segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Índice permite priorizar políticas sociais

As principais carências das 17,4 milhões de famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais - base de dados usada pelo Bolsa Família e por outros programas do governo federal - são “acesso ao conhecimento” e ao acesso ao trabalho.

É o que mostra o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), uma radiografia construída pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que pretende ser a principal base de dados para o trabalho com famílias de baixa renda.

O indicador, que varia de zero a um, traça um mapa em seis dimensões sobre as vulnerabilidades das famílias com renda per capita de até meio salário mínimo ou renda familiar de até três salários. As dimensões abordadas são: composição familiar, acesso ao conhecimento, ao trabalho, disponibilidade de recursos, desenvolvimento infantil e condições habitacionais. Com a média de todos os indicadores chega-se ao IDF por família e por município.

A Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do MDS disponibilizou todos os dados, a Estados e municípios, no site do Ministério: www.mds.gov.br. "Com o acesso, os governos terão a oportunidade de priorizar as famílias com menos escolaridade num projeto de qualificação e também em outras ações que poderão ser desenvolvidas segundo o perfil de necessidades de cada uma das famílias", explica a secretária nacional de Renda de Cidadania, Lúcia Modesto.

O nível de escolarização das famílias é uma das principais deficiências da população avaliada. O indicador médio nessa dimensão ficou em 0,36 numa escala que varia de zero a um.


redeGIFE Online, 12/01/09

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Processo é resultado

Nem tudo o que conta é contável. Nem tudo o que é contável conta.
(Albert Einstein)


A preocupação com a demonstração de resultados é assunto recorrente em encontros de profissionais de empresas, institutos e fundações que fazem investimento social. O mesmo acontece quando Organizações da Sociedade Civil (OSCs), que têm projetos financiados por meio desses investimentos, estão reunidas.

É natural que todo investidor decida onde aplicar seus investimentos baseado nos resultados projetados. Do mesmo modo, a manutenção do investimento está diretamente relacionada aos resultados obtidos. Quando o objetivo de um investimento é o lucro, é fácil aferir os resultados, porque não há dúvida quanto ao que é esperado. Mas, e no caso do investimento social? Como expressar claramente quais são os resultados esperados?

Embora continuem bastante interessados em números, os investidores sociais já sabem que os resultados de projetos sociais nunca são apenas quantitativos. Por este motivo, a definição de indicadores também leva em conta os resultados qualitativos, com a ciência de que a verificação deste tipo de indicador sempre terá um componente subjetivo. O que, aliás, é bastante positivo, pois não se está mensurando a produtividade de robôs ou máquinas (e até eles são operados por seres humanos, o que interfere em seu desempenho).

É fato, também, que os projetos sociais prevêem avaliação ou monitoramento de processo. Entretanto, penso que o que todos nós precisamos entender é que o processo já é resultado.

Há dez anos trabalho com a formação de redes sociais, principalmente as redes de desenvolvimento comunitário, e constato freqüentemente que essa visão sobre o processo ainda não é compartilhada por inúmeras pessoas. As perguntas que me fazem sobre os resultados das redes sempre se referem ao que elas estão realizando e em benefício de quantas pessoas. Sem dúvida estas questões são importantes, pois é essencial que as redes sociais realizem ações colaborativas e projetos coletivos, definidas a partir da contribuição que trarão para o cumprimento dos objetivos da rede os quais, necessariamente, se referem a mudanças sociais.

No entanto, é preciso perceber que o processo de formação de uma rede já é um importantíssimo resultado! Conseguir reunir, e manter unidas, pessoas de diferentes organizações e setores em uma configuração horizontal, multiliderada, participativa e cooperativa é um resultado e tanto. A existência da rede em si provoca, por exemplo, mudanças na qualidade do diálogo entre moradores de uma comunidade e as empresas que dela fazem parte e, também, entre as OSCs e o setor público.

Em vez de reivindicações e, por que não dizer, exigências, decide-se coletivamente o que fazer diante de situações que afetam a todos. As forças existentes na comunidade são potencializadas por meio da união e articulação promovida pela rede. Por conseqüência, ações coletivas e mudanças em políticas públicas são efetivadas, o que poderia demorar anos pelos caminhos “tradicionais”.

Creio que esta mesma visão pode ser compatível com qualquer (bom) projeto social. Em projetos de geração de renda, por exemplo, o resultado no aumento da renda e o impacto na melhoria de qualidade de vida são, obviamente, sempre esperados. No entanto, quem já teve a oportunidade de conversar com moradores de uma comunidade, participantes deste tipo de iniciativa, sabe que raramente é disso que eles falam quando opinam sobre o projeto.

Seus depoimentos falam dos conhecimentos adquiridos, da união da comunidade, da auto-estima resgatada, mesmo quando ainda não houve aumento na renda. Esses resultados fazem parte do processo e são mudanças que permanecerão, pois ninguém poderá tirar o conhecimento adquirido por uma comunidade.

Os projetos de formação para o trabalho de jovens, que incluem a educação integral, também são um ótimo exemplo. Ao longo da formação, os jovens mudam de atitude, passam a ser mais participativos, repensam seus valores, amadurecem. A inserção no mercado de trabalho é apenas um dos resultados que virá depois.

Se considerarmos que o processo é resultado, a própria elaboração dos projetos pode ser mais criteriosa nas escolhas das estratégias e atividades que serão adotadas, de modo a contribuir para um processo muito mais rico para todos os envolvidos.

O Glossário Social do GIFE define impacto social como ”a transformação da realidade de uma comunidade ou região a partir de uma ação planejada, monitorada e avaliada”. E afirma que “só é possível dimensionar o impacto social se a avaliação de resultados detectar que o projeto efetivamente produziu os resultados que pretendia alcançar e afetou a característica da realidade que queria transformar”. Portanto, se o processo for levado em conta com mais atenção, os indicadores de resultados, definidos antes de o projeto ser implantado, serão ampliados.

Quando os financiadores de projetos sociais se apropriarem da visão de que o processo é resultado, certamente haverá muito mais percepção de retorno durante a execução dos projetos. Será possível, também, detectar precocemente que seu investimento não está dando resultados, a tempo de mudar o processo para se obter o impacto esperado em prol do desenvolvimento social.


Célia R. Belizia Schlithler
Assistente social formada pela PUC-SP, com formação e aperfeiçoamento em Coordenação de Grupos Operativos pelo Instituto Pichon-Rivière de São Paulo. De 1998 a 2003, atuou em projetos de formação e desenvolvimento de grupos e redes sociais como consultora de organizações tais como Instituto C&A, GIFE (PTG), Unicef e IDIS. Desenvolveu também projetos específicos para entidades sociais, como cursos e seminários de capacitação para trabalho em grupo, e assessoria para coordenadores de equipes. Em 2004, assumiu a coordenação da área de Investimento Social Comunitário do IDIS, organização que empreende projetos de desenvolvimento comunitário e presta consultoria a empresas, onde permaneceu até setembro de 2008, na função de Diretora de Desenvolvimento Comunitário. Desde outubro de 2008, voltou a atuar como consultora em desenvolvimento de grupos, redes e comunidades para OSCs, institutos, fundações e empresas. É autora do livro Redes de Desenvolvimento Comunitário – Iniciativas para Transformação Social, da Coleção IDIS de Investimento Social.
redeGIFE Online, 12/01/09

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Rede quer implementar plano nacional para a infância

A Rede Nacional Primeira Infância colocou em consulta pública um documento que pretende definir objetivos e metas para as políticas de Estado voltadas às crianças brasileiras de zero a seis anos. Disponibilizado até o dia 15 de fevereiro, o Plano Nacional pela Primeira Infância será entregue ao Governo Federal e ao Congresso Nacional ainda ano primeiro semestre, para ser aprovado como Lei.

O documento é fruto de mais de um ano de discussões entre governo, sociedade civil, fundações de origem privada e agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU), que fazem parte da Rede Nacional. Criada em 2006, ela articula lideranças que trabalham pela promoção e garantia dos direitos da primeira infância, na a ampliação e fortalecimento de espaços democráticos e influenciando políticas públicas para esse público.

Atuando por meio de eixos temáticos, o grupo conta com 44 associados que voltam seus esforços para áreas como: saúde e mortalidade infantil, violência, cultura e brincar, registro civil, crianças indígenas e quilombolas, educação, assistência social, situação de rua e meio ambiente.

No rol de organizações, encontram-se representantes dos ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social e Combate a Forme, Frente Parlamentar de Defesa da Criança e do Adolescente, universidades (UFRGS e UFRN), Unesco, Unicef e Fundações como a Abrinq e Orsa. “Cada organização contribuiu para esta primeira versão do plano a partir de sua expertise de trabalho”, afirma o secretário executivo da Rede, Gustavo Amora.

Segundo ele, a pretensão não é sugerir mudanças na legislação, que já está consolidada, mas sim trazer uma visão global da criança, pensar na sua integralidade. “É isso que os planos e políticas não estão fazendo atualmente. Por isso, nossa proposta é articular uma política pública que pense a criança de forma completa, garantindo mais abrangência e qualidade nas ações”, diz.

O Plano
O Plano Nacional pela Primeira Infância está estruturado em três grandes pontos. No primeiro, são analisados os princípios que norteiam todo o documento. Por exemplo, está definida a concepção de criança, de quem é a responsabilidade pelos cuidados, o que diz a Legislação, os direitos da criança e as prioridades.

Já na segunda parte estão elencados os tais objetivos e metas para cada uma das nove áreas (chamadas, aqui, de “ações finalísticas”): Crianças com saúde, Educação Infantil, A Família e a Comunidade da Criança, Atenção à Criança em Situações Especiais, Do Direito de Brincar ao Brincar de todas as Crianças, A Criança e o Ambiente, Enfrentando a Violência contra as Crianças, Protegendo as Crianças da Pressão Consumista, Evitando a Exposição precoce das Crianças às Mídias.

Cada uma dessas metas está vinculada a diretrizes de ação. Por exemplo, ao discutir a Educação Infantil o plano defende: “As inversões financeiras na expansão e na melhoria da educação infantil são aplicações em direitos básicos dos cidadãos na primeira etapa de suas vidas, não devendo ser caracterizados como gastos, mas como investimento e dever político”.

Por fim, o Plano estabelece as estratégias para alcançar os objetivos. Entre elas estão a formação de profissionais para a primeira infância, os meios de comunicação social, o papel do Poder Legislativo e, claro, de onde pode sair os recursos para sua implantação. “Pensamos que todos os cursos superiores que estabelecem alguma relação com crianças, seja Comunicação, Direito, Engenharia, devem preparar os profissionais para pensar na criança”, explica o coordenador do plano Vital Didonet.

Sobre o tema, o documento defende o seguinte: “Algumas questões surgem em virtude da precariedade na utilização de equipamentos não específicos; a necessidade de desenvolvimento de uma política de ocupação que também considere o espaço para a primeira infância, objetivando estimular alternativas criativas em termos de áreas coletivas.”

De acordo com Didonet, o plano inova em temas como a valorização e preparação da família para que saiba cuidar melhor das crianças pequenas, e o direito de brincar como atividade importante para o desenvolvimento dos meninos e meninas.

Dados
No Brasil, há 21 milhões de crianças de até seis anos de idade, sendo 11,26 milhões do nascimento aos três anos e 9,39 milhões dos três aos seis anos. Dessas, tão somente 15,5% estão tendo oportunidade de acesso a algum tipo de atendimento educacional em creches (0 a 3 anos) e cerca de 76% na faixa de 4 a 6 anos (pré-escola).

Considerando que nos ambientes de miséria – que afeta a cerca de 15% da população brasileira – e de pobreza, que atinge a 27% de pessoas – a proporção de crianças pequenas é maior do que nos ambientes sócio-econômicos mais aquinhoados, e que, inversamente, é naqueles ambientes que o atendimento é mais precário, que as crianças têm menos chance de

Consulte o Plano Nacional. Sugestões devem ser enviadas para contato@primeirainfancia.org.br.


redeGIFE Online, 12/01/09

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Nike e MTV / Batalha das Quadras

Hoje a noite tem formato novo na programação da TV: veículo e anunciante viabilizando um documentário com exibição aberta. A Nike produziu e a MTV vai exibir (22:30hs) o Batalha das Quadras sobre o futebol de rua (onde tudo começa) e o evento que reuniu no finalzinho do ano passado 4.000 garotos do Rio e SP para escolher o melhor time de cada cidade. Os vencedores, hoje, são patrocinados pela Nike.




Imagina o que é isso na cabeça de um garoto. É o futebolzinho virando futebolzão.

Wagner Brenner
Update or Die, 12/01/09

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The Yellow Bird project



Funciona assim. Os caras da banda desenham uma camiseta e o pessoal do Yellow Bird Project imprime e coloca à venda no site. A grana da venda vai para a caridade. Que caridade? A que os artistas escolherem. Simples e genial. Participam do projeto bandas como The National, Clap Your Hands and Say Yeah, Au Revoir Simone, The Shins entre outros.

O pagamento é por Pay Pal e pelo visto entregam em todo canto. Vou lá comprar a minha do The National e já volto.


Renata Bokel
Update or Die, 12/01/09

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Não dá para desligar a globalização, diz Clinton

Ex-presidente americano Bill Clinton diz a EXAME que é preciso aumentar a interdependência entre nações ricas e emergentes neste momento de crise e reconhecer que um sistema econômico global só sobreviverá com uma rede social também em escala mundial

Vistos em retrospectiva, os dois mandatos do ex-presidente americano Bill Clinton - entre 1993 e 2001 - foram uma época de ouro para a globalização. Foram anos que serviram como uma espécie de alicerce para o surgimento de novos gigantes do mundo emergente, especialmente os países do Bric. Foi durante sua gestão que se concluiu a última grande negociação comercial em âmbito global, com a assinatura da Rodada Uruguai do Gatt, em 1994, seguida da criação da Organização Mundial do Comércio, em 1995. A maior abertura pavimentou um dos períodos de maior crescimento econômico de que se tem notícia, que, à diferença do passado, não se restringiu ao grupo de nações desenvolvidas, mas beneficiou também milhões de pessoas de países pobres.

Uma vez fora da Casa Branca, o ex-presidente montou a Clinton Foundation, uma organização não-governamental com sede nos Estados Unidos e mais de 800 funcionários e voluntários espalhados pelo mundo. Nas palavras do próprio Clinton, o objetivo da fundação é fazer com que tanto países desenvolvidos quanto emergentes enfrentem os desafios impostos pela globalização - uma tarefa que se tornou ainda mais crucial após a eclosão da crise financeira mundial. Nesta entrevista, concedida durante uma das campanhas presidenciais mais eletrizantes da história dos Estados Unidos, Clinton se diz confiante no futuro dos países emergentes, em especial do Brasil.
EXAME - Após um período de forte avanço da globalização, vemos hoje, com a crise financeira, uma crescente ameaça protecionista. A globalização está em perigo?
Bill Clinton - A globalização não é uma coisa que se pode ligar e desligar - ela está aí. Temos de trabalhar a partir do ponto em que estamos. Claro que não podemos esperar que as pessoas abracem o conceito de globalização enquanto não sentirem diretamente seus benefícios. A globalização precisa trabalhar para as pessoas. Nos anos 90, no auge do livre comércio, quase 90% do PIB americano era gerado internamente. Assim como vendemos e compramos produtos e serviços, precisamos trabalhar juntos para assegurar a construção de economias sustentáveis dentro de cada país. Essa necessidade é mais premente nas nações em desenvolvimento, que podem ser mais vulneráveis aos efeitos negativos da globalização. Dessa forma, as economias emergentes podem tirar o máximo de vantagem do comércio internacional e da entrada de investimentos estrangeiros.

O que exatamente é preciso fazer para melhorar a globalização?
Precisamos reconhecer que não podemos ter um sistema econômico global sem construir um sistema social global. Se trabalharmos juntos em outros temas, como mudança climática e Aids, vamos tornar mais nítidos os benefícios da globalização. Minha fundação está trabalhando para causar impactos concretos e mensuráveis nessas áreas, sempre em parceria com governos e comunidades da América Latina e de todo o mundo.

Apesar da crise, o senhor acha que a globalização ainda conseguirá conquistar corações e mentes da classe média e dos mais pobres?
A interdependência global nas áreas das comunicações, nas viagens, no comércio e nos fluxos financeiros faz parte da vida do século 21. Ela pode ser positiva e negativa. Quando era presidente, cerca de 30% dos novos empregos nos Estados Unidos vieram da expansão do comércio. Esses empregos pagavam, em média, 30% mais que os gerados por companhias não ligadas ao comércio. Quando o tsunami atingiu o Sudeste Asiático, em 2005, o poder da tecnologia contribuiu para uma torrente sem paralelo de ajuda financeira enviada por cidadãos comuns dos Estados Unidos e de várias partes a pessoas do outro lado do mundo que eles nunca haviam encontrado e jamais encontrarão. Por outro lado, a interdependência negativa se manifesta numa extrema desigualdade, em instabilidade política e social e na taxa exorbitante de aquecimento global. Para conquistar o apoio da maioria em escala mundial, precisamos fortalecer os elementos positivos de interdependência e reduzir os negativos, com esforços combinados de governos, setor privado e sociedade civil.

Os Estados Unidos enfrentam hoje sua mais grave crise econômica e financeira em décadas, talvez o principal desafio do novo presidente americano. Qual é a saída para a crise?
As causas da crise econômica americana são muitas. Incluem os altos preços da energia, os altos custos e a diminuição da cobertura do sistema de saúde, a perspectiva de um colapso do setor imobiliário, um mercado de cartões de crédito altamente desregulado e alavancado, o fracasso da criação de empregos e cortes de impostos para os grupos de interesse mais ricos e mais poderosos. Espero que a economia possa se recuperar com um conjunto amplo de políticas que restaurem a oportunidade para todos. É preciso enfrentar a crise hipotecária, tornar o sistema de saúde mais acessível e barato, equilibrar nosso orçamento e criar mais empregos, sem se esquecer de dar uma resposta à questão da mudança climática.

Na sua opinião, quais os principais desafios que o mundo enfrentará nos próximos dez anos?
Vários desafios importantes se colocarão para nós e nossos filhos. O primeiro é a persistente e crescente desigualdade de oportunidades, de acesso à educação e à assistência médica, presente em todas as regiões do mundo. Na América Latina, os 10% mais ricos ganham 48% da renda total, enquanto os 10% mais pobres recebem 1,6% da renda total. Outro desafio é o problema crescente da mudança climática e do esgotamento dos recursos naturais. Se o aquecimento global continuar, enfrentaremos conseqüências catastróficas para toda a humanidade - tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos. Precisamos encontrar maneiras mais sustentáveis de viver e produzir. Também sofremos por causa de um crescente sentimento de insegurança no mundo moderno em razão do terror, de crises globais de saúde e conflitos baseados em religiões e ideologias. Esses problemas persistirão até que reconheçamos que nossas diferenças são bem menos importantes. Persistirão até que a gente se dê conta de que os princípios básicos são comuns a todos os seres humanos. Todos temos aspirações e obrigações para com nossos filhos e netos. É assim nos Estados Unidos, é assim no Brasil, é assim em todos os lugares.

O senhor tem acompanhado o desenvolvimento do Brasil nas duas últimas décadas. O peso do Brasil no mundo mudou?
Sim. O Brasil está tendo um crescimento positivo graças a políticas econômicas sensatas, pessoas talentosas e um compromisso com a independência energética, em boa parte por meio de energia limpa. Conseqüentemente, o Brasil está em posição de desempenhar um papel crescente nos mercados mundiais e nas várias esferas de debates entre as principais nações do mundo. Um dos desafios que enfrentamos é que a diferença de renda entre ricos e pobres na América Latina é a maior do mundo e mudou pouco desde os anos 90. Isso apesar de toda a expansão econômica registrada nos últimos anos. É difícil falar de criação de emprego e crescimento macroeconômico quando crianças estão desnutridas, não conseguem ir bem na escola, e pessoas vão para o trabalho doentes. Essa relação entre fatores sociais e econômicos é compreendida em todo o mundo em desenvolvimento, inscrita nos programas governamentais e não-governamentais mais efetivos, captada eloqüentemente nas Metas de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, e é o foco da abordagem de minha fundação em seu trabalho mundial. O Brasil pode representar um papel ainda mais relevante no tratamento dessas questões, como já está fazendo em suas iniciativas inovadoras em educação e tratamento da Aids. Também acho muito importante que o Brasil proteja melhor suas florestas tropicais.

As companhias brasileiras estão se abrindo cada vez mais para o mundo. Que tipo de conselho o senhor daria aos executivos e empresários brasileiros para aproveitar essa oportunidade?
Meu conselho é concentrar no que pode ser feito para diversificar a economia e, ao mesmo tempo, construir um ambiente de sustentabilidade. Além de aumentar o comércio e os investimentos, isso significa educação, saúde e infra-estrutura. Sem se esquecer, claro, de capacitar as pessoas para que elas saiam da pobreza e conquistem uma prosperidade sustentável. Embora construir escolas e hospitais seja importante, as empresas que operam no mundo em desenvolvimento estão começando a perceber que é necessária uma abordagem mais sistemática e sustentável de questões como saúde, nutrição, água e saneamento e educação. Os executivos que participam das iniciativas de minha fundação percebem que trabalhar nesses desafios não ajuda apenas sua reputação, ajuda também seus resultados financeiros e cria o cenário para a geração de empregos e a diversificação das experiências de vida. Recentemente, minha fundação começou a trabalhar justamente nisso - mostrar que as empresas podem se dar bem fazendo o bem. Estamos promovendo parcerias com a indústria de recursos naturais, os governos, as comunidades locais, o setor privado e outras ONGs para fortalecer os fatores que permitem o desenvolvimento econômico sustentável, e demonstram, em última instância, que as empresas estão em posição única para melhorar não só seus resultados financeiros mas a vida de milhões de pessoas.


André Lahóz
Portal Exame, 12/01/09

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Publicteca

Inaugurado há duas semanas, o blog espanhol Publiteca é um espaço dedicado a compartilhar eBooks relacionados a publicidade, marketing, comunicação e internet, tudo sob licença Creative Commons, mantido por Javier Cerezo. São mais de 30 livros publicados até o momento.



Alguns títulos interessantes: “The New Rules of Viral Marketing”, “Using Twitter for Business”, “Let’s Talk - Social Media for Small Business”, entre outros. Faça o download, leia e compartilhe suas opiniões.


Brainstorm #9, 12/01/09

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Bolsa-Atleta abre inscrições para 2009

Atletas com alto rendimento e que não possuem patrocínio poderão pleitear a partir dessa próxima segunda-feira (12), uma vaga no programa Bolsa-Atleta, do Ministério do Esporte. Criado em 2005 para garantir uma verba mensal a esportistas que se dediquem exclusivamente aos treinos e às participações em competições, o programa é dividido nas categorias Estudantil (R$ 300), Nacional (R$ 750), Internacional (R$ 1.500), Olímpica e Paraolímpica (R$ 2.500). As inscrições poderão ser feitas até o dia 31 de março.

Os atletas que vão pleitear a bolsa deverão entrar no site do Ministério do Esporte (www.esporte.gov.br) e acessar o ícone do Bolsa-Atleta. Cada categoria possui um pré-requisito específico. A prioridade do programa está na renovação das bolsas. A medida visa estimular os atletas a manterem e a melhorarem os seus resultados.

Para o ministro do Esporte, Orlando Silva, um atleta de alto nível que tem resultados expressivos tem o direito de receber ajuda de recursos para continuar com o bom desempenho no esporte. “É por isso que o Bolsa-Atleta beneficia esportistas sem patrocínio e exerce uma importância muito grande no esporte brasileiro”, reforçou.

Já o Secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Djan Madruga, disse que o Bolsa-Atleta é um dos maiores programas de patrocínio do esporte do Mundo. “Atendemos a muitos atletas e isso ajudará o Brasil a melhorar a sua posição no ranking do esporte internacional”, comemora.

Requisitos
Para a inscrição na Categoria Estudantil, é exigido ter 12 anos completos, estar matriculado em instituição de ensino pública ou privada, ter alcançado o 1º, 2º ou 3º lugar nas Olimpíadas Escolares ou nas Olimpíadas Universitárias (jogos organizados pelo Ministério do Esporte com a parceria do COB) em esportes individuais ou estar entre os 24 melhores atletas selecionados nos esportes coletivos durante o ano de 2008. O mesmo se aplica aos três primeiros classificados nos campeonatos Paraolímpico Escolar e Universitário brasileiros.

Para concorrer ao benefício na Categoria Nacional, é necessário ter 14 anos completos, estar vinculado a uma entidade de prática desportiva (clube), ter filiação à Entidade de Administração de sua modalidade, tanto Estadual (Federação) como Nacional (Confederação), ter participado de competição em 2008 tendo obtido a seguinte classificação: de 1º a 3º lugar no evento máximo nacional organizado pela Entidade Nacional de Administração de sua modalidade, ou de 1º a 3º lugar no ranking nacional por ela organizado.

A inscrição na Categoria Internacional é permitida para quem tem 14 anos completos, está vinculado a uma entidade de prática desportiva (clube), tem filiação à Entidade de Administração de sua modalidade, tanto Estadual (Federação) como Nacional (Confederação), tenha participado de competição em 2008 tendo obtido a seguinte classificação: de 1º a 3º lugar em Campeonatos Mundiais de sua modalidade; Jogos ou Campeonatos Pan-americanos e Parapan-americanos, ou Jogos ou Campeonatos Sul-americanos.

Já para a inscrição na Categoria Olímpica e Paraolímpica, é necessário ter 14 anos completos, estar vinculado a uma entidade de prática desportiva (clube), ter filiação à Entidade de Administração de sua modalidade, tanto em nível Estadual (Federação) como Nacional (Confederação), ter integrado na qualidade de atleta a delegação brasileira na última edição dos Jogos Olímpicos ou Paraolímpicos.


Rafael Moura
Ministério do Esporte, 06/01/09

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Iphan lança editais para 2009

O Departamento de Museus e Centros Culturais, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Demu/Iphan) recebe, em fevereiro, propostas de projetos que promovam preservação dos museus brasileiros, considerados patrimônio cultural. As três ações - Mais Museus, Modernização de Museus e o Prêmio Darcy Ribeiro - tem quatro anos de atuação e buscam ampliar o acesso a cultura.

O prazo para inscrição no Edital Mais Museus termina no dia 13 de fevereiro. A ação, que faz parte do Programa Museus, Memória e Cidadania, visa implantar museus em municípios com até 50 mil habitantes, todos carentes de equipamento cultural. Podem apresentar projetos pessoas de direito público e privado sem fins lucrativos, que solicitem entre R$ 100 mil e R$ 200 mil para a aquisição de equipamentos e mobiliário, elaboração de projetos de obras e serviços de planos museológicos, além da instalação e montagem de exposições, restauração e benfeitorias em imóveis.

Os trabalhos contemplados passam a compor um banco de projetos e serão apoiados ao longo de 2009, de acordo com a disponibilidade orçamentária do Iphan. As instituições candidatas não podem ter vínculos com o Ministério da Cultura (MinC).

Modernização de Museus
A inscrição dos projetos para este edital encerra dia 13 de fevereiro. A ação tem o intuito de oferecer aporte financeiro a unidades museológicas, que modernizem por meio de aquisição de equipamentos, material permanente e acervos. Podem concorrer projetos de pessoas jurídicas de direito público e privado sem fins lucrativos que solicitem recurso financeiro de R$ 100 mil até R$ 200 mil.

Prêmio Darcy Ribeiro
Este edital contempla práticas relacionadas à ação educativa em museus brasileiros. Para participar, as instituições públicas municipais, estaduais, federais e privadas, órgãos ou entidades aos quais os museus estão vinculados devem encaminhar suas propostas até 27 de fevereiro.

O primeiro colocado receberá R$ 15mil, o segundo R$ 10 mil e o terceiro R$ 8mil. Já os vinte projetos mais bem pontuados serão publicados em revista editada pelo Departamento de Museus e Centros Culturais.


Edilene Silva
Site do Ministério da Ciência e Tecnologia, 07/01/09

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Programa Petrobrás Cultural prorroga prazos de inscrição

Foram prorrogados os prazos de inscrições para todas as áreas de seleção pública do PPC. A medida se deve à necessidade de adequação do cronograma do PPC às possibilidades do fluxo de caixa da companhia, no cenário da crise financeira mundial.

Todos os Regulamentos foram revisados, com vistas a incorporar as mudanças decorrentes dessa medida. Confira o Regulamento Geral e os Regulamentos Específicos, já devidamente retificados.

Adiantamos aqui o novo cronograma
Data-limite para inscrição de projetos:
* 2 de fevereiro de 2009 para Festivais de música, Festivais de cinema, Difusão de filmes de longa-metragem em salas de cinema e Festivais e eventos de artes eletrônicas e cultura digital
* 9 de março de 2009 para as demais áreas do Setor Música (*);
* 10 de março de 2009 para as demais áreas do Setor Audiovisual (*);
* 11 de março de 2009 para as demais áreas do Setor Artes Cênicas; e
* 12 de março de 2009, para as demais áreas do Setor Literatura e o Setor Cultura Digital (*).

Atenção
* Festivais de música, Festivais de cinema e Festivais e eventos de artes eletrônicas e cultura digital: festivais ou mostras de audiovisual com período de realização entre julho de 2009 a junho de 2010.
* Difusão de filmes de longa-metragem em salas de cinema: filmes com lançamento previsto para ocorrer entre julho de 2009 e junho de 2010

Resultados
A relação dos Projetos contemplados nas Áreas de Seleção Pública de "Festivais de música", "Festivais de cinema", "Difusão de filmes de longa-metragem em salas de cinema" e "Festivais e eventos de artes eletrônicas e cultura digital" será divulgada no dia 20 de maio de 2009. Para as demais Áreas de Seleção Pública desta Edição, o resultado será divulgado no dia 1 de outubro de 2009.


Fonte: Site do Programa Petrobrás Cultural

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Espalhando informações

Bem utilizado, o marketing viral é excelente ferramenta de captação de recursos e comunicação

Marketing viral. O nome desta ferramenta de comunicação já diz tudo. Como um “vírus”, a idéia é se espalhar com dimensões similares às de uma epidemia, atingindo um grande número de pessoas a custos baixos. O processo pode funcionar no “boca-a-boca”, ou, atualmente, pela tão utilizada internet. E-mails, sites, blogs e páginas de relacionamento, como o Orkut, são excelentes meios para espalhar o vírus da informação. Para as organizações do Terceiro Setor, pode ser uma mão na roda, já que é simples e, se bem utilizado, eficaz.

Explorar redes sociais já existentes é o foco do marketing viral, que tem como meta divulgar marcas e práticas que possam ser replicadas. Segundo Janine Saponara, fundadora da Lead Comunicação Organizacional, agência de comunicação especializada em responsabilidade social corporativa, “a estratégia é pedir a outros indivíduos que passem para frente uma mensagem, o que cria oportunidades infinitas”. Essa atitude demanda menos energia, e espera-se que isso se torne uma bola de neve, no bom sentido da expressão.

Mundo pequeno
A teoria do “Mundo Pequeno”, publicada em 1967 pelo psicólogo norte-americano Stanley Milgram, foi a base do conceito do marketing viral. Mais tarde, o estudo ficou conhecido como os “Seis Graus de Separação”, já que mostrou que este é o número máximo de contatos necessários para criar uma ponte entre duas pessoas em qualquer lugar do planeta.

Assim, se seis contatos são suficientes para atingir qualquer pessoa no mundo, cada ser humano se torna um importante canal de comunicação. Atualmente, com o uso da internet, esses contatos ficaram ainda mais simples. Um bate-papo informal pode “vender” uma causa ou uma marca e, pela teoria do Mundo Pequeno, esse assunto será facilmente expandido de maneira exponencial.

Como utilizar o marketing viral no Terceiro Setor?
Investindo pouco ou, às vezes, nada, é possível divulgar sua causa por meio desta ferramenta. Mas é importante tomar cuidado com o público que se quer atingir, para que suas mensagens não sejam consideradas inoportunas e inconvenientes. Se isso acontecer, os destinatários podem classificar seus e-mails como spam e ter uma imagem errada da organização.

Um exemplo de instituição que soube aproveitar o marketing viral é a People for the Ethical Treatment of Animals (Peta), que tem mais de 2 milhões de membros. Grande parte de sua divulgação é feita com meios de comunicação de baixo custo, repassando vídeos chocantes sobre abusos sofridos por animais ou campanhas contra o uso de peles com celebridades seminuas. “Nós não temos um orçamento, como as grandes empresas, para contratar agências publicitárias que nos ajudem a transmitir a mensagem de proteção aos direitos dos animais. Por isso, utilizamos o marketing viral como meio de espalhar nosso ideal. Nossos apoiadores conversam com suas famílias, amigos e transmitem os assuntos que os comovem”, explica Joel Bartlett, diretor-assistente de Marketing da instituição nos Estados Unidos. As campanhas da instituição também são famosas e já contam com a participação de celebridades. “Fazemos parcerias com pessoas conhecidas e campanhas on-line de baixo custo que têm grande impacto na sociedade”.

Ralph Wilson, consultor americano especialista em marketing, fez uma análise que ficou muito conhecida, e chegou aos sete princípios do marketing viral que podem ser adaptados também às organizações do Terceiro Setor:

1) Ofereça um produto ou serviço de valor para seus prospectores
Esse quesito se baseia na oferta de produtos ou serviços grátis. Para instituições, pode ser colocado em prática de outra forma, por meio de campanhas. Um exemplo é vender produtos que gerem renda à instituição e sensibilizar os receptores em relação à causa.

2) É preciso ser bem definido e de fácil transmissão
Os meios pelos quais a mensagem passa devem ser fáceis de serem replicados. Assim, é interessante utilizar e-mails e sites gratuitos. É importante que o conteúdo da mensagem seja simples e curto, para que não fique pesada.

3) Capacidade de crescer rapidamente
A mensagem deve ser retransmitida rapidamente para que, quando os usuários começarem a utilizar o serviço, possam promovê-lo e colocar em prática o marketing viral.

4) Comportamentos comuns
O vírus deve causar um apelo às emoções humanas, especialmente no Terceiro Setor, gerando a vontade de passá-lo para frente.

5) Redes de comunicação já existentes
Aproveite as redes já existentes, como grupos de amigos, familiares e colegas de trabalho, que podem facilitar a transmissão de mensagens para um maior número de pessoas.

6) Recursos de terceiros
É possível colocar textos ou imagens em outros sites, por meio de parcerias. Algumas páginas da internet permitem que isso seja feito até gratuitamente.

7) Baixo custo
O ideal é que o único custo no marketing viral seja o da criação do que será transmitido. Quanto mais leve e divertido for, mais chances terá de ser replicado. Atualmente, há a estratégia de criar jogos interativos que prendem a atenção e divertem o receptor.

Atual e eficaz
Com o mundo da internet e a interatividade cada vez mais em alta, não haveria melhor momento para colocar em prática esse tipo de comunicação. Graças à existência de sites gratuitos e com grande número de acessos, como o Orkut, o Google e o Youtube, é possível divulgar ações sem gastar nada. Além disso, os sites das próprias instituições devem ser ferramentas práticas, que permitam a comunicação ágil e que demonstrem a transparência e credibilidade daquela organização.

Em 2005, o Peta lançou um vídeo na internet sobre uma investigação da indústria da pele de animais na China. “Nosso vídeo foi visto por mais de 34 milhões de pessoas no mundo inteiro, e seu conteúdo motivou muitos a pararem de usar pele e a se envolverem nas campanhas do Peta. Causou também impacto na indústria. Marcas como Polo Ralph Lauren, Ann Taylor, Kenneth Cole e Guess prometeram nunca mais usar esse material em seus produtos”, conta Bartlett.

Outro bom exemplo de conectividade é o da organização Kiva, considerada modelo na prática da interatividade e marketing viral. Sua missão é conectar pessoas do mundo todo por meio de um sistema de microempréstimos, que dão possibilidade a indivíduos de classes mais baixas para que comecem seus negócios nos países em desenvolvimento, sendo que tudo é feito pelo site. A página mostra perfis de empreendedores que precisam desse empréstimo para melhorar sua qualidade de vida, assim como perfis de pessoas que gostariam de emprestar dinheiro, colocando-os em contato e mostrando os resultados. Quem emprestou recebe o dinheiro de volta, com o sucesso dos negócios, e pode emprestar novamente a outro empreendedor.

Efeito contrário
Assim como a boa imagem da organização pode ser transmitida com a velocidade de uma epidemia, a imagem ruim também pode. Alguém pode usar o nome de uma instituição sem fins lucrativos e divulgar mensagens falsas, por exemplo, por isso é importante checar a veracidade das informações antes de retransmiti-las.

O que também pode acontecer é que uma notícia negativa e verdadeira seja repassada, situação que prejudica significativamente a imagem da empresa ou instituição. Um exemplo famoso é o da rede americana de fast food, KFC, que ficou conhecida pela maneira cruel com a qual sacrificava as galinhas. Vídeos da ação foram transmitidos pela internet e geraram revolta nos consumidores e associações protetoras de animais.

Por isso, antes de querer espalhar uma idéia ou o nome de uma instituição, é preciso tomar cuidado com o que será divulgado e, principalmente, pensar previamente e com planejamento, como a ferramenta do marketing viral será utilizada.

Links
www.kiva.org
www.lead.com.br
wwwpeta.org


Marcio Zeppelini
Consultor em comunicação para o Terceiro Setor, editor da Revista Filantropia, produtor editorial pela Universidade Anhembi Morumbi e diretor-executivo da Zeppelini Editorial & Comunicação.
Revista Filantropia - OnLine - nº181

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Governo distribui ingressos e levanta debate sobre cinema nacional

Aconteceu com o cinema brasileiro em 2008 o que ninguém esperava --ele se tornou uma coqueluche. Mas essa "febre" não está registrada nos dados oficiais do mercado, que apontam em sentido oposto Filme de Renato Aragão liderou o programa "Vá ao Cinema" em 2008
Foto Divulgação


Pelas contas da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e do Sindicato dos Distribuidores Cinematográficos --concluídas na última sexta (9)-- menos de 10% dos espectadores que pagaram ingressos nas salas do país no ano passado escolheram ver um título brasileiro.

Em relação a 2007, a queda de público do filme nacional foi de 15,5% --os longas brasileiros atraíram 8,7 milhões de espectadores em 2008, contra 10,3 milhões, no ano anterior.

No entanto, enquanto a bilheteria oficial afundava, em cem cidades do interior paulista, filmes brasileiros foram vistos por 1,9 milhão de espectadores. De graça.

Quem pagou o ingresso desse público (a R$ 3 cada um) foi a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, por meio do programa "Vá ao Cinema". O resultado dessa promoção não só deve mudar o cálculo oficial da bilheteria no Brasil em 2008. Ele também acende o debate sobre a pertinência da subvenção ao consumo de produtos culturais e adiciona elementos à discussão das razões do aparente desinteresse do público pelo filme nacional.

Tese comprovada
"Esse número comprova a tese de que as pessoas gostam de cinema brasileiro e não vão porque é caro. [A partir dele] Vamos adotar furiosamente a tese de que se tem que subsidiar o consumo, não a produção", diz o distribuidor Rodrigo Saturnino Braga (Columbia), cujo lançamento "O Guerreiro Didi e a Ninja Lili", estrelado por Renato Aragão, lidera a preferência do público do "Vá ao Cinema".

Na época da estreia de seu filme, Aragão, comediante que foi invencível nas bilheterias do país nos anos 1970, disse à Folha: "O ingresso atualmente é [o equivalente] a quase U$ 10 (R$ 22), quando já foi US$ 1,5 (R$ 3,4). Isso afastou os meus filmes do povo. O meu grande público não vai mais ao cinema, porque não tem poder aquisitivo para isso".

O que mais impressiona Saturnino Braga é o índice de 76% de aproveitamento dos ingressos distribuídos pelo governo paulista. Segundo André Sturm, coordenador da Unidade de Fomento da Secretaria Estadual de Cultura, foram distribuídos 2,5 milhões de ingressos, dos quais 1,9 milhão foram efetivamente utilizados.

"As pessoas foram assistir ao filme, quando poderiam ter ficado em casa, vendo novela", diz Saturnino Braga. Ele argumenta que receber ingresso para o cinema não é o mesmo que ganhar "o 'tíquete-leite'; [o ingresso] é algo que você pode jogar fora, perder, não ir".

Para os diretores, a adesão do público à promoção é uma boa notícia, pois enfraquece a versão de que o modesto desempenho do filme brasileiro nas bilheterias relaciona-se ao fato de as produções serem ruins.

Mas não é consenso no mercado cinematográfico a ideia de que iniciativas de subvenção ao consumo possam significar um impulso mais eficaz à indústria do que o subsídio à produção de longas-metragens, que soma ao menos R$ 1,5 bilhão (em valores de 1995) no período de 1995 a 2005, segundo dados divulgados pela Ancine.

Filantropia
Com dois títulos na lista dos dez mais vistos pelo público do "Vá ao Cinema" --"Pequenas Histórias", de Helvécio Ratton (121,7 mil espectadores), e "Juízo", de Maria Augusta Ramos (56,3 mil)--, a coordenadora de distribuição do selo Filmes do Estação, Angélica de Oliveira, diz: "É lindo, maravilhoso, ótimo para o cinema nacional que as pessoas vejam os filmes assim, mas é filantropia".

Ela é reticente quanto a prováveis lastros comerciais da promoção: "Nunca vi dinheiro desse público e não tenho garantia de que ele irá ver os próximos filmes que eu lançar dos mesmos diretores. É um programa específico, para uma classe específica, que não vê, de fato, filme nacional como público pagante", afirma.

Em novembro passado, ciente do declínio do filme brasileiro na bilheteria regular, a Ancine investiu R$ 2 milhões em subvenção de ingressos para títulos nacionais. Mário Diamante, diretor da agência, diz que a campanha partiu da "tese de que, assim como outras indústrias têm aumentado seu volume de vendas com a oferta de produtos e serviços mais baratos, a experiência poderia valer também para o cinema".


Silvana Arantes
Folha de S.Paulo, 12/01/09

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Na crise, governo infla gasto com propaganda

O governo Lula vai investir com força em publicidade e propaganda e aumentar a previsão de gastos no setor, apesar da crise financeira global. Como mostra reportagem do Globo, nesta segunda-feira, o Orçamento para 2009 aprovado pelo Congresso prevê verbas de R$ 547,4 milhões com comunicação social, que incluem a propaganda institucional e de utilidade pública da Presidência da República e de todos os ministérios. Em relação a 2008, houve aumento de 35% na dotação, que era de R$ 406 milhões. Desses, R$ 240,6 milhões foram efetivamente contratados.

Um dos focos da estratégia de comunicação do governo é melhorar a imagem do Brasil no exterior, com o objetivo de atrair novos investimentos, mas a publicidade interna também tem espaço garantido no Orçamento.

Em 2008, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência conseguiu contratar despesas no valor de R$ 122,5 milhões e, em 2009, terá disponíveis R$ 155 milhões - mais 26,5%. Desse total, R$ 139 milhões são destinados à publicidade institucional.

A estratégia para o exterior partiu de uma avaliação da Secom e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que faltava coordenação nas ações para divulgar o Brasil junto a potenciais investidores. Além disso, há uma total falta de comunicação entre os órgãos encarregados da promoção comercial e os responsáveis pela imagem do país no mundo.

Para a oposição, o alvo real é 2010
Parlamentares da oposição acusam o governo de ignorar a crise econômica e elevar os gastos com propaganda de olho nas eleições de 2010.

Para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o aumento de 35% nas verbas de publicidade oficial tem dois objetivos: maquiar os efeitos da recessão mundial no país e fortalecer a pré-candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O senador diz que os investimentos na divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) são comparáveis à propaganda nacionalista das grandes obras da ditadura militar.

Leia a reportagem completa no Globo Digital (conteúdo exclusivo para assinantes)


O Globo, 11/01/09

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Campanha da CNBB ataca prática do "rouba, mas faz"

Objetivo é propor projeto de lei contra a participação dos "ficha-suja" nas eleições
Prisão especial, imunidade parlamentar para crimes comuns e foro privilegiado também serão objetos de críticas da Igreja Católica


A indiferença em relação à corrupção na política, expressada em enunciados como "rouba, mas faz" ou "tudo acaba em pizza", será alvo da Campanha da Fraternidade de 2009, segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), instituição da Igreja Católica.

Realizada desde 1964 pela CNBB na Quaresma (período de 40 dias que antecede a Páscoa), a campanha deste ano terá como tema segurança pública, mas também abordará assuntos de ética na política.

As discussões nas reuniões e celebrações da campanha, que ocorrem em igrejas, escolas e casas, poderão impulsionar um movimento de coleta de assinaturas para criar uma lei que visa barrar candidaturas de políticos com ocorrências na Justiça.

A CNBB é uma das coordenadoras de um grupo de entidades que busca obter 1,5 milhão de assinaturas com o objetivo de apresentar um projeto de lei ao Congresso contra a participação dos "ficha-suja" nas eleições. Cerca de 700 mil pessoas já subscreverem a proposta de lei, segundo a CNBB.

De acordo com o texto-base da campanha, um dos objetivos é "denunciar a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas, assim como a injustiça presente nos institutos da prisão especial, do foro privilegiado e da imunidade parlamentar para os crimes comuns". Os crimes de corrupção e do "colarinho branco" não são violentos em si, mas geram outras formas de violência, diz o texto-base.

O secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa (bispo auxiliar do Rio de Janeiro), afirma que "frases como "rouba, mas faz" são sintomas de uma mentalidade difusa no meio do povo e expressam um indiferentismo perigoso". Para Barbosa, "tem muita gente que diz que é preciso levar vantagem sempre, mesmo que para isso seja preciso enganar. Isso pode servir de substrato cultural para justificar situações de impunidade".

O secretário-geral da CNBB diz que a Campanha da Fraternidade deste ano pode repetir o feito da edição de 1996, que serviu de ponto de partida para a obtenção de 1 milhão de assinaturas para a criação da lei nº 9.840, que tornou mais efetivas as punições em casos de compra de votos (leia ao lado).

O texto do projeto de lei do movimento atualmente em curso veda a participação nas disputas eleitorais de pessoas punidas em primeira instância pelo Poder Judiciário. De acordo com a legislação em vigor, só podem ser cassadas as candidaturas de políticos que forem condenados em definitivo pela Justiça, o que normalmente ocorre após a apresentação de recursos aos tribunais de segunda instância (tribunais de justiça estaduais ou tribunais regionais federais) e às cortes superiores do país (Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal).

"É preciso tomar cuidado para não cometer injustiças. A primeira versão do nosso projeto de lei dizia que bastava uma denúncia. Aí realmente estava aberto demais, bastava que um promotor fosse desafeto político de alguém, fizesse uma denúncia e o sujeito se tornava inelegível", disse Barbosa.

Sem apoio da OAB
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), parceira da CNBB no movimento pela aprovação da lei contra a compra de votos, não aderiu à campanha contra os "ficha-suja". O Conselho Federal da OAB decidiu apoiar um projeto de lei em curso na Câmara Federal que impede as candidaturas de pessoas condenadas por decisões judiciais, mas aquelas originadas em tribunais, que, em geral, julgam casos em segunda instância e processos de políticos com foro privilegiado. "O Conselho entendeu que é melhor o projeto já em curso na Câmara, mas cada seccional estadual tem autonomia para decidir como se comportar em relação à campanha", disse Cezar Britto, presidente da entidade.

A seccional de São Paulo da entidade foi um das que se opuseram ao projeto da CNBB. Para Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da regional paulista da OAB, a criação de uma lei para tornar inelegíveis aquelas pessoas condenadas apenas em primeira instância seria inconstitucional. "Atendendo ao princípio constitucional da presunção de inocência, só se pode impedir uma candidatura após um indivíduo ser condenado criminalmente de maneira definitiva. O julgamento sem esgotar todas as instâncias pode levar um inocente a suportar uma punição indevida", disse D" Urso.


Flávio Ferreira
Folha de São Paulo, 12/01/09

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Programa de aids começa a estagnar

Na opinião de especialistas, epidemia tem novas características que exigem mudança, principalmente na prevenção

Após sucessivos elogios recebidos no cenário internacional, o Programa Nacional de DST-Aids começa a dar sinais de estagnação. Indicadores importantes, como número de casos novos e taxa de mortalidade, praticamente não mudaram nos últimos cinco anos. Os índices de transmissão da mãe para o bebê durante a gravidez caíram, mas não como era esperado pelo próprio governo.

Além disso, com o aumento de casos no Norte e Nordeste entre homossexuais jovens e pessoas com mais de 50 anos, a epidemia adquiriu novas características, o que exige mudança na forma de atuação, principalmente na área de prevenção.

"O quadro é bastante preocupante, mas o que vemos é apenas comemoração", afirma Mário Scheffer, da organização não-governamental Pela Vidda. Todos os dias , 97 pessoas se contaminam com o HIV, vírus da aids, e outras 30 morrem por causa da doença. "É como se um ônibus caísse do despenhadeiro diariamente e ninguém se importasse."

Para Scheffer, os números estampam a necessidade de o programa fazer uma autocrítica, perceber o que não está dando certo e, nessas áreas, mudar a estratégia. "Mas o que vemos é o oposto. Há uma percepção coletiva de que tudo está maravilhoso, que temos o maior programa do mundo. Estamos vivendo de sofismas, não da realidade."

O pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Alexandre Grangeiro diz que os dados divulgados no último boletim, em novembro, estampam uma lista de desafios que precisam ser enfrentados. Grangeiro, que já foi coordenador do programa nacional, observa que o País hoje apresenta não uma, mas várias epidemias de aids. Nas Regiões Sudeste, Sul e na faixa litorânea, há uma epidemia mais antiga e estabilizada, com queda do número de soropositivos usuários de drogas e um aumento dos casos entre gays jovens. No Norte e Nordeste, existe uma epidemia bem mais recente, formada principalmente por transmissão heterossexual. "Isso exige a adoção de estratégias diferenciadas na prevenção e na melhoria da qualidade do atendimento."

O que preocupa nos Estados do Norte é a combinação de alguns fatores - menor tendência ao uso de preservativos, iniciação sexual precoce, menos interesse pelo teste para detectar o HIV. Todas características que dificultam a prevenção e o acesso mais rápido ao tratamento. Talvez por isso a Região Norte apresente uma tendência de aumento nos índices de mortalidade. "Com a interiorização da aids, o País enfrenta outro problema, que é a desigualdade na qualidade dos serviços, a dificuldade no acesso ao tratamento. Isso precisa ser solucionado", avalia a coordenadora da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Cristina Pimenta.

Grangeiro aponta ainda outros dois pontos que precisam ser melhorados: quantidade de pessoas testadas para o HIV e o acesso a tratamento para gestantes contaminadas. "Muito se fala que a aids somente será controlada com a vacina. No caso das gestantes, o tratamento existente é uma forma de vacina, algo que previne a infecção do feto em quase 98% dos casos. Mesmo assim, o País continua registrando, todos os anos, uma triste marca de contaminações em bebês."

O pesquisador da USP acredita que os maiores desafios estão em áreas que dependem de ações governamentais gerais. "Sem infraestrutura adequada nos serviços, não há como garantir diagnóstico precoce. Sem pré-natal de qualidade, não há como se certificar de que a gestante não é portadora do vírus, não há como ofertar tratamento adequado antiaids para o bebê. A qualidade das ações acaba esbarrando nos problemas gerais."

Prevenção
A estimativa é de que 46% dos pacientes cheguem aos serviços em estágio adiantado da doença. Com isso, o efeito dos remédios antiaids será limitado. "Há muito o que melhorar nesta área", diz Grangeiro. O infectologista Caio Rosenthal tem avaliação semelhante. "O programa melhorou muito, há avanços inegáveis. Mas em alguns pontos é possível avançar mais, como no diagnóstico precoce." O infectologista Celso Ramos concorda: "É preciso mudar a cultura, tornar o teste mais disponível em toda a rede."


Lígia Formenti
O Estado de São Paulo, 12/01/09

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