quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Estratégias para explorar o caos criativo das organizações

Gestão do conhecimento, criatividade e cultura, principais ingredientes da inovação sustentável, requer novos métodos.

Pessoas de todo o mundo interligadas em redes sociais. Liderança intelectual no lugar da hierarquia funcional. Conhecimento, criatividade e ousadia representando uma nova moeda. Conflito de idéias como instrumento de criação de novos caminhos. É nesse ambiente, em outros tempos considerado confuso, que organizações inovadoras sustentáveis precisam atuar. O físico Fritjof Capra não poderia ter exemplificado melhor o tamanho desse desafio ao afirmar que o território no qual operam “se aproxima do limite do caos”.

Na busca de estratégias para tirar proveito do caos criativo nas organizações, a área cultural sobressai-se como uma fonte inesgotável de benchmarking. Com base na experiência desse setor, foi criado, por exemplo, o conceito de economia criativa que reúne as atividades que extraem a sua matéria-prima da cultura e criatividade.

De acordo com a definição da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNCTAD), a economia criativa é uma opção viável de desenvolvimento que convida à inovação, a respostas políticas multidisciplinares e à ação intersetorial.

Na opinião de Lala Deheinzelin, consultora da Enthusiasmo Cultural e assessora do Programa de Economia Criativa da South-South Cooperation Unit/PNUD/ONU, um ambiente favorável à inovação requer, como condições necessárias, a ação multisetorial, o desenvolvimento de profissionais transdisciplinares, capazes de integrar esforços de diferentes atores; o foco em distribuição e acesso e não apenas em produção, novas tecnologias e modelos de gestão para estabelecer redes de cooperação, assim como novas métricas para mensuração de resultados.

Segundo a ONU, a economia criativa é responsável por 10% do PIB mundial. No relatório “Creative Economy”, a UNCTAD divulga que, entre 2000 e 2005, os produtos e serviços criativos mundiais cresceram a uma taxa média anual de 8,7%. Duas vezes mais do que o setor de manufaturas e quatro vezes mais do que a indústria.

Segundo Lala, estamos vivendo uma mudança de época. Esse período é caracterizado pela transição de uma centralidade - que existiu durante décadas, em que todos os recursos eram tangíveis e, portanto, finitos - para um momento em que aquilo que tem mais valor está ligado ao intangível. “Nesse contexto, temos um recurso que é como se fosse a galinha dos ovos de ouro porque tudo aquilo que está ligado ao intangível – conhecimento, criatividade e cultura – além de não se esgotar, se multiplica e renova”, explica.

Futuros desejáveis
Outra barreira à inovação sustentável diz respeito à falta de diretrizes no longo prazo que orientem os esforços de inovação à sustentabilidade. Nesse contexto, surge a idéia de criar futuros desejáveis, complementar ao conceito de economia criativa.

Segundo Lala, a metodologia propõe a geração de futuros positivos a fim de orientar escolhas e inspirar inovação. “A metodologia que propomos é diferente porque não parte de uma projeção do presente, que tende a ser muito negativa, mas sim estimula a refletirmos para onde queremos ir e a partir daí desenhar os caminhos para alcançar esse futuro desejável”, explica.

De acordo com Lala, as organizações que pretendem estimular essa prática devem, em primeiro lugar, assumir uma postura de que o futuro ainda não é, está por vir e, portanto, pode ser transformado. Além disso, é importante que as pessoas se percebam como co-autoras do futuro.

“Assumir a responsabilidade pelo futuro implica ousadia em questionar: e se fosse tudo diferente? Além disso, a perspectiva de buscar um futuro desejável tem um poder maior de mobilização. As pessoas se animam mais a andar quando vêem algo atraente pela frente do que quando tem uma previsão tenebrosa”, ressalta.

Liberdade como via inovadora
Em se tratando de ousadia, o Google se destaca. Desde o seu nascimento, a empresa tem revolucionado o mercado com a introdução de soluções voltadas às necessidades reais dos usuários.

Por trás de serviços e produtos inovadores, está uma estrutura organizacional e ambiente interno que proporcionam a colaboração, liberdade de expressão e certo clima de informalidade que favorece a troca de idéias entre os funcionários.

“As pessoas são estimuladas a dedicar 20% do tempo de trabalho para pensar em algo inovador. Elas podem pensar em como usar as ferramentas já existentes para novas finalidades, na integração de funcionalidades diferentes, com novas características que não foram pensadas ou então algo completamente novo, seja um produto, uma idéia inusitada ou um serviço que não está disponível no mercado ainda”, explica Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google Brasil.

E à medida que os esforços de inovação da empresa voltam-se para a sustentabilidade, surgem iniciativas interessantes como o Google Earth Outrech. A iniciativa disponibiliza versões mais avançadas do software de imagens de satélite para organizações não governamentais.

A idéia partiu de uma engenheira do grupo, Rebecca Moore, hoje diretora global do Google Earth Outrech, quando uma área verde do bairro em que morava na Califórnia passou a ser ameaçada por um empreendimento imobiliário. Rebecca dedidiu mostrar ao mundo o que estava acontecendo naquela comunidade. Criou uma programação no Google Earth e passou disparar imagens que registravam a retirada da madeira da região, o impacto nas nascentes dos rios, na fauna, flora e em toda a biodiversidade.

“O resultado foi surpreendente. Pessoas de todo o mundo se mobilizaram contra a obra, que acabou sendo embargada. Diante disso, Rebecca percebeu que a ferramenta poderia ser útil na promoção de causas ambientais e sociais”, afirma Ximenes.

A experiência tem inspirado outras iniciativas voltadas à sustentabilidade. Em 2007, o Google anunciou o compromisso de se tornar carbono neutra. Desde então, tem mobilizado seu time de funcionários e empresas do setor de Tecnologia da Informação a viabilizar o desenvolvimento de energias renováveis.

No mesmo ano, fundou, junto a Intel, o Climate Savers Computing Initiative. Esse consórcio, sem fins lucrativos, tem como meta reduzir pela metade o consumo de energia dos computadores até 2010, reduzindo as emissões de carbono em cerca de 54 milhões de toneladas por ano.

Voluntariado e inovação
Na General Eletric, a prática do voluntariado tem auxiliado a empresa a atender às expectativas de seus mercados e, ao mesmo tempo, oferecer respostas para dilemas complexos colocados pelo desenvolvimento sustentável.

Segundo Marcelo Mosci, presidente da GE para a América Latina, o voluntariado contribui na formação de profissionais, principal fator de inovação da empresa. “É um caminho de ida e volta. Cada pessoa tem uma competência que pode ser colocada a serviço da comunidade. Em troca obtém um ensinamento único que o ambiente de trabalho dificilmente proporciona. Ao perceber que pode melhorar o meio em que vive, o profissional começa a pensar diferente e basear suas ações em propósitos”, afirma.

A empresa conta com um grupo de voluntários desde 1928, ano da criação do GE Volunteers. Mas foi só recentemente que o voluntariado começou a assumir contornos mais estratégicos. Segundo Mosci, a prática também melhora a capacidade de gestão da empresa. Essa descoberta surgiu a partir do momento em que a empresa passou a incorporar atividades junto à comunidade em reuniões de equipe e treinamentos. “Todas as vezes que fazíamos grandes reuniões de staff, contratávamos alguém para criar um ambiente integrado entre as pessoas. Até que, em um encontro no México, nasceu a idéia de realizar um serviço comunitário para esse fim”, ressalta.

Os profissionais da GE se dedicam a atividades voluntárias dentro do seu horário de trabalho. No Brasil, o GE Volunteers possui quatro conselhos distribuídos em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Além das atividades realizadas com as entidades parceiras, a GE realiza círculos de leitura com alunos da rede pública de ensino. Os encontros ocorrem na companhia e são conduzidos pelos multiplicadores do Instituto Fernand Braudel e voluntários da GE.

Segundo Alexandre Alfredo, diretor de comunicação da empresa, as crianças e jovens que participam dos círculos convidam os voluntários a refletir sobre o mundo à sua volta, estimulando novas atitudes. “No início, tivemos receio de que a integração com o grupo pudesse não ocorrer. Mas fomos surpreendidos. Começamos a ler clássicos, como os de Platão e Sócrates, por exemplo, e não demorou muito para que surgissem perguntas do tipo: ‘qual o paralelo disso com a nossa sociedade?’. Essa experiência convoca nossos profissionais a refletirem e pensarem fora da caixa”, afirma.

Além de orientar as atividades de voluntariado, a busca de soluções voltadas para os principais problemas da sociedade tem se mostrado um importante nicho de negócio para a empresa. Em 2004, a GE lançou a linha Ecoimagination e o compromisso de investir US$ 1,5 bilhão de dólares na pesquisa e desenvolvimento de soluções sustentáveis até 2010.

Elementos-chave para um ambiente favorável à inovação sustentável
* Estímulo a atividades comunitárias;
* Criação de redes de colaboração;
* Flexibilização das estruturas organizacionais;
* Fomento ao debate de idéias e conflitos criativos;
* Sensibilidade ao ambiente externo;
* Tolerância a novas idéias.

Veja mais em www.ideiasocioambiental.com.br


Juliana Lopes, da Revista Idéia Socioambiental
Envolverde, 14/01/09
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Grife de detentos na Alemanha vira cult

Caixinha traz jogo da memória com imagens das tatuagens comuns entre os presos
Foto Divulgação


Batizada com o nome com o qual a penitenciária Fuhlsbüttel, de Hamburgo, norte da Alemanha, é conhecida mais popularmente, a linha Santa Fu traz produtos criados, manufaturados e embalados pelos detentos de uma das cadeias mais famosas do país.

Comercializada sob o lema "mercadorias quentes da cadeia", a grife já é considerada cult pela imprensa local.

A coleção inclui não só roupas, como jogos, toalhas, livros e outros acessórios e tem na irreverência sua marca principal. Os artigos são inusitados e contam sempre com um toque sarcástico de humor.

O boné da Santa Fu traz a logomarca da grife, quatro traços cortados por um quinto risco. Um símbolo que, no imaginário popular, lembra o método com que presos contariam os dias passados atrás das grades.

Já o jogo da memória "Tatoo" mostra fotos de tatuagens dos corpos dos próprios detentos. As camisetas e bótons trazem palavras como "culpado", "inocente", "perpétua" ou apenas estampas lembrando grades.

O jogo "Alarm!" (alarme), funciona como um Ludo ao contrário. Quem vence não é quem chega primeiro ao objetivo, mas quem salta mais rápido do tabuleiro, que representa uma prisão.

No livro de culinária "Huhn in Handschellen" ("Galinha Algemada"), uma das receitas mais curiosas criadas pelos presidiários é a do "espaguete com peixe torturado", com arenque enlatado como ingrediente principal. A grife tem também produtos de beleza, como o set masculino para higiene pessoal "Bleib sauber" ("Fique Limpo").

Realizado há dois anos pela instituição carcerária, em parceria com agências de publicidade e marketing, o projeto foi premiado com o selo "Alemanha, país das ideias", um reconhecimento do governo alemão a empreendimentos inovadores no país.

A iniciativa chama atenção não só pela originalidade, mas também por contribuir para incentivar a reabilitação dos presos auxiliando, ao mesmo tempo, outros projetos de cunho filantrópico. Parte da renda é destinada a uma entidade de assistência a vítimas de crimes.

Até agora, o projeto já vendeu mais de 17 mil produtos, faturando quase 300 mil euros, através dos cerca de 40 pontos de vendas distribuídos em algumas cidades alemãs e pela página de internet da iniciativa.


Marcio Damsceno, da BBC Brasil, de Berlim
Folha Online, 14/01/09

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A marca pode salvar a empresa da falência

Estamos iniciando mais um ano e este vai passar como o passado. O tempo é implacável para todos, principalmente para o gestor de uma empresa. Este é o momento de tomar decisões importantes, de gerir cada vez melhor, e não há mais desculpas para o desconhecimento, a inércia da Lei e de seus direitos. A globalização bate-nos à porta, desanuvia os conceitos passados e a nova gestão toma conta. É hora de mudar ou se ofuscar na busca da liderança.

É fundamental tomar decisões que venham a agregar valor à empresa e aumentar o seu patrimônio ativo. Portanto, é o momento de investir em uma identidade no mercado. E o início dessa trajetória é o registro da marca.

Apesar do cenário sombrio, não há lugar para o medo. É necessário ousar, criar, faturar! Um dos caminhos para se alcançar o objetivo, e o sonho se tornar real é registrar a marca da empresa, dando-lhe uma propriedade prevista constitucionalmente. Muitos empresários não atribuem a devida importância à marca, e não a consideram como uma propriedade. Esse é um engano perigoso, pois se trata de propriedade no seu sentido lato sensu, e, dela, pode-se usar, gozar, usufruir e, também, é possível reavê-la.

A doutrina mais moderna no assunto já discute a usucapião da propriedade industrial. Temos nela a marca, no sentido mais amplo da propriedade, em que todos os investimentos vão ser contabilizados, revertendo-se em patrimônio intangível da empresa.

Li recentemente o livro Casa Gucci, da jornalista Sara Gay Forden, em que a autora discorre sobre a história da marca Gucci e a luta da família para firmar o nome da empresa no mercado de artigos de luxo. Em um determinado momento da vida da empresa, só lhe restava a marca.

E foi exatamente ela, a marca, que salvou a empresa da falência. No instante mais difícil, a família Gucci se valeu da identidade desenvolvida para seus produtos e conseguiu virar o jogo.

O enredo nos fala claramente do empenho, do desejo e da ambição de angariar o maior número possível de marcas para o patrimônio da empresa. São elas que geram os bilhões de dólares de lucros aos investidores da moda.

Mais uma vez, parei para indagar que a importância da marca em uma empresa não tem limites. Bem-estruturada e trabalhada, a marca torna-se fonte de lucros imensuráveis para os seus titulares.

Hoje, com a concorrência cada vez mais acirrada, não sobra espaço para o "achismo", o "se der", e os vários "sés" do negócio. É preciso acreditar na empresa, em sua identidade, sua capacidade e, principalmente, em sua marca. Atitudes empreendedoras sustentam o futuro do negócio, e o registro da marca é requisito para o sucesso empresarial.


Maria Isabel Montañés
Agente da Propriedade Industrial e diretora da Cone Sul Marcas e Patentes.
HSM On-line, 13/01/09

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Proteja-se das mentiras na negociação

Se as mentiras são inevitáveis, é melhor evitar cair em suas armadilhas. Confira aqui as dicas do especialista em negociação Robert S. Adler.

Robert S. Adler, especialista em ética e negociação e professor da University of North Carolina, reconhece que mentir é útil. Afinal, começamos a mentir por volta dos 3 ou 4 anos e continuamos a fazê-lo diariamente, colhendo seus benefícios. Afinal, "a mentira amplia a capacidade criativa, expande o ego e suaviza os contatos sociais", segundo disse a ex-embaixadora norte-americana Clare B. Luce.

A maioria das pessoas não consegue detectar mentiras. As dicas clássicas sobre os sinais (gestos e olhares) que damos ao mentir falham, porque os mentirosos hábeis as conhecem. Os negociadores, contudo, devem se proteger das mentiras, para evitar que a outra parte os conduza por caminhos indesejados. Confira, aqui, os conselhos de Adler para a sua proteção na mesa de negociação:

Antes de negociar
* Saiba com quem vai lidar: pesquise o passado da outra parte. Faça uma busca na internet e nos órgãos de defesa do consumidor, por exemplo.
* Estabeleça normas para a negociação. Acordos pré-negociação podem obrigar a observância de alguns padrões de conduta durante o processo. A recusa de um dos lados em se comprometer com uma negociação "de boa fé" pode indicar que existe a intenção de ocultar aspectos relevantes.

Durante a negociação
* Observe possíveis sinais de inconsistência. É preciso observar a outra parte, durante a negociação, com especial atenção para as mudanças de comportamento. Se uma pessoa falante se cala de repente ou um negociador calmo se altera, vale se perguntar o que isso significa e ficar alerta.
* Pergunte de maneiras diferentes. Quem quer enganar o outro nem sempre recorre a mentiras, mas, em vez disso, se esquiva, disfarça ou faz ironias. Se você perguntar a alguém se ele já foi condenado por fraude, ele pode responder que jamais recebeu tal condenação, mas isso não quer dizer que ele não tenha sido acusado de fraude.
* Procure resumir com as próprias palavras o que foi dito e peça que o outro responda se é isso ou não. Se a resposta não couber em um "sim" ou um "não", o negociador terá motivos para continuar a investigação.
* Pergunte objetivamente. Em qualquer situação em que um lado acha que o outro não está sendo transparente, cabe perguntar se há algo intencionalmente oculto.
* Faça perguntas para confirmar o que já sabe. Se o outro lado responder com uma mentira, levantará dúvidas sobre sua postura.
* Tome nota durante a negociação e leia-as, pedindo a confirmação do outro lado. Quando surgem problemas após o encerramento de um acordo, uma das dificuldades para manter a responsabilidade do outro lado é a definição do que realmente foi dito.
* Insista para que esclarecimentos importantes constem do documento final, como um compromisso de compra, por exemplo.
* Recorra a cláusulas de contingência, que garantam proteção específica, caso o entendimento do documento final se revele equivocado. Nos acordos de contingência, as partes concordam de antemão sobre as consequências e soluções cabíveis para algumas eventualidades.
* Confie, mas cheque. As partes tendem mais a confiar uma na outra quando têm meios de saber se a exposição dos fatos é honesta.


HSM on-line, 13/01/2009

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Uma breve história do marketing

Uma animação criada pela agência alemã Scholz & Friends, mostra de maneira rápida a história do marketing. Desde o antigo tempo das poucas marcas e do horário nobre, até os dias da rejeição de publicidade.


A short history of marketing from Michael Reissinger on Vimeo.


Brainstorm #9, 13/01/09

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Edital prevê até R$ 4 milhões para projetos culturais

Seleção do MCT, Sebrae e Finep prevê recursos não-reembolsáveis para projetos de inovação nas áreas de música, audiovisual, manifestações populares e artes cênicas Edital prevê, no mínimo, R$ 300 mil para cada projeto aprovado; inscrição vai até 30 de janeiro
Foto Sílvio Simões


Apoiar micro e pequenas empresas do segmento da economia da cultura no desenvolvimento e implantação de produtos e processos novos ou com melhorias tecnológicas. Esse é o objetivo da Encomenda do Ministério da Ciência e Tecnologia, Sebrae e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O prazo para apresentação das propostas termina dia 30 de janeiro.

Trata-se de uma seleção pública de instituições interessadas em obter apoio para projetos de inovação ligados à criação, produção, circulação, difusão e consumo de bens e serviços culturais nas cadeias produtivas da música, audiovisual ou editorial. Para isso, serão comprometidos recursos não-reembolsáveis no valor de R$ 4 milhões.

A seleção das entidades ocorrerá em duas fases. Na primeira, a instituição proponente deverá apresentar uma carta de manifestação de interesse explicitando o escopo em que atua e os produtos e serviços prestados pela entidade, assim como disponibilidade de equipe, de infra-estrutura, portfólio de projetos voltados para o segmento da economia da cultura e investimentos de parceiros locais.

A proponente que tiver a carta de manifestação selecionada estará habilitada para apresentar seu projeto. As propostas podem ter solicitação de apoio financeiro de, no mínimo, R$ 300 mil, e, no máximo, R$ 500 mil. Esses limites não devem considerar valores de contrapartida e outros aportes ao projeto.

A apresentação da carta de manifestação de interesse deve ocorrer até o dia 30 de janeiro. O resultado da seleção acontece em fevereiro, e, em março, os interessados devem enviar a proposta de projeto. Todos esses prazos e o regulamento completo podem ser encontrados no site www.sebrae.com.br/inovacao. Dúvidas podem ser sanadas pelo telefone (61) 3348-7430 com o analista da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae, Ancelmo Góis.

O prazo de execução do projeto será de até 24 meses, podendo ser prorrogado a critério da Finep e do Sebrae. Poderão ser apoiadas despesas correntes, como material de consumo, software, instalação e manutenção de equipamentos, passagens, diárias e participação em eventos. Também serão apoiadas despesas de capital como equipamento, material permanente e material bibliográfico, obras e reformas. Além disso, o recurso poderá ser empregado em despesas operacionais e administrativas destacadas na Lei de Inovação (Lei no 10.973/04).

Serviço:
Economia da Cultura – Apresentação da carta de manifestação de interesse até 31/01/2009 / informações: www.sebrae.com.br/inovacao
Dúvidas: (61) 3348-7430 com o analista Ancelmo Góis
Agência Sebrae de Notícias – (61) 3348-7138 / 2107-9362 / www.agenciasebrae.com.br



Giovana Perfeito
Agência Sebrae de Notícias, 13/01/09

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Sustentabilidade se esvai pelas bordas

O ano começou e as expectativas de uma crise já estão fazendo vítimas entre as pequenas empresas, principalmente aquelas que prestam serviços para as grandes. Das matrizes na Europa ou Estados Unidos vêm a ordem de cortar 30%, em média, das despesas. As diretorias locais e as assessorias de comunicação se apressam em dizer que não haverá demissões e que os investimentos estão mantidos. No entanto, não estão colocando nas contas as pequenas empresas prestadoras de serviços que estão tendo seus contratos rompidos com explicações do tipo: “Você entende, não é nada pessoal, é que temos de reduzir despesas”.

Pequenas empresas que investiram forte nos três primeiros trimestres de 2008 para fazer frente ao “crescimento chinês” da economia brasileira, e que agora estão tendo de rever seus custos e demitir pessoas. O governo tem feito um grande esforço para garantir a oferta de crédito para as grandes empresas continuarem a operar, para as montadoras continuarem a vender carros ultrapassados e beberrões e para que a “grande economia” não pare. No entanto são as pequenas empresas que vão absorver os “cortes de custos” das grandes. E isto ainda não está sendo medido de fato.

No mundo real, desde que o ano começou a maior parte dos pequenos prestadores de serviços que conheço estão alertando que contratos não estão sendo renovados. Somente aqui na Envolverde tivemos quatro grandes clientes, com faturamento acima do bilhão por ano, cortando contratos menores de 3 mil reais por mês. Não há, nos cortes, juízo de valor de impacto na cadeia produtiva. E, honestamente, nem sei se teria como haver. O importante á a constatação de que conteúdos sobre sustentabilidade e responsabilidade social estão deixando de ser comprados por grandes empresas em função de redução de custos.

As bordas do mercado, aquelas áreas que alimentam os pequenos empreendedores, estão sendo arrancadas como “gordura”. Um produtor e comerciante de brindes sustentáveis me disse há alguns dias: “Na hora do aperto um produto de comunidade ribeirinha da Amazônia é trocado por uma bugiganga chinesa sem nenhum constrangimento”. As empresas cortam custos na planilha.

A crise certamente não vai engolir o Brasil, como tantas outras fizeram ao longo das últimas décadas. No entanto, mais uma vez as pequenas empresas e organizações precisam se reinventar e buscar uma gestão mais eficiente (em alguns casos com cortes na carne) e produtos e serviços inovadores. E não se trata de pedir ajuda ao governo, mas de fazer os governos verem que suas ações surtem efeitos apenas no centro dos mercados. Na periferia dos negócios, onde se aplica o Simples, as empresas precisam de apoio. É lá que o desemprego vai pegar mais pesado, onde a informalidade vai retomar força e a pirataria pode seduzir incautos.

A sustentabilidade pode ser a tabua de salvação para muita gente. Precisa ser, também, um critério a ser usado nos cortes. Não se trata de punir ineficiência, mas sim de preservar capital humano para a retomada do crescimento, que será em breve. Tenho certeza.


Dal Marcondes
Agência Envolverde, 13/01/09
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Governo tem R$ 8 bi para moradias, mas faltam projetos das prefeituras

Preocupado com a falta de projetos das prefeituras por verbas da União, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar o encontro com os novos prefeitos, convocado pelo governo e que acontecerá nos dias 10 e 11 de fevereiro, para passar orientações de como elas devem se organizar para disputar os recursos federais. Uma das recomendações é a formação de consórcios para a contratação de equipes técnicas encarregadas de elaborar os projetos. O governo tem R$ 8 bilhões para gastar em obras de saneamento, urbanização de favelas e construção de moradias, mas entre os entraves que dificultam a aplicação está a falta de projetos, que precisam ser apresentados pelas prefeituras e aprovados pelo governo para a liberação dos recursos. O dinheiro está previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). É o que mostra reportagem de Luiza Damé e Regina Alvarez na edição desta terça-feira em O GLOBO.

O esforço do governo é para reduzir o déficit habitacional do país, que está em 7,2 milhões de moradias, e melhorar as condições de saneamento. Hoje, segundo dados do IBGE, cerca de 49% dos domicílios ainda não contam com rede de esgoto e quase 20% das moradias ainda não têm abastecimento regular de água. (Leia mais: Governo vai regularizar terras na Amazônia)

Desses R$ 8 bilhões, R$ 2 bilhões são do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), R$ 4 bilhões são para saneamento e R$ 2 bilhões são da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O dinheiro do FNHIS pode ser usado na urbanização de favelas e na construção de moradias. Os R$ 2 bilhões devem ser investidos entre 2009 e 2010. Os recursos de saneamento são para este ano.

- Há problemas estruturais que precisam ser resolvidos, e nosso embate é neste sentido. Tem que ter obra, mas é preciso melhorar e retomar o planejamento dos municípios - afirma a secretária de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães.

O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, apoia a iniciativa do governo e reconhece a dificuldade das prefeituras na elaboração dos projetos. Segundo Ziulkoski, muitas prefeituras não têm estrutura para fazer os projetos nem disponibilidade financeira para contratar técnicos que desempenhem essa tarefa.

- Estamos lamentando que o presidente esteja disponibilizando o dinheiro e nós não estejamos conseguindo fazer chegar lá na ponta - afirmou Ziulkoski.

O governo fará um mutirão com os prefeitos para tentar gastar os R$ 8 bilhões nos dois últimos anos do mandato de Lula.

Leia a reportagem completa na Edição Digital do Globo (somente para assinantes)


O Globo, 12/01/09

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Financiamento é um dos maiores desafios da América Latina, diz BID

O acesso a financiamento é um dos maiores desafios da América Latina este ano, disse nesta segunda-feira (12) o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Luis Alberto Moreno, que afirmou que o banco prevê conceder entre US$ 16 bilhões e US$ 18 bilhões em créditos.

Na 27ª Cátedra das Américas da OEA (Organização dos Estados Americanos), Moreno explicou que tradicionalmente o BID concedeu créditos no valor de US$ 7 bilhões, mas, frente à crise econômica, o valor já não será suficiente e será elevado substancialmente em 2009.

O titular do BID destacou que a crise financeira "afetará sem dúvida a qualidade de vida" dos países da região no curto prazo devido ao impacto que terá sobre o emprego e a pobreza, mas também representa uma oportunidade a longo prazo para garantir um crescimento econômico e social sustentável.

Moreno destacou que, apesar de a região não conseguir evitar os efeitos da crise, existem dois fatores que ajudarão a superar melhor o buraco que em ocasiões anteriores.

O presidente do BID se referiu ao fato de que a América Latina, ao contrário de outras regiões, não originou desta vez a crise, e explicou que está melhor preparada para suportar o impacto da desfavorável conjuntura financeira nos números macroeconômicos e sociais.

Ele destacou que a região, que passou por 31 crise bancárias nos últimos 25 anos, "aprendeu com o passado". A América Latina registrou um crescimento anual de 5,5% nos últimos cinco anos, taxas de inflação relativamente baixas, e conseguiu reduzir os níveis de pobreza e fortalecer suas democracias.

O impacto da crise na América Latina, que registrará um crescimento de entre 1,9% e 2% este ano, segundo Moreno, dependerá principalmente da estrutura de comércio exterior e de receita fiscal que os países tiverem e do acesso aos mercados internacionais de crédito.

O principal responsável do BID advertiu de que as políticas econômicas expansivas aplicadas pelos governos para resistir à crise "podem derivar em inflações mais altas que as dos últimos cinco anos, quando foi de um só dígito".

Moreno também ressaltou que, neste contexto de desaceleração econômica, marcado pelas quedas nos preços das matérias-primas e o difícil acesso a capital, "é fundamental que as políticas não conduzam a medidas protecionistas".

Para o presidente do BID, as respostas de políticas públicas aos desafios a curto prazo representam ainda uma oportunidade para o futuro dos países da região. Ele citou o investimento em educação, a diversificação das fontes energéticas, entre outras áreas e, sobretudo, a promoção de obras públicas como fatores que podem ter um efeito positivo a longo prazo.


Folha Online, 13/01/09

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