terça-feira, 30 de setembro de 2008

Banqueiros viram filantropos na busca de emprego na Grã-Bretanha

A onda de corte de empregos na esteira do derretimento do mercado financeiro está motivando centenas de banqueiros a procurar instituições de caridade em busca de trabalho na Grã-Bretanha.

As intituições estão bastante interessadas em contratar os ex-grandes banqueiros para ajudá-las a levantar fundos, disse a forum3, uma agência de recrutamento.

"Para fazer caridade, são necessárias boas habilidades e de qualidade, a atitude correta... e isso está aumentando no setor profissional", disse à Reuters Deborah Hockman, uma diretora da forum3.

Cerca de 500 banqueiros que estão procurando por um trabalho no setor se aproximaram do grupo nas últimas semanas, 30 por cento de aumento em comparação ao mesmo período do ano passado, informou a forum3.

Dependendo do tamanho da organização, os diretores financeiros podem esperar ganhar algo entre 48 mil e 90 mil libras por ano com caridade.

"Você não vai ganhar as milhões de libras em bonificação que costumavam existir", disse Hockman.

"Mas você será relativamente bem pago em um ambiente interessante e tudo o que você fizer terá um fim social, em vez dos bolsos dos acionistas."


Reportagem de Douwe Miedema
Portal Exame, 30/09/08

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MTV quer aumentar anúncios rastreando redes sociais

A MTV vai rastrear a cada segundo os comerciais e vídeos vistos na Web e vai interligar comunidades online construídas em torno de seus programas de TV, disse seu diretor digital em entrevista sobre a nova estratégia publicitária da empresa.

A MTV está se esforçando para continuar a ser relevante na era digital, aprendendo mais sobre os fãs de alguns de seus maiores programas, como "The Hills" ou "Real World", através dos sites dos programas, disse Mika Salmi, presidente de mídia digital global da MTV, em entrevista à Reuters.

A emissora vai fornecer a seus anunciantes dados atualizados a cada segundo sobre como os vídeos e anúncios em seu site são vistos por usuários online. Na segunda-feira, a MTV anunciou a assinatura de um contrato com a Visible Measures, uma firma independente de medição, para que ela forneça esses dados.

A iniciativa espelha uma mudança semelhante para dados atualizados a cada segundo pelo setor de medição de audiência da TV, liderado pela Nielsen e a TiVo.

O novo serviço poderá medir o uso de vídeos da MTV que foram compartilhados ou inseridos em outras redes sociais, como o MySpace, ou blogs.

Nos últimos anos a MTV vem trabalhando em sua transformação para o século 21, construindo ou comprando marcas digitais em música, programação, mundos virtuais e games. A Atom Films, empresa de Salmi, foi comprada em 2006.

A rede de TV a cabo se esforça para continuar relevante à medida que uma parte maior de seu público principal, formado por pessoas na faixa de 12 a 34 anos, passa cada vez mais tempo na Internet do que assistindo à TV.

A MTV está construindo comunidades que abrangem centenas de seus Web sites, como VH-1, Pimp My Ride e Jackass, através de um serviço chamado Flux. Quando um internauta está logado na rede Flux, ele pode passar para outros sites da MTV sem precisar fazer novo login.

Como outros sites populares de rede social, como Facebook e MySpace, os usuários do Flux, construído com o Social Project, podem compartilhar vídeos, fotos pessoais e blogs. A MTV comprou a empresa de redes sociais Social Project este mês por um valor não revelado.

Mas resta a ver se as próprias redes sociais poderão ganhar dinheiro com anúncios, no longo prazo. A MTV está apostando que seus relacionamentos de longa data com anunciantes na TV a cabo, somada à popularidade de seus programas, possam colocá-lo em situação privilegiada para desenvolver relacionamentos aprofundados com fãs em suas centenas de sites.


Yinka Adegoke
Portal Exame, 30/09/08

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Instituições Públicas de Ensino Superior são convidadas a apresentar projetos de extensão em temas relacionados à Política Nacional de Cultura

O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Superior - SESu/MEC, e o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Políticas Culturais - SPC/MinC, apóiam as Instituições Públicas de Ensino Superior no desenvolvimento de projetos de extensão que contribuam para a implementação e para o impacto de políticas públicas, potencializando e ampliando patamares de qualidade das ações propostas, projetando a natureza das mesmas e a missão da universidade pública.

O presente edital tem por objeto convocar as Instituições Públicas de Ensino Superior a apresentarem projetos de extensão em temas relacionados à Política Nacional de Cultura.

Confira o edital do Programa de Apoio à Extensão Universitária PROEXT 2008 - MEC / CULTURA: Edital nº01

Contato: proextmeccultura@mec.gov.br


Ministério da Cultura, 29/9/08

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As datas do acordo ortográfico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta segunda-feira o decreto com a agenda da implantação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no país. A assinatura será às 15h, no prédio da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, durante sessão solene de celebração dos 100 anos da morte de Machado de Assis.

Com data marcada para entrar em vigor em 2009, a reforma ortográfica pretende fazer com que pouco mais de 210 milhões de pessoas em oito países que falam o português tenham a escrita unificada, conservando as variadas pronúncias. A proposta foi apresentada em 1990, mas era necessário que pelo três países ratificassem os termos da proposta, o que ocorreu somente em 2006. O Congresso brasileiro aprovou as mudanças em 1995. Entre as mudanças estão o fim do trema, novas regras para o emprego do hífen, inclusão das letras w, k e y no alfabeto e novas regras de acentuação.

No Brasil, o acordo entrará em vigor em janeiro de 2009 e sua implantação será feita de forma gradual. Nos livros diáticos, as novas normas só serão válidas em 2010 e obrigatórias a partir de 2012. A regra atual valerá para vestibulares e concursos públicos até dezembro de 2012. Os países do acordo são Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Brasil e Portugal.

LINKS RELACIONADOS
• Perguntas e respostas | O que muda com o acordo da Língua Portuguesa


Veja.com, 29/09/08

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BoP 3.0: o futuro é seu vizinho

"Apesar disso, você ainda não está batendo na porta dele"; Sustainable Innovations at the Base of the Pyramid fala sobre a base de pirâmide

A discussão está quente aqui em Helsinque, e não é piada. Mas primeiro deixa eu fazer o prometido. O que é BoP 3.0? No começo as relações com a população BoP [Base of the Pyramid - Base da Pirâmide] era assim. O rico dizia: "Vai lá, pega essa grana, não é preciso ter vergonha, vai lhe ajudar, um pouquinho pra você tomar um café ali na esquina...".

Para ser simples, direto e objetivo, os países ricos e as multinacionais davam esmolas. Aliás, faziam filantropia, essa é a palavra politicamente correta. Depois chegou o BoP 2.0. "Vamos lhe ajudar, mas você tem que dar algo em troca. Vamos ajudar a sua comunidade, mas vai uma ONG aí para te ajudar em tudo. Vai salvar a comunidade, ensinar a ser cidadão, lhe dar um curso profissionalizante para uma profissão que você nunca vai exercer", enfim...

Agora chegou o BoP 3.0. "Tem uma grana sim, você precisa me apresentar um plano de negócios, se tornar um ser participante do sistema financeiro, do sistema legal, precisa existir, e ser participante (cidadão). Não é mais uma relação de assistencialista, mas sim de mútua confiança".

Como a minha sócia Carol Escorel fala sabiamente: "Porra!!! Isso é capitalismo inclusivo".

Para encerrar, quero esclarecer que este foi um seminário cujo objetivo não era a discussão sobre comunicação e/ou marketing para a Base da Pirâmide. Mas que todos, absolutamente todos, incluíram em suas palestras em suas palestras a necessidade de um design específico para os países emergentes (o nosso!).

Um design de produto, de serviço, de marketing, de comunicação.Pois é, para mim o grande resumo disso tudo, o que parece que vai realmente ajudar as grandes massas de gente do mundo felizmente ou infelizmente ­não são as idéias de esquerda, de direita, da política, mas sim, a economia. Como falava o marqueteiro político do Bill Clinton: "It's the economy, stupidy".


André Torreta, de Helsinque
Publicitário há 25 anos e trabalhou por 15 anos no mkt político, período que obteve a experiência com as classes C, D e E. Em 2001 fundou o primeiro instituto de pesquisa e a primeira agência de propaganda especializada na "Base da Pirâmide". Em 2007 fundou a "A Ponte Estratégia", consultoria de marketing especializada nas classes C, D e E.
Meio & Mensagem Online, 29/09/08

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Ajude a ONU a escolher o tema do próximo relatório sobre desenvolvimento no Brasil

O PNUD vai fazer audiências públicas, parcerias com empresas e instituições sociais, consultas com professores de pós-graduação, jornalistas, órgãos públicos e internautas para definir o tema do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano sobre o Brasil, a ser publicado no ano que vem.

O site do PNUD criou uma página específica para a participação dos internautas. Basta responder a duas perguntas (“Na sua opinião, qual será o principal problema do Brasil daqui a dez anos”? e "Qual deve ser o tema do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano? Por quê?") e clicar em "enviar respostas". O resultado da enquete será divulgado em 30 de novembro. Também na internet, uma consulta semelhante será feita no Portal do Voluntário, que reúne uma rede de 53 mil pessoas.

"Os relatórios de desenvolvimento humano do PNUD sempre tiveram a preocupação de não se restringir à informação acadêmica, de atingir um público maior. Agora, estamos partindo do próprio público", resume o coordenador do relatório brasileiro, Flavio Comim.

O PNUD já fechou acordo com a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) para que as pastorais — que reúnem cerca de 300 mil pessoas — participem da escolha. A partir de uma parceria com a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o PNUD entrou em contato com 4 mil professores de pós-graduação, a fim de que também ajudem a definir o tema do relatório (veja quadro ao lado).

Já foram contatados jornalistas e outras agências da ONU, e serão consultados representantes de órgãos públicos. O PNUD também negocia com o setor privado a possibilidade de expandir a consulta por meio de outros canais.

As audiências públicas ocorrerão em um município de cada região brasileira. Já foi estabelecido que na região Sul o encontro será em Porto Alegre, na região Sudeste, em São Paulo, e na Centro-Oeste, em Brasília. Os locais do Nordeste e do Norte ainda não foram escolhidos.

Para que o processo não se restrinja a metrópoles, o PNUD fará audiências nos dez municípios brasileiros de menor IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, uma adaptação do IDH aos indicadores regionais brasileiros): Manari, em Pernambuco; Jordão, no Acre; Guaribas e Caraúbas do Piauí, no Piauí; Traipu, em Alagoas; Ipixuna, no Amazonas; e Araioses, Santana do Maranhão, Lagoa Grande do Maranhão e Centro do Guilherme, no Maranhão. “O relatório vai dar ênfase à construção de relações da ONU com a sociedade civil organizada e não-organizada”, diz Comim. O resultado deve ser divulgado no fim de novembro.

O diálogo com um público mais amplo vai ocorrer não só no processo de consulta, mas também no de divulgação, afirma o coordenador do relatório. “As parcerias também prevêem que o resultado do relatório chegue às pessoas.”

A publicação será composta de três cadernos, com entre 30 e 50 páginas — um de diagnóstico, a ser divulgado entre março e abril, um com soluções, a ser divulgado no final de agosto, e um com indicadores, a ser lançado no fim de 2009, junto com o relatório propriamente dito. Todos esses produtos devem ser adaptados para cartilhas, com linguagem mais acessível e texto mais enxuto. O PNUD estuda ainda divulgar o conteúdo por vias alternativas, como teatros e jogos. "Não queremos que seja um relatório que ficará guardado na estante. Não queremos escrever só para os policy makers, queremos chegar a uma parcela maior da população", afirma Comim.

Esse será o terceiro Relatório de Desenvolvimento Humano brasileiro. O primeiro, publicado em 1996, foi pioneiro ao calcular o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) para todas as unidades da Federação. O segundo, de 2005, destacou já no título os temas abordados: Racismo, pobreza e violência.

Responda à enquete "Quais são os maiores desafios do Brasil?" em http://www.pnud.org.br/rdhbrasil2009/


Redação do Pnud
Envolverde, 29/09/08
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Consulta pública para regulamentação do acolhimento de crianças

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), em parceria com o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), disponibiliza para consulta pública o documento Orientações Técnicas para os Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes.

Elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o documento recebeu também as contribuições do Conanda e do CNAS. O principal objetivo do texto é subsidiar a regulamentação dos serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, previstos no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, aprovado em 2006.

As contribuições devem ser enviadas para o Conanda impreterivelmente até o dia 10 de outubro por e-mail (conanda@sedh.gov.br) ou pelos Correios para o seguinte endereço:

Secretaria Executiva do Conanda
Esplanada dos Ministérios, Bloco T, Ed. Anexo II, sala 421
CEP 70.064-901, Brasília-DF

Para facilitar o processo de envio das contribuições, foi elaborado um guia de orientação para os procedimentos da consulta pública.

Para acessar o documento Orientações Técnicas para os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, clique aqui.

Para acessar o Guia para orientar a Consulta Pública, clique aqui .


redeGIFE Online, 29/09/08

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Grupo aponta desafios do voluntariado corporativo

Evento realizado pelo GIFE, em parceria com o Centro de Voluntariado São Paulo, no último dia 25, reuniu 30 profissionais de institutos, fundações e empresas para discutir o “estado da arte” do voluntariado corporativo. Com o apoio do Instituto Carrefour, o objetivo foi apontar as potencialidades, desafios e limites da prática, dentro do contexto brasileiro.

Os convidados, a maior parte representantes de associados ao GIFE, são responsáveis por ações de voluntariado em suas organizações. Assim, a dinâmica do evento os reuniu em grupos para analisar suas práticas, trazendo à tona as principais preocupações e oportunidades por consenso.

Ao final, cada equipe ficou responsável por um dos seis temas levantados. Por meio do exercício responderam questões que compreendiam desde o motivo para criar um programa de voluntariado, à comunicação, gestão, avaliação e, no fim, o que cada um dos envolvidos investe efetivamente em todo o processo.

“Vivemos em um paradigma de desesperança, em que as pessoas sentem que são impotentes contra a violação dos direitos ao seu redor. O voluntário acredita que, mesmo fazendo pouco, está transformando a sociedade e mostrando que todos nós podemos, sim, fazer alguma coisa”, argumentou a psicóloga Cenise Vicente, ex-oficial de projetos do UNICEF e diretora da empresa de consultoria Oficina de Idéias.

Por que começar?
Organizações como o GIFE e o Centro de Voluntariado de São Paulo (CVSP), representados pelo secretário-geral, Fernando Rossetti, e pela coordenadora do CVSP, Cristina Murachco, acreditam que a prática é eficiente na geração de transformações sociais. No entanto, para que isso ocorra, deve ser elaborada por meio de ações estruturadas e estratégicas.

Na visão dos participantes, apresentada pela gerente do Programa de Voluntariado do Instituto C&A, Carla Sattler, as empresas dão início a esse tipo de programa porque é possível identificar, mesmo que de forma empírica, que o voluntariado traz benefícios para empresa, para a comunidade e para o funcionário.

Como porta-voz de um dos grupos, Carla enumerou alguns dos benefício: o auxílio no desenvolvimento de habilidades pessoais e profissionais dos colaboradores, aumento da satisfação com o trabalho, contribuição na redução de problemas comunitários e engajamento de colaboradores em causas sociais.

Ao mesmo tempo, a prática tem ajudado as empresas a fortalecerem suas marcas de forma positiva e socialmente responsável junto a diversos stakeholders. Nesse sentido, verifica-se um maior reconhecimento por grupos comunitários e organizações sociais.

“Quem lida com voluntariado nas empresas, está na linha entre o que é benefício público e privado. Ações bem-estruturadas mostram que todos os públicos envolvidos podem ganhar com a prática”, afirmou Rossetti.

Mobilização
Um dos principais desafios identificados pelos participantes é o de mobilizar o colaborador para as ações de voluntariado. Nos argumentos que sustentavam os critérios a serem avaliados, tornou-se evidente que, para cada organização, havia um obstáculo diferente a ser superado.

Embora acreditem que a comunicação bem feita é um dos cernes da solução, a expectativa de cada funcionário sobre o trabalho voluntário deve ser levada em consideração. “É preciso entender o quê o colaborador acredita que está fazendo: assistencialismo ou transformação social”, lembrou coordenadora de Programas Sociais da Centrais Elétricas Matogrossenses (CEMAT), do Grupo Rede, Maria de Lurdes Neves, relatora de grupo.

Nesse sentido, pode-se encarar a gestão do voluntariado em duas perspectivas, sem categorização de mais positivo ou negativo. A primeira percebe o voluntário como instrumento de assistência, em que é encorajado a se envolver em ações prontas, criadas por uma organização (social ou empresarial). A outra perspectiva vê o voluntário como agente e promotor de suas próprias ações que age natural e espontaneamente sobre uma determinada realidade.

Cabe então a cada organização criar um projeto de acordo com o que se espera do colaborador. Uma empresa que estimula funcionários a participarem de suas ações de Investimento Social Privado, deve desenvolver uma comunicação distinta ao daquela que os motiva a oferecer apoio a associações comunitárias do bairro onde vive, por exemplo.

Para entender como mobilizar os funcionários, portanto, é preciso compreender o que o leva à decisão de “ser voluntário” e toda a subjetividade (desejo e expectativa) inerente à sua escolha.

Governança
As dúvidas sobre a gestão de todos esses processos também foram bastante analisadas durante o evento. Para a relatora do grupo que analisou esse enfoque, a gerente de Sustentabilidade do Instituto Carrefour, Karina Chaves, embora exista uma tendência desses programas serem coordenados por uma diretoria corporativa, em cada organização existe uma estrutura diferente.

De fato, pelas razões apresentadas pelos participantes, é preciso criar uma política de voluntariado para ter clareza de onde se quer chegar, tal como a forma com que ela está inserida estrategicamente na organização (no leque de sua Responsabilidade Social).

No entanto, segundo a responsável pelos Programas de Voluntariado do Instituto ibi, Tatiana Polo, a governança depende também da escolha da área que coordenará essa política e sua importância dentro da estrutura. Nos exemplos das mesas de discussão do evento, não houve consensos sobre o assunto.

Os programas podem ser coordenador por áreas distintas, como: Recursos Humanos, Comunicação, Marketing, pela “mulher do presidente da empresa”, ou mesmo pelos institutos e fundações vinculados à mantenedora. É a força da estrutura que pautará as linhas de ação e seu suporte pela diretoria.

“O importante é que também sejam feitas parcerias com os gestores e os líderes”, disse Karina Chaves, ao lembrar como é difícil manter um plano nacional de voluntariado, quando a empresa está presente em 16 Estados.

Avaliação
O que pode ser considerado sucesso em programas de voluntariado? Uma resposta simples é a de que a iniciativa tenha realmente trazido benefícios para os três principais grupos envolvidos: empresa, comunidade e funcionário. Daí a necessidade de conseguir mensurar resultados qualitativos e quantitativos sobre esses públicos.

O desafio, portanto, é como levantar esses dados. Isto é, como realmente o processo refletiu na vida dos beneficiados? A empresa deu o suporte necessário aos voluntários? As ações estavam alinhas ao negócio da empresa? Três questões, dentre uma série.

Citando o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, o consultor em cidadania empresarial e ex-presidente do Instituto C&A, Antônio Carlos Martinelli, afirmou:”O essencial é invisível aos olhos”.

Na fábula de sua autoria, “O Pequeno Príncipe”, Saint-Exupéry considerava (aos olhos dos personagens) os adultos como pessoas incapazes de entender o sentido da vida, pois haviam deixado de ser a criança que um dia foram.

No caso da avaliação, metaforicamente, pode ser considerada a necessidade de mensurar impactos, muitas vezes, intangíveis. Daí o ruído entre diferentes grupos. “Cultura empresarial e a social têm problemas de discurso. Uma vê apenas os dados e outro percebe os outros valores”.

A coordenadora de Projetos Sociais da Philips do Brasil, Renata Macedo, defendeu a importância da coleta de dados qualitativos, para mensurar o impacto da ação. Essa é a questão de “olhar o invisível”.

Investimento
Ao explicar as conclusões sobre o seu grupo, Renata Toledo, uma das responsáveis pela área de Voluntariado dentro do setor de Recursos Humanos da Natura, sistematizou o que cada segmento pode fazer para melhorar os programas.

Há diversas formas que a empresa pode fazer investir; seja em projetos próprios, seja na comunicação interna de estimulo ao voluntarismo de seus colaboradores (não vinculado à empresa), ou apenas com recursos financeiros a entidades selecionadas pelos funcionários.

Somado a isso, há o tempo e dedicação do funcionário. Por esse raciocínio de co-responsabilidade, a comunidade pode investir em mobilização e articulação, enquanto organizações não-governamentais podem estar vinculadas a programas de qualificação.

Comunicação
Embora a comunicação seja transversal em todo o processo, os grupos levantaram direcionamentos fundamentais para melhorar os resultados das iniciativas. O primeiro é, evidentemente, a comunicação interna. “Ela geralmente é a mais rápida e padrão”, considerou a coordenadora de Programa de Voluntariado da Fundação FEAC (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas), Nilza Montanari.

Ao mesmo tempo, o relacionamento com a comunidade também está ligado às linhas de comunicação da organização. O envolvimento de entidades sociais de base pode ajudar na nesse ponto, principalmente na ligação entre público atendidos e voluntários – além de, como já dito, na capacitação dos envolvidos.

Um dos receios dos grupos de discussão foi como comunicar para a população em geral, sem o risco da atuação ser considerada oportunista. Para evitar isso, os projetos devem ter consistência, estar atrelados ao negócio, serem monitorados, além de serem pensados para longo prazo. Sem isso, os esforços para comunicar não terão respaldo objetivo, o que levaria à falta de credibilidade.

“Quando damos publicidade a um projeto, é preciso saber quem é o sujeito da frase. É a empresa ou a causa o foco da comunicação. Se for a empresa, trata-se de uma promoção da marca. Se for educação, saúde, inclusão, estamos nos referindo a um bem comum”, avaliou Fernando Rossetti.

Para começar
Programas de voluntariado corporativo, segundo as conclusões dos participantes, devem ser concebidos a partir de um diagnóstico participativo das ações sociais dos empregados. Afinal, muitos deles, antes mesmo da empresa desenvolver essa idéia já atuavam na área.

Em segundo lugar, pode ser estruturado uma espécie de “banco de talentos”, em que os colaboradores informam habilidades e desejos de ação na área social. Isso porque talentos artísticos, culturais e sociais muitas vezes não são demonstrados pelas pessoas em seu cotidiano de trabalho.

Dados
Durante as discussões, alguns dados foram apresentados aos participantes pela coordenadora do CVSP, Cristina Murachco. A pesquisa “Perfil do Voluntariado Empresarial no Brasil”, lançada pela organização da sociedade civil Riovoluntário, por exemplo, mostra como as empresas parecem preocupadas com o desenvolvimento de bons programas de voluntariado corporativo.

Das 89 empresas (de todos os portes e setores, que atuam em território nacional, sendo 61% delas na região sudeste) que responderam ao questionário, 45% possuem programas de voluntariado institucionalizado, com planejamento e orçamento anuais.

Segundo o estudo, as empresas que apresentam níveis de mobilização de seus funcionários acima dos 10% têm programas institucionalizados. Mas para as empresas, o principal fator responsável por aumentar o grau de participação dos colaboradores no serviço voluntário é a presença do profissional de comunicação interna, comprometido com o programa (79%).

Outro fator que contribui para o incremento da participação dos colaboradores, na avaliação dos entrevistados é o engajamento da diretoria. Para 84% deles, a existência de uma diretoria participativa está fortemente vinculada ao sucesso de um programa de voluntariado empresarial. No entanto, somente 25% das empresas declararam que seus diretores participavam maciçamente das ações de voluntariado incentivadas pela empresa.


Rodrigo Zavala
redeGIFE Online, 29/09/08

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Impaes abre inscrições para patrocínio

O Impaes – Instituto Minidi Pedroso de Arte e Educação Social, organização que apóia e desenvolve projetos no campo da arte e da educação social, abre inscrições para o processo de seleção de novos projetos para 2009. Os projetos apoiados visam a capacitação de educadores para e pelas Artes para atuarem, preferencialmente, com crianças e adolescentes de comunidades de baixo poder aquisitivo e com reduzido acesso à arte.

Desde 2005, o Programa Desafios Impaes seleciona para apoio financeiro projetos de organizações da sociedade civil que visem à difusão do potencial da arte como meio transformador do indivíduo e de sua realidade, estimulando a formação e o desenvolvimento humano a partir da ampliação das capacidades criativa, crítica e de inserção social.

Desse modo, o Impaes reconhece as ações sistemáticas promovidas no campo do ensino das artes como forças potenciais de valorização do sujeito e de suas experiências. Ações essas que, por meio do fazer artístico, da interpretação das artes e da contextualização, ampliam a percepção sobre o mundo e as possibilidades de desenvolvimento pessoal e profissional.

O período de inscrições para o Programa Desafios Impaes 2009 será de 22 de setembro a 22 de outubro de 2008. Os projetos inscritos devem ser desenvolvidos por organizações legalmente constituídas sem fins lucrativos e ter duração de 12 ou 24 meses, respeitando-se o ano-calendário (janeiro a dezembro). A capacitação deverá ter a duração mínima equivalente a um ano letivo.

Os recursos financeiros solicitados não devem ultrapassar o valor de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) por ano de execução, ou seja, podem totalizar até R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais) para projetos com realização de dois anos.

A coordenação técnica do processo de seleção do Programa Desafios Impaes 2009 está a cargo do Cenpec - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.

Também é requisito que as instituições e projetos candidatos sejam localizados na cidade de São Paulo e/ou municípios limítrofes, a saber: Caieiras, Cajamar, Cotia, Diadema, Embu, Embú-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mongaguá, Osasco, Poá, Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Vicente e Taboão da Serra.


redeGIFE online, 29/09/08

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A transformação de um município se dá pelas pessoas

Raquel Severo e Rosilane Peres até há pouco tempo eram mulheres com poucas perspectivas profissionais além de promover o sustento básico de suas famílias. Raquel mantinha uma pequena loja de armarinhos com a mesma clientela e produtos há anos, e Rosilane vendia lingerie de porta-em-porta. As duas moradoras de Barroso, município mineiro de 20 mil habitantes a cerca de 200 km de Belo Horizonte, acreditavam que haviam conseguido o máximo que a vida profissional podia lhes dar em uma localidade pequena.

Em menos de dois anos, o comércio de Raquel foi ampliado e a receita cresceu 40%. A então sacoleira Rosilane agora é dona de uma loja e planeja abrir o primeiro sex-shop da cidade. O que mudou a vida dessas duas mulheres em tão pouco tempo foi uma receita simples: a redescoberta de sua auto-estima e a capacitação para os negócios.

Elas fazem parte do projeto Rumo Certo, apoiado pelo Instituto Holcim (IH), e que estimulou, em média, o aumento de 30% nas vendas do comércio barrosense em 12 meses. Ao iniciar suas atividades em Barroso, em 2002, o Instituto deparou com um desafio que parecia impossível: promover o desenvolvimento de uma localidade que durante décadas dependeu praticamente dos empregos na prefeitura e na fábrica de cimento, a única grande indústria local. A fábrica, de origem nacional e comprada pelo grupo suíço Holcim em 1996, ocupava a perigosa posição de único motor econômico do município.

Isso acontecia porque os moradores da cidade não conseguiam enxergar perspectivas na região e em si próprios. Mudar esse cenário se tornou a meta do Instituto em Barroso. Para sistematizar como essa revolução ocorreria, a coordenação do Instituto foi buscar inspiração nos antigos gregos e montou o Programa Ortópolis (Orto = correta e Polis = cidade), do qual o Rumo Certo faz parte.

A principal preocupação do Instituto ao iniciar o trabalho era de não criar outra forma de dependência. Daí a importância de se construir o trabalho em conjunto com a comunidade e com os mais diversos agentes locais. O início foi muito difícil. Eram longas conversas nem sempre providas de confiança da população na possibilidade de grandes mudanças. Para muitos parecia que andávamos em círculos, pois eram debates seguidos de debates, mas sem resultados tangíveis.

Aos poucos se começou a notar a mudança de comportamento. Aqueles que não viam outras possibilidades para si e para seus filhos além de trabalhar na prefeitura ou na fábrica passaram a mostrar espírito empreendedor. E a descobrir que a região poderia oferecer mais atrativos e potencialidades do que imaginavam.

No planejamento do Ortópolis estão, entre outros, o desenvolvimento dos setores eletromecânico, hoteleiro, gastronômico e de artesanato, além do incentivo a ações voltadas para a economia rural, cidadania e inclusão social. O olhar dos barrosenses para o mercado também vem sendo ampliado. A indústria de cimento e a prefeitura não são mais vistos como os únicos clientes em potencial de boa parte dos negócios. As artesãs e costureiras de Barroso, por exemplo, criaram há dois anos com o apoio do IH, uma coleção de roupas desenhadas pelo estilista Ronaldo Fraga. Os modelos foram apresentados na capital mineira e projetaram as barrosenses em nível estadual. Outro trabalho que vem ganhando corpo na região é o projeto Vaca Gorda, na área de pecuária leiteira, pois o município possui cerca de 150 pequenos proprietários rurais.

O Ortópolis conta hoje com parcerias importantes como Sebrae/MG, a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (Ascab), com a Fundação Interamericana e o Instituto Ecofuturo. O programa vai gradualmente tornando-se sustentável. É neste ponto que, nós do IH - que demos o passo inicial para a constituição de Ortópolis - medimos os principais avanços dos trabalhos. Afinal, não há mais espaço para o paternalismo empresarial.

Um instituto ou fundação seja ele qual for, ligado ou não a uma empresa ou governo, deve assumir o papel de facilitador e jamais ter uma postura paternalista nas comunidades em que atua. Essa é nossa principal preocupação. Por isso, faz parte do cronograma do Ortópolis uma participação cada vez menor do Instituto nas atividades. Como o tempo, vamos nos tornando apenas orientadores, consultores. Queremos que a população de Barroso não precise mais de nós.

Além da revitalização do comércio e desenvolvimento de vários setores da economia, o Ortópolis também atua nas áreas de cultura, educação e meio ambiente. Entre os projetos que já apresentam resultados concretos estão a formação de uma biblioteca comunitária e a realização um programa de incentivo à leitura nos ônibus municipais. São duas mil pessoas cadastradas. O Educando Verde, voltado para educação ambiental, já levou sua mensagem a aproximadamente 2 mil crianças e adultos barrosenses que se tornaram multiplicadores de conceitos ligados a reciclagem de lixo e uso racional de água, entre outros.

Ainda há muito a fazer, mas apresentar esse modelo de cidade a outras regiões do Brasil pode ser um começo para replicar um projeto em que acreditamos, apostamos e vimos florescer. Demos início, por meio do Instituto Holcim, ao trabalho também em Magé, no interior do Rio de Janeiro. É um pequeno passo, mas temos certeza que será um exemplo para empresas e entidades adotarem o modelo em outras comunidades. Um fato já nos é bastante claro e nos impulsiona para a conquista dos desafios que fazem parte da nova etapa: acreditar na proposta de Ortópolis, e em seu mais forte significado, que é o de desenvolver uma cidade correta, e porque não, mais justa.


Michaela Rueda
Vice-presidente executiva do Instituto Holcim e diretora de Recursos Humanos da Holcim Brasil
redeGIFE online, 29/09/08

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