terça-feira, 11 de agosto de 2009

Para brasileiros, país carece de 'valores'

Pesquisa para definir tema do estudo do PNUD sobre o Brasil teve 500 mil respostas; estudo falará sobre virtudes como respeito e justiça

Já está definido o assunto do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano do Brasil. Após a pesquisa Brasil Ponto a Ponto, que perguntou a cerca de 500 mil brasileiros “O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade?”, a organização definiu que o tema do estudo será “valores”.

Nas respostas à consulta, educação foi o assunto mais mencionado. Os organizadores da pesquisa, entretanto, consideraram que o tema "valores", por ser mais abrangente, permeia também outras questões levantadas, como a própria educação, violência e corrupção. Valores ficou em quarto lugar na consulta.

Para o coordenador do relatório, Flávio Comim, o surgimento do assunto valores é surpreendente e só foi possível porque a consulta tinha uma pergunta aberta. Segundo ele, é a primeira vez que uma pesquisa desse tipo é feita com questão aberta, que permite que as pessoas escrevam a resposta que quiserem. A iniciativa é inédita — em nenhum outro lugar do mundo, o tema do relatório nacional feito pelo PNUD foi decidido dessa forma.

“As respostas abertas permitiram que as pessoas falassem o que quisessem. Não só o que deveria mudar para suas vidas mudarem, mas também os comos e os porquês daquilo”, salienta Comim.“Nas respostas, você vai encontrar problemas relacionados a saúde, educação, emprego. As novidades foram os comos e porquês. Este é o diferencial.”

Os valores mais citados pelos participantes da consulta foram respeito, justiça, paz, ausência de preconceito, humanidade, amor, honestidade, valor espiritual, responsabilidade e consciência. Para o coordenador do relatório, isso “nos leva a um conceito novo de valores de vida: nem só morais ou éticos, nem só financeiros, são os valores praticados no dia-a-dia.”

Dentre os 500 mil que contribuíram com o projeto Brasil Ponto a Ponto estão moradores dos maiores municípios brasileiros e dos dez com menor IDH, estudantes dos ensinos fundamental e médio, além de pessoas que deixaram sua resposta registrada no site da campanha, dos clientes das empresas TIM (telefonia) e Natura (cosméticos) e de quem se manifestou pelos sites dos canais de televisão MTV (cabo) e Globo. As empresas parceiras foram as responsáveis pelo grande número de participações obtido pela consulta, diz Comim. A organização da Brasil Ponto a Ponto esperava, inicialmente, 50 mil respostas.

Apesar de a consulta ter alcançado grupos bem diversos, Comim conta que os principais pontos levantados foram basicamente os mesmos. Nos primeiros lugares das questões mais objetivas (os pontos compreendidos pelo PNUD como “valores” vieram muitas vezes acompanhados de outras questões) estão educação e violência. Esses dois temas terão destaque no relatório. Comim conta que boa parte do que apareceu em relação à educação não foi uma demanda por mais conteúdo nas escolas, mas uma carência de que o espaço escolar também transmita valores aos alunos.

Sobre a violência, o que mais apareceu foram reclamações sobre a violência contra a pessoa — agressões, violência doméstica — em detrimento da violência contra a propriedade, como roubos e furtos. A conclusão que se tira disso, para Comim, é de que “o problema é muito maior. Significa que a sociedade resolve seus conflitos de forma violenta.”

Terminada a pesquisa, que parou de receber contribuições em 15 de abril e teve os dados computados até meados de junho, o desafio agora é materializar o tema “valores”. O relatório deve ser publicado até o início de 2010 e seu primeiro caderno abordará a experiência da consulta.

Correção
Ao contrário do que havia sido publicado neste espaço, valores não foi o assunto mais votado na pesquisa Brasil Ponto a Ponto. A organização decidiu usar este tema para o relatório não por ele ter recebido o maior número de menções, mas por entender que, sendo mais abrangente, ele poderia englobar outras questões apontadas na consulta, como educação e violência.

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Mariana Desidério, da PrimaPagina
Pnud, 10/07/09

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