domingo, 19 de abril de 2009

A maioria dos líderes não conhece seus liderados

O consultor Dario Amorim, autor de 51 Dicas para a Conquista da Automotivação acredita que o líder tem o dever de conhecer os anseios e objetivos pessoais de cada membro de sua equipe. Só assim, diz ele, é possível trabalhar com os fatores que realmente afetam a motivação do grupo como um todo. O problema é que, segundo Dario, a maioria das pessoas não têm um "sonho" definido...

Você costuma dizer que, para motivar uma equipe, é preciso se concentrar primeiro no indivíduo. De que forma se dá esse processo?
Equipes são grupos de pessoas trabalhando em prol de um objetivo comum, certo? Mas o grupo é formado por pessoas diferentes, com anseios, vontades e sonhos diferentes. Sem valorizar o indivíduo é impossível motivar a equipe. Se eu não me concentrar no indivíduo, eu sempre terei alguns membros do grupo motivados e outros, não. Sempre terei aqueles que enxergam a equipe como um meio de atingir seus objetivos pessoais e outros que não vêem relação entre uma coisa e outra.

Sim, mas como a abordagem individual influencia o grupo como um todo?
O compromisso de um líder é despertar a motivação que existe dentro de cada membro da equipe. Ele precisa assumir esse compromisso. Precisa estar comprometido como o sucesso das pessoas que estão abaixo dele. Veja: eu, enquanto líder, dependo do sucesso de quem eu lidero. Então é preciso buscar meios de despertar a motivação de cada integrante da equipe. Existem duas maneiras de se fazer isso: por meio da motivação externa - que é gerada por uma causa temporária, como uma campanha, uma meta, um prêmio que se vislumbra ali adiante; e por meio da motivação interna - que independe de prêmios e está ligada à concretização de sonhos e metas pessoais.

Qual desses dois caminhos é o mais eficiente?
O foco da liderança deve ser a motivação interna. A externa pode ser gerada por meio de campanhas com início, meio e fim. É um estímulo externo e institucional. Já a interna não precisa de campanha ou prêmios. É permanente. Aqui, o que conta são os objetivos individuais de cada funcionário. Enquanto o indivíduo está no caminho de realizar seu sonho, ele está motivado. O papel do líder é o de influenciar esse processo, mostrando as relações entre o cumprimento de determinadas metas da equipe e a concretização de sonhos pessoais.

O líder tem de sonhar pelo liderado?
Eu não diria sonhar pelo liderado, e sim mostrar que ele não pode parar, que ele tem de almejar coisas novas. O que faz as pessoas crescerem é o desejo, o norte, o sonho. O líder é responsável por dar um novo olhar sobre aquilo que se está fazendo. O ser humano, por natureza, tem uma tendência de olhar para o novo sempre com os olhos do passado, com base nos conceitos que adquiriu ao longo da vida. O líder precisa ter a habilidade de fazer com que as pessoas enxerguem o novo com os olhos novos. Encarar os desafios não só com base nos conceitos do passado, e sim com base em novos conceitos, novas interpretações - e novas possibilidades.

De que maneira se pode estabelecer esse tipo de diálogo entre líder e liderado?
De fato, é essencial que o líder tenha capacidade de firmar relacionamentos. Ele precisa se colocar no mesmo barco. Ainda que ocupe uma posição diferente de seus liderados, ele tem de remar junto. Para isso, tem de conhecer cada membro de sua equipe.

Os líderes atuais conhecem seus liderados? Em equipes muito grandes, é quase impossível saber detalhes a respeito dos objetivos pessoais de cada funcionário, não?
Nas minhas atividades, eu sempre faço um exercício para testar isso. Para cada gestor, eu pergunto coisas do tipo: "Qual é o nome completo de cada integrante da sua equipe?". A maioria deles não sabe responder. Aí eu pergunto: "Qual é a idade e a data de aniversário de cada um de seus liderados?". E eles geralmente não sabem responder. Aí vem a última pergunta: "Qual é o maior sonho de cada um de seus liderados?". São realmente poucos os líderes que conhecem a resposta. E isso ocorre em todos os tipos de equipes, tanto as grandes quanto as pequenas.

Qual é a importância dessas respostas, afinal?
Se eu sei qual é o sonho de cada pessoa, fica mais fácil administrar os estímulos necessários para que todas elas se sintam motivadas. Com isso, o líder consegue mostrar para cada pessoa como ela pode ser feliz através da empresa, através do atingimento das metas da equipe. O líder passa a fazer um elo entre o sonho e a realidade profissional de cada liderado. Por outro lado, de que maneira o líder poderia trabalhar a motivação da equipe se não conhecesse objetivos pessoais de cada integrante? O que ele pode dizer de consistente para que as pessoas se sentissem impelidas a lutar pelos objetivos da empresa?

Como fazer esse elo quando as pessoas da equipe têm ambições muito diferentes?
O líder só consegue ter uma equipe focada se for capaz de associar as diferentes ambições pessoais em torno das metas da empresa. Agora, é preciso ressaltar um fato curioso: na maioria das vezes, o ser humano não tem um sonho.

Não?
Não. Quando você pergunta qual é o sonho de uma determinada pessoa, a resposta geralmente gira em torno de coisas muito simplórias. Em geral, as pessoas querem comprar um carro, construir uma casa, viajar, etc. São sonhos pouco desafiadores. Hoje, muitas pessoas conseguem comprar uma casa sem muito esforço. O líder precisa trabalhar isso. Tem de influenciar o liderado para que ele desenvolva novos sonhos, novos objetivos pessoais. Só assim a pessoa começará a ter motivações permanentes.


Andreas Müller, Revista Amanhã
Jandira Feijó,17/04/09

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Fundação Cultural Palmares recebe projetos até 30 de outubro

Portaria publicada no DOU disciplina regras e critérios para 2009

Está aberto o prazo para solicitação de apoio à Fundação Cultural Palmares a projetos de cultura afro-brasileira, por meio de convênios e contratos de repasse.

A Portaria nº 21, de 27 de fevereiro de 2009, publicada em 3 de março, no Diário Oficial da União, estabelece os critérios de seleção de projetos, disciplina a contrapartida de entidades privadas sem fins lucrativos e fixa o prazo de recebimento de propostas até 30 de outubro deste ano.

O Programa Cultura Afro-brasileira é desenvolvido pela Fundação Cultural Palmares por meio de seis ações finalísticas - assim denominadas por seu objetivo de proporcionar bens ou serviços que atendam diretamente às demandas sociais. São elas: Proteção aos Bens Culturais, Pesquisa sobre Cultura e Patrimônio, Rede Palmares de Comunicação, Fomento a Projetos de Cultura, Promoção de Intercâmbios Culturais e Etnodesenvolvimento de Comunidades Remanescentes de Quilombos - todas visando potencializar a participação da população afrodescendente no processo de desenvolvimento do Brasil.


Fonte: Site da Fundação Palmares


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Para ONU e ONGs, dinheiro é usado em projetos necessários

A ajuda humanitária emergencial movimentou US$ 11,6 bilhões em 2008, segundo a ONU, e a ajuda oficial para o desenvolvimento de países (ODA, na sigla em inglês), alvo de críticas, foi de US$ 119 bilhões, nos cálculos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD).

O bengalês-americano Iqbal Quadir, do MIT, defende a ajuda emergencial, mas condena o dinheiro dado a governos, usado "para comprar alianças estratégicas", diz ele. Cita como exemplo o Paquistão, "que há décadas recebe dinheiro sem mostrar progressos reais".

Críticas como as de Quadir ganharam eco com a recente publicação do livro "Dead Aid -Why Aid is Not Working and How There's a Better Way for Africa" [Ajuda morta - Por que a ajuda não tem funcionado e como há um melhor caminho para a África], da zambiana Dambisa Moyo.

Ex-funcionária do Goldman Sachs, Moyo -chamada de "anti-Bono" pelo "New York Times", por criticar a cultura de celebridades em torno da ajuda humanitária- sustenta no livro que os investimentos na África criaram o "mito de que bilhões de dólares de países ricos ajudaram o continente. [Mas] os níveis de pobreza continuam a crescer (...) -e milhões continuam sofrendo".


Educação e malária
Para os defensores da ajuda humanitária, porém, esses argumentos desconsideram os projetos bem sucedidos de aplicação de dinheiro doado, que podem ser prejudicados com cortes orçamentários.

"Tente ver isso pelo ângulo dos mais pobres. A ajuda é crucial para muitas pessoas. Em geral, a ONU recebe 65% do dinheiro que solicita, não podemos permitir que isso se reduza ainda mais", defendeu Stephanie Bunker, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

"A ajuda permitiu que 30 milhões de crianças africanas frequentassem a escola", argumentou John McArthur, da ONG Millennium Promise, nos EUA, apontando que o orçamento das ações humanitárias é "mínimo se comparado aos pacotes de estímulo" aprovados pelos países ricos. Se esse valor cair, diz, "avanços na educação ou no combate à malária podem se perder".

Já Moyo crê que o crescimento das nações pobres depende de investimento em microcrédito e emissão de títulos no exterior -mas o êxito disso têm ficado cada vez mais difícil com a atual escassez de crédito. Quadir defende doações a ONGs e empreendedores, mas não a governos.

Para Randolph Kent, diretor do Humanitarian Future Programme da Universidade King's College, em Londres, a crise econômica pode derivar em mudanças na ajuda humanitária. "As [entidades] provedoras podem ganhar um papel estratégico, aprender a fazer mais com menos dinheiro, a entender melhor o ambiente [onde atuam] e a ser mais ativas na promoção do desenvolvimento", disse.


Folha Online, 19/04/09

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Crise e crítica desafiam ajuda humanitária

ONU teme que recessão cause cortes orçamentários, mas muitos sustentam que dinheiro não tem trazido benefícios. Até para especialistas não ocidentais, doações de países ricos não atendem às necessidades estruturais das nações empobrecidas

A crise econômica global lançará à pobreza 53 milhões de pessoas neste ano, segundo a ONU, previsão que motivou um pedido do secretário-geral do órgão, Ban Ki-moon, no último dia 2, para que os países do G20 se comprometam a não reduzir o financiamento às causas humanitárias globais.

Mas, na contramão dos pedidos de Ban, crescem as críticas a essas doações. Se antes analistas ocidentais já questionaram a eficácia da ajuda internacional a nações pobres, agora especialistas de algumas das próprias regiões auxiliadas argumentam que o dinheiro não tem trazido resultados.

"Por que os governos [ajudados] escutariam seus próprios cidadãos, se sua sustentação vem de fora? Muito do dinheiro que recebem é usado para aumentar a burocracia governamental, limitando o empreendedorismo e sua competitividade", disse à Folha Iqbal Quadir, bengalês-americano diretor do Centro Legatum para Desenvolvimento e Empreendedorismo, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos EUA, que há poucos dias abordou o tema em artigo no "Wall Street Journal".

Para a indiana Anuradha Mittal, especialista em agricultura do californiano Oakland Institute, a ajuda falha quando "não vê as necessidades estruturais dos países ajudados", disse à Folha.
Mittal criticou publicamente a fundação do empresário Bill Gates por, segundo ela, tentar fomentar a agricultura no continente africano com sementes geneticamente modificadas, que geram lucros a "indústrias de biotecnologia" sem, no entanto, preocupar-se em "consultar os agricultores locais".

"Isso não traz benefício a pessoas, mas a corporações. Parte da comida enviada à África vem da produção subsidiada de países ricos e chega aos mercados africanos a preços com os quais produtores locais não podem competir", opinou.


Paula Adamo Idoeta
Folha Online, 19/04/09

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