escultura (Mube). O curso tinha como objetivo "organizar o conhecimento, através da historia dos objetos de arte". Seu público-alvo: "interessados em geral que buscam ampliar o conhecimento em relação ao conceito de arte, suas mudanças ao longo do tempo e sua transformação em mercadoria".

Dos 14 alunos da sala, Adriana Teixeira de Lima, de 41 anos, foi a primeira a chegar. Formada em economia e em artes plásticas, Adriana viu no curso uma rara oportunidade de unir os dois universos, artes e economia, sempre conflitantes. "Nos cursos de artes, os professores sempre destacaram o lado intuitivo da arte e nunca a questão mercadológica; nos cursos de economia, aprendi a deixar a intuição de lado e a lidar apenas com a razão." Adriana desembolsou R$ 180 na esperança de, finalmente, conseguiu transformar seu conhecimento nas duas áreas em algo lucrativo. "Estou aqui para isso, para aprender a lucrar com a minha intuição", diz, determinada.

A tradutora e intérprete Ezir de Paiva, de 44, não tem grandes pretensões profissionais. Está ali por conhecer o professor e acha que de alguma forma deixará o curso com mais conhecimentos e prestígio. "Eu dou aula particular de inglês e a partir do momento que comentei com os alunos que estava fazendo um curso de arte passei a ser vista com outros olhos, com mais respeito e admiração", conta.

O sociólogo Dario Caldas, curador da Universo do Conhecimento, não escondia certa preocupação com a forte concorrência, mas esperava se diferenciar de outros espaços apostando em cursos mais longos, de maior profundidade. "Não faço a mínima questão de renegar o nosso perfil acadêmico, não sou partidário daqueles que acham que a academia tem cheiro de mofo", diz Caldas. A Universo do Conhecimento, debutando no segmento, terá concorrentes dos mais duros: a alguns metros dali, na avenida Paulista, a Livraria Cultura oferece cursos de graça, no mesmo horário. "A nossa estratégia está definida: queremos que o espaço sirva para que o aluno aprofunde o conhecimento que já tem."

Renato Janine Ribeiro acredita que a procura da classe média por cursos de conhecimento é um reflexo direto da falência da educação de base. "Como temos uma educação formal muito limitada, com grandes lacunas, é natural que as pessoas, mesmo na fase adulta, sintam a necessidade de buscar conhecimentos." Mas o professor também alerta para outro fenômeno: o anseio da sociedade por um aprendizado menos tradicional. Até há pouco tempo, segundo Janine Ribeiro, era importante e necessário apenas que o sujeito tivesse um completo domínio de sua atividade profissional, deixando o resto de lado. "Hoje, não. O conhecimento em outras áreas é muito bem-vindo e começa a ter uma ligação direta com a produtividade desse profissional. As pessoas estão acordando para isso, o que é muito bom."


Tom Cardoso de São Paulo
Valor Online, 25/07/08

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Montadoras dobram verba de marketing para atingir jovens

Herlander Zola, gerente de propaganda da Volks: montadora quer deixar de ser a fabricante do "carro do papai"
Foto Anna Carolina Negri / Valor

Se as montadoras fizessem uma grande campanha online para vender automóveis usando só os seus sites oficiais, atingiriam cerca de dois milhões de usuários na internet. Mas se os integrantes das comunidades virtuais que tratam do tema carros decidissem disparar uma campanha contra ou a favor de alguma marca na web, envolveriam um bilhão de internautas, ou seja, provocariam um impacto 500 vezes maior, segundo pesquisa do Ibope NetRatings realizada este ano sobre as redes sociais. Detalhe: nas comunidades relacionadas a veículos, mais de 90% dos membros têm até 24 anos de idade.

Não por acaso, as montadoras estão cada vez mais interessadas nos motoristas que carregam há menos de dez anos a carteira de habilitação. Para isso investem mais em ações na web e também no mundo "real", voltadas especificamente para este público.

Duas montadoras anunciaram esta semana estratégias pioneiras para atingir os motoristas com menos de 30. A Volkswagen patrocina com exclusividade a partir de hoje, sexta-feira, o download do novo álbum da banda Cansei de Ser Sexy, em uma parceria fechada com a gravadora Trama. Por meio da ação, qualquer internauta pode baixar o álbum completo, como parte da campanha de lançamento do novo Gol, capitaneada pela agência Almap BBDO. Já a Fiat acaba de levar ao ar o primeiro site brasileiro para usuários do iPhone. Os donos do aparelho da Apple, um misto de celular e tocador de música digital, poderão conhecer detalhes do Palio Adventure, lançamento da montadora.

Tanto na Volkswagen, quanto na Fiat, os investimentos voltados ao público jovem irão consumir entre 25% e 30% da verba total de marketing deste ano. Na Volks, esse montante estava em 15% em 2003, quando a empresa decidiu intensificar as ações de comunicação com os novos consumidores, a partir do lançamento do Fox. "O online é o principal meio para se comunicar com esse público, tanto que nossa aposta nessa área mais do que dobrou nos últimos cinco anos - de 3% para 7% da verba de mídia", diz o gerente de propaganda e estratégias de marketing da Volks, Herlander Zola.

O investimento está acima da média aplicada pelo mercado em comunicação online, que foi de 2,8% da verba de mídia no ano passado, segundo a pesquisa Inter-Meios. Fiat e Volks aplicaram juntas, de acordo com o levantamento, R$ 170 milhões e R$ 130 milhões, respectivamente. Na Fiat, a aposta em web vai muito além e deve fechar entre 10% e 12% do total investido em marketing este ano, de acordo com o diretor de marketing, João Batista Ciaco.

O curioso é que a estratégia de marketing das duas, centrada no online para chegar aos jovens, vai na contramão das estatísticas do Denatran: há cada vez menos motoristas jovens (de 18 a 25 anos) nas ruas, enquanto cresce o número de condutores com mais de 50. Ciaco explica. "É importante falar com os jovens não necessariamente para vender carro, mas para influenciá-los como formadores de opinião", afirma. De acordo com o diretor, a aquisição do veículo está cada vez menos solitária e mais compartilhada, daí a necessidade de estar presente nas redes sociais. O próprio executivo está aprendendo isso pessoalmente: criou há dois anos um blog pessoal.

"A influência começa dentro de casa, opinando sobre a marca que o pai ou a mãe podem comprar", afirma Herlander. "E mesmo que os mais jovens não tenham dinheiro para andar de quatro rodas agora, podem ser fiéis à marca amanhã".

Mas não é qualquer ação virtual que tem peso junto a esse público, diz Sérgio Mugnani, da Almap. "Só ganha espaço uma ação relevante, como a entrega de música digital de qualidade e de graça", afirma. Na Volks, porém, os esforços vão além do virtual. Fez uma parceria com a MTV (promoção Pimp my Fox) e criou um concurso (o Fox Route) para universitários. A alemã quer aposentar de vez aquela imagem de "carro do papai", sério e comportado, para adotar uma postura mais arrojada.


Daniele Madureira, de São Paulo
Valor Online, 25/07/08

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