domingo, 19 de abril de 2009

Para ONU e ONGs, dinheiro é usado em projetos necessários

A ajuda humanitária emergencial movimentou US$ 11,6 bilhões em 2008, segundo a ONU, e a ajuda oficial para o desenvolvimento de países (ODA, na sigla em inglês), alvo de críticas, foi de US$ 119 bilhões, nos cálculos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD).

O bengalês-americano Iqbal Quadir, do MIT, defende a ajuda emergencial, mas condena o dinheiro dado a governos, usado "para comprar alianças estratégicas", diz ele. Cita como exemplo o Paquistão, "que há décadas recebe dinheiro sem mostrar progressos reais".

Críticas como as de Quadir ganharam eco com a recente publicação do livro "Dead Aid -Why Aid is Not Working and How There's a Better Way for Africa" [Ajuda morta - Por que a ajuda não tem funcionado e como há um melhor caminho para a África], da zambiana Dambisa Moyo.

Ex-funcionária do Goldman Sachs, Moyo -chamada de "anti-Bono" pelo "New York Times", por criticar a cultura de celebridades em torno da ajuda humanitária- sustenta no livro que os investimentos na África criaram o "mito de que bilhões de dólares de países ricos ajudaram o continente. [Mas] os níveis de pobreza continuam a crescer (...) -e milhões continuam sofrendo".


Educação e malária
Para os defensores da ajuda humanitária, porém, esses argumentos desconsideram os projetos bem sucedidos de aplicação de dinheiro doado, que podem ser prejudicados com cortes orçamentários.

"Tente ver isso pelo ângulo dos mais pobres. A ajuda é crucial para muitas pessoas. Em geral, a ONU recebe 65% do dinheiro que solicita, não podemos permitir que isso se reduza ainda mais", defendeu Stephanie Bunker, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

"A ajuda permitiu que 30 milhões de crianças africanas frequentassem a escola", argumentou John McArthur, da ONG Millennium Promise, nos EUA, apontando que o orçamento das ações humanitárias é "mínimo se comparado aos pacotes de estímulo" aprovados pelos países ricos. Se esse valor cair, diz, "avanços na educação ou no combate à malária podem se perder".

Já Moyo crê que o crescimento das nações pobres depende de investimento em microcrédito e emissão de títulos no exterior -mas o êxito disso têm ficado cada vez mais difícil com a atual escassez de crédito. Quadir defende doações a ONGs e empreendedores, mas não a governos.

Para Randolph Kent, diretor do Humanitarian Future Programme da Universidade King's College, em Londres, a crise econômica pode derivar em mudanças na ajuda humanitária. "As [entidades] provedoras podem ganhar um papel estratégico, aprender a fazer mais com menos dinheiro, a entender melhor o ambiente [onde atuam] e a ser mais ativas na promoção do desenvolvimento", disse.


Folha Online, 19/04/09


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