segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

"Economia grátis" se espalha do mundo digital para o mercado real

Pagar está em baixa. Pagar caro, então, nem pensar. Além da crise, que tem desestimulado compras, a chamada "economia grátis" (ou "freeconomics", como cunhou a revista "Wired"), surgida na internet, está chegando ao mundo real.

Na rede, a maioria já se acostumou a usar serviços sem pôr a mão no bolso. Fora, formas de consumo grátis, ou "freesumerism" (como nomeou a consultoria de tendências The Future Lab), têm se disseminado, com a força dessa geração viciada em pegar sem pagar.

Operadoras de celular usam esse modelo, quando "dão" o celular ao consumidor, em troca da sua fidelidade a um contrato. É o tal subsídio cruzado.

Agora, na Inglaterra, uma operadora dá chip, minutos e mensagens SMS grátis a usuários, com a contrapartida de poder entupi-los de torpedos publicitários. É a Blyk, que se mantém por anúncios e alveja jovens de 18 a 24 anos.

A loja de móveis Ikea, presente na Europa e nos EUA, criou uma linha de balsa entre a ilha de Manhattan, em Nova York, e sua loja, no Brooklyn. Quem a usa não paga e nem precisa comprar na Ikea. "Serve para o consumidor gostar mais da marca", diz Paulo Al-Assal, diretor da Voltage, que representa o Future Lab aqui.

Há reedições da velha "amostra grátis". Na Inglaterra, o serviço Matter, dos correios, envia à casa de quem se cadastra no site uma caixa de novidades selecionadas, como produtos de beleza e DVDs. As primeiras foram enviadas no fim do ano e a ideia, segundo a Matter, é juntar produtos de acordo com o perfil de cada pessoa. O lucro viria em forma de publicidade boca-a-boca dos produtos.

Iniciativa semelhante vem do Japão. O Sample Lab, em Tóquio, cobra taxa anual de US$ 9 para que as pessoas levem novos produtos para casa, a título de experiência.

Esses modelos buscam burlar a pulverização da atenção dos consumidores, perdida pela internet. Segundo a teoria, dessa forma o alvo da mensagem fica concentrado e ela chega só a quem interessa.

No Brasil, a marca Arno tem "lojas" onde oferece cursos gratuitos e experimentação de produtos. A Viver Casa & Gourmet deixa à disposição de quem entra alimentos, roupas, xampus, tudo o que for necessário para testar um eletrodoméstico. Nada está à venda lá dentro.

"Fazemos questão de não vender e de não cobrar", diz Eliana Leonhardt, diretora de marketing do grupo francês SEB, detentor da Arno e da Panex. Os cursos às vezes nem têm relação direta com os produtos. Dá para aprender a receber, arrumar o armário, servir a mesa.

A coreana Samsung também tem seu espaço de experimentação em São Paulo. Você fica o tempo que quiser mexendo em TVs, monitores, celulares, impressoras e outros gadgets. "O consultor da loja não tem a pressão de vender, nem o consumidor, de comprar. Tem que ser assim para maximizar a experiência", diz Carlos Werner, diretor de marketing da marca no Brasil. Ele diz que a loja é usada pelas pessoas na hora de tomar a decisão de compra. Dali, vão para uma loja comum. "Quem volta aqui com a nota fiscal até leva um brinde", diz Werner.


Débora Mismetti
Folha de S.Paulo, 19/01/09

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Mais de 60% dos brasileiros doam, aponta pesquisa

Pesquisa realizada pela organização britânica Charities Aid Foundation (CAF) sobre as práticas de filantropia nos países que formam o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), mostrou que 61,5% dos brasileiros realizaram algum tipo de doação para causas sociais. No ranking, o país perdeu apenas para a China, cujo índice de doação chegou a 80,1% no ano passado, graças ao forte terremoto que atingiu a Província de Sichuan, que matou mais de 70 mil pessoas.

De acordo com o estudo "BRIC Giving", os números apontam um crescimento da cultura de filantropia nos países líderes entre os emergentes. O levantamento -- que entrevistou 5 mil pessoas, nos quatro países -- sugere que as quatro nações podem atingir níveis de práticas filantrópicas comparáveis às de países como a Inglaterra.

“Se várias pessoas estão escolhendo por doar para causas sociais, diretamente aos beneficiados ou via instituições, temos razões para acreditar que no futuro eles irão não somente definir a economia mundial, mas também o seu tecido social”, afirma a head de Desenvolvimento Internacional da CAF, Bea Devlin.

O crescimento da filantropia nos países citados pode ser explicado, segundo o estudo, pelas tradições solidárias presentes em suas culturas também influenciaram positivamente os bons desempenhos dos demais países. Além disso, o fortalecimento de suas economias no cenário local e internacional e a relativa melhoria dos padrões de vida da população ajudaram a estimular os impulsos filantrópicos e, como conseqüência, a qualificá-los.

Brasil
Apesar dos dados positivos, o levantamento indica que grande parte das doações que as pessoas afirmam fazer são aquelas com forte caráter assistencialista e pouca potência para a transformação social. Exemplo disso é o empate técnico entre doações diretas e indiretas: enquanto 40% dos brasileiros confiaram seus recursos para organizações sociais investir, 39% afirmaram doar diretamente para pessoas de baixa renda.

A proporção entre doadores que realizam essas ações diretamente é quase o dobro dos que são intermediados por organizações sociais (21% e 43% nos casos de doação de tempo; e 19% e 34% na doação de produtos).

Mesmo tendo apresentado uma média alta de doações individuais (80,2 dólares nas quatro semanas anteriores à pesquisa) o mercado filantrópico brasileiro ainda está voltado para atender necessidades básicas e imediatas da população. Para o diretor presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), Marcos Kisil, as falhas do Estado na garantia de direitos como educação, saúde e assistência social criam demandas que são atendidas pela iniciativa privada.

Olhar Internacional
O aumento da filantropia dos países que compõem o BRIC não é surpresa para quem acompanha o assunto. No ano passado, quando o GIFE promovia o 5º Congresso GIFE de Investimento Social privado, em abril, a secretária executiva do Rússia Donors´ Fórum, Natalya Kaminarskaya, já apontava o crescimento das doações, sobretudo, pelas empresas russas. “Essas organizações passaram a considerar o investimento social como uma oportunidade de se destacar no mercado. A boa relação com as comunidades e regiões próximas aumentava os rendimentos das empresas”, contou.

Se na Rússia o empresariado lidera o movimentos, na Índia é a população, segundo a representante do Child Rights and You (CRY), Ingrid Srinath. “A visão filantrópica na Índia ainda é arcaica. Boa parte da arrecadação de recursos vem de doações de indivíduos que, em maioria, possui baixa renda. A fragilidade do setor empresarial também prejudica os investimentos social”, argumentou.

No mesmo evento, a diretora executiva da Asia Pacific Philanthropy Consortium, a filipina Rory Francisco-Tolentino, também falou do aumento do investimento social privado. Segundo ela, na China, eles costumam ser muito direcionados pelo fator pessoal (identificação religiosa, étnica).

“O chinês possui uma cultura filantrópica tradicional, herdada do período comunista, que valoriza e estimula os investimentos sociais no terceiro setor”, garantiu.

*Com informações do site do Idis.



redeGIFE Online, 19/01/09

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Mais Cultura tem 2009 para dar resultado

Até agora, o Ministério da Cultura (MinC) investiu R$ 223 milhões, pouco mais da metade prevista para o primeiro ano do programa, 2008

O Programa Mais Cultura foi lançado em outubro de 2007 como uma grande esperança para o setor no País, afinal de contas o presidente Lula garantiu um investimento de R$ 4,7 bilhões até 2010 somente para a iniciativa. Desses, R$ 2,2 bilhões de recursos federais e o restante de verbas estaduais e municipais. Até agora, o Ministério da Cultura (MinC) investiu R$ 223 milhões, pouco mais da metade prevista para o primeiro ano do programa, 2008. A largada mais desacelerada tem gerado críticas ao Mais Cultura, que, na prática, teve uma repercussão tímida nesse tempo. Seguindo o conselho do presidente Lula, no discurso do lançamento do programa, a reportagem Jornal do Commercio resolveu cobrar um balanço da iniciativa de quem está perto, ou melhor, à frente da gestão do dinheiro público nessa ação, em Brasília: a pernambucana Silvana Meireles, secretária de Articulação Institucional do MinC e coordenadora executiva do programa desde setembro passado. Leia a entrevista a seguir.

Jornal do Commercio - Quando o Mais Cultura foi lançado, o então ministro Gilberto Gil definiu o programa como o “Fome Zero do espírito”, porque foi criado para atingir áreas com menor acesso à cultura do País. De que forma o programa tem servido na prática, desde então, de alimento para a alma dos brasileiros?

Silvana Meireles- O programa está estabelecido em três grandes linhas: Cultura e Cidadania, Cidade Cultural, e Cultura e Renda. Isto é, está pensando a cidadania e o acesso, mas pensando também nas cidades que precisam de infra-estrutura cultural e na necessidade de tirar da informalidade os trabalhadores da cultura, investindo na formação de jovens. De lá para cá, diferentes ações foram desenvolvidas, nos três eixos. A questão do acesso foi a que mais avançou, sobretudo com os Pontos de Cultura, no intuito de incentivar projetos da própria sociedade. O Cultura Viva já existia, mas passou a ser incorporado e ampliado pelo Mais Cultura. Nessa linha, a grande questão foi a relação do Estado com a cultura e a sociedade. Ao invés de o Estado dizer o que deve ser feito, a sociedade apresenta a sua proposta e o governo fica encarregado de implementar. O Estado fomenta, incentivando, portanto, o protagonismo e a autonomia.

JC - De certa forma, a Lei Rouanet também já recebe projetos da sociedade.

Silvana - Recebe, mas são só projetos. Um Ponto de Leitura não é um projeto, já existe e vai ser potencializado pelo ministério. É um fomento a uma atividade já desenvolvida. Tanto que os Pontos de Cultura precisam ter no mínimo dois anos de atividade. Diferente do projeto com começo, meio e fim fomentado via Lei Rouanet. A segunda diferença é que a maioria dos proponentes do Mais Cultura está fora da Lei Rouanet, que é uma autorização para captação de recursos com isenção fiscal, uma negociação do proponente com as empresas. E aí os critérios de avaliação são muito diferentes dos critérios do Mais Cultura. Na lei, são os de mercado e os patrocinadores apóiam grandes eventos. Em relação aos Pontos de Cultura, é dinheiro do Fundo Nacional de Cultura. A partir do Mais Cultura, os recursos foram descentralizados, através dos pontos, para 23 Estados e cinco municípios. Foi um salto. Tínhamos 800 Pontos de Cultura e agora são mais de 2 mil.

JC - Dos R$ 223 milhões gastos pelo Mais Cultura em 2008, R$ 111,2 milhões foram investidos somente em Pontos de Cultura. São de fato a prioridade do programa?

Silvana - Não, é uma das prioridades. Ao lado deles, tem os Pontos de Leitura, como o caso da palafita-livroteca Os Guardiões no Bode (Recife) e outras similares, selecionados com edital nacional. Foram selecionadas em 2008 517 iniciativas, de pessoas físicas e jurídicas. Nessa mesma linha de fomento, tem também os Pontinhos de Cultura, espaços de brincar, iniciativas para a infância. Foram aprovados cerca de 200 no País. A ideia é fomentar iniciativas da sociedade civil. O MinC está implementando ainda 661 bibliotecas, através do Mais Cultura, que vão receber o kit, com acervo, mobiliário, telecentro e software de catalogação. Isso envolve negociação com os prefeitos. É um acordo com o gestor do município, que fica responsável pelo espaço e sua manutenção. Outra questão é a modernização das bibliotecas. Em 2008, foram modernizadas 410.

JC - O objetivo do MinC é zerar o número de municípios sem bibliotecas. Mas a pesquisa do IBGE (Suplemento de Cultura da Munic 2006), base para a elaboração do Mais Cultura, constatou que 89,1% dos municípios brasileiros já possuem pelo menos uma. Não seria um número alto, se comparado ao de museus, por exemplo, que só existem em pouco mais de 20% dos municípios do País?

Silvana - Entendemos que o livro e a leitura são fundamentais à cidadania. Precisamos formar um país de leitores, ampliar esse universo. Livro e leitura são estruturantes. E aí a prioridade é zerar o número de municípios sem bibliotecas e modernizar as que existem.

JC - Mas não há o risco de os brasileiros, mesmo assim, não se atraírem pela leitura?

Silvana - Sim. Mas como a gente está pensando o estímulo? Através da Rede Biblioteca Viva, que tem objetivo de integrar bibliotecas estaduais, municipais, Pontos de Leitura, escolas. Unir tudo numa rede. Atrelado a isso, tem a formação de mediadores, dos agentes de leitura. São eles que vão contribuir para o estímulo. A ideia é que sejam jovens selecionados e tal qual um agentes de saúde, possam trabalhar diretamente com as famílias de sua comunidade. Nos baseamos numa experiência bem-sucedida do Governo do Ceará. Afora isso, a pesquisa Retratos da Leitura, divulgada em 2008, apontou que os leitores brasileiros geralmente têm bibliotecas próximas às suas moradas e tiveram influência da mãe. São dois pontos que se destacam como estímulo para a formação. Existe ainda outra ação que ainda não aconteceu, a dos Livros Populares, para incentivar o acesso ao livro. O preço é ainda muito caro. A ideia ainda está sendo desenvolvida, vamos ver parcerias com editoras, um edital. Pensamos também em estimular a leitura de revistas que já existam, para fazer o leitor ir à biblioteca ler a edição do mês.

JC - Em artigo publicado no mês passado, no site Cultura e mercado, Leonardo Brant atacou a eficácia do Mais Cultura, cujos propósitos seriam muito vagos e corriam o risco de transferir para os municípios e Estados o dever federal, sobretudo com o Cultura Viva. Como responde a essa crítica?

Silvana - É evidente que temos metas muito ousadas, quantitativas. No ano passado, o aporte orçamentário nos obrigou a reduzir as metas para 2008. Algumas ações estão estruturadas, mas há outras mais novas. O País tem uma dimensão continental. Leva tempo até as coisas acontecerem. Quanto à parceria com Estados e municípios, penso que tem havido um erro de interpretação de Leonardo Brant. Ao fazermos a descentralização, a intenção não é transferir a responsabilidade para Estados e municípios, mas construir na prática o Sistema Nacional de Cultura, com divisões de responsabilidades e competências. O Estado e o município são os que estão mais próximos da sociedade, podem ajudar a implantar o programa mais rapidamente, acompanhando de perto. Acompanhar 2 mil Pontos de Cultura não é uma tarefa que deva ser feita pelo MinC sozinho, mas por quem está com o cidadão. Evidente como o sistema está em construção, essa divisão é algo que vai ser aprimorado. Afora isso, ao descentralizar, você está incorporando a cultura local e reforçando a economia local. Descentralizando, amplia-se o número de cada uma das ações, porque o Estado e o município entram com recurso. Para cada R$ 1 que os governos estaduais e municipais colocam, o MinC bota R$ 2. A gente amplia essa meta.

JC - Onde foi gasto o restante da verba do programa em 2008, de R$ 114,8 milhões, tirando a dos Pontos de Cultura?

Silvana - Em Pontos de Leitura, Pontinhos de Cultura, modernização e implantação de bibliotecas, conteúdos para TV. Está previsto para março um programa novo na TV Brasil, o Tô sabendo, que vai articular escolas de três Estados (RJ, BA e PA) num game de conhecimento. Esse recurso foi utilizado ainda no edital FIC TV/ Mais Cultura para a produção de três minisséries feitas por e para jovens de 15 a 29 anos, das classes C, D e E. Também foi gasto com o Cine Mais Cultura, em pequenas salas de exibição, com o Promoart (Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural) e uma parte em microprojetos culturais.

JC - O que seriam esses microprojetos?

Silvana - São incentivos a pequenos projetos, com recursos entre 1 e 30 salários mínimos, para proponentes que não têm acesso a qualquer lei de incentivo à cultura e precisam comprar um instrumento, uma roupa, fazer uma pequena exposição, publicar um pequeno livro. É um edital descentralizado e vai abrir com foco, neste primeiro semestre, nos Estados do Nordeste, no Norte de Minas e no Espírito Santo.

JC - Além dessas ações, como outros dados da pesquisa do IBGE estão sendo revertidos?

Sulvana - Quando pegamos o dado de que 90% dos municípios não possuem qualquer equipamento cultural, mostramos a importância de criar no País uma infra-estrutura cultural, e isso tem pautado a locação de recursos no Mais Cultura. Tem sido positivo, inclusive no Congresso. Os deputados têm feito emendas à cultura, o que é uma ajuda, porque sofremos cortes em 2008.

JC - Por quê? Qual foi o maior entrave?

Silvana - A disponibilidade orçamentária do governo mesmo. Houve um outro agravante também. Perdemos R$ 120 milhões, porque uma liminar derrubou medidas provisórias que fossem votadas via crédito suplementar. E esses R$ 120 milhões estavam incluídos na medida provisória de crédito suplementar de 2007.

JC - Este é o último ano antes das eleições presidenciais. É definitivo para o Mais Cultura mostrar a que veio. Quais são as perspectivas para os próximos meses?

Silvana - Este é o ano que o Mais Cultura precisa de fato estar na rua, em todo território nacional. Como várias coisas são fruto de edital, os resultados de 2008 vão ficar mais visíveis em 2009. As bibliotecas vão receber os kits. Os pontinhos, R$ 18 mil cada um. O Plano Nacional de Cultura está sendo enviado ao Congresso agora em fevereiro. O ano de 2008 foi de lançamento dos editais e agora estamos na conclusão das ações.


Olívia Mindêlo
Jornal do Commercio, 19/01/09

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Mapa participativo inédito expõe os impactos do avanço da soja sobre a floresta

Comunitários de Santarém e Belterra produzem mapa participativo baseado em imagens de satélite e conhecimento tradicional
Imagem: Greenpeace / Alberto César Araújo

Um mapa inédito, com os impactos da produção de soja na região oeste do Pará, foi lançado nesta sexta-feira por comunidades tradicionais de Santarém e Belterra a bordo do Arctic Sunrise, navio do Greenpeace. O trabalho identificou os principais pontos de desmatamento e outros problemas associados à expansão desordenada da soja na região, como o assoreamento e contaminação de igarapés por agrotóxicos, bloqueio de acessos tradicionais da população local pelas plantações e o desaparecimento de comunidades tradicionais.

O projeto mapeou ainda 121 comunidades locais, algumas das quais nunca incluídas em qualquer outro mapa. A iniciativa, apoiada pelo Greenpeace e Projeto Saúde e Alegria (PSA), capacitou mais de 50 lideranças de 28 diferentes comunidades no uso de GPS e interpretação de imagens para mapear e documentar os impactos da expansão da soja na região, e foi liderada pelos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santarém e Belterra.
Baixe a cartilha no http://www.greenpeace.org/brasil/documentos/amazonia/mapeamento-comunitario-dos-imp com o Mapeamento Comunitário dos Impactos da Soja (em Santarém e Belterra), que traz detalhes sobre o projeto, a participação das comunidades tradicionais e o mapa.

“Eu vejo o mapa como uma imagem de um microscópio porque a gente vê nele aquilo que a gente costumava não ver”, disse um comunitário que participou do mapeamento e que não quis ser identificado.

As comunidades tradicionais da Amazônia detêm um vasto conhecimento dos espaços que ocupam. Em uma região marcada pela falta de governança, esse conhecimento é crucial para a defesa de territórios e dos recursos naturais.

"Ao unir conhecimento tradicional a técnicas modernas de mapeamento, os povos da floresta estão mais preparados para lutar pelos seus direitos e participar da gestão de seus próprios territórios", disse Raquel Carvalho, da campanha da Amazônia do Greenpeace.

"Esse tipo de iniciativa permite que os comunitários produzam seus próprios mapas, fazendo um contraponto importante à inexistência desse tipo de informação – oficial ou não."

Além de fortalecer o conhecimento tradicional, o mapa é um retrato atual dos impactos da soja na região.

"A mitigação destes impactos deve ser incorporada às análises do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do porto graneleiro da Cargill, que ainda aguarda audiência pública", disse Raquel.

De acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até 2002, o cultivo de soja no estado do Pará ocupava cerca de dois mil hectares. No ano seguinte, após a instalação do porto da Cargill em Santarém, a área cultivada saltou para 35 mil hectares. Essa expansão acelerada da soja na região ocorreu em várias outras áreas do bioma e foi alvo de intensa campanha do Greenpeace, que resultou na assinatura da Moratória da Soja, um compromisso assumido pela Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais) de não comercializar soja plantada em novos desmatamentos a partir de agosto de 2006.

Ainda que tenha obtido resultados positivos, a moratória se limita a conter a abertura de novas áreas e não elimina os demais impactos da produção do grão dentro do bioma – principalmente na área de influência direta do porto –, nem pretende ser uma solução definitiva.

"A moratória é a melhor estratégia para reduzir o avanço do desmatamento sobre o bioma Amazônia pelo menos até que os mecanismos de governança necessários estejam implementados", afirma Raquel Carvalho.

O avanço da fronteira agrícola é uma das principais causas de desmatamento, acarretando em perda de biodiversidade e recursos naturais, deslocamento de populações tradicionais e aquecimento global. A destruição das florestas e mudanças no uso do solo, principalmente na Amazônia, são responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gás carbônico, colocando o país como o quarto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. A floresta amazônica é de fundamental importância para o equilíbrio do clima global. A manutenção da cobertura florestal tropical pode evitar que 800 milhões de toneladas de carbono sejam liberadas na atmosfera por ano.

Salvar o planeta. É agora ou agora.
O lançamento do mapa comunitário faz parte da expedição do Greenpeace Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, para alertar a população brasileira sobre os problemas causados pelo aquecimento global e pressionar os governos a tomarem medidas urgentes contra os impactos das mudanças climáticas.

Para fazer a sua parte, o Brasil deve se comprometer com metas setoriais de redução de gases do efeito estufa, zerando o desmatamento da Amazônia até 2015, promovendo fontes renováveis de energia e eficiência energética e implementando uma rede de áreas marinhas para proteger os oceanos.

Conheça mais detalhes sobre a campanha na página especial da expedição no http://www.greenpeace.org.br/cop/.

Confira o roteiro do Arctic Sunrise pelo Brasil - datas e horários para a visitação pública ao navio em cada cidade da programação. A entrada é gratuita no http://www.greenblog.org.br/?page_id=46.


Redação do Greenpeace
Envolverde, 19/01/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Para atrair anunciantes Oscar reduziu o preço e mudou as regras

A ABC reduziu de USD 1,7 milhao para USD 1,4 milhao o preço da inserçao comercial durante a transmissao do Oscar. O movimento tem o objetivo de atrair o interesse dos anunciantes para um evento que vem perdendo audiência - 32 milhoes de americanos assistiram à transmissao da premiaçao no ano passado, abaixo dos 39,9 milhoes que tinham visto em 2007. Além da queda de preço, a emissora também passou a aceitar comerciais de filmes.

A publicidade dos estudios sempre foi proibida na transmissao do Oscar com o objetivo de evitar conflito de interesses e garantir que o publico nao visse a premiaçao como um jogo de cartas marcadas.

A noticia é do Ad Age.


Blue Bus, 19/01/09

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Entenda o que significa "blog content"

Julio Câmara criou blog há dois anos e diz que ganhou "fama na blogsfera"; idade impediu contratação para cobrir feira de tecnologia
Foto Rogério Azor/Folha Imagem


Para entender melhor por que uma empresa pagaria pelo conteúdo de um blog pessoal, vale dizer que o principal motivo é que é um ótimo negócio.

Imagine o seguinte: você tem um blog sobre um assunto que ama, como carros, e pesquisa e escreve com frequência sobre o tema. Além disso, tem uma vasta rede de contatos que lotam seus comentários, é mencionado em outros blogs e participa ativamente de comunidades. Pronto, você é popular e já tem um "ramo" na blogsfera.

Agora, se uma montadora quer fazer um blog para se aproximar do consumidor final, ela pode contratar uma agência, que vai contratar um jornalista especializado e, depois, vai divulgar o site para que ele tenha visibilidade. Que pode dar certo, ou não.

Mas, se o seu blog já tem leitores cativos, basta que eles te chamem, você põe um link no seu blog no estilo "mudei de endereço e agora estou escrevendo no site tal" e está feito.

Isso é chamado "blog content" e já existem até pessoas cuidando especificamente disso dentro de agências. Sim, porque é muito vantajoso: a empresa que quer fazer a ação e a agência já sabem como é o seu texto, que seu blog já tem leitores, que você tem moral na web e que já tem material para saber se quer associar a marca a você.

Além de evitar surpresas, contratar blogueiros é opção econômica. Como a maioria escreve sobre uma paixão, quando surge alguém querendo pagar pelos textos que já seriam publicados, qualquer valor parece vantajoso. Muitas vezes escrever para uma empresa significa ter novas regras, como não criticar ninguém e não falar sobre sexo, por exemplo. Por isso pense bem se a grana vale sua liberdade perdida.


Marina Fuentes
Folha Online, 19/01/09

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Ceará implanta fibra óptica para conectar população

Proliferam pelo país as chamadas "cidades digitais", em que prefeituras criam suas redes de banda larga para conectar a população à internet. Em âmbito estadual, o Ceará foi um dos primeiros a adotar um projeto do gênero: partiu para a instalação de fibra óptica. Inicialmente, a infra-estrutura deverá ser implantada numa área onde vive 82% da população urbana.

O governo cearense vê com bons olhos a revitalização da Telebrás e o uso da rede da Eletronet para ter um sistema alternativo à sua própria infra-estrutura.

O presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Fernando Carvalho, afirma que foi a Brasília quando soube da intenção de grupos do governo de transferir à Telebrás a gestão da rede da Eletronet. "Estivemos em várias reuniões com a ministra Dilma (Roussef), mas ela alertou que, com a falência da Eletronet, existia o passivo sub judice. Em vez de esperar, optamos por construir a nossa rede, mas continuamos interessados na parceria" afirma.

Segundo Carvalho, logo depois que Cid Gomes (PSB) assumiu o governo do Estado foi identificado que havia uma despesa anual da ordem de R$ 35 milhões com telecomunicações. Diante disso, começaram a ser estudadas alternativas para reduzir os gastos. Uma das primeiras idéias foi a busca de parcerias, mas diante da demora o governo optou por partir para a construção de rede própria.

Foi realizada uma concorrência. Venceu a construtora Schain. O projeto de instalação das fibras, orçado em R$ 49 milhões, deverá ter sua primeira etapa concluída em meados deste ano. A rede total terá 2,5 mil quilômetros e passará por vários municípios do interior, além da capital Fortaleza.

"Nosso objetivo não é criar uma empresa estatal para oferecer serviços de telecomunicações. Queremos usar nossa rede como uma ferramenta da desenvolvimento e de redução de custos. Há locais no Estado onde a operadora não chega, temos um monopólio que não investe por que não vê retorno imediato. Havia metas de instalar a telefonia em todos os locais com população acima de 100 habitantes, mas há metas (de universalização) que foram trocadas pelo projeto de levar banda larga às escolas", afirma.

O projeto tem parceria com a Companhia Energética do Ceará (Coelce), Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e TV Ceará, que vão interligar redes próprias à do governo do Estado.

Outra parceria é a Rede Nacional de Pesquisas (RNT), que interliga instituições de pesquisas, universidades e está à frente do programa Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep). Financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), ela está em expansão e prevê atingir todo o país com 27 redes em todos os Estados ainda no decorrer deste ano. A maior delas e com mais capacidade ficará no Rio de Janeiro.

Há empresas como Eletronorte, no Pará, e Neoenergia, na Bahia, que firmaram parcerias para ampliação da rede da Redecomep. O governo do Ceará fez o mesmo. Lá, o objetivo é interligar 80 escolas estaduais e orgãos públicos. No projeto, a chamada última milha, que conecta a rede ao destino final, utiliza infra-estrutura sem fio.

Carvalho diz que, se o Estado fosse usar serviços da concessionária de telefonia, em muitos locais não haveria velocidade de transmissão para prestar alguns serviços, como o videoconferência - tecnologia que poderia se tornar auxiliar no sistema de ensino. "Por isso, chegamos à conclusão que seria mais vantajoso montar nossa própria infra-estrutura. Fortaleza já está toda com fibra, são 120 quilômetros", afirma.

Carvalho conta que há outros Estados implementando ou buscando projetos próprios. Ele diz que estão sendo trocadas experiências com os governos do Maranhão, Bahia, Pará, Rondônia, Piauí.


Heloisa Magalhães
Valor Online, 19/01/09

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