domingo, 16 de março de 2008

Oi Futuro abre inscrições para o Novos Brasis

O Oi Futuro, instituto de responsabilidade social da Oi, lançou no dia 13 de março o edital de seleção para o Programa Novos Brasis 2008, de apoio e parceria com organizações sem fins lucrativos para a viabilização de idéias inovadoras que utilizem a tecnologia da informação e comunicação para acelerar o desenvolvimento humano.

A seleção dos projetos terá como foco o desenvolvimento de tecnologias sociais que possam ser replicadas para outras organizações sociais. Serão valorizados critérios como inovação, criatividade, capacidade de apresentação de diagnóstico da comunidade atendida e de monitoramento do trabalho realizado. O programa busca apoiar projetos com diretrizes e objetivos bem definidos que tenham como base o uso da tecnologia para informação e comunicação.

Desde 2004, o Novos Brasis já investiu quase R$ 6 milhões, beneficiando mais de 30 mil pessoas com 56 projetos que já se tornaram realidade. “Por meio do programa, o Oi Futuro busca contribuir para fazer a diferença na vida de milhares de pessoas que passam a ter acesso ao conhecimento de forma mais rápida e autônoma”, revela Samara Werner, diretora de Educação do instituto.

O edital é aberto a organizações do Terceiro Setor sem fins lucrativos e devidamente legalizadas de todo o país. Após a seleção das propostas, que será realizada por um grupo de especialistas, o Oi Futuro acompanhará a implantação de cada iniciativa, auxiliando na gestão e na avaliação do impacto das atividades. “A construção de tecnologias sociais é uma das metas do Novos Brasis. Educação à distância, produção de software, o uso social do celular e a formação e fortalecimento de redes de conhecimento são exemplos de projetos já apoiados pelo programa”, completa.

Por apostar no desenvolvimento de soluções sociais, o Novos Brasis dispõe ainda de uma rede virtual de relacionamento para troca de experiência entre os parceiros. “Também promovemos um encontro anual onde os integrantes de todas as organizações se conhecem pessoalmente e iniciam conversas para parcerias concretas”, lembra a diretora.

As inscrições, assim como as regras de participação, estarão disponíveis no site www.oifuturo.org.br de 13 de março a 15 de abril. As organizações podem inscrever mais de um projeto, desde que atendam às exigências do regulamento.

Mais...

Grandes investidores preferem Educação

O jornal americano The Chronicle of Philanthropy, uma das principais publicações no mundo sobre o setor sem fins lucrativos, divulgou a lista dos 50 maiores investidores sociais nos Estados Unidos. Com o título de “Um grande ano para grandes doações”, a reportagem revela que, em 2007, os “mais generosos” doadores contribuíram com cerca de US$ 7,3 bilhões.

O gigante do ramo de hotéis e cassinos, Willian Barron Hilton, cuja transferência para a fundação de sua família, Conrad N. Hilton Foundation, em Reno (Nevada), encabeça o ranking anual do jornal com US$1,2 bilhões. Ele é seguido por mais 20 grandes nomes da economia, de áreas como tecnologia, petróleo e, principalmente, finanças, cujos investimentos foram de pelo menos US$100 milhões cada um.

A lista fornecida pela publicação é um cálculo baseado sobre o repasse destinado a organizações classificadas como “de caridade” ou fundações com fins públicos. No entanto, não são incluídos os investimentos sociais realizados com incentivos fiscais, como dedução ou isenção de impostos.

“Não mencionamos também os doadores anônimos, apesar do crescimento dessa prática, no ano passado”, alega a editora, Maria Di Mento. Ao que indica a reportagem, o total de recursos levantandos por esse segmento superou US$1 bilhão.

Uma grande economia
Apesar de parecer uma vultosa quantia, uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Associações Filantrópicas dos Estados Unidos mostra que o valor não chega a 10% sobre o que representa o terceiro setor no país. O levantamento contabilizou, em 2003, US$1.76 trilhão em investimentos, com gastos que superam 945 bilhões de dólares.

O estudo United States Nonprofit Sector foi realizado a partir dos relatórios anuais de impostos entregues pelas entidades sociais, cujo número chegou a 837.027 no mesmo ano. Para entender o que isso representa, basta ver os cálculos do The World Factbook, informe do governo americano a respeito da geografia política e social do mundo. Em um cruzamento de dados, a movimentação dos recursos do terceiro setor americano é maior do que economias como a do Brasil, Rússia, Canadá, México e Coréia do Sul.

E o Brasil...
Há uma série de contextos que diferem os investidores americanos dos brasileiros. Questões históricas, financeiras, status, leis de herança, ou mesmo altruísmo, distanciam as duas realidades. Não deixa de ser evidente, porém, que elas afetam diretamente o montante dirigido.

Dentre as pesquisas mais atuais se destaca a As Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil (Fasfil), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria do GIFE e da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong).

Segundo o levantamento, o número de associações sem fins lucrativos chegou a 276 mil em 2002, dando empregos diretos a 1,5 milhão de trabalhadores, cuja média salarial é de 4,5 salários mínimos mensais - superior à média das empresas em geral de 4,3 salários por mês. Os números mostram que, só em remuneração, elas movimentam R$ 17,5 bilhões anualmente.

No entanto, o investimento social feito pelo setor privado em todo o Brasil é, segundo a Pesquisa Ação Social das Empresas, do Ipea, pouco mais de R$4,7 bilhões (atente que só os 50 mais “generosos dos EUA” doaram US$7, 3 bilhões, ou R$12,3 bilhões).

Educação
No estudo americano, a maioria dos doadores, 44 deles, investiu em educação (embora, não apenas nessa área). Seja em escolas e faculdades, seja em programas educativos, o montante é muito superior a, por exemplo, grupos de defesa aos direitos humanos (o segundo da lista), em que 21 investem.

A explicação mais curiosa, que poderia ser também a de qualquer investidor privado brasileiro em educação, é da diretora executiva da Fundo Iner-City Scholarship, Susan M. George. Ela é responsável pela organização apoiada por Robert W. Wilson (48° do ranking), magnata do mundo financeiro. “Ele (Wilson) percebeu que as escolas públicas estão falhando e nós precisamos educar as crianças”, lembra.

Essa é a ligação entre esses dois mundos (o dos grandes doadores americanos e brasileiros): o foco em educação. Segundo o Censo GIFE 2005-2006, levantamento que reúne os maiores investidores sociais de origem privada no Brasil, essa é a principal área beneficiada com doações (80%). Os associados à Rede GIFE representam R$1 bilhão, ou 20%, de todos os recursos repassados pelo setor privado à área social.

Segundo o Censo, grande parte desse capital está focado em crianças e jovens dos ensinos fundamental e médio (7 a 24 anos) da rede pública de ensino. Nesse sentido, as linhas de ação prioritárias se voltam para a capacitação dos professores, oficinas de arte-educação e complementação escolar.

“É provável que a preferência pela ação direta, capacitando professores e preparando estudantes, em vez de simples doações de equipamentos e recursos, reflita a percepção, por parte dos associados, de que os problemas da educação não se limitam à falta de recursos, tal como os recursos adicionais nem sempre produzem resultados positivos esperados”, conclui o responsável técnico pelo estudo, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), Simon Schwartzman, no livro.

Assistência
A Pesquisa Ação Social das Empresas, do Ipea, que analisa de forma mais global o investimento do setor privado, dá destaque aos recursos voltados para alimentação, que torna-se a área prioritária de atendimento (52%), ultrapassando as ações voltadas para assistência social (41%).

No lançamento dos dados, a coordenadora do levantamento, Anna Maria Peliano, explicou que a opção por doações assistenciais é mais comum por duas razões: demanda e poder de investimento. Segundo ela, as empresas trabalham a partir de uma determinada necessidade de sua comunidade. Daí, prestar assistência à população de baixa renda.

Somado a isso, há o papel das micro-empresas (com até 10 funcionários), que não possuem recursos para desenvolver programas contínuos. "Quem tem projetos processuais, como os de educação, são as grandes empresas”, analisou.

Rodrigo Zavala
Publicado pelo redeGIFE Online, Edição 526 , em 10/03/08

Mais...

Seres divinos e mercenários

Os financiadores geralmente concordam que seria bom ter mais e melhores avaliações dos projetos financiados. Elas ajudariam na avaliação do impacto dos projetos e, consequentemente, no julgamento se os doadores estão gastando o dinheiro bem ou mal. Mas como aqueles que estão na ponta recebedora se sentem a respeito das exigências de relatórios feitas pelos doadores? Alliance perguntou a três organizações, que operam programas com financiamento governamental, como seu trabalho é afetado pelos sistemas de avaliação dos doadores e pelos requisitos de informação.

A visão de Pati Ruiz Corzo, Diretora Federal da Reserva de Biosfera de Sierra Gorda, México, é de crítica. Sierra Gorda está implementando um projeto de Instalação Ambiental Global em parceria com grupos locais. Os “seres divinos, mercenários”, contratados pela GEF para conduzir avaliações, muitas vezes parecem “não entender nada em profundidade”, diz ela. Em vez disso, como muitos consultores, eles “lançam acusações infundadas” e produzem “análises tendenciosas”. “Eles não apreciam as realizações do projeto e subestimam o esforço local.” Ela conclui que existe um elemento de interesse próprio em suas conclusões: a não ser que “encontrem erros, falhas ou falta de estratégia, eles não conseguiriam justificar seu contrato”.

Ela acha que um dos problemas centrais é que os requisitos são definidos sem levar em consideração a situação local. “No nosso caso, os requisitos de projeto da GEF foram estipulados na forma de uma teoria de mesa, completamente afastada dos contextos reais.”

Apoorva Oza, CEO do Aga Khan Rural Support Programme (Índia), está, pelo menos em princípio, mais otimista com relação à avaliação. “Antes de mais nada, quero dizer que sou um grande defensor de sistemas de avaliação para as ONGs.”, diz ele. No entanto, ele concorda que existem muitas organizações ruins, “tipos espúrios demais, e algumas cujo trabalho não corresponde aos seus relatórios. Muito trabalho precisa ser feito nos objetivos e na metodologia dos relatórios e dos sistemas de avaliação.”

A visão mais positiva sobre as avaliações, entre aqueles com quem conversamos, veio de Atallah Kuttab, Diretor Geral da Welfare Association, que opera principalmente na Palestina e no Líbano. “Nossa experiência é que a avaliação mantém nosso foco e nos ajuda a atingir uma maior transparência e responsabilização em nossos programas. Além disso, ter doadores que apreciam os sistemas de monitoramento/avaliação nos ajuda a implantar um sistema institucional na Welfare Association, com parte dos custos cobertos por diversos doadores.”

Os requisitos de avaliação restringem os projetos?
Consideravelmente, segundo Apoorva Oza. Em um ambiente de mudanças rápidas, como a Índia, “mesmo um projeto de cinco anos se torna obsoleto em algum momento. Uma ONG que se atenha rigidamente a ele perderá oportunidades.” Ele concorda que os objetivos podem ajudar a manter o foco, mas “depois de dois ou três anos, quando as mudanças são necessárias, esses objetivos se tornam uma restrição.”

Em contraste, ele cita uma doação da Comissão Européia que deu uma certa flexibilidade com relação aos objetivos. “Nós propusemos apenas três itens de linha para o desenvolvimento de recursos hídricos,” ele explica, “mas, graças à flexibilidade que tivemos, no fim do projeto tínhamos 20 tecnologias, mais baratas e mais fáceis de usar.”

Muitos projetos, ele acrescenta, estão sujeitos a “estruturas rígidas de registro, linhas rígidas no orçamento e prescrições de percentagens fixas de contrapartida (quando os doadores querem que os financiados participem com uma proporção do que foi concedido como doação)”. Os requisitos de informações são muitas vezes pesados, uma vez que eles são muito “focados nos dados”, sem prestar atenção ao processo ou aos resultados.

Também nesse aspecto, Atallah Kuttab tem uma visão mais positiva, com uma reserva importante. Ele acha que são “muito úteis em termos de monitoramento, mas algumas vezes tenho minhas dúvidas em termos de avaliação de impacto”. Ele complementa: “Um aspecto negativo é que algumas vezes os doadores têm sistemas diferentes (especialmente os grandes) e isso simplesmente aumenta a carga sobre a nossa capacidade, com pouca vantagem para os resultados do programa.”

Os doadores compreendem os custos? “No nosso caso, sim”, diz Kuttab. Apoorva Oza concorda, mas acha que eles provavelmente subestimam “o tempo necessário para preparar e participar da avaliação, especialmente para as comunidades”.

O efeito sobre o risco
O problema real, segundo Apoorva Oza, é aquilo que ele descreve como sistema de objetivos anuais que muitos doadores empregam. Em áreas de conflito, por exemplo, “se quisermos insistir em um enfoque inclusivo, que envolva todas as castas em um projeto de represa, a pressão para terminarmos a represa em um ano nos obriga a conciliar, em fez de marcar posição com a comunidade dominante.” A preocupação com objetivos anuais, segundo ele, é “também o motivo pelo qual muitas ONGs se concentram na implementação, em vez de na política, uma vez que nada pode ser atingido em um ano na defesa de políticas, o que sempre é um risco, com grandes chances de falha.”

Atallah Kuttab acha também que os sistemas de avaliação impedem que se assumam riscos, “uma vez que os doadores pagam pelas atividades do programa dentro de objetivos especificados e não permitem outros custos”. Ele acha que os doadores ocidentais são especialmente inibidos, ou, em suas palavras, “totalmente apavorados” de assumir riscos políticos, especialmente em programas de defesa de idéias. Ele concorda, no entanto, que é “muito bom ver a maioria dos nossos doadores assumindo riscos quando se trata de fazer trabalhos em Jerusalém, o que foi um tabu por muitos anos devido ao tratado de Oslo.”

O produto final
Até que ponto são úteis os relatórios produzidos por essas avaliações? “Eles são muito apreciados por gerentes e doadores”, diz Atallah Kuttab, “e isso contribui para a construção de confiança em nossa capacidade operacional, fazendo com que mais fundos estejam disponíveis.” Até aqui, tudo bem. “No entanto,” ele continua, “o formato desses relatórios é útil apenas para o doador. A Welfare Association precisa fazer mais em termos de formatação e reestruturação de seus relatórios para torná-los úteis para um público maior.”

Pati Ruiz é caracteristicamente franca e condenatória. Os relatórios, diz ela, são “documentos caros e volumosos que não fornecem nada de novo. Eles são cheios de erros e de imprecisões, sem nenhuma contribuição construtiva”.

Uma maneira melhor?
Independente dos requisitos de relatórios impostos pelos doadores, as pessoas com quem falamos têm seus próprios sistemas para monitorar e avaliar seu trabalho. “Um bom sistema que temos atualmente”, diz Apoorva Oza, “é uma breve avaliação anual, pelas mesmas pessoas, por cinco anos. Isso é melhor do que uma revisão de meio ou de fim de projeto, uma vez que o feedback pode ser trabalhado e tanto a ONG quanto o avaliador aprendem juntos.”

Ele distingue dois tipos de avaliação: explícita, em que uma avaliação externa é parte do projeto, e implícita, em que a avaliação é feita através dos requisitos de relatórios de uma doação. “As avaliações explícitas, quando bem feitas, têm resultados que são de todos e, eventualmente, levam a ações em uma ONG boa e com autocrítica.”

Mesmo a Sierra Gorda, apesar de suas más experiências, “ganhou no processo de profissionalização de nosso sistema de monitoramento e avaliação”. Pati Ruiz explica: “Nós buscamos consultores do SVT Group, de São Francisco, para desenvolver uma metodologia que reflita o retorno social e ambiental de nosso trabalho em quatro setores: monetário, quantitativo, qualitativo e narrativo. Isso está sendo ajustado internamente como uma nova disciplina em padrões de relatórios e esperamos ter indicadores e números objetivos que nos dêem os elementos para apresentarmos relatórios mais transparentes e mais concretos”.

Avaliando os avaliadores
Entre as pessoas com quem conversamos, no entanto, as avaliações patrocinadas pelos doadores causaram impressões diversas. Mesmo quando as experiências são amplamente positivas, existe espaço para aprimoramentos, por exemplo, formatos de relatórios que sejam úteis para os beneficiários finais e não apenas para os doadores e gerentes de projeto, ou maior uniformidade nos requisitos de relatórios quando mais de um financiador estiverem envolvidos.

Um ponto final: A experiência de Pati Ruiz com o projeto de Sierra Gorda levou-a a sugerir que os avaliadores devem passar por alguma forma de avaliação. “Com algumas exceções”, ela sugere, “os consultores deveriam ser avaliados e classificados em listas vermelhas.” Deveria haver também a possibilidade de “monitoramento acompanhado por pessoas que tenham experiência em campo e não apenas em uma mesa”, que seria, portanto, mais capaz de reconhecer as realizações e os pontos fracos, e de ajudar a construir processos, e “não julgar ignorando aquilo que não compreendem”. Muitos financiados certamente concordam com ela.

Alliance Brasil gostaria de agradecer às seguintes pessoas por suas contribuições para este artigo:
Atallah Kuttab Diretor Geral, Welfare Association, Palestina.
Apoorva Oza CEO, Aga Khan Rural Support Programme (Índia).
Martha Isabel (Pati) Ruiz Corzo Diretora Federal, Sierra Gorda Biosphere Reserve, México.



Andrew Milner
Editor Associado da revista Alliance

Publicado pelo redeGIFE Online, Edição 525, em 03/03/08

Mais...

Captação de recursos para a área ambiental

Pela primeira vez na história da humanidade, equilíbrio ecológico, desenvolvimento econômico e justiça social deixam de ser inconciliáveis

Apesar de ser um tema que nos últimos anos passou a fazer parte das agendas mais importantes do mundo, a questão ambiental ainda carece – ao menos no Brasil – de maior divulgação a respeito das possibilidades de captação de recursos e realização de projetos.

Na edição nº 28, a Revista Filantropia abordou o tema na matéria de capa “Renovando energias para o futuro”, oferecendo um panorama geral e preciso sobre o estágio atual das mudanças climáticas, alternativas e iniciativas concretas.

No presente artigo, pretendemos mostrar de maneira prática os meios de acesso aos recursos disponíveis no Brasil para a área ambiental, sejam eles de origem pública, privada (nacional e internacional) ou proveniente do desenvolvimento de negócios sustentáveis.

Fundos públicos para projetos socioambientais



  • Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA): criado em 1989 pelo Ministério do Meio Ambiente por meio da lei nº 7.797, e regulamentado pelo decreto nº 3.524/2000 (1), sua missão é “contribuir como agente financiador, por meio da participação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)”.

    Os projetos enviados devem estar enquadrados em algum dos seguintes núcleos temáticos: Água e floresta; Conservação e manejo da biodiversidade; Gestão pesqueira compartilhada; Planejamento e gestão territorial; Qualidade ambiental; e Sociedades sustentáveis. Além disso, há também editais que são lançados que propõem o envio de propostas específicas. Em seus 18 anos de existência, o FNMA já financiou mais de 1.400 projetos, aportando quantia acima de R$ 210 milhões.


  • Programa Piloto para proteção das florestas tropicais do Brasil – PPG7: financiado pelo G7 (grupo que reúne EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão), sua missão é contribuir para a formulação e implantação de políticas que resultem na conservação dos recursos naturais e na promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira e na Mata Atlântica. Suas linhas temáticas são: Gestão pública e comunitária de áreas protegidas; Uso sustentável dos recursos naturais; Monitoramento, prevenção e controle de desmatamentos e queimadas; Desenvolvimento local e regional; e Ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.


  • Programa Nacional do Meio Ambiente (PNMA): apesar de ONGs estarem impedidas de apresentar diretamente propostas a este outro programa do Ministério do Meio Ambiente, elas podem participar em parceria com municípios na execução de projetos que viabilizem melhoria na gestão ambiental descentralizada, com a participação efetiva das unidades da Federação, dos municípios, da sociedade civil organizada e do setor produtivo.


  • Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente: instituído em 2001 pelo Ministério do Meio Ambiente, seu objetivo é premiar iniciativas exemplares na Amazônia, superando modelos predatórios e danosos ao meio ambiente. Em 2007, o prêmio contemplou seis categorias: Liderança individual; Associação comunitária; ONG; Negócios sustentáveis; Ciência e tecnologia; e Arte e cultura. A premiação para o primeiro lugar de cada uma dessas categorias consiste no recebimento de diploma honorífico e de R$ 20 mil.


  • Global Environment Facility (GEF): ONGs podem apresentar projetos de pequeno a grande porte (acima de US$ 1 milhão) nas áreas de Diversidade biológica; Mudança climática; Águas internacionais; Prevenção da destruição da camada de ozônio; e Degradação da terra.


Negócios sustentáveis
Atualmente, outra possibilidade para a área ambiental é o desenvolvimento de negócios e empreendimentos voltados para a proteção do planeta, que podem ser assumidos também pelo Terceiro Setor. Refiro-me à venda de cotas de crédito de carbono seqüestrado, produção de biodiesel e conversão da dívida externa para fins ambientais.



  • Crédito de Carbono: segundo o Protocolo de Quioto, os países industrializados devem reduzir suas respectivas emissões de gases que provocam o efeito estufa – entre eles o dióxido de carbono –, em pelo menos 5,2% no período entre 2008 e 2012, comparando-se com as emissões de 1990. Aqueles que não atingirem suas metas poderão fazê-lo comprando créditos de carbono de outros países.

    Ou seja, países que não são considerados os principais causadores do efeito estufa, como o Brasil, podem vender cotas de “ar limpo” aos maiores poluidores mundiais que assim, indiretamente, atingem sua meta de redução. Essa atividade ainda é pouquíssimo explorada em território nacional.


  • Biodiesel (2): outra grande esperança para o Brasil e o mundo são os biocombustíveis. Além do álcool, hoje há uma enorme expectativa concentrada no biodiesel. Legalmente, a partir de 2008 todo o diesel vendido no Brasil terá necessariamente de conter 2% de diesel vegetal, passando para 5% a partir de 2013 (3).

    Socialmente a inclusão é muito grande, pois agrega valor às atividades produtivas da agricultura familiar, além da necessidade de mão-de-obra intensiva para o processo produtivo em suas três fases: cultivo, produção do óleo vegetal e produção do biodiesel propriamente.

    Por meio do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, o governo federal instalou no país uma política pública específica para o setor. Com esse programa, um dos maiores avanços foi a criação do Selo Combustível Social, que prevê a inclusão da agricultura familiar e a diminuição de impostos para as usinas produtoras de biodiesel.


  • Mercados de biodiesel e crédito de carbono: para se ter uma breve idéia da possibilidade de captação dos mercados de biodiesel e crédito de carbono, imagine uma situação teórica e hipotética em que o total de 1,5 milhão de hectares necessários para a produção de biodiesel (4) no Brasil fosse dedicado à mamona, que seqüestra 10 toneladas de carbono por hectare.

    Somente com a venda de tais créditos de carbono seqüestrado, teríamos uma receita de US$ 75 milhões (5) levando-se em conta apenas a colheita anual. Estamos diante da criação de um enorme mercado de commodities ambientais, no qual o Brasil poderá ser liderança mundial.


  • Plano de Conversão da Dívida Externa para Fins Ambientais: criado pela resolução nº 1.840 e circular nº 1.988, ambas expedidas em 16 de julho de 1991 pelo Banco Central, é possível que fundos e instituições não-governamentais ambientalistas possam receber recursos de entidades estrangeiras públicas e privadas com o fim de preservar o meio ambiente.

    Por meio de tal mecanismo, parte da dívida externa brasileira (6) pode ser cancelada a partir da obrigação de se utilizar recursos provenientes dessa transação em projetos ambientais no país. A articulação desse negócio deve ser feita entre credores internacionais da dívida externa brasileira, autoridades brasileiras, como o Banco Central, o Ministério da Fazenda e os ministérios relacionados ao meio-ambiente, questão agrária e desenvolvimento social, e ONGs ambientalistas.

    Apesar de ser um excelente instrumento de alta sustentabilidade, tem sido muito pouco utilizado no Brasil.


Fundos privados
Há vários financiadores para a área ambiental disponíveis no Brasil, sejam de origem nacional ou internacional – inclusive de governos de outros países. Dentre eles destacamos: Basf, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), Cooperacció, Fundação Acesita para o Desenvolvimento Social, Fundação CSN para o Desenvolvimento Social e a Construção da Cidadania, Fundação Educar DPaschoal de Benemerência e Preservação da Cultura e Meio Ambiente, Fundação José Silveira, Fundação Otacílio Coser, Good Samaritan Inc., HSBC Banco Múltiplo, IBM Corporate Community Relations, Instituto Cultural e Filantrópico Alcoa, Instituto Holcim, Instituto Unibanco, Levi Strauss do Brasil, Monsanto Foundation, Population Communications International (PCI), Shell Brasil, The British Council, Unesco, Unicef e Votorantim.

Enfim, um novo mundo já está colocado diante de nós. Nele é possível conciliar inclusão social, equilíbrio ambiental e viabilidade econômica. Essas agora não são mais metas excludentes. Basta agirmos.


Links
http://www.bcb.gov.br/
http://www.biodiesel.gov.br/
http://www.gefweb.org/
http://www.mma.gov.br/
http://www.mct.gov.br/


(1) Ver também o decreto nº 5.877/2006, que dispõe sobre a nova composição do Conselho Deliberativo do FNMA, e a portaria nº 170/2001 – Regimento Interno, que disciplina a organização e o funcionamento deste conselho.


(2) MAGALHÃES, Eduardo e SPIASSI Ana L., Protocolos para Manutenção de Planos de Negócios e Estudos de Viabilidade Econômica e Associativa para o Biodiesel. São Paulo: ADS-CUT, Ministério do Trabalho e Emprego, 2007.


(3) B2 e B5, respectivamente.


(4) Área correspondente a 1% dos 150 milhões de hectares plantados e disponíveis para agricultura em nosso país.


(5) Considerando o valor mínimo de US$ 5 por tonelada.


(6) O limite anual é de US$ 100 milhões.

Eduardo Magalhães

Sociólogo, professor e consultor para o Terceiro Setor, diretor da organização Saúde e Cidadania e do Gats, membro da International Society for Third-Sector Research (ISTR) e coordenador nacional de Projetos da Building and Wood Workers’ International (BWI).

Publicado pela Revista Filantropia Online, nº139

Mais...



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br