segunda-feira, 29 de junho de 2009

Palestrantes debaterão mobilização de recursos com foco na inovação e sustentabilidade

A Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), em parceria com a Revista Filantropia e The Resource Alliance, promoverá em 20, 21 e 22 de julho, no Teatro Tuca, em São Paulo (SP), o “Festival Latino-Americano de Captação de Recursos”, que reunirá profissionais brasileiros e estrangeiros para discutir estratégias inovadoras de captação de recursos.

A captação de recursos é uma temática que merece atenção e preocupação constante quando se fala em gestão de organizações do Terceiro Setor. Quem atua nessa área é responsável por trabalhar com criatividade, profissionalismo e amor pela causa para trazer recursos e colocar projetos em prática.

O crescimento em número e importância das organizações da sociedade civil contrasta com maiores desafios para a mobilização de recursos governamentais, da cooperação internacional e de empresas para o Terceiro Setor. Nesse cenário, novas modalidades de financiamento de organizações sociais, como o marketing relacionado a causas (MRC) e os negócios sociais, surgem com grande intensidade, à medida que também aumenta o interesse de indivíduos para se envolverem com causas. Mas, diante de tantas alternativas e com recursos aparentemente escassos, resta, ao captador, a dúvida sobre por onde começar.
Pode o captador de recursos ser um profissional importante na construção de um mundo melhor?
Como enfrentar a crise de financiamento do Terceiro Setor e inovar com poucos recursos para investir em campanhas?
Por que a profissão de captador de recursos, estabelecida em países da Europa e nos Estados Unidos, encontra limites no Brasil e na América Latina?
Quais são as dificuldades mais frequentes que um captador de recursos enfrenta?
De que tipo de apoio esse captador precisa para se desenvolver?

Essas e outras perguntas nortearão o Festival Latino-Americano de Captação de Recursos, que contará com a participação de palestrantes internacionais como Gonzalo Ibarra L. (Chile), coordenador de Desenvolvimento de Fundos para as Américas, das Sociedades Bíblicas Unidas; Hernan Nadal, gerente de novas mídias do Greenpeace Argentina; Lyndall Stein (Inglaterra), CEO da The Resource Alliance e diretora voluntária da Fundação Sheila McKechnie; e Marcos C. Raba, coordenador da Asociación Española de Fundraising; além de palestrantes brasileiros, como Marcio Zeppelini, editor geral da Revista Filantropia e diretor da Diálogo Social Eventos para o Terceiro Setor; Marcelo Estraviz, presidente da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR); Rodrigo Alvarez, consultor da The Resource Alliance no Brasil e coordenador de mobilização de recursos e desenvolvimento de negócios do Instituto Elos BR; e Renata Brunetti, fundadora e coordenadora da Atuação Social.

Serviço:
Festival Latino-Americano de Captação de Recursos
De 20 a 22 de julho de 2009, das 9h às 18h
Teatro Tuca – PUC São Paulo
Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes, São Paulo/SP
www.dialogosocial.com.br/festivalABCR


ABCR, 26/06/09

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Prêmio Instituto Claro incentiva novas práticas educacionais

Estão abertas desde 24 de junho as inscrições para o Prêmio Instituto Claro – Novas formas de aprender. No total, mais de R$ 100 mil em prêmios serão concedidos para projetos e práticas educacionais, trabalhos acadêmicos e de iniciação científica.

Com objetivo de estimular e reconhecer iniciativas que potencializem o uso das novas tecnologias de informação e comunicação para o desenvolvimento de oportunidades de aprendizagem inovadoras, o Prêmio é dividido em três modalidades: Pesquisa, Desenvolvimento e Vivência.

As inscrições vão até o dia 4 de setembro e serão feitas neste mesmo site, onde estarão disponíveis o regulamento e fichas de inscrição para cada modalidade e categoria. Poderão participar estudantes de graduação, curso técnico e pós-graduação; instituições educativas formais e não-formais; e educadores e professores.

As iniciativas inscritas serão avaliadas por uma comissão técnica composta por especialistas em educação e tecnologia. A premiação acontecerá no mês de outubro em São Paulo, em data a ser anunciada pelo Instituto, durante seminário que contará com a presença de convidados que são referências no tema.

Confira abaixo os públicos-alvos, requisitos e descrição de cada modalidade.

Pesquisa
A modalidade Pesquisa pretende estimular estudantes a desenvolverem pesquisas científicas que explorem a temática da causa do Instituto Claro: aprendizagem com as novas tecnologias. Subdivide-se em duas categorias: Graduação e Curso Técnico, que inclui trabalhos de iniciação científica e de conclusão de curso; e Pós-Graduação (Lato Sensu e Strictu Sensu), que inclui trabalhos de especialização, mestrado e doutorado.

Para se inscrever nestas categorias, o estudante deve estar regularmente matriculado e com o projeto ou trabalho de pesquisa a iniciar ou em andamento, tendo de 6 a 12 meses para terminá-lo a partir da data de premiação.

Cada categoria terá uma pesquisa premiada. O trabalho vencedor de Graduação e Curso Técnico receberá R$ 5 mil e o de Pós-Graduação levará R$ 16 mil para financiar o desenvolvimento de parte ou totalidade do projeto.

Desenvolvimento
Esta modalidade foi criada para incentivar instituições educativas – formais e não-formais -, desde escolas e universidades a ONGs e outras associações e organizações, a implementar, manter ou complementar projetos e ideias inovadoras relacionadas à causa do Instituto Claro.

O requisito para se inscrever na modalidade é que o projeto esteja para ser iniciado ou em andamento, e que seja finalizado de 6 a 12 meses após a data de premiação.

O número de premiados da modalidade Desenvolvimento não é pré-definido e será determinado pela comissão técnica. O valor total que será distribuído entre os vencedores é de R$ 80 mil.

Vivência
O objetivo da modalidade Vivência é reconhecer os melhores relatos de práticas educacionais implementadas por educadores e professores a favor da causa do Instituto. As práticas devem estar em andamento por no mínimo 6 (seis) meses ou concluídas no momento em que o educador for efetuar sua inscrição e não podem ser anteriores a janeiro de 2006. A participação nesta modalidade pode ser individual ou em equipe. Duas práticas serão premiadas com um notebook com 3G da Claro cada. Caso a participação seja em equipe, um líder deverá ser nomeado para intermediar a comunicação e o preenchimento dos documentos e formulários de inscrição. A premiação, no caso da equipe, será concedida a este líder.

Sobre o Instituto Claro
O Instituto Claro foi lançado em março de 2009 e tem como missão estimular a discussão e o desenvolvimento de oportunidades de aprendizagem inovadoras e lúdicas, por meio das novas tecnologias de informação e comunicação. Ao eleger a causa da educação, o Instituto incentiva e apoia a revisão, a discussão e a inovação dos processos de ensino e de aprendizagem, compatíveis com a realidade e demandas atuais da sociedade. Sua iniciativa central é este Portal Integrado (www.institutoclaro.org.br), que conta com informações institucionais, além do Observatório e do Laboratório. Uma das finalidades do Portal é divulgar e reconhecer estudos, pesquisas acadêmicas e ações que discutam o impacto das novas tecnologias na aprendizagem, além de disponibilizar jogos e outros recursos para que as pessoas possam, de fato, experimentar formas lúdicas e interativas de aprender. Outros projetos, como a edição de 2009 do Claro Curtas, festival nacional de curtas-metragens, também são gerenciados pelo Instituto. Além disso, estão previstas ações direcionadas ao público interno da Claro, como o Programa de Voluntariado e Doação ao FIA (Fundo da Infância e da Adolescência), com o objetivo de fortalecer o engajamento dos funcionários com a prática de ações sociais.



Instituto Claro, 24/06/09

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UOL lança campanha para sensibilizar anunciantes sobre publicidade online

"A Internet merece ser vista com mais atenção." Este é o mote de uma campanha que o portal UOL lança na próxima segunda-feira (29/6) para sensibilizar agências de publicidade e potenciais anunciantes sobre o potencial da internet como mídia.

A iniciativa envolve a distribuição de um material com dados e gráficos sobre o crescimento e a penetração da Internet no Brasil. O conteúdo será encartado em jornais de grande circulação e veículos especializados em publicidade, bem como divulgado em campanhas online e por meio do site www.amidiaquemaiscresce.com.br. O site apresenta todas as peças da campanha, além de informações sobre formatos de publicidade online e como anunciar na internet.

"A ideia é dar mais fundamentos a agências e anunciantes para que, no momento de direcionar as verbas para publicidade, olhem com mais carinho para a internet", explica Marcelo Epstejn, diretor geral do UOL.

Na avaliação do executivo, embora a internet seja um meio de comunicação amadurecido no Brasil e ofereça uma segmentação superior a qualquer outra mídia, sua participação na verba publicitária brasileira - 3,1% em 2008 segundo o Projeto Inter-Meios - ainda é baixa em relação a países como a Inglaterra, onde a web recebeu 11% dos investimentos em publicidade, ultrapassando a TV por assinatura e a TV aberta.

A campanha questiona a 15ª posição do Brasil entre os mercados que mais anunciam na internet, quando o País possui a 7ª maior audiência de internet do mundo e se classifica na mesma posição entre os que mais investem em publicidade globalmente, no geral.

"A internet brasileira está consolidada. A campanha mostra que brasileiro tem muito interesse na internet", disse Epstein.



Idéia 2.0, 26/06/09

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Estudando nus pra fazer caridade, vc viu essa?

Os estudantes da Universidade de Oxford, na Inglaterra, tiraram a roupa para um calendário beneficente. As fotos mostram a rotina dos estudantes - passeando de barco pelos canais, lendo, indo a festas – porém nus. A dica é do LikeCool.




Luciana van Deursen Loew
Blue Bus, 29/06/09

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Órgãos públicos de São Paulo liberam acesso a redes sociais e blogs

Objetivo é melhorar a prestação de serviços aos cidadãos e divulgar ações usando redes sociais, blogs e outros serviços online.

Todos os órgãos públicos de São Paulo vão liberar o acesso a redes sociais, blogs e outras ferramentas de ‘web 2.0’ aos servidores públicos, com o objetivo de melhorar a prestação de serviços aos cidadãos.

A medida é de autoria do governador de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), e foi publicada no Diário Oficial da Secretaria de Gestão Pública na quinta-feira (25/6), quando entrou em vigor.

A resolução libera o acesso a redes sociais, sites de vídeo, blogs, microblogs e softwares de colaboração, além de serviços relacionados. Os servidores públicos poderão utilizar as ferramentas para se comunicar com os usuários e divulgar ações ou iniciativas do governo.

Além disso, os órgãos poderão se comunicar via mensagem de texto no celular (SMS), desde que haja autorização prévia do usuário.

Para facilitar a comunicação, serão armazenados, nos bancos de dados das administrações, os e-mails e números de celular dos usuários de serviços dos órgãos.


DG Now!, 29/06/09

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Flamengo cria baralho para pagar dívidas com time de basquete

Para tentar quitar a dívida que ainda tem com seus jogadores, o Flamengo vai criar uma nova promoção: a edição comemorativa de um baralho de 20 cartas com as fotos dos jogadores.

O clube pretende colocar à venda 15 mil unidades, pelo valor mínimo de R$ 50.

Outra aposta dos flamenguistas é uma nova camiseta do time, dessa vez com caricaturas dos atletas. A venda de peças relacionadas à equipe já ajudou o Flamengo a quitar salários atrasados.

O clube, no entanto, ainda deve aos atletas o pagamento de prêmios pelos títulos do Brasileiro de 2008 e do Estadual e do Sul-Americano deste ano, somando pouco mais de R$ 500 mil.

Segundo o vice-presidente de esportes olímpicos, João Henrique Areias, o clube deve pagar nesta semana o prêmio relativo ao Nacional do ano passado. A conquista de ontem também vai aumentar a dívida, já que foi prometida premiação pela taça.

Destaque do time, Marcelinho cobrou "compromisso" por parte do clube.

"Quando assumo um compromisso, é porque tenho condições de cumprir. Não queremos privilégios, o que pedimos é que o Flamengo cumpra a sua parte, porque, fora da quadra, somos pais de família", disse o jogador.

Baby também pediu contrapartida dos dirigentes. "Nunca deixamos as dificuldades e os atrasos de salários afetarem no treinamento e na quadra", afirmou.

Areias, a quem se atribui parte da recuperação financeira do basquete, não tem certeza se continua no clube.

"O trabalho permanece. Se eu continuo ou não, não sei", afirmou o dirigente.

"Mas provamos que o time é viável, autossustentável e não depende de receita do clube. O basquete é um bom produto. E, no Flamengo, basta ter competência e profissionalismo para dar certo", completou ele, que afirma ter copiado o modelo de gestão do Real Madrid no basquete flamenguista.


Raphael Gomide
Folha de S.Paulo, 29/06/09

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Cidades de baixo IDH ganharão capacitação

Quatro municípios de índice abaixo da média serão escolhidos pelo PNUD para dividir R$ 1,8 mi destinados a qualificar agentes públicos

O PNUD escolheu 160 municípios brasileiros com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média nacional para participar da seleção de um projeto que distribuirá R$ 1,8 milhão para ações que visem melhoria nos indicadores sociais. As cidades podem se inscrever até 10 de julho; entre os inscritos, quatro serão selecionados para participar da iniciativa Fortalecimento de Capacidades para o Desenvolvimento Humano Local.

O dinheiro será usado para capacitar funcionários das prefeituras, do setor privado e do terceiro setor a elaborar e pôr em prática políticas e projetos que contribuam para melhorias socioeconômicas inclusivas e sustentáveis na cidade, explica Ieva Larazeviciute, assessora do PNUD responsável pela iniciativa. “A ação vai ajudar os municípios a preparar projetos e a encontrar fontes de financiamento para eles, não vai financiá-los diretamente”, ressalta.

Junto com o PNUD, participam desse programa a Confederação Nacional de Municípios (CNM), entidade que representa prefeituras do Brasil), a Subchefia de Assuntos Federativos da Presidência da República e a Agência Brasileira de Cooperação. Todos integram o comitê gestor do projeto, responsável por oferecer capacitação aos selecionados.

Critérios
Além de possuírem baixo IDH, os 160 municípios elegíveis obedecem pelo menos um dos seguintes critérios: estão em área de fronteira, são pólos de desenvolvimento regional, integram áreas metropolitanas muito pobres, ou têm obras estruturais já em andamento – principalmente as do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). "Sabemos que nem todos farão inscrição, mas esperamos receber o maior número possível de interessados", diz Ieva.

Do total de inscritos, oito passarão para a segunda fase da seleção. Eles serão escolhidos de acordo com a ficha de inscrição apresentada. Ela exige um requerimento de participação, a apresentação de documentos (como o plano plurianual e o orçamento do município) e – o mais fundamental, segundo Ieva – a indicação de contrapartidas oferecidas pelo município à organização do projeto.

A quantidade de horas semanais dedicadas pelo prefeito ao projeto, a quantidade de secretários que se envolverão com ele e o oferecimento de funcionários e estrutura física para a equipe são alguns dos fatores levados em consideração. “Elas [as contrapartidas] indicam comprometimento, uma garantia de que o projeto será levado para frente”, explica a assessora do PNUD. “Mas sabemos que esses municípios não têm muita estrutura, tudo deve ser dentro da possibilidade de cada um.”

Os oito pré-aprovados serão visitados pela comissão de avaliação e julgamento do projeto, que entrevistará o prefeito da cidade, gestores municipais, agentes do terceiro setor e da iniciativa privada para comprovar o engajamento apresentado na inscrição. “Vamos ao local para avaliar com mais precisão a situação da prefeitura”, afirma Ieva.

Na prática
Após os quatro municípios serem selecionados, começa a implantação do projeto (que deve ocorrer até dezembro de 2010). Ela envolve ações comuns para todos os municípios e outras específicas para cada um.

As primeiras são atividades para diagnosticar as necessidades de capacitação e prioridades de desenvolvimento humano dos participantes, além de apresentar às equipes locais a metodologia de trabalho do projeto.

As ações específicas serão elaboradas com base no diagnóstico. Elas podem ser, por exemplo, o estabelecimento de parcerias voltadas ao fortalecimento institucional, ou a “disponibilização de metodologias e ferramentas para formulação de políticas, programas e projetos em áreas definidas por meio de processo de priorização conduzido por equipes locais”, conforme explicita o regulamento do projeto.

Ieva cita exemplos dessas ferramentas: “Podemos elaborar um ‘banco de boas práticas’”, diz, com referência ao levantamento de práticas já implementadas em outros municípios a serem levadas aos aprovados. “O ponto forte do projeto seria identificar experiências no país que pudessem ajudar e facilitar a aplicação em outros lugares, visando criar mecanismo permanente para esse tipo de troca”, avalia. “Podemos também elaborar uma “plataforma para troca de experiências” entre os próprios municípios desse programa”.

Ela acrescenta que o PNUD também participa do “Fortalecimento de Capacidades para o Desenvolvimento Humano Local” transmitindo suas experiências e conhecimentos relacionados ao desenvolvimento local aplicado a cidades.

Além disso, o valor de R$1,8 milhão não será repassado diretamente aos participantes nem será dividido igualmente entre os quatro. “Uns municípios podem precisar de mais outros de menos”, explica a assessora, lembrando que o dinheiro também será usado para necessidades gerais do projeto, como elaboração de metodologias.

As 160 cidades que podem se candidatar. Lista dos municípios selecionados pelo PNUD - http://cdhl.cnm.org.br/sites/9100/9145/Lista_Municipios_Elegiveis.htm

Inscrições abertas até 10 de julho. Confira o calendário com os prazos e os requisitos - http://cdhl.cnm.org.br/003/00318005.asp?ttCD_CHAVE=108456

Mais informações no site do projeto - http://cdhl.cnm.org.br/


Fábio Brandt, do Pnud
Envolverde, 29/06/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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A bienal depois do caos

O novo presidente da maior mostra de arte da América Latina começa a tapar o rombo de R$ 2,8 milhões e promete para 2010 um evento com um olhar brasileiro

Eleito por unanimidade o novo presidente-executivo da Fundação Bienal de São Paulo, o consultor financeiro e colecionador de arte Heitor Martins, 41 anos, assume uma Bienal paralisada por uma crise financeira e administrativa que se arrasta há anos. Em junho, a fundação deixou de arcar com seu compromisso de promover o financiamento, a organização e a curadoria da representação brasileira na Bienal de Veneza. O impasse e o vazio institucional só foram suplantados com a intervenção do Ministério da Cultura, que fez um aporte de US$ 170 mil para o envio das obras brasileiras. A julgar pelo projeto de Martins, as relações da fundação com as esferas governamentais vão permanecer estreitas. Ele quer que o governo participe da gestão, ocupando quatro diretorias: "A Bienal sempre teve em seu estatuto vagas para o Ministério da Cultura, Itamaraty, Estado e município." Marido da produtora Fernanda Feitosa, criadora da feira SP Arte, e sócio da empresa internacional de consultoria McKinsey & Company, Martins tem pela frente o desafio de pagar as dívidas da fundação e de montar a 29ª Bienal em outubro de 2010.

ISTOÉ - Como se dedicará ao cargo?
Heitor Martins - Mais que a dedicação individual, será o espírito de equipe que permitirá que a Bienal avance. Não é tarefa de uma pessoa só. Temos a equipe da própria Bienal, de 31 colaboradores, uma diretoria com sete diretores voluntários, mas ativos, e um novo grupo de conselheiros.

ISTOÉ - O formato de gestão compartilhada entre diretores é novidade?
Martins - Cada presidente formatou a sua diretoria e a sua equipe. Eu trouxe um modelo de colegiado, de trabalho em equipe mais colaborativo e mais horizontal. Um pouco menos hierárquico, buscando aproximar o corpo técnico da diretoria e do conselho e fazer com que essas entidades trabalhem de uma forma mais coordenada, aproximando a Bienal da sociedade.

ISTOÉ - Na 27ª Bienal, "Como viver junto", Lisette Lagnado propôs um formato semelhante ao compartilhar a curadoria com cinco cocuradores. Temos agora um "Como viver junto" no âmbito administrativo?
Martins - Esse é um modelo mais moderno, mais empresarial. Essas relações hierárquicas mais distantes, esses modelos de "one man show" já não funcionam muito bem.

ISTOÉ - Qual o rombo da Bienal?
Martins - Temos de levar em conta que a Bienal é uma fundação e não gera receita própria. Ela depende de recursos que vêm da sociedade. Ao se fazer uma Bienal, tem-se de montar um orçamento e captar recursos para custeá-la. E o que aconteceu na 28ª Bienal? A captação ficou aquém do necessário. Isso gerou déficit, que hoje está na casa dos R$ 2,8 milhões.

Para estabilizar a situação financeira, a Bienal precisa de um aporte da ordem de R$ 4 milhões. Mas temos confiança de que a sociedade vá abraçar o projeto"


ISTOÉ - Como se compõe a dívida?
Martins - É uma dívida bancária, cujo pagamento requer recursos de bancos. E incluiu algumas dívidas com fornecedores, que têm de concordar em postergar o seu recebimento. Além disso, existe um conjunto de gastos e despesas correntes que são necessários no dia a dia. Para estabilizar a situação financeira, a Bienal precisa de um aporte da ordem de R$ 4 milhões. É necessário fazer o saneamento das dívidas e resgatar o equilíbrio de caixa para uma instituição desse porte.

ISTOÉ - Em tempos de crise financeira mundial, como o seu know-how de consultor financeiro vai ajudar na captação de R$ 30 milhões para montar a próxima Bienal?
Martins - Não há dúvida de que o cenário hoje é muito mais complicado. Mas temos confiança de que a sociedade vá abraçar o projeto. Aportamos habilidade e conhecimentos específicos que no conjunto formam uma equipe muito forte. Tenho muita experiência em estratégia e em formação de equipes.

Temos pessoas que vêm de bancos, alguns empresários empreendedores, advogados. Nomes como os de Miguel Chaia, que está muito bem inserido na comunidade artística e intelectual, e de Julio Verlang, que foi diversas vezes presidente da Bienal do Mercosul.

ISTOÉ - O resgate da imagem da Bienal passa por uma reforma da estrutura administrativa. Qual é seu projeto?
Martins - O primeiro ponto que a gente tem de ressaltar é a importância da fundação. No mundo todo há cinco grandes instituições que marcaram a história da arte contemporânea do pós-guerra. A Bienal de São Paulo é uma delas, junto com Veneza, Kassel, o Museu Georges Pompidou e o MoMA. Ela é anterior à criação do Centro Pompidou e da Documenta de Kassel. É realmente um pilar, reconhecida por qualquer instituição do mundo.

ISTOÉ - Seu protagonismo não se diluiu nos últimos dez anos graças à proliferação de bienais e à crise administrativa da própria instituição?
Martins - Nós temos de assumir essa bandeira: reinserir a Bienal de São Paulo como um dos pilares do cenário da arte contemporânea internacional. Podem existir dezenas de bienais, mas o lugar da Bienal de São Paulo é preservado. O mundo inteiro olha o que está se passando aqui, com grande expectativa. Essa é a primeira coisa que deve ser entendida: o espaço existe, é importante e deve ser preservado. As pessoas perdem a dimensão dessa importância porque se atêm a questões de curto prazo, conjunturais.

ISTOÉ - Mas a crise, mesmo que conjuntural, não põe o prestígio em risco?
Martins - Existem duas crises que se sobrepõem. Há uma que parte de um questionamento sobre o papel das bienais, que se dá em escala global: qual a função de uma bienal em um mercado de arte globalizado, em um mundo onde as feiras passam a cumprir o papel de atualização do que está acontecendo na produção contemporânea? Junto a isso, existe a questão: qual o sentido da Bienal de São Paulo? Em 1951 era muito claro: ela era um mecanismo de conexão da arte brasileira com a arte internacional, em que você trazia o que estava acontecendo no mundo e colocava aqui no pavilhão. Além da crise de identidade das bienais, sobrepõe-se agora uma crise financeira, que é circunstancial.

ISTOÉ - Como lidar com ela?
Martins - Não estamos falando de nenhum obstáculo intransponível. O problema de recursos se resolve se houver projetos que sejam de interesse da sociedade. Você depende dos recursos para realizar a Bienal e para sustentar a fundação. E a sociedade vai estar disposta a apoiar na medida em que esteja em sintonia com os projetos. É muito difícil levantar recursos se não há projetos.

Queremos que a 29ª Bienal esteja muito mais próxima do público. Queremos criar uma Bienal que motive as pessoas a ter um contato direto com a arte contemporânea. As pessoas têm de ser instigadas e provocadas.

ISTOÉ - Em geral, todas as diretorias expressam o mesmo desejo. Como promover essa sintonia?
Martins - O primeiro horizonte é o reaparelhamento financeiro e administrativo da fundação. Precisamos equalizar a questão financeira e rever o modelo administrativo nos próximos três ou quatro meses. Nosso segundo objetivo é a realização da 29ª Bienal em outubro de 2010. A definição de nosso projeto é que essa vai ser uma Bienal muito mais próxima do público, que trará a produção artística para o centro do debate. Desejamos que a Bienal não seja formada por eventos pontuais. Ela não pode nascer e morrer a cada ciclo de dois anos, precisa ter uma ação continuada. Esse é o terceiro ponto da agenda: evitar esse efeito fênix de mudar tudo a cada dois anos e criar as bases para uma atuação muito mais contínua.

ISTOÉ - Como garantir isso?
Martins - Por mecanismos de funding que transcendam uma gestão. Algumas soluções que estamos explorando com muita intensidade são a criação de um programa educativo continuado e o desenvolvimento de mostras subsequentes, que seriam desdobramentos da Bienal de São Paulo. A representação brasileira no pavilhão de Veneza em 2011, por exemplo, vai ser definida dentro do próprio processo curatorial da 29ª Bienal. Também imaginamos uma série de recortes que possam seguir uma itinerância para museus em outras cidades brasileiras e, quem sabe, para fora do País. Isso seria muito importante para divulgar e reforçar o papel da fundação e da arte brasileira no Exterior e para levar a arte contemporânea às populações que estão fora de São Paulo.

"No mundo há cinco grandes instituições que marcaram a história da arte contemporânea do pós-guerra. A Bienal de São Paulo é uma delas"

ISTOÉ - Discute-se também, mundo afora, a pertinência das megaexposições. Há dezenas de novas bienais que não funcionam como panoramas, mas apenas como mostras temáticas.
Martins - São modelos simplificados. Nós não temos de optar por eles. Temos de ocupar o espaço que a Bienal de São Paulo merece e tem no contexto global. Não devemos subestimar a importância do que você chama de megaexposição. Ela é muito importante porque cumpre exatamente esse papel de traçar um panorama do que é a produção contemporânea naquele momento. Esse é o papel de Veneza, de Kassel e de São Paulo.

ISTOÉ - Já temos um sistema de museus e galerias que promove a circulação maior de obras internacionais. O papel de vitrine não estaria obsoleto?
Martins - Sim, a internet e o mercado editorial promoveram um acesso mundial muito maior ao que está se passando em todo o mundo. Além disso, nossos artistas trabalham fora do Brasil, temos um intercâmbio muito grande. Não existe hoje uma fronteira muito clara entre o que é arte brasileira e arte internacional. Ernesto Neto, por exemplo, é visto como um artista contemporâneo, antes de ser visto como artista brasileiro. Essas fronteiras nacionais foram rompidas e atualmente se discute qual o papel da Bienal nesse novo contexto. Nossa proposta é olhar para a arte contemporânea a partir de uma ótica brasileira, o que é uma inversão da ideia original.


Paula Alzugaray
Isto É, Edição 2068, Junho/09

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