segunda-feira, 28 de abril de 2008

A volatilidade do mundo corporativo dita comportamentos

A volatilidade no universo empresarial subverteu a lógica do mundo corporativo, redefiniu comportamentos, transformou padrões e implantou uma nova ordem no mundo dos negócios. O reaquecimento da economia global produziu um círculo virtuoso impulsionado por uma onda de fusões, aquisições e reestruturações. Os sistemas de gestão sofreram o efeito perecível dessas alterações, ou seja, a novidade de hoje torna-se obsoleta em tempo recorde. Em meio a isso, a administração "just-in-time" traduz esse movimento incontrolável e lança uma lógica desafiadora: como essas mudanças transformaram a cultura organizacional e como os profissionais se inserem nelas?

A competitividade resiste a uma concepção linear. De um ângulo macro da questão, pode ser analisada pelo ambiente dos negócios, segurança jurídica, estabilidade política e, sobretudo, pela definição de regras claras a demarcar os papéis dos agentes econômicos e as relações entre estado e iniciativa privada. Nas companhias mais avançadas, por outro lado, um traço distintivo é o processo de gestão e, também, a sua capacidade de desenvolver recursos exclusivos. Isto é, não encontramos à venda no mercado o exemplo da transparência, comunicação eficaz com seus diferentes públicos e qualidade das pessoas que integram as equipes de trabalho. Reside nesse ponto o compromisso visceral das instituições, com o sucesso ou o fracasso.

Vivemos numa espécie da ´era da incerteza´. E por meio dessa contingência surge a grande oportunidade para o colaborador. Nesse momento de reciclagem das atividades, ser eficaz, inovador, empreendedor e criativo tornou-se requisito básico. A novidade é que a liberdade de ação passou a ter dimensões passíveis de conquista e um diferencial dos vencedores. Cabe ao profissional a habilidade de transformar visões e idéias em projetos, e realizações luminosas, em viáveis e lucrativas. Cabe ao talento ser o agente de mudança e gestor da sua própria carreira. E a ele também ser um influenciador nos rumos da empresa. O ´board´ está ávido e estimula essa participação adulta e responsável.

Isso significa que o mercado quer o profissional com novas feições. O funcionário cumpridor de tarefas está em desuso. Atualmente, exigem-se duas vertentes com competências expressivas. De um lado, um talento multidisciplinar, capaz de compreender o planejamento estratégico, priorizar objetivos, identificar tendências e oportunidades, com visão de longo prazo e disciplina financeira, aliada a uma boa dose de ousadia. Do outro, um colaborador atento com o sistema de governança corporativa, orientado por valores éticos e focado em resultados claros que promovam a integração da gestão com as expectativas de uma administração sustentável. A combinação desses fatores é a tradução de atratividade e empregabilidade no mercado.

Envolver-se com essa nova realidade é mais um desafio para os gestores. Além disso, permite um engajamento da companhia de alto a baixo, criando um ambiente organizacional energizado, coeso e motivado. A felicidade no trabalho não é fruto da inércia, mas sim decorrência desse espírito inovador e empreendedor, que se concretiza em realizações que fazem a diferença. Felizes são as pessoas que se focam, não nos problemas, mas no caminho coerente e seguro para resolvê-los. A velocidade e a instabilidade mundial reforçam nossa crença de que existe um elo de união das empresas vencedoras com o ânimo e o engajamento criativo, inovador e atrevido das pessoas.

Arlindo Casagrande Filho
Diretor de RH da CPFL Energia


Valor Online, 28/04/08

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Fundo vai garantir crédito a pequena empresa

Carlos Alberto Santos, do Sebrae: em caso de inadimplência, banco poderá usar depósitos feitos pelos empresários
Foto Carol Carquejeiro/Valor


Aproveitando a onda de liquidez de crédito no mercado brasileiro - decorrente da estabilidade econômica - o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) planeja lançar, neste ano, as Sociedades de Garantia de Crédito. Por meio delas, um grupo de micros e pequenos empresários se une, deposita recursos em uma instituição bancária - normalmente pública - para que o dinheiro sirva de lastro para financiamentos contraídos para projetos econômicos desenvolvidos pelo grupo.

A expectativa é que, dessa forma, o acesso ao crédito fique mais barato e os bancos se sintam seguros a emprestar os recursos, sem temer prejuízos decorrentes de eventuais inadimplências.

Segundo o o Sebrae, Carlos Alberto Santos, a mecânica das sociedades de garantia de crédito assemelha-se ao crédito consignado para a pessoa física. Nesse último caso, o banco se sente seguro, pois em uma parceria entre ele, a empresa e o empregado fica acertado que o desconto será feito diretamente na folha de pagamentos. "No caso da associação, se houver alguma inadimplência, o banco poderá utilizar o fundo depositado pelos empresários. Além disso, toda aquela burocracia de levantar a papelada com o histórico dos interessados é feito pela sociedade, livrando o banco dessa trabalheira."

Além de orientar e prestar assessoria técnica a essa parceria, o Sebrae deverá ter, nos próximos 24 meses, R$ 30 milhões para investir nas Sociedades de Garantia de Crédito. "Se formos pensar em uma alavancagem na ordem de dez vezes, estamos falando de R$ 300 milhões para massificar e baratear esse crédito pelos próximos três ou quatro anos", afirma Santos.

Já existem alguns projetos-piloto funcionando em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul (a primeira experiência), nos municípios mineiros de Araxá e Governador Valadares, em Pato Branco e Maringá, no Paraná, entre outros. "Na Serra Gaúcha, temos hoje cerca de 400 associados. O ideal é um mínimo de 150 a 200 associados, para diluir o risco", diz Santos.

Para o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, a estabilidade econômica do país permite que a instituição desenvolva projetos de médio e longo prazo - o que significa planejamento para três, quatro anos. "Ao buscar eficiência e agilidade, podemos oferecer aos nossos clientes um ganho de escala em suas atividades, algo fundamental em um mundo cada vez mais competitivo", afirma.

Ele reconhece que ainda é grande o número de pequenos empreendedores que chegam aos balcões do Sebrae, espalhados pelo país, pedindo dinheiro emprestado para abrir os seus negócios. "Nós não emprestamos dinheiro, nós não somos banco", afirma. O Sebrae mantém parcerias com os bancos e entidades públicas, especialmente Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, além de agências de fomento estaduais.

Os recursos do Sebrae para alavancar o setor são depositados nessas instituições. Além das Sociedades de Garantia de Crédito, o Sebrae, que tem orçamento de R$ 1,5 bilhão, auxilia no financiamento de projetos para a criação das empresas e na compra de equipamentos. Nesse último caso, a entidade tem o Fundo de Aval, com R$ 218 milhões disponíveis.

Há ainda, desde 1999, os Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes, denominados Fundos de Capital de Risco (venture capital). São oito ao todo, em conjunto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o BNDES. Aliados a alguns fundos de pensão, bancos e investidores privados, eles totalizam R$ 149,62 milhões, dos quais R$ 38,359 milhões são da participação do Sistema Sebrae. Esses fundos já investiram mais de R$ 147 milhões em 71 empresas.

Segundo Okamotto, o Sebrae manteve, durante sua gestão, a expertise adquirida anteriormente e aproveitou o bom momento do país para promover mudanças importantes, como o cadastro unificado e a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. "O cadastro unificado já recebeu adesão de 22 Estados, é um mecanismo que vai desburocratizar o processo de abertura de uma nova empresa", aposta Okamotto.

Ele lembra que, para o empreendedor abrir um novo negócio, é preciso uma série de documentos da Previdência, Receita Federal, Receita Estadual e Junta Comercial. "Com o cadastro unificado, as informações vão 'conversar' entre si. Em São Paulo, por exemplo, onde o sistema já está funcionando, em alguns casos demora apenas 24 horas para um novo empreendimento entrar em operação."

A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa entrou em vigor em julho de 2007. A principal medida foi a criação do Simples Nacional, unificando seis tributos federais, ICMS e ISS. Mas o ICMS se tornou o grande vilão, pois alguns Estados - São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais - não incorporaram seus sistemas à nova lei e os micros e pequenos empresários reclamam que passaram a pagar mais impostos. Segundo o Sebrae, esses Estados aumentaram a relação de produtos sujeitos ao pagamento de ICMS com substituição tributária.

Em outras unidades da federação, as empresas que aderiram ao Simples Nacional se viram obrigadas, a pagar o ICMS com base na alíquota interna integral, desconsiderando o percentual já recolhido pela empresa do Estado vendedor. "Esperamos equalizar essa situação até o fim do ano, especialmente com a aprovação da reforma tributária", diz Okamotto.

Paulo de Tarso Lyra
Valor Online, 28/04/08

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Relator busca popularizar reforma tributária

Sandro Mabel: ambição de traduzir o IVA para a dona-de-casa
Foto Ruy Baron/Valor


O deputado Sandro Mabel (PR-GO) lançará mão de forte estratégia de comunicação - principalmente via internet - para tentar "popularizar" a discussão da reforma tributária e despertar interesse da sociedade para o tema, tratado em geral de forma árida. Relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) enviada pelo governo ao Congresso, Mabel pretende que o cidadão comum saiba os reflexos para seu bolso. E tenha um canal para enviar perguntas e sugestões. "A população precisa entender que a reforma tributária não é de interesse só dos Estados. É de todos", diz.

Para ele, a participação externa vai estimular os congressistas a votar a reforma. A ofensiva terá início na próxima terça-feira, com uma iniciativa que deve se tornar semanal: uma entrevista coletiva do relator, transmitida em tempo real pela internet, com imagens, por meio do portal da Câmara . Será um bate-papo realizado no plenário de uma comissão técnica da Casa, onde há sistema de televisão instalado. Internautas enviarão perguntas por escrito, a ser respondidas pelo relator na hora ou posteriormente.

Mabel combinou com a Secretaria de Comunicação da Câmara a inauguração, mais à frente, de uma ferramenta nova no portal da Casa: um vídeo chat, com imagem, em que Mabel se comunicará diretamente com internautas, recebendo e respondendo por escrito a perguntas, nesse caso em tempo real. "Não temo sugestões em excesso. Pode vir a ser solução interessante", afirma.

Segundo a Secretaria de Comunicação da Câmara, o portal da Casa (www.camara.gov.br) tem uma média de 45 mil acessos por dia. No ranking das proposições em tramitação, a PEC da reforma tributária (número 233, de 2008) é a mais consultada, com média de 22 mil acessos diários. Quando há bate-papo com internautas - por enquanto sem imagem -, há participação média de 60 internautas, em geral representando entidades. As páginas de notícia têm 10 mil acessos por dia.

O deputado encomendou à Secretaria de Comunicação da Câmara um link de acesso a um fórum de participação popular da reforma tributária. Por meio da ferramenta, qualquer um pode enviar perguntas e sugestões. Nesse caso, a comunicação não será "online". O compromisso de Mabel é responder às mensagens, "esclarecendo de forma mais popular" aspectos da reforma.

"Quando falamos de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), parece grego para a maioria da população. A mudança do sistema tributário tem sido discutida somente como assunto técnico. Mas atinge toda população", diz Mabel. A intenção é "montar uma estratégia de comunicação que leve o seu significado ao estudante, à dona de casa e a quem ouve rádio".

No pacote de ações para massificar o debate da reforma tributária, Mabel planeja utilizar a Rádio Câmara, que funciona como agência: o conteúdo produzido é distribuído a 1.400 rádios associadas no país. Ainda na internet, será criado um site específico (www.nossareforma.com), hospedado no portal da Câmara, onde o interessado poderá encontrar tudo a respeito da reforma (texto da PEC do governo, a cartilha preparada pelo governo, íntegras da legislação relacionada, as entrevistas do relator, etc.).

Para os deputados da comissão especial encarregada de examinar a PEC, o deputado mandou confeccionar um CD com a proposta de reforma tributária comentada - com explicações sobre toda legislação relacionada. Mabel encomendou 100 CDs, mas planeja aumentar a produção, dependendo da demanda. O relator pretende viajar pelos Estados, para reunir-se com governadores, empresários, prefeitos e representantes da sociedade civil.

Mabel foi indicado relator da PEC no dia 23, após acordo que levou o deputado Antonio Palocci (PT-SP) à Presidência. A comissão tem prazo até meados de julho (40 sessões deliberativas da Câmara) para concluir o trabalho. Para ser aprovada no plenário, precisa de votos favoráveis de três quintos dos deputados.

De lá, a proposta é encaminhada ao Senado, onde passa pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e vai ao plenário. Para ser aprovada, também precisa de três quintos dos senadores votando a favor. Quórum alto, especialmente em ano de eleições, em que costuma haver esvaziamento do trabalho legislativo.

Raquel Ulhôa
Valor Online, 28/04/08

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Com loja enxuta e internet, GBarbosa acelera expansão


Luciana Santos, moradora de Rio Real, entrou na Eletro Show e estava em dúvida entre um notebook e uma lavadora
Foto Salgado / Valor

Um pouco antes das nove horas da manhã do dia 16 de abril o padre de Rio Real, pequena cidade do interior baiano, deixou a igreja matriz, caminhou alguns metros e chegou ao local onde o aguardavam para uma benção. A tradição católica se misturou à inovação tecnológica no nordeste da Bahia. O padre abençoou o Eletro Show da rede GBarbosa, que foi inaugurado logo depois. É uma loja enxuta, com poucas peças em mostruário e em estoque, e onde o cliente pode escolher pela internet o que deseja comprar.

Desde a inauguração, o entra e sai de pessoas na loja é constante. A maioria quer "dar uma olhadinha", mas as vendas já estão indo bem, como garante José Bezerra da Silva Lopes, gerente da filial de Rio Real.

Em uma semana, sete das 12 televisões mais baratas da loja foram vendidas. Um morador da cidade também já comprou um notebook de R$ 2.199. Na tarde em que o Valor visitou o Eletro Show, mais um computador portátil estava prestes a ser vendido para Luciana dos Santos.

"Estou na dúvida. Não sei se compro o computador ou uma máquina de lavar", diz ela sorrindo, ciente de que "uma coisa não tem nada a ver com a outra". O notebook seria bom para o marido, advogado. Já ela ficaria feliz em não ter mais que esfregar e torcer as roupas na mão. A palavra final seria do marido, "que é quem tem o dinheiro". Para Luciana, que há dois anos se mudou de Esplanada (cidade vizinha) para Rio Real, "o bom é que com a loja nova não precisamos mais viajar e eles entregam em dois dias".

Com a unidade de Rio Real, o GBarbosa, que pertence ao grupo varejista chileno Cencosud, conta agora com 12 lojas nesse formato, na Bahia e em Sergipe. A forte aposta neste modelo a partir deste ano mostra que a experiência tem dado certo. "Com o Eletro Show queríamos criar um negócio com baixo custo para disseminar o grupo pelo interior", diz Eduardo Costa Júnior, gerente desse modelo de negócios na rede. Com a estrutura reduzida, não é preciso ter caixas, estoquistas e empacotadores. Em Rio Real, quatro vendedores e um gerente dão conta do recado.

O primeiro Eletro Show foi aberto em dezembro de 2005 e, dois anos depois, havia nove no total. Agora, só neste ano, foram abertas três unidades e, até julho, serão inauguradas outras cinco. Em seis meses, a rede abrirá quase o mesmo número de lojas inauguradas em dois anos.

Quem não está nada contente com a chegada dessa loja é a concorrência local. Embora todos tenham na ponta da língua o discurso de que "a competição é sempre boa para todos", os comerciantes sabem que será complicado manter os bons resultados que suas lojas estão apresentando nos últimos anos.

"Em preço sei que não vou ganhar", diz Lana Pinheiro, gerente da Maranata Móveis. Lana deu uma espiada nos preços do novo concorrente e viu que o páreo não será fácil. Ela conta que o microondas de 22 litros que a Maranata vende por R$ 385 em até seis vezes, sai por nada menos do que R$ 265 no Eletro Show. "Se eu cobrar isso, fico no prejuízo. Comprei esse produto do distribuidor a R$ 285."

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Rede Eletro Show tem 12 lojas na Bahia e em Sergipe - neste ano já foram abertas três e até julho serão mais cinco
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A avaliação de Juarez Dantas, proprietário da JN Móveis, vizinha de porta da nova loja GBarbosa, é a mesma de Lana. Ele aposta, no entanto, no seu mix de produtos, que está muito apoiado em móveis - o que a Eletro Show não vende - nas formas de pagamento que oferece e no "atendimento diferenciado". "Ali eles só aceitam dinheiro ou cartão. Aqui eu faço em menos vezes, no máximo seis, mas pode ser na nota promissória e no carnê." E completa: "aqui a garantia sou eu. Se o produto quebrar, eu conserto ou dou outro. Em loja grande sempre tem muita burocracia".

Júnior admite que o poder de barganha do GBarbosa é realmente muito maior, mas diz que as experiências anteriores do Eletro Show mostram que a loja acaba dinamizando mais o comércio da cidade do que canibalizando-o. "Se o consumidor compra um produto R$ 10, R$ 20, R$ 30 mais barato, ele vai usar esse dinheiro em outra compra. Pode ser em alimentos, roupas, calçados", argumenta.

Os varejistas locais têm, porém, um trunfo em mãos. Com lojas maiores, eles podem expor uma variedade maior de produtos. Já no Eletro Show, que tem cerca de 120 metros quadrados, a variedade de itens expostos é menor. Se o cliente desejar algo diferente do que está no mostruário, terá que escolher o produto pelo computador, junto com o vendedor. A fórmula ainda não é muito bem aceita, especialmente entre os compradores de menor renda.

"Aqui o pessoal é que nem São Tomé, tem que ver para crer", brinca Lopes, o gerente da loja. Ele acredita que com o tempo as pessoas vão se acostumar com a compra virtual. Enquanto isso, pediu mais produtos ao centro de distribuição de Aracaju para reforçar o mostruário.

Outra vantagem das lojas locais é o atendimento bastante pessoal. Grande parte dos moradores de Rio Real trabalha em fazendas de laranja e não têm comprovante de renda ou carteira assinada. "Acabamos aceitando outras garantias e quando é conhecido, nem pedimos nada", diz Dantas, da JN Móveis.

Atenta a esse costume, a rede GBarbosa tem flexibilizado a concessão de crédito nessas localidades. Ao longo de março, um estande foi montado na praça principal da cidade e três promotoras ofereceram o cartão de crédito própria da rede o Credi-Hiper. Quem chegasse lá com RG, CPF, comprovante de residência e qualquer carnê de loja com pelo menos quatro parcelas quitadas poderia pedir o cartão. Na cidade com cerca de 30 mil habitantes, mil propostas foram preenchidas e mais de 500 cartões já foram distribuídos. Com eles, é possível parcelar as compras em até 12 vezes.

"Temos um mercado muito grande aqui (Bahia). Há mais de 50 cidades com potencial para receber um Eletro Show", diz Júnior. Segundo ele, não há um formato fechado para a escolha de um município. "Analisamos o que todo mundo analisa: número de habitantes, renda per capita, comércio local."

Raquel Salgado
Valor Online, 28/04/08

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Bolsa e apoio financeiro para jovens empreendedores sociais

Desenvolvido a partir da iniciativa internacional YouthActionNet®, o Iam - Iniciativa Jovem Anhembi Morumbi [o Programa] visa reconhecer e apoiar projetos de jovens empreendedores sociais que desenvolvem ações de impacto em comunidades, a fim de conquistar mudanças positivas para o bem-estar social.

A Anhembi Morumbi, articulada com organizações da sociedade civil, acolherá, até 7 de maio, a inscrição de projetos de toda a região metropolitana de São Paulo e selecionará 20 jovens, que terão a oportunidade de participar de um curso específico do Iam, de agosto a novembro de 2008. O curso terá como foco o desenvolvimento de competências e habilidades, voltadas ao empreendedorismo social, liderança, elaboração de projetos e ações comunitárias.

Além de bolsa-auxílio de R$ 340 mensais durante o curso, a Universidade também ofererecá um prêmio de R$ 2 mil, em dinheiro, a esses jovens, como forma de apoio ao desenvolvimento de seu projeto comunitário. A solenidade de entrega dos prêmios e certificações será realizada em dezembro de 2008.

Para dúvidas e comentários sobre o processo de inscrição, envie um e-mail para contatoiam@anhembi.br.

Saiba mais pelo folder.

Inscrições Abertas
A abertura para as inscrições para o Iam começaram no dia 6 de março de 2008, dia do lançamento oficial do Programa. A partir dessa data, as inscrições de projetos estão abertas até o dia 7 de maio de 2008.

O programa é aberto para a participação de jovens, entre 18 e 29 anos, que tenham ou não qualquer vínculo com a Anhembi Morumbi. É fundamental que os projetos sociais apresentados para seleção estejam em desenvolvimento há pelo menos um ano, envolvam a comunidade e visem uma mudança positiva de impacto na realidade local.

Clique aqui e faça o download do formulário de inscrição.

As inscrições poderão ser realizadas enviando o formulário de inscrição devidamente preenchido por e-mail, correio ou fax para:

Iam - Iniciativa Jovem Anhembi Morumbi
Universidade Anhembi Morumbi
Coordenação de Responsabilidade Social
Rua Casa do Ator, 294 – 7° andar – Vila Olímpia
CEP 04546-001 – São Paulo – SP.
Tel.: (11) 3847-3034
e-mail: inscricaoiam@anhembi.br

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

ONU mira mercado na corrida pelos ODM

Prêmio da Câmara de Comércio Internacional e do PNUD vai incentivar contribuição do setor privado na luta pelos Objetivos do Milênio
Imagem ONU


As Nações Unidas pretendem dar este ano um destaque especial ao papel das empresas na luta para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU, incluindo o Brasil, se comprometeram a atingir até 2015.

Uma das estratégias para estimular a participação do setor privado é a edição 2008 do World Business and Development Awards (Prêmio Empresas Globais e Desenvolvimento), considerada evento central do ano no sentido de reconhecer as principais contribuições das empresas para os Objetivos do Milênio.

As inscrições já estão abertas e vão até 30 de maio. Os vencedores serão anunciados em uma cerimônia em 24 de setembro, em Nova York.

A iniciativa, capitaneada pela ICC (Câmera do Comércio Internacional, na sigla em inglês), pelo IBLF (International Business Leaders Forum) e pelo PNUD, vai premiar companhias, instituições e associações de todos os tipos e tamanhos que comprovem que suas atividades empresariais contribuem para o progresso de um ou mais ODM.

O júri é composto por Jeffrey Sachs (economista e professor da Universidade Columbia), Oby Ezekwesili (vice-presidente do Banco Mundial para África), Lisa Dreier (diretora do Fórum Econômico Mundial), Jane Nelson (diretor da Harvard Kennedy School) e Guy Sebban (secretário-geral da ICC).


Da PrimaPagina
Envolverde, 25/04/08


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Evento avalia expansão dos cursos de graduação a distância

A educação a distância (EAD) tem registrado avanços significativos em todos os sentidos: regulação, qualidade e, principalmente, quantidade de cursos. Com esta constatação, o secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky, abriu a primeira palestra do 5º Congresso Brasileiro de Educação Superior a Distância e do 6º Seminário Nacional de Educação a Distância, na noite desta terça-feira, 22, em Gramado (RS).

Os números são impressionantes, e mostram o tamanho da nossa responsabilidade”, observou ele. De fato, dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) demonstram a permanente expansão do sistema, principalmente nos cursos de graduação. De 2003 a 2006, o número de cursos de graduação a distância passou de 52 para 349, um aumento de 571%.

Na palestra, Bielschowsky apresentou uma análise das políticas públicas de educação a distância, ressaltando que o grande desafio hoje é de manter a boa qualidade dos cursos. “No ano passado, criamos os referenciais de qualidade e agora toda a regulação e credenciamento dos cursos vai passar pela Secretaria de Educação a Distância”, afirmou.

“A EAD já registrava números sólidos nos cursos de formação continuada. Agora, dados do Enade demonstram que é possível oferecer cursos de graduação a distância com qualidade”, ressaltou. Atualmente, os cursos nesta modalidade correspondem a 5% do total de cursos de graduação.

Renata Chamarelli, do MEC
Envolverde, 24/04/08


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Relatório da Unctad mostra que distância entre países ricos e pobres caiu

Imagem Associação Cearense do Ministério Público

O abismo entre os níveis de riqueza dos países desenvolvidos e em desenvolvimento está um pouco menor. A distância, que era de 20 para 1 em 1990, caiu para uma proporção de 16 para 1 em 2006.

A conclusão consta de relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) sobre os efeitos da globalização no desenvolvimento. O documento foi divulgado na 12ª Unctad, que será encerrada hoje (25) em Acra (Gana).

Na avaliação da Unctad, a brecha entre ricos e pobres diminuiu devido ao rápido crescimento econômico registrado desde 2002 pelos países em desenvolvimento e em transição. Apenas entre 2003 e 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita cresceu 3,7% na América Latina e Caribe (4,3% apenas na América do Sul), 3% na África e 6,2% na Ásia. Nas economias em transição, o aumento foi de 9,7% entre os asiáticos e de 7,3% entre os europeus. Nos países desenvolvidos, a média foi de 1,9%.

Embora ainda muito desequilibrada, a participação no PIB mundial também mudou nas últimas décadas. Segundo a Unctad, os países desenvolvidos - que representam apenas 16% da população mundial - produziram 73% do PIB nominal de 2006. Em1980, essa participação era de 80%.

A fatia dos países em desenvolvimento nas exportações mundiais chegou a 36% em 2006, totalizando US$ 3,7 trilhões. O comércio Sul-Sul, defendido pelo Brasil, triplicou entre 1995 e 2005, embora os países mais pobres continuem dependendo de exportações de produtos básicos de baixo valor agregado. O maior volume de comércio foi registrado pelos países asiáticos, que alcançaram US$ 1,69 trilhões nas trocas intra-Ásia e com outras regiões do sul do Planeta (cerca de US$ 100 bilhões em trocas com a América Latina).

"Considera-se que hoje são os maiores países em desenvolvimento, com crescimento mais rápido, que estabilizam a economia mundial devido ao dinamismo e abertura", constata o o secretário-geral da Unctad, Supchai Panitchpakdi - ex diretor-geral da Organização Mundial do Comércio -, na apresentação do relatório. "Como muitos países em desenvolvimento obtiveram déficit em conta corrente, se tornaram importantes provedores de capital para o resto do mundo", conclui Supachai.

Mylena Fiori, da Agência Brasil
Envolverde, 25/04/08

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Países em desenvolvimento reduzem número de habitantes que vivem abaixo da linha de pobreza

As metas do milênio ainda não estão asseguradas, mas já é possível perceber um alívio na pobreza mundial. De acordo com o relatório Desenvolvimento e Globalização: Fatos e Estatísticas, da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o número de habitantes dos países em desenvolvimento que vive com menos de um dólar por dia caiu de 1,25 bilhão em 1990 para 980 milhões em 2004.

Na África subsaariana, a parcela da população que vive abaixo da linha da pobreza diminuiu de 46% para 41,1%. Um dos objetivos do milênio é reduzir pela metade a pobreza mundial até 2015.

De acordo com a Unctad, as remessas de imigrantes que trabalham em outros países têm sido importantes para a promoção do desenvolvimento, superando a assistência oficial. Em 2006, totalizaram US$ 177 milhões e passaram a representar a segunda maior fonte de financiamento para os países em desenvolvimento. O documento constata que a maior parte dessas remessas se destina à satisfação de necessidades básicas de grupos mais pobres, contribuindo para a redução da pobreza.

As remessas têm origem, principalmente, nos Estados Unidos, Arábia Saudita, Suíça, Alemanha, Rússia e Espanha. Os principais destinos são Índia, México, China, Filipinas e Bangladesh. O Brasil aparece em 13º lugar no ranking de países de destino, segundo dados de 2006 - naquele ano, os imigrantes brasileiros que trabalham no exterior enviaram aos seus familiares US$ 3,5 milhões. Na América do Sul, o volume só perde para as remessas à Colômbia.

Em teoria, a assistência oficial para o desenvolvimento também vem crescendo desde o ano 2000, superando os US$ 100 bilhões em 2005 - o ritmo vinha caindo nos anos 90, ficando em US$ 45 bilhões em 2000. Segundo o informe da Unctad, grande parte desses recursos foi destinada a iniciativas de alívio da dívida desses países.

Em termos reais, a assistência para o desenvolvimento se mantém nos mesmos níveis de 1990: equivale a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) dos 23 doadores que integram o Comitê de Assistência para o Desenvolvimento (CAD) da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) , entre eles Estados Unidos, Comissão Européia, Canadá e Japão. A meta destes países para assistência oficial ao desenvolvimento é de 0,7% do PIB.

Mylena Fiori, da Agência Brasil
Publicado pela Envolverde em 25/04/08

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Dois mil jovens debatem políticas públicas a partir de domingo

1ª Conferência Nacional de Juventude

Mais de duas mil pessoas estarão reunidas em Brasília de 27 a 30 de abril na 1ª Conferência Nacional de Juventude. Os participantes discutirão os principais desafios e ações governamentais para essa faixa etária.

A Conferência Nacional é um espaço de diálogo entre o poder público e a sociedade civil. Os representantes de governos e os movimentos e organizações juvenis vão debater propostas para garantir os direitos dos jovens. Entre os temas estarão questões relacionadas à educação, trabalho, cultura, sexualidade, participação, saúde, meio ambiente, segurança, diversidade e lazer.

Como resultado do evento, as propostas debatidas serão transformadas em uma agenda de prioridades para as políticas públicas a ser entregue aos governos Federal, estaduais e municipais e aos parlamentos das três esferas da Federação. A programação contará com uma intensa programação cultural com música e exibição de filmes.

A solenidade de abertura será no dia 27 às 15h e terá a presença do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e do secretário nacional de juventude, Beto Cury. A presença do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está prevista no dia 29 às 18h, quando fará um discurso aos participantes.

As idéias que serão debatidas na conferência foram construídas coletivamente nos encontros preparatórios estaduais e municipais. Foram realizadas conferências em 841 municípios em todo o país, totalizando 406 mil pessoas envolvidas. Para Danilo Moreira, presidente do Conselho Nacional de Juventude e coordenador da Conferência, a superação da marca de 400 mil participantes ajuda a desconstruir o mito da apatia juvenil e da aversão à política, rótulos injustamente atribuídos a esta geração de jovens. "Os resultados comprovam que basta apenas oferecer oportunidade para o exercício deste direito que a juventude responde a altura", defende.

Ao final dos processos locais, foram eleitos dois mil jovens delegados para participaram da Conferência Nacional. Os estados com maior representação, devido à grande população, foram São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia. Foram eleitos representantes da juventude também na Consulta Nacional aos Povos e Comunidades Tradicionais, garantindo a diversidade cultural no evento.

Pauta Social, 25/04/08

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O Brasil precisa se tornar mais competitivo

Dentro do âmbito econômico e de negócios, a sigla Bric se tornou célebre. Há sete anos, a instituição financeira de investimento global Goldman Sachs previu que os países Bric - Brasil, Rússia, Índia e China - serão as futuras potências econômicas mundiais nos próximos 20 anos. Neste cenário, firma-se a importância crescente do Brasil, com seus recursos naturais abundantes - petróleo, minerais e as maiores reservas de água doce. O Banco Mundial (Bird) descreve o Brasil como um poder industrial, sendo a maior economia da América do Sul.

Ultimamente, tem-se falado sobre o crescimento acelerado dos outros países Bric, especialmente a China, com aproximadamente 10% ao ano. Especialistas apostam que o Brasil deverá chegar a 6% ao ano em um futuro próximo se o governo mantiver o regime de metas de inflação e reduzir os gastos públicos.

A burocracia e a tributação elevada prejudicam o ambiente de negócios no Brasil. Apesar das dificuldades, o mercado de capitais está forte e cada vez mais atrai investimentos. Há quatro meses, o Brasil aprovou uma nova legislação contábil que coloca o país no mesmo patamar de grau de investimentos de países como a Inglaterra e a Alemanha. Com estas novas mudanças na legislação, o Brasil está na véspera de atingir o "investment grade".

Na área de propriedade intelectual, o Brasil tem feito grandes avanços para aumentar seu respeito no cenário internacional. Em maio de 1996, o governo aprovou uma lei de propriedade industrial moderna elogiada pela maioria das economias desenvolvidas. Desde então, foram sancionadas diversas legislações relacionadas à propriedade intelectual, tais como a lei de cultivares, a lei de software e as leis de regulamentação de medicamentos genéricos e para a proteção de topografia de circuitos integrados. O Brasil adotou essas medidas bem antes da China e da Índia.

Com o advento da nova Lei de Propriedade Industrial, houve um considerável aumento de solicitações de patentes para novas invenções desenvolvidas nas áreas de fármacos e de biotecnologia. Entretanto, ainda existem sérios problemas de infra-estrutura no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que geram grandes demoras na concessão de patentes. Atualmente, o INPI demora em média nove anos para proferir uma decisão nas áreas acima mencionadas. Na divisão elétrica/eletrônica, a grande demora na concessão de patentes deve-se à falta de examinadores. A meta do INPI é a de contratar mais profissionais para suprir a crescente demanda.

A Índia tem feito grandes avanços na estruturação da sua repartição de patentes, e por ser um país extenso, conta com quatro repartições de patentes, cada uma com sua autonomia e todas com infra-estrutura moderna. Embora existam atrasos na concessão de patentes, as autoridades de patentes indianas estão fazendo um grande esforço para conceder patentes dentro de um prazo não maior que cinco anos.

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O governo brasileiro precisa priorizar o sistema de propriedade intelectual para torná-lo mais eficiente
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A China, por sua vez, adotou recentemente um sistema de propriedade intelectual dinâmico e bastante alinhado com legislações do primeiro mundo. Não possui a quantidade de pedidos de patentes pendentes para exame que o nosso INPI possui e começa a deixar para trás sua fama de país pirata, transformando-se em uma potência que, além de respeitar os direitos de propriedade intelectual de terceiros, desenvolve sua própria tecnologia.

Após o colapso da antiga União Soviética em dezembro de 1991, a Rússia substitui sua antiga lei de patentes com uma nova e, em 2003, efetuou diversas modificações no texto para adequá-lo ao Acordo Trips. Hoje, seu sistema de patentes é moderno, dinâmico e sua repartição de patentes possui um número ideal de examinadores para atender a demanda de exame dos pedidos.

Enquanto o Brasil não melhorar a infra-estrutura do INPI, poderá perder a capacidade de receber mais investimentos. A essência do sistema de patentes consiste na concessão de um título de propriedade pelo Estado em troca de uma contribuição tecnológica pelo inventor. É uma troca justa, onde o inventor/empresa contribui com inovação tecnológica e o Estado premia o mesmo com exclusividade temporária para o uso, a fabricação e a comercialização desta tecnologia.

Para a grande maioria das empresas que requerem patentes no INPI, é vital possuir o título de propriedade (carta-patente) dentro de um prazo razoável. Caso contrário, não valeria a pena solicitar proteção patentária no Brasil, desacreditando totalmente o sistema de propriedade intelectual.

O Brasil possui condições favoráveis e necessárias para ser competitivo em relação aos outros países Bric, pois é um mercado almejado e respeitado, tanto pelas nações desenvolvidas quanto pelos países emergentes. No entanto, o governo brasileiro precisa priorizar o sistema de propriedade intelectual para torná-lo mais eficiente, moderno e confiável. O INPI precisa de reformas infra-estruturais, apoio financeiro e toda a ajuda do governo federal.

Rana Gosain
Advogado e sócio do escritório Daniel Advogados


Publicado pelo Valor Online em 25/04/08

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações

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Escrevendo o Livro “A Rede”

Pois é. Quem disse que a gente não aprende nada depois dos 50? Depois de escrever e publicar mais de treze livros, de editar um outro tanto de publicações e de participar de dezenas de coletâneas, aprendi com o jovem David de Ugarte (www.deugarte.com) uma outra maneira de fazer o meu trabalho. Por que não destinar um livro ao domínio público? E por que não elaborar um livro em público, quer dizer, expondo claramente, aos leitores eventualmente interessados, o próprio processo de elaboração, não apenas os rascunhos dos capítulos já escritos, mas, inclusive, as notas e esboços de novas partes do livro que ainda serão desenvolvidas?

No blog Nandai começo a colocar os rascunhos de um livro que estou preparando (para uma edição inicialmente na Espanha, ainda neste ano de 2008), intitulado “A REDE: um índice de explorações imaginativas no multiverso das conexões ocultas que configuram o que chamamos de social”. Sairá na Colección Planta 29, de Barcelona. Para saber mais clique aqui.

É claro que proceder assim só foi possível, pelo menos em termos globais, depois da Internet e, em particular, dos blogs (que aceitam comentários dos leitores sobre o que foi escrito e, no caso, inclusive, sobre o que ainda vai ser escrito).

Na minha experiência atual (http://nandai.wordpress.com) não exijo nem mesmo a identificação correta do leitor e não adoto qualquer forma de mediação – ou seja, de controle – de comentários. Qualquer pessoa pode dar sua contribuição ou fazer seu comentário crítico: sua mensagem será publicada automaticamente. E eu só ficarei sabendo depois que a mensagem for publicada. Por outro lado, os que quiserem ter seu nome no novo livro, tendo reconhecidos seus direitos morais sobre o que produziu, também poderão fazê-lo.

Mas mesmo que o suporte tecnológico para proceder dessa maneira já esteja disponível (e gratuitamente) há vários anos, ainda são muito poucos, contam-se talvez nos dedos, os que admitem tal grau de abertura e de compartilhamento. Por que?

Bem, há aqui várias coisas envolvidas, provavelmente relacionadas entre si, dentre as quais podemos apontar: o copyright (ou domínio privado: o direito de exploração patrimonial da produção intelectual); a vaidade intelectual (que desestimula o autor a expor suas dúvidas e incertezas; em geral os chamados intelectuais não querem ficar em posição vulnerável diante de seus pares, arriscando-se a cair no ridículo ao expor interpretações eventualmente incorretas ou opiniões pouco consistentes); a competitividade colocada no lugar errado e os incentivos errados fornecidos pelas burocracias sacerdotais do conhecimento (que ainda insistem em querer manter o controle sobre a produção intelectual); e, fundamentalmente, uma idéia de sucesso, herdada da velha sociedade, segundo a qual uma pessoa é importante na medida da sua capacidade de se destacar das demais (ao invés de se aproximar delas).

Vamos começar pelo copyright, que não é exatamente o direito autoral e sim o direito de exploração patrimonial da reprodução (e venda) da obra. Os chamados “direitos morais” do autor permanecem. No entanto, uma vez cedidos os direitos sobre a venda de exemplares reproduzidos, até mesmo o autor fica impedido de tirar cópias do seu trabalho.

Segundo normas e recomendações internacionais, aceitas pela maioria dos países, a obra literária entra em domínio público setenta anos após o falecimento do autor. No entanto, nada impede que o autor abra mão, voluntariamente, dos direitos de cópia (copyright) de sua obra (como estou fazendo agora, seguindo o exemplo de Ugarte e do pessoal que organiza a Coleción Planta 21 em Barcelona). Em geral os autores não fazem isso porque a única maneira – pelo menos até bem recentemente – de terem seus trabalhos publicados era submetendo-se àquelas regras que estabelecem que nenhuma parte da sua obra, depois de publicada com copyright, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

No entanto, está ficando cada vez mais claro que, em geral, tais reservas não concorrem a favor do autor (que, a não ser em casos raríssimos, dificilmente consegue auferir algum benefício significativo daqueles 10% sobre o preço de capa por exemplares vendidos, que recebe da editora) e, muito menos, em prol da divulgação mais ampla da sua obra e, conseqüentemente, da distribuição global do conhecimento que gerou.

Por outro lado, não há nenhuma indicação consistente de que “devolver” (a palavra é usada aqui no sentido de ‘destinar’) um livro ao domínio público diminua as vendas dos exemplares impressos em papel (por alguma editora que queira publicá-lo sem ter a reserva exclusiva dos direitos de exploração patrimonial). As evidências disponíveis, aliás, indicam o contrário. Ademais, cerca de 98% dos livros publicados não chegam a vender um número de cópias que represente algum lucro substantivo (não atingindo a marca de 5 mil exemplares); e quase 80% de tudo o que é publicado não chega a vender nem 100 exemplares.

Não tenho certeza se esses dados estão muito corretos, mas eles devem se aproximar da realidade. Foram colhidos no site Nielsen Bookscan (http://www.bookscan.com) por David de Ugarte, e publicados em seu blog, no post “La industria editorial y el dominio publico”, 08/04/08): em 2004, de 1 milhão e 200 mil livros editados, 950 mil títulos venderam menos de 99 cópias. Outros 200 mil venderam menos de mil cópias. Somente 25 mil venderam mais de 5 mil cópias. O livro médio nos Estados Unidos vende apenas umas 500 cópias!

David acrescenta: “Yo lo tengo claro: el futuro es de dominio público. Los grandes autores de ficción escribirán por una cantidad prepactada con la editorial que tenga la exclusiva de la primera edición y tendrán que hacer trabajos convencionales como escribir guiones o columnas periodísticas (que valdrán tanto más cuanta más difusión tengan sus obras). El mundo del ensayo dejará de ser tan minoritario. Como nuestra experiencia apunta, generará valor y marca personal suficiente a muchos profesionales, académicos y activistas como para que viva un verdadero renacimiento… y lo que es más importante: más obras tendrán más difusión, más autores obtendrán ingresos, más editoriales en más países podrán participar de la fiesta… Y lo que es más importante el dominio público distribuirá más conocimiento e ideas a más gente en más formatos”.

Por trás dessa discussão do direito de cópia versus domínio público existe, como assinalei, muita coisa a mais. O que está em discussão aqui é, no fundo, a noção de sucesso (ou seja, o reconhecimento, esperado pelos atores (no caso, autores) – e as vantagens de toda ordem, inclusive econômicas, dele derivadas –, por parte da sociedade em que vivem).

Todavia, como escrevi na ‘Carta Rede Social 136’, a “idéia de sucesso está mudando na medida em que está mudando a morfologia e a dinâmica da sociedade. A idéia de sucesso como visibilidade, notoriedade, popularidade, é adequada à sociedade-massa (e à chamada “sociedade do espetáculo”), mas não à sociedade-rede.

Do ponto de vista das redes sociais as pessoas mais importantes não são as mais famosas, não são os ícones da mídia, nem os colecionadores de diplomas e títulos conferidos pelas burocracias sacerdotais do conhecimento e sim os hubs, os inovadores e os netweavers. Na rede você é importante na medida da sua capacidade de exercer uma dessas três funções e não do seu exibicionismo, da sua capacidade de usar os semelhantes como instrumentos para a sua projeção ou da sua auto-reclusão estudada, baseada numa opinião muito favorável sobre si mesmo ou baseada no seu currículo. Fama, glória, riqueza, poder, conhecimento atestado por títulos – que são sinais de sucesso em outros tipos de sociedade – tendem a não ser os atributos mais importantes na sociedade-rede”.

Naquela mesma carta, mais adiante, reconheci que “ainda percorreremos uma longa jornada antes de assumir mais amplamente esses novos paradigmas, o que não significa que eles já não estejam vigendo. Quem está “na ponta” já se comporta mais ou menos assim. Basta ver o que começa a ocorrer nos meios científicos: antes um pesquisador, para ser reconhecido [– ou, acrescento agora, para se inserir numa comunidade de pesquisa –], precisava se submeter ao conselho editorial de uma publicação autorizada pelas instituições acadêmicas e esperar alguns meses (às vezes muitos) para ter seu trabalho publicado (ou rejeitado). Agora boa parte desse pessoal publica as descobertas que vai fazendo nos seus próprios blogs, imediatamente e sem pedir licença a ninguém. Convenhamos: é uma mudança é tanto!

Vai acontecer com os inovadores o que já acontece com algumas atividades intelectuais ou exercidas na área do conhecimento; por exemplo, com os escritores. Escritor é quem escreve. O escritor é reconhecido pelos que lêem o que ele publica e não em virtude de ter obtido um título acadêmico ou uma licença de uma corporação de escribas para escrever ou, ainda, um atestado concedido por uma burocracia qualquer... A rede é uma oportunidade ótima para quebrar o poder das burocracias do conhecimento. Na verdade para quebrar o poder de qualquer burocracia. ‘Quebrar’ talvez não seja a melhor palavra, pois se trata de desobstruir o que foi entupido”.

Conclui na ocasião afirmando que “a busca pelo sucesso é legítima: o problema é o que entendemos por sucesso. Imagino que sucesso mesmo seja uma vida plenamente realizada no encontro com os semelhantes (sem o quê – presumo – não podemos consumar a nossa humanidade). A mudança dos critérios de sucesso, que necessariamente acompanhará a transição da sociedade de massa para uma sociedade-rede, contribui, a meu ver, para valorizar essa concepção em detrimento das visões instrumentais, centradas na capacidade de uma pessoa de se destacar das demais ao invés de se aproximar delas”.

Pois bem. Quero aproveitar essa experiência que estou realizando agora – e para a qual lhe convido a participar (clicando em http://nandai.wordpress.com) – para falar um pouco do próprio conteúdo do livro “A Rede”, que tem a ver com o tema desta carta, não apenas em virtude do processo de elaboração que está sendo ensaiado e sim em termos substantivos mesmo. O livro é justamente sobre isso. Sobre as mudanças de visão e de comportamento que se impõem com a mudança social em curso no mundo contemporâneo.

Para falar do conteúdo do livro vou reciclar parte do que já escrevi na ‘Carta Rede Social 120’. O tema do livro é A Rede, aquela que existe independentemente de nossos esforços voluntários organizativos (ou conectivos). O princípio é simples. Seres humanos se conectam uns com os outros formando redes sociais. Não é necessário que alguém tome a decisão de fazer isso. Não há qualquer razão (decorrente de alguma coisa como uma ‘natureza humana’, seja lá o que isso for) pela qual essas relações não sejam horizontais, quer dizer, distribuídas em vez de centralizadas.

Dentro de certos limites (impostos pelo número de pessoas e pelas distâncias entre elas, quer dizer, para usar o jargão tecnológico atual, pela “largura da banda” ou pela velocidade da conexão), em princípio também não há qualquer motivo tipicamente humano para que todas as pessoas não se conectem diretamente com todas as pessoas. A tendência é que isso acabe acontecendo… Se não impedirmos. É aí que a coisa começa a complicar. Quando a rede é invadida por padrões hierárquicos e modos de regulação autocráticos.

Só então nos damos conta de que a rede está presente no nosso cotidiano de uma maneira muito mais concreta do que imaginamos. Vamos ver alguns exemplos.

Você tenta falar com uma pessoa e não consegue, você chega em uma instituição pública e lhe dão um “chá de cadeira”: ora, o que está havendo senão obstruções na rede? Se os caminhos estivessem abertos você escorreria por eles; se alguns caminhos estivessem impedidos ou congestionados, você tomaria rotas alternativas. Mas quando não há múltiplos caminhos é sinal de que não há rede – essa é, aliás, a própria definição de rede (stricto sensu, distribuída). Muitas vezes os caminhos são obstruídos por barreiras ou cancelas burocráticas.

Você fez um estudo interessante sobre determinado assunto, mas a burocracia sacerdotal do conhecimento acadêmico não lhe dá crédito; você tenta ler (ou escrever) alguma coisa inédita, mas não consegue entender (ou ser entendido) por razões estranhas à racionalidade formal (lógica e metodológica) ou substantiva (semântica incluída) do texto: certamente está havendo algum tipo de intervenção hierárquica, que seleciona alguns caminhos na rede em detrimento de outros. Algum programa particularizou uma região da rede instaurando códigos de reconhecimento e permissões… Se você não possui as credenciais (um título, por exemplo, com o qual os mesmos de sempre se condecoram, mutuamente, num circuito fechado de quem leu as mesmas coisas, participou das mesmas conversas – quer dizer, compartilhou voltas em torno do mesmo assunto ou da mesma maneira de abordá-lo), seu acesso é proibido. Para esse tribunal epistemológico – que se arroga o direito de dizer o que é e o que não é válido em termos de pensamento – todos são culpados de heresia em princípio. Você tem que ser absolvido por ele, de antemão, para ser aceito.

Você tem uma opinião sobre determinado assunto, mas não lhe reconhecem o direito de proferi-la; ou, então, tentam desvalorizá-la em princípio. Alguém – algum grupo organizado de modo autocrático – construiu uma orto-doxa (uma opinião correta, tida como verdadeira, diante da qual a sua mera opinião é julgada como incorreta ou falsa). Então eles ficam lá, em uma espécie de alfândega, vendo quais as opiniões que podem passar ou ter trânsito livre e quais não podem. E diante dessa patrulha você se omite, deixa de dizer o que pensa porque acaba ficando com vergonha de destoar do que é proclamado como politicamente correto. Isso quando não lhe perseguem, prendem, torturam e matam – só porque você tem uma opinião diferente da “oficial” (como ocorre nas autocracias). As alfândegas ideológicas são filtros (centralizações), introduzidos na rede social, para deixar passar somente o que interessa aos que têm como objetivo estabelecer algum tipo de hegemonia de um pensamento sobre a sociedade.

Cancelas burocráticas, tribunais epistemológicos e alfândegas ideológicas são exemplos de mecanismos de controle. Só existem porque querem que você obedeça, que faça coisas com as quais não concorda e que deixe de fazer as coisas que quer fazer. Para tanto, criaram um mundo em que ordem e hierarquia, disciplina e obediência, vigilância (ou patrulha), punição e fidelidade imposta de cima para baixo, viraram comportamentos desejáveis ou virtudes.

O objetivo é fazer com que você mesmo se controle. Ou que você deixe de fazer as coisas por si mesmo, delegando a tarefa a alguém que lhe represente. Representações também são mecanismos de controle. São escadas. São descentralizações, isto é, criação de centros de poder que vedam caminhos. Corporações e organizações burocráticas – mesmo as da nova burocracia associacionista das ONGs – são pequenos castelos enquistados na rede social. Geram perturbações, singularidades no espaço-tempo dos fluxos que abolem a isotropia (privilegiando a direção vertical).

Não é necessário descrever com muitos detalhes como funciona esse mundo. Você é capaz de sentir. Seus graus de liberdade estão sendo restringidos, você é vítima de mais-ordem, tem a impressão de que sua vida está sendo controlada, não consegue se fazer ouvir nem chegar aonde quer. Não foi a rede que fez isso sozinha: alguma “coisa”, que nela foi introduzida, de certo a centralizou, ou descentralizou (no fundo é a mesma coisa), mas (– eis a diferença! –) impediu a distribuição das conexões.

O que aconteceu? Os eventos de desenredamento (ou de hierarquização) são escadas e muros. São portas, cercas e linhas escritas… E são culturas. De qualquer modo são sempre programas que rodam na rede. Sim, normas e instituições são programas, assim como a própria escrita.

Normas e instituições são programas que orientam fluições segundo um padrão recorrente.

Normas são assim. Para chegar ali você só pode passar por aqui. E depois, você só pode voltar para cá fazendo tal caminho e não outro. Você não pode abrir novos caminhos, ou seja, seu estoque de futuros disponíveis está limitado. Então, mesmo que não queira, você deve repetir passado. Não estamos discutindo aqui se normas são ou não são necessárias (e é claro que são, para manter sociedades estáveis, pelo menos no atual padrão civilizatório). Estamos apenas reconhecendo em que consistem e o que fazem.

Instituições são assim. Regiões do espaço-tempo dos fluxos são congeladas criando um campo que conserva determinada configuração geral. Como num trem fantasma de parque de diversões, as linhas (férreas) já estão estabelecidas: você deve levar os mesmos sustos até que não se assuste mais com o inesperado, até que – como diria Heráclito – não consiga mais esperar o inesperado, para que ele não possa mesmo ocorrer (quer dizer, para que você não consiga mais encontrá-lo – provavelmente é o que deve ter dito Heráclito). Sem isso – diz-se então – não poderíamos viver socialmente. Como se sabe, é preciso dar voltas para se manter no mesmo lugar.

No fundo normas e instituições são a mesma coisa; no primeiro caso olhamos o script e, no segundo, o campo, a configuração gerada quando aquele script do programa começa a rodar na rede.

Culturas são redes particulares de conversações que geram circularidades que subtraem caminhos, clusterizando campos de convivência. É por isso, aliás, que qualquer monoculturalismo é nocivo, porquanto, no limite, centraliza tudo extinguindo a rede. Mas qualquer multiculturalismo também é nocivo, porque divide a rede em clusters estanques; descentraliza, é verdade, mas criando filtros. Cada clusterizado só pode chegar diretamente ao seu próprio centro, mas é obrigado a passar por ele – por esse filtro – para chegar aos elementos de outros clusters. Só a interculturalidade aberta à mestiçagem distribui, só a mestiçagem é compatível com a rede. Só é verdadeiramente público o que é distribuído. Uma cultura pública global seria necessariamente mestiça.

Linhas escritas obrigam o pensamento multidimensional a se enfileirar (a se linearizar) para passar numa espécie de corredor polonês. Espancam a livre e imediata apreensão – o glance ou o blink – até que ela se acostume a rastejar. Quem sabe, se tivéssemos uma “escrita” simbólica ao invés de alfabética (cuneiforme + hieroglífica), talvez isso não acontecesse. Mas a escrita enfileiradinha (vertical ou horizontal, da esquerda para a direita ou ao contrário, tanto faz) foi introduzida em consonância com um padrão organizativo introduzido top down, cujo objetivo era (ou o resultado objetivo foi) alterar a morfologia e a dinâmica da rede. O mesmo impulso – ou pulsão de morte – que erigiu o primeiro Estado (quer dizer, a primeira ‘Cidade-Estado-Palácio-Templo’ sumeriana, constituída basicamente por escadas e muros, como é, fisicamente, um zigurate) gerou a linha escrita. (No livro ver-se-á que estamos falando da guerra, isto é, do oposto da política democrática ou pluriárquica). Sim, a escrita é também um programa, ou melhor, uma linguagem de programa.

Quanta coisa para ser pensada e desenvolvida, não? Bem, vamos em frente. Para quem está interessado em compreender o que está por trás da fenomenologia que aparece como social, eis o desafio maior: começar a reler tudo com os “óculos de ver rede”…

É disso que trata o livro que estou escrevendo, tarefa para a qual peço a sua colaboração. Basta clicar em http://nandai.wordpress.com

Augusto de Franco
Carta Rede Social 162, 24/04/08


Para ler as ‘Cartas Rede Social’, ex-‘Cartas Capital Social’ (e antigas ‘Cartas DLIS’) e outros textos de Augusto de Franco, publicados a partir do final de 2005, clique em www.augustodefranco.com.br

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Microempreendedores do Vale do Ribeira desenvolvem tecnologia social

O Grupo Comunitário de Artesanato "Ribeirão das Flores", localizado na comunidade rural do Ribeirão das Flores, no município de Doutor Ulysses, apresentou em março uma inovação produtiva que amplia sua capacidade produtiva, melhora a qualidade e minimiza erros e custos de sua produção.

Trata-se de um "Tear Rústico" desenvolvido pelas próprias microempreendedoras integrantes do grupo que aumenta significativamente a qualidade da peça e evita erros na montagem.

Com o novo tear, a produtividade do grupo triplicou. Isso significa mais encomendas, clientes e renda vinda de seu artesanato. "Assim não tem como errar a passada!" diz Iraci, falando do resultado da amarração do bambu obtida com o novo tear.

Nos últimos meses, as artesãs microempreendedoras do Grupo de Artesanato Ribeirão das Flores vêm desenvolvendo produtos com foco no mercado feitos em fibras naturais como bambu, taboa e fibra da bananeira. Um dos produtos é um jogo americano ou "porta-pratos", como chamam.

Mesmo com recursos financeiros limitados, elas vêm buscando especialização para oferecer ao cliente um produto com alto padrão de qualidade.

Desde abril de 2007 o grupo de microempreendedoras tem recebido apoio em Design, Gestão e Comercialização pela Aliança Empreendedora e SEBRAE-PR, e tem sido estimulado a buscar soluções criativas para as suas dificuldades.O grupo faz parte do Projeto Vale Do Ribeira, que apóia grupos produtivos comunitários de microempreendedores do Vale do Ribeira, no Paraná.

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responsável: Kellen Ribas
kellen@aliancaempreendedora.org.br

Publicado pelo Boletim Aliança Empreendedora em 24/04/08

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CoopZumbi em Destaque - 4º Mutirão Melhorias de Infra Estrutura, 5S e Aquecedor Solar de Pet, Novo Caminhão


Com o apoio da SPAIPA, Instituto Wal Mart e Instituto Coca Cola, a Coopzumbi - que também conta com a parceria da Fundação Alphaville - pode levar sua atuação e resultados a novos patamares de impacto, inclusão e resultados.

O Instituto Wal Mart e Instituto Coca Cola viabilizaram à Coopzumbi a aquisição de um caminhão, novos equipamentos, reformas e melhorias na infra-estrutura e condições de segurança que aumentaram a produtividade e resultados da Cooperativa.

Com o apoio da SPAIPA, foi realizado no dia 16 de fevereiro o 4º Mutirão CoopZumbi de Coleta e Sensibilização Ambiental, agora incluindo a região do Bairro Alto, em Curitiba, onde foram cadastradas em torno de 100 novas residências que já se somam a outras 1100 cadastradas até o momento.

Com a participação de catadores e voluntários, os mutirões de coleta e sensibilização tem tripla função e resultados: Aproximam e divulgam a importância do trabalho do catador e da cooperativa para a sociedade, educam a população sobre a coleta seletiva beneficiando o meio ambiente e organizam a coleta feita pelos cooperados reduzindo assim seu esforço e distância, ao passo que ampliam sua renda.

Além dos mutirões e equipamentos, durante os meses de Fevereiro e Março, também foram realizados os Cursos de 5S e de Fabricação de Aquecedores Solares de Pet em parceria com o projeto CREAR da Companhia de Habitação do Paraná –COHAPAR e SEMA - Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Paraná.

Nestes cursos, os cooperados puderam aprender a metodologia do 5S usada para a organização e otimização de processos e melhorias no ambiente de trabalho. Assim como aprenderam a construir e instalar aquecedores solares feitos de garrafas pet, que além de proporcionar uma maior economia nas contas de energia, têm o propósito de dar destino útil e de maior valor agregado às embalagens pet e caixas tetrapak.

Os resultados obtidos com o curso e a instalação do aquecedor na CoopZumbi possibilitou aos cooperados uma visão empreendedora do negócio. Até o momento, já receberam encomendas de 120 novos aquecedores para casas que serão construídas em mutirão, com o valor do aquecedor variando de R$ 150,00 a R$ 200,00 .

A parceria com a SEMA e COHAPAR foi além dos cursos e ainda viabilizou a realização de um antigo sonho da Coopzumbi, a implantação de um jardim e de uma horta comunitária na Cooperativa.

Aguarde o Lançamento do Site da Coopzumbi.

CoopZumbi:
41. 3606-5979

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responsável: Daniele Bonacin
daniele@aliancaempreendedora.org.br

Publicado pelo Boletim Aliança Empreendedora em 24/04/08

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Lojas Comunitárias - A Conquista de um Sonho!

O grupos Belas Artes e Mãos de Ouro, iniciados 2006 no bairro do Uberaba (Curitiba/Paraná) começaram o ano de 2008 com o pé direito.

Ambos os grupos de microempreendedoras realizaram antigos sonhos recém inaugurando em Março suas lojas próprias. Ambos os grupos de microempreendedoras realizaram antigos sonhos recém inaugurando em Março suas lojas próprias.

A idéia de montar a própria loja, desde o início, foi cultivada pelo Mãos de Ouro. Para o Belas Artes, a idéia surgiu em novembro de 2007, quando as artesãs resolveram planejar e arriscar, fazendo um empréstimo de microcrédito para investirem no sonho e idéia.

O grupo Belas Artes não parou por aí. Inscreveram-se por conta própria nas feiras de artesanato da praça Osório e Santos Andrade e seus produtos foram aprovados para ambas. Não deixe de conhecer as lojas e fazer suas encomendas.

Saiba mais O grupo Belas Artes
Responsável: Helena Casanovas
helena@aliancaempreendedora.org.br


Publicado pelo Boletim Aliança Empreendedora em 24/04/08

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Trabalhar em Rede

Vejam só como a gente não pode ter preconceito. Encontrei há pouco, num livro de auto-ajuda, intitulado "Crer para ver", do Dr. Wayne W. Dyer (autor do conhecido bestseller "Seus pontos fracos"), um capítulo interessante "Trabalhar em Rede: Um Meio Eficaz para o Desligamento". Interessante porque o livro foi publicado em 1989, há quase 20 anos, portanto. No fundamental, Dyer sacou aspectos importantes das redes sociais (que até hoje muitos dos que trabalham com o assunto ainda não viram). Transcrevo abaixo o capitulo.

Trabalhar em rede: um meio eficaz para o desligamento

Wayne Dyer, You'll see it when you believe it (1989)

A maioria de nós conhece os fluxogramas organizacionais. tais quadros começam no topo com o mais alto escalão executivo, depois abrem-se um nível abaixo para uma série de vice-presidentes, em seguida mais para baixo para a administração intermediária, depois para gerentes de nível mais baixo e finalmente para funcionários, secretárias e demais grupos de pessoal de apoio. Pessoas que entram numa organização com tal fluxograma em geral planejam ir aos poucos galgando os degraus para cima. A cada nível, adquirem um pouco mais de prestígio e poder, até atingirem o topo, onde terão a suprema autoridade e todas as armadilhas do sucesso que acompanham tal posição.

É dessa forma que grupos educacionais, religiosos, governamentais e beneficentes e até mesmo muitas famílias estão organizados. A pessoa que detém o poder está no topo, reúne o máximo possível de poder e autoridade dentro da organização e delega esta autoridade para baixo, através do fluxograma. Este é o modelo que a maioria de nós aprendeu a respeitar. Tal organização de pessoas é denominada burocracia. É a maneira menos eficiente de realizar um trabalho. Um sistema menos conhecido, mas muito mais eficaz, chama-se trabalho em rede [deve ser a tradução escolhida para networking]. Eu abraço este sistema porque acredito que ele contribui para uma sociedade mais desperta e iluminada.

Uma rede é exatamente o oposto de uma burocracia. Numa burocracia, o propósito é reunir poder e distribuí-lo para baixo através de um fluxograma de subordinados. Numa rede, o propósito é distribuir o poder. Funciona do seguinte modo. Pense numa enorme rede telefônica sem nenhuma central de força, mas com cada terminal conectado ao terminal seguinte e assim por diante, indefinidamente. A rede de comunicação tem como finalidade prestar serviço ao terminal seguinte, que então passa o serviço para o próximo. Ninguém na rede está interessado em acumular poder, mas apenas em repassá-lo.

Os seres humanos também podem trabalhar dessa forma. Em vez de nos tornarmos obcecados em acumular influência e vermos quantas pessoas conseguimos controlar, mudamos nosso objetivo para passar nosso conhecimento e aquisições à pessoa seguinte, e está à seguinte, e assim por diante. Se o trabalho em rede tivesse um fluxograma, ele seria horizontal, em vez de vertical. Significa enviar ao sistema o que temos e o que sabemos, e recebê-los de volta para recircular continuamente pela cadeia. Significa dar sem qualquer expectativa. Novamente, o paradoxo emerge. Dar e não ficar ligado a este ato aumentará o fluxo em sua vida.

Acho o trabalho em rede o modo eficaz de fazer circular uma mensagem que quero compartilhar. Envio um exemplar de um dos meus livros, Gifts from Eykis, para todas as pessoas que têm me escrito ao longo dos anos, simplesmente como um presente, sem qualquer expectativa. Mais ainda, eu o tenho enviado a milhares de pessoas de todas as condições sociais simplesmente como minha maneira de fazer circular as idéias nas quais tanto acredito. As vendas de Gifts from Eykis aumentaram desde que comecei a dá-lo gratuitamente! Quanto mais eu dou, mais as pessoas compram e mais minha correspondência transborda com o retorno das idéias e pensamentos de Eykis, esmiuçados e discutidos pelos leitores que mantêm o livro circulando numa rede de reação positiva. Além disso, tenho recebido mais de mil livros e fitas de pessoas de todo o mundo em resposta pelo livro que lhes mandei! Será produzido um filme baseado em Eykis e o livro continua a crescer em popularidade. Aquele velho ditado, "O que circula volta", é o meu princípio de trabalho.

Quem trabalha em rede acha fácil dar muito mais do que espera receber e compreende que a maneira de se sentir bem-sucedido e iluminado é surpreender outras pessoas dando-lhes mais do que esperavam. Quem trabalha em rede nunca tenta acumular poder: faz circular todo o poder que tem e encoraja os outros a fazerem o mesmo.

Muitos negócios estão começando a trabalhar em rede. A essência da tendência recente, descrita nos livros de administração mais vendidos atualmente, é desenvolver uma abordagem vencer/vencer [verificar no original se o autor não usou a expressão win-win, que poderia ser melhor traduzida como 'ganha-ganha']; esquecer suas próprias quotas; concentrar-se em como servir melhor os clientes. Um número crescente de patrões e empregados está descobrindo que reintroduzir um serviço excepcional em suas organizações e religar-se a um lado espiritual de si mesmos e dos outros é um modo mais agradável e mais eficiente de conduzir os negócios. Quando a organização começa a operar neste nível, o princípio de desligamento do trabalho em rede cria um ambiente onde o cliente e os membros da organização estão todos em uma situação de vitória. [Será que Dyer está tendo aqui uma antevisão da necessidade - para a conquista de sustentabilidade por parte de uma empresa - de fazer a gestão democrática da rede de seus stakeholders?]

Por se permitir simplesmente fluir, por examinarem suas ligações e finalmente por trabalharem em rede. Todo este princípio universal de desligamento é incômodo para aqueles criados na parte do mundo que prefere contar as árvores do que contemplar a floresta. É importante, portanto, olhar abertamente qualquer resistência que você possa ter em desenvolver uma visão mais específica e desligada."

[Cf. Dyer, Wayne W. (1989). Crer para ver. Rio de Janeiro: Record, 1994; pp. 181-3]

Augusto de Franco
Publicado no site do autor em 22/04/08

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TSYS inicia operação no Brasil e busca aquisições

"A TSYS não vai se considerar uma empresa global enquanto não tiver uma operação no Brasil", afirma Bob Evans, diretor de expansão de negócios da TSYS
Foto Marisa Cauduro / Valor

O forte crescimento do setor de cartões no Brasil, que este ano deve movimentar R$ 375 bilhões em pagamentos, chamou atenção de uma das maiores empresas do setor dos Estados Unidos. A Total System Services Inc (TSYS), processadora de transações de meios eletrônicos de pagamento, com faturamento anual de US$ 1,8 bilhão, desembarca no país com o objetivo de ser uma das maiores do mercado. Para isso, quer comprar uma processadora brasileira ou se associar a alguma companhia local.

A TSYS chegou ao Brasil há pouco mais de dois anos, mas não iniciou operações. Ficou estudando o mercado e conhecendo o setor de cartões. Agora, a empresa acredita que chegou o momento de começar os negócios. "Há uma convergência de fatores neste momento, com o mercado de cartões e o país crescendo", disse ao Valor o inglês Bob Evans, responsável pela área de expansão de negócios da TSYS Global Services. Evans esteve na semana passada em São Paulo.

A TSYS processa transações de 430 milhões de cartões. No ano passado, passaram pelo seu sistema nada menos que 12,4 bilhões de operações. Nos EUA, do total das transações que são terceirizadas pelos bancos e pelo setor de varejo, a TSYS processa 45% das operações. Nas empresas credenciadoras, ela tem 20% do mercado.

Nos EUA, ao contrário do Brasil, são várias empresas que credenciam estabelecimentos para aceitarem cartões. Aqui, a Visanet faz o credenciamento para a Visa e a Redecard para a MasterCard. Evans acredita que este modelo está perto do fim no Brasil, com o país adotando um modelo parecido ao americano. A TSYS quer trabalhar no processamento das transações também para as credenciadoras que surgirem por aqui.

A busca por mercados fora dos EUA é explicada pelo fato de a receita da TSYS crescer pouco no mercado americano. No ano passado, subiu só 2%, enquanto o faturamento em outros países teve alta de 33%. Este ano, a expectativa é repetir estes números.

Neste cenário, o Brasil aparece como um dos mercados mais promissores. Pesquisa do Euromonitor, citada por Evans, indica que o Brasil será, em 2011, o segundo maior mercado do mundo em volume de transações processadas com cartões de crédito. Em número de plásticos, será o quarto maior, com os Estados Unidos na liderança.

Para 2008, as projeções indicam que o país fechará o ano com 500 milhões de cartões (incluindo débito, loja e crédito). Estes plásticos devem fazer nada menos que 6 bilhões de transações, segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Os pagamentos feitos com cartões devem superar R$ 375 bilhões, expansão de 20% em relação a 2007.

"A TSYS não vai se considerar uma empresa global enquanto não tiver uma operação no Brasil." A meta da empresa é estar operando plenamente no país em 2009. Em outros países, a empresa teve diversas estratégias para consolidar suas operações. Na África do Sul, conseguiu uma parceria local. Na Europa, onde opera desde 2000, o crescimento foi basicamente orgânico e as receitas chegaram a US$ 230 milhões no ano passado. Na China, fez uma joint venture com uma empresa local e criou a China Union Pay Data. Segundo a empresa, nove dos dez maiores bancos mundiais usam seus sistemas de processamento de transação. Ao todo, são mais de 300 clientes.

No Brasil, a empresa quer atrair também pequenos e médios estabelecimentos que queiram ter um cartão próprio, além de fisgar clientes que processam as operações nas concorrentes. Os principais concorrentes da TSYS no Brasil são a Orbital, do Itaú, a Fidelity (que tem como sócios Bradesco e Banco Real), a CSU CardSystem e a EDS. Entre as empresas independentes, não ligadas a bancos, a CSU é uma das maiores do mercado.

Evans conta que a empresa tem um software (TS Prime) que consegue migrar as operações de uma processadora para sua base em questões de segundos. Já foram feitas 140 migrações deste tipo no mundo. Para o início dos negócios aqui, a empresa contratou Antonio Jorge de Castro Bueno, com passagens pelo Grupo Omnia e Banco PanAmericano.

Altamiro Silva Junior, de São Paulo
Publicado pelo
Valor Online em 23/04/08

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Boticário investe para esticar calendário de datas especiais

O brasileiro está comprando e gastando mais com presentes. Pelo menos, é isso que identificaram O Boticário e Natura, duas das maiores fabricantes nacionais de cosméticos. "O consumidor está gastando em média 10% mais quando compra presentes", diz a gerente de marketing do Boticário, Tatiana Ponce.

A empresa com sede em Curitiba tem razões para festejar o número: 80% das vendas da marca acontecem em datas comemorativas, como Natal e o Dia das Mães. E nessas épocas, o consumidor tem comprado, em volume, entre 15% e 20% mais que de costume.

Prova disso foi o faturamento do Boticário em 2007: R$ 832 milhões obtidos pela indústria e R$ 2,4 bilhões pela rede de lojas - um crescimento de 22% com relação ao ano anterior. A previsão para 2008 é crescer 16% nas duas frentes, graças ao investimento recorde em datas comemorativas. Este ano, a empresa está aplicando R$ 35 milhões no desenvolvimento de produtos sazonais para datas especiais. A soma é 20% maior que a destinada a essas promoções em 2007.

"Somos um das marcas mais lembradas quando o consumidor pensa em presentes", diz a gerente Tatiana, com base em estudos conduzidos pela própria companhia. "Nossas pesquisas revelaram que todo mundo gosta de ganhar cosméticos e maquiagem. Primeiro, porque é uma certa indulgência: a pessoa normalmente não gastaria com esse supérfluo, mas fica feliz em recebê-lo de alguém". Em segundo lugar, os produtos da marca, segundo a executiva, são fáceis de encontrar, uma vez que existem 2.465 lojas Boticário no Brasil. Essa forte presença também colabora para um terceiro fator de decisão: a facilidade para a troca, caso o agraciado não goste da surpresa.

Não é para menos que o Boticário quer esticar o calendário de datas, lançando produtos específicos para festas não tão badaladas como as tradicionais. "Criamos produtos e linhas especiais para esses dias, como o Dia da Secretária, o Dia da Mulher e do Professor", diz a gerente.

A Natura não fica atrás. "As datas são parte relevante de nosso faturamento", diz Rodolfo Guttilla, diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da companhia, que não revela números.

A fabricante está aproveitando o Dia das Mães para colocar no mercado novos produtos, como a linha Águas, de desodorantes- colônia em aromas inéditos. Os novos artigos serão vendidos durante a ocasião em kits especiais e só após a data, entrarão nos catálogos separadamente.

A estratégia é válida para evitar o que aconteceu no Natal de 2006, quando a procura por kits foi maior que a dos produtos da linha regular que compunham os conjuntos. Naquele ano, a empresa perdeu em vendas, uma vez que a margem de lucro dos pacotes era menor que a dos originais individuais.

Lílian Cunha
Publicado pelo Valor Online em 23/04/08

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Na briga pelo cliente, portáteis vão parar até em galeria de arte

Disney-S, da CCE - Preço sugerido: a partir de R$ 2.699

Dali, Chagall, Di Cavalcanti, Volpi e... Hewlett-Packard. Não, a HP não entrou no ramo das artes plásticas, mas sua estréia entre os mestres da pintura mundial está pronta. Hoje, as obras que costumam povoar as salas e paredes da galeria Proarte, de São Paulo, vão dividir espaço com objetos nada comuns em um lugar desse tipo - os computadores.

Em sua exposição, a HP quer mostrar as obras mais recentes que brotaram de suas linhas de produção. Entre elas está o aguardado "Asian Odyssey" (Odisséia Asiática), um laptop personalizado desenvolvido pelo português João Oliveira. O rapaz de 20 anos foi o vencedor do concurso mundial de design de notebooks "Take action. Make art" (Aja. Faça arte), promovido pela HP e a MTV. O equipamento será lançado em edição limitada no Brasil, a partir de maio, diz Valéria Molina, diretora de sistemas pessoais da HP no Brasil.

Asian Odyssey, da HP - Preço sugerido: a partir de R$ 4.000

A investida da HP é bom exemplo de estratégias que começam a ganhar espaço entre os fabricantes de PCs no Brasil. Até pouco tempo atrás, o consumidor queria um equipamento potente, que viesse com um pacote de software básico pré-instalado e custasse pouco. O preço continua a ser um fator sensível para a maior parte dos consumidores no país, mas uma parcela crescente do público já orienta sua intenção de consumo por itens como design, estilo e personalização, um conjunto de características de apelo emocional e subjetivo, mas que ajudou a fazer o sucesso de companhias como a Apple.

"A personalização é um segmento que está estourando", diz César Aymoré, diretor de marketing da Positivo Informática. "Começamos a passar pela fase da massificação customizada."

Vaio Colors Lizard, da Sony -Preço sugerido: a partir de R$ 5.499

A oferta de cores tem sido o primeiro apelo testado pelos fabricantes, que também fazem experiências com textura, formato e peso. Em julho do ano passado, a Positivo lançou um laptop branco. O modelo acabou representando 20% de suas vendas de portáteis. Agora, a empresa trabalha em um projeto temático. Nos próximos dias, vai colocar nas prateleiras um laptop com design diferente e de apelo musical. O usuário poderá baixar gratuitamente 150 músicas de um repertório de 6 mil canções. "Estamos fechando o plano com as gravadoras", diz Aymoré.

Encarar o mercado a partir de tipos de clientes - e não apenas pela tradicional faixa social - também foi o que levou a CCE a fechar parceria com a Disney. A companhia acaba de lançar um modelo branco, com a fada "Sininho" na tampa. O curioso é que a máquina não tem atraído apenas as crianças, diz William Cezar Carvalho, gerente de produtos da CCE Info. "Muitas mulheres estão comprando porque gostam do design."

R200, da LG - Preço sugerido: a partir de R$ 6.499

A busca pela personalização visual fez a CCE lançar, em novembro do ano passado, o site "My creation". Pela internet, é possível informar o modelo do laptop e escolher entre 700 adesivos, divididos em dezenas de temas. "Se quiser, a pessoa também pode enviar uma foto e fazer sua própria ilustração", diz Carvalho. A imagem, que não danifica a pintura do equipamento, custa entre R$ 18 e R$ 25, mais o frete. O que era para ser só um serviço diferente, diz o executivo, virou um negócio. "Em quatro meses despachamos mais de 10 mil adesivos pelo correio."

O vigor do mercado de computadores é o que anima a criatividade dos fabricantes. Hoje, o Brasil é o quinto maior do mundo em unidades vendidas. No ano passado, segundo a consultoria IDC, o setor cresceu 38% no país e, pela primeira vez, superou a venda de televisores, atingindo 10,7 milhões de máquinas. Os portáteis - quase sempre procurados por consumidores que já têm computador - ainda são minoria (cerca de 10% do total), mas até por isso suas projeções de crescimento são maiores. "Esse mercado cresce 150% ao ano. É a maior taxa em todo o mundo", comenta Gustavo Araujo, gerente de produto da linha Vaio, da Sony.

Mac Book Air, da Apple - Preço sugerido: a partir de R$ 6.499

Embora grande parte dos computadores adquiridos no país tenha configuração básica e preço mais acessível, não significa que não haja mercado para produtos diferenciados. "Há muito espaço para produtos sofisticados" diz Araujo. A Sony leva a tese a sério. No último mês, lançou novos modelos da série Colors, da linha Vaio, entre eles o "Lizard", um portátil que faz jus ao nome. O laptop imita a textura da pele de um lagarto e, ao toque, parece acolchoado. "Essas máquinas são, na maioria, para uso doméstico. O objetivo é criar algo que fique bacana em qualquer ambiente da casa", comenta o executivo. "As pessoas querem um laptop que combine com o seu estilo de vida."

Com a explosão do varejo nas vendas de computadores, até fabricantes mais ligados ao mundo empresarial começaram a rever suas estratégias. Em janeiro, a Dell apresentou a linha XPS, com 12 opções de cores texturizadas. A Lenovo, que ainda tateia o mercado de consumo, avalia o cenário para lançar portáteis que fujam do padrão caixa preta. "É só uma questão de tempo", comenta Arthur Isoldi, gerente de produtos da Lenovo. Até sexta-feira, a Lenovo leiloa no eBay alguns laptops ilustrados com temas da tocha olímpica e assinatura da dupla de vôlei de praia Emanuel e Ricardo.

XPS, da Dell - Preço sugerido: a partir de R$ 4.000

A LG, que até agora importa seus modelos coloridos, pretende trazer as máquinas para suas esteiras de produção de Taubaté (SP). Sua linha diferenciada chegou ao país no fim do ano. "Faltou produto; chegamos a vender dez vezes mais do que tínhamos reservado", diz Sergio Buch, supervisor de notebooks da LG.

O mercado nacional de laptops, comenta Valéria Molina, da HP, está entre os que mais valorizam a personalização. Em seu concurso para mudar a cara dos portáteis, a companhia recebeu 8,5 mil desenhos inscritos por jovens de mais de 112 países. Depois dos EUA, o Brasil foi o país que mais enviou sugestões.

André Borges
Publicado pelo Valor Onlineem 23/04/08

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