segunda-feira, 20 de abril de 2009

Amazônia: moeda de troca do PAC

Para governo, Amazônia desponta como a melhor estrada para levar Dilma à presidência

Em um ato de inaceitável oportunismo político, o plenário da Câmara aprovou ontem emenda proposta pelo deputado petista José Guimarães (CE) que dispensa de licença ambiental prévia as obras em rodovias brasileiras. A medida, que serve para acelerar as obras do PAC, foi incluída na Medida Provisória (MP) 425/2008, que tinha como propósito autorizar o governo federal a usar títulos da dívida pública para injetar recursos no Fundo Soberano do Brasil (FSB). O deputado José Guimarães é também o relator da matéria.

A medida fixa um prazo máximo de 60 dias para que a autoridade ambiental, como o Ibama, emita o licenciamento ambiental. Ao final desse prazo, a licença será automática. A emenda altera a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei No 6.938, 81), reduzindo as medidas que garantem a devida análise dos impactos ambientais e a definição de medidas mitigadoras e compensatórias em obras de infra-estrutura como essas.

“O deputado José Guimarães é o mesmo que teve um assessor flagrado com dólares escondidos na cueca. Agora, ele usa o mesmo artifício para enfiar, em uma MP de caráter econômico, um corpo estranho que acaba com a exigência de licenciamento ambiental prévio nas obras de infra-estrutura. Hoje é uma estrada. Amanhã será uma hidroelétrica?”, questiona Paulo Adário, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “Pior: ao conceder automaticamente a licença depois do prazo máximo, o governo resgata um artifício usado durante a ditadura militar para legitimar seus interesses escusos – com o agravante de que a medida passa a valer pra todo mundo”.

Diversos estudos apontam que 75% do desmatamento ocorrem ao longo de estradas pavimentadas da região. Em muitos casos, como na rodovia BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), somente o anúncio do asfaltamento no restante da estrada estimulou enorme migração de fazendeiros e madeireiros, o que resultou em altas taxas de desmatamento e modificação drástica da paisagem.

Até o fim de 2010, o PAC prevê a modernização, a pavimentação e a duplicação de quase duas dezenas de estradas, ao custo de mais de R$ 8 bilhões em investimentos públicos e privados. Entre as rodovias beneficiadas está a BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), cujo asfaltamento é defendido com unhas e dentes pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, com o objetivo de pavimentar sua candidatura ao governo do estado do Amazonas em 2010.

Durante a votação, poucos deputados preocupados com os impactos ambientais dessa medida tentaram excluir da MP 425/2008 a dispensa do licenciamento, mas sem sucesso. Governistas derrubaram os dois destaques sobre o licenciamento. Ficou para esta quarta a votação de um último destaque sem relação com esses itens. Após concluída a votação, a MP 452 vai para o Senado.

Se aprovada pelo Senado, a emenda do deputado José Guimarães pode causar danos sem precedentes ao meio ambiente, em particular à Amazônia e o clima global. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases do efeito estufa por causa da destruição da Amazônia. Zerar o desmatamento é a principal contribuição do país na luta contra as mudanças climáticas.

No entanto, iniciativas como a emenda do deputado José Guimarães, somada a outras em tramitação no Congresso – como o Floresta Zero, a MP da Grilagem e o lobby pelas alterações do Código Florestal – colocam em cheque as metas de redução de desmatamento assumidas internacionalmente pelo governo brasileiro no Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

“A campanha eleitoral, antecipada pelo presidente Lula para eleger a chefe da Casa Civil como sua sucessora, virou um trator que derruba tudo pela frente. A política ambiental está sendo sacrificada deliberadamente no altar da sucessão presidencial. E que a ministra Dilma não tenha dúvidas: o PAC, que poderia perfeitamente ser rebatizado de Plano de Aceleração da Catástrofe, vai abrir uma cicatriz irreparável na política ambiental brasileira e na imagem do país no exterior. E, desta vez, não haverá plástica que dê jeito”, disse Adário.


Redação do Greenpeace
Envolverde, 16/04/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Banco Real lança curso online sobre sustentabilidade

No dia 22 de abril, quarta-feira, o Banco Real, integrante do Grupo Santander Brasil, lança o seu mais novo curso on-line sobre sustentabilidade. A iniciativa dá continuidade às ações do Espaço Banco Real de Práticas em Sustentabilidade, que tem como objetivo disseminar o tema e compartilhar com a sociedade a experiência acumulada pela instituição desde 2000. O curso é aberto a qualquer pessoa interessada no assunto – clientes, fornecedores, educadores, estudantes, empresários, entre outros. Para participar basta acessar o site de sustentabilidade do Banco Real pelo link: http://www.bancoreal.com.br/sustentabilidade.

O curso é apresentado no formato de filme, dividido em três capítulos, que serão lançados em etapas. Cada filme, com duração média de 6 minutos, é complementado por quizzes e textos, caso o participante queria se aprofundar nos temas abordados e receber um certificado ao final do terceiro capítulo.

Segundo Maria Luiza Pinto, Diretora Executiva de Desenvolvimento Sustentável do Grupo Santander Brasil, “o curso de sustentabilidade foi criado com o intuito de oferecer um conteúdo inspirador sobre o tema que tivesse a capacidade de disseminar o movimento da sustentabilidade entre as pessoas, sejam elas clientes ou não”. Ainda de acordo com a executiva, “a ideia é ampliar a capacidade de influenciar indivíduos e organizações a adotarem práticas que levem ao desenvolvimento sustentável, um tema urgente para toda a sociedade e que gera muitos benefícios para quem o pratica”.

Para ajudar nessa missão, a instituição criou o Roberto, um personagem que, assim como grande parte da população, ainda tem dúvidas sobre como aplicar a sustentabilidade no cotidiano, mas que já começa a descobrir a importância desse tema. “O indivíduo é o grande responsável pela mudança que precisa ser feita e por isso criamos o personagem, que pode ser qualquer um de nós. O Roberto é uma pessoa que tem algumas informações sobre sustentabilidade, mas que está passando por um processo de aprendizado sobre o estado atual do planeta e sobre os novos paradigmas de negócios. Nossa idéia foi criar uma pessoa comum, com a qual todos pudessem se identificar”, afirma Sandro Marques, Superintendente de Desenvolvimento Sustentável do Grupo Santander Brasil.

No site do Práticas já estavam disponíveis cursos online específicos sobre Direitos Humanos, Edificação Sustentável e Diversidade. Para 2009 também serão lançados outros dois, um sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e outro sobre Investimento Social Privado. ”Queremos compartilhar a bagagem que acumulamos sobre o tema ao longo dos anos, pois entendemos que, com isso, ajudaremos a encurtar o caminho dos indivíduos e organizações em direção à sustentabilidade. A disponibilização de conteúdos online permite que os participantes dividam esse tema com seus amigos e familiares, atuando também como disseminadores de conceitos e práticas de sustentabilidade”, reforça Maria Luiza.

Em dezembro de 2007, o Banco Real lançou o “Espaço Real de Práticas em Sustentabilidade”, um modelo inédito de colaboração no Brasil, desenvolvido para compartilhar com a sociedade o conhecimento adquirido pela instituição sobre o assunto. A intenção é trocar idéias e experiências entre organizações de diversos setores para que, juntos, o caminho para um mundo sustentável seja encurtado.

Desde dezembro de 2007, cerca de 1.250 profissionais representantes de aproximadamente 670 organizações clientes e fornecedoras, entre empresas, órgãos do governo e ONGs, já participaram do treinamento presencial “Sustentabilidade na Prática: Caminhos e Desafios”, exclusivo para clientes corporativos e fornecedores do Grupo Santander Brasil.

Em 2008 foram realizadas 13 turmas em diversas regiões do Brasil,(São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Campinas, Vale do Paraíba, Brasília e Porto Alegre). Além do treinamento de dois dias, a instituição promoveu cafés da manhã, workshops, oficinas customizadas e criou um site colaborativo para as organizações participantes. Para 2009, a agenda de novos cursos iniciou no mês de março, com a primeira turma do “Caminhos e Desafios” em São Paulo. Outras 12 serão realizadas até o final do ano.

“O resultado do curso tem sido surpreendente, cada vez mais conseguimos acompanhar o impacto provocado nas organizações participantes. Além desses encontros presenciais, temos, hoje, mais de 380 pessoas cadastradas em um espaço virtual exclusivo chamado Meu Espaço de Práticas, onde compartilham experiências e trabalham em cooperação”, comenta Maria Luiza Pinto, diretora executiva de Desenvolvimento Sustentável do Grupo Santander Brasil, que reúne os bancos Santander e Real.

O “Práticas” conta com um Conselho Consultivo formado por líderes de diversos setores da sociedade, para avaliar as futuras iniciativas do projeto e dividir o conhecimento para multiplicar ações. Junto com o presidente do Grupo Santander Brasil, Fabio Barbosa, fazem parte do conselho: Rogério Amato (Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social), Ricardo Young (Instituto Ethos) e Claude Ouimet, vice-presidente da InterfaceFLOR comercial (empresa líder no em sustentabilidade em âmbito mundial). Também fazem parte do conselho clientes como Wilson Ferreira Jr (CPFL), Demorvan Tomedi (Pampex) e Ivo Gramkow (Gramkow Bio Produtos Orgânicos), além de Celina Antunes (Cushman & Wakefield Semco), representando os fornecedores, Alexandre Hohagen (Google), Mario Monzoni (FGV-CES), Helio Mattar (Akatu), Roberto Smeraldi (Amigos da Terra), Valdemar de Oliveira Neto (Avina) e Altair Assumpção (Banco Real).


Redação da Pauta Social
Envolverde, 16/04/09
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Acelera, Ayrton - Como, em um país no qual as ONGs vivem de pires na mão, o Instituto Ayrton Senna caminha para a sustentabilidade financeira

Ratto, gerente, coordena a estratégia de negócios do instituto, que amealhou R$ 17 MILHÕES no ano passado com a cobrança de royalties

Um dos destaques da Abrin, a feira da indústria de brinquedos ocorrida na semana passada em São Paulo, foi o lançamento da réplica em metal de um carro da equipe McLaren da temporada 1989 de Fórmula 1. O pequeno bólido, desenhado para pistas de autorama, vai custar R$ 200 no varejo. O valor bastante elevado para um produto do tipo se deve ao fato de o modelo ser semelhante ao usado pelo piloto brasileiro Ayrton Senna. Esse carrinho integra a lista de cerca de 250 itens (roupas, brinquedos e cadernos, por exemplo) vendidos com as grifes Ayrton Senna, Senna (simbolizado pelos dois "S") e Senninha no Brasil e em países da Europa, Ásia e do Oriente Médio.

No total, el
es geraram R$ 17,03 milhões em royalties no ano passado. Mais que um negócio lucrativo, a gestão da imagem do esportista, falecido em 1994, é a principal alavanca financeira do Instituto Ayrton Senna (IAS), fundado e dirigido por Viviane Senna, irmã do piloto. Em 2008, o licenciamento garantiu 76% do orçamento de R$ 22,4 milhões do instituto. Não é exagero dizer que a entidade caminha em direção à independência financeira, algo raríssimo em um país no qual as ONGs vivem de pires na mão ou dependem enormemente de benesses oficiais.

O IAS conseguiu esse resultado graças a uma administração estratégica que inclui agilidade na hora de fechar parcerias e de fazer mudanças de rota. Um bom exemplo foi a reformulação da loja virtual, a Senna Store, cuja linha de produtos passou de 30 para 120 no final de 2007. "Nossa base de clientes é composta por dez mil internautas ávidos por novidades",destaca Mauro ratto, gerente de desenvolvimento de negócios do iAS. "Trata-se de um modelo inteligente, mas muito difícil de ser copiado", avalia Fernando Machado, diretor da filial brasileira da consultoria Boston Consulting Group (BCG).



Segundo Machado, mesmo nos estados Unidos, apenas um seleto grupo de onGs e iniciativas se mantêm graças à venda de produtos. É o caso da campanha o Câncer de Mama no Alvo da Moda, cujo círculo azul desenhado pelo estilista ralph Lauren estampa camisetas, da Fundação Lance Armstrong, que lançou a moda das pulseiras de borracha, e da newman's own, que comercializa uma linha de molhos com a figura do ator Paul newman. o iAS, no entanto, tem um desafio adicional que é evitar o envelhecimento de uma marca baseada em um esportista que morreu há cerca de 15 anos.

Na opinião do diretor da BCG, é exatamente aí que reside um dos grandes méritos do instituto Ayrton Senna. "A entidade conseguiu capitalizar a força das marcas Senna e Senninha, que hoje desfrutam de um peso semelhante, no mercado brasileiro de licenciamento, ao de personagens globais como Super-homen e hello Kitty, no imaginário infantil, e Ferrari, no caso de itens ligados à F-1", opina. "Mesmo quem não conheceu o esportista valoriza o trabalho do instituto", completa.

São essas características que fizeram com que cerca de 50 empresas, do porte de Grendene (calçados), Suzano (papel) e diverbrás (jogos eletrônicos), buscassem vincular seu nome ao universo Ayrton Senna. "Um personagem forte tem o poder de abrir espaço nas gôndolas dos supermercados e de ampliar em até 30% as vendas", argumenta decio Augusto da Costa Filho, diretor da Cepêra Alimentos. "especialmente quando os consumidores sabem que parte do valor da venda será destinada a projetos sociais de reconhecida relevância", completa. Assim como a campanha O Câncer de Mama no Alvo da Moda é uma referência na área de saúde, o Instituto Ayrton Senna está intimamente ligado à melhoria na qualidade da educação. desde 1994 os programas Se Liga e Acelera Brasil, gerenciados pelo instituto, já beneficiaram 11,6 milhões de crianças e jovens em 1.372 cidades de norte a sul do Brasil.


Rosenildo Gomes Ferreira
Boletim IstoÉ Dinheiro - Edição 602, 20/04/09

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