segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Presidentes gastam 30% do dia com tarefas inúteis

Para Valmor Savoldi, vice-presidente da Sadia, se o líder não tem metas claras ou titubeia nas decisões, faz os outros perderem tempo. "Ele é a chave de tudo", diz.
Foto Anna Carolina Negri/Valor

Artigo escasso e precioso na agenda dos executivos da era global, o tempo hoje não pode ser desperdiçado. Pelo menos, não deveria. Entretanto, numa pesquisa realizada com 1,8 mil presidentes, vice-presidentes e diretores brasileiros, todos admitem que gastam mais de 30% do seu expediente com atividades, consideradas por eles, desnecessárias. São líderes de grandes companhias, 30% com faturamento anual superior a R$ 5 bilhões.

Os motivos que levam o alto escalão a dedicar tanto tempo a atividades sem um sentido variam. A burocracia, o jogo político dentro da empresa, processos mal planejados, equipes despreparadas, a centralização de poder, a falta de clareza nas decisões e distribuições de tarefas são alguns deles. Cada executivo, a seu modo, consegue listar uma série de razões que os desviam do trabalho operacional, em um movimento que cresce como uma onda ao longo do dia arrastando tudo para depois.

"O que eles questionam é se aquilo que estão realizando está agregando valor, se faz sentido para a organização", diz a pesquisadora Betania Tanure, responsável pelo levantamento, professora da Fundação Dom Cabral, da PUC Minas e convidada do Insead e da London Business School. "O exercício do processo de negociação é necessário para se sobreviver no mundo corporativo, mas o tempo gasto com o teatro organizacional é exagerado".

Quanto mais o executivo sobe na hierarquia da empresa, maior será o tempo dedicado ao jogo político dentro da empresa. A diretora-executiva de recursos humanos da Telefônica, Françoise Trapenard, acredita que a complexidade das relações cresce proporcionalmente à escalada no organograma. "Perto do topo é preciso obter mais resultados por influência", diz. Isso inclui despender boa parte do expediente buscando alianças com diretores e gerentes.

Françoise diz que no seu dia-a-dia- ela comanda diretamente 70 pessoas- prefere resultados coletivos a uma reflexão apenas individual. Só que esta busca por soluções conjuntas demanda uma série de reuniões. "Minha equipe já reclamou disso e eu tive que mudar", conta. Para ela, reunião boa é a que começa na hora certa e termina cinco minutos antes do combinado. "É preciso ter o compromisso com a profundidade e saber cortar uma discussão para poder partir para a ação". Celular desligado e laptop fechado, na sua opinião, são atitudes fundamentais para que o encontro seja produtivo.

O vice-presidente da Sadia, Valmor Savoldi, acredita que o líder é o grande responsável pelo tempo perdido dentro das organizações. "Se ele não tem metas claras ou titubeia nas decisões, faz os outros perderem tempo. Ele é a chave de tudo", acredita. Se o número um é inseguro, sua insegurança se alastra e contamina todos os níveis da empresa. "A equipe não sabe de onde pode vir a cobrança e acaba perdida, sem saber o que fazer".

Ao longo de 30 anos de carreira executiva, Savoldi diz que o fundamental para quem está no comando é ter ao seu lado pessoas que o compreendam num simples gesto, num olhar. "A equipe pode até não ser tão madura, desde que entenda sua filosofia. Se isso acontece, os resultados vêm mais rápido e se perde menos tempo com discussões". Ele dirige 11 pessoas no dia-a-dia, mas indiretamente comanda quase 50 mil pessoas.

Outra atitude que costuma comprometer as horas das pessoas nas organizações é a indefinição de funções. "Cada um tem o seu nível hierárquico e quando o superior começa a transitar em áreas inferiores a estrutura fica tumultuada", acredita Savoldi. "É preciso estabelecer as prioridades que o cargo exige".

"Os executivos passam boa parte do tempo 'limpando o lixo' por conta do despreparo existente nos vários níveis de liderança", diz Carmine Sarao Neto, diretor de recursos humanos da Açominas, empresa do grupo Gerdau. "O problema quase sempre está numa falha no processo de comunicação". Ele exemplifica: "Se um gestor precisa demitir alguém, ele não precisa vir me perguntar como deve ser feito. Se os procedimentos são claros na companhia, ele não vai ocupar meu tempo com isso".

Equipes bem preparadas fazem os comandantes perderem menos tempo com o que consideram desnecessário. "Se saio do escritório em Belo Horizonte na segunda-feira e só volto na quinta-feira, os processos continuam acontecendo, minha equipe sabe o que fazer", diz Neto. Na sua opinião, a centralização das decisões é culpada por deixar tudo parado.

"As pessoas precisam andar por conta própria", diz Ronaldo Müller, gestor de operações industriais da Sadia, que atua em Chapecó, Santa Catarina. Ele gerencia 16 fábricas do grupo. Para tanto, procura ficar acessível o maior tempo possível. Como não pode atender a todos, 24 horas por dia, ele dá o máximo de autonomia aos subordinados. O segredo para não perder tempo, segundo ele, é a confiança.

Outro antídoto contra o desperdício de atenção no trabalho, para Müller, é o estabelecimento de metas e estratégias. Ele lembra que as organizações modernas estão muito mais preocupadas com o ganho de produtividade e com o planejamento estratégico. "O tempo das pessoas está mais controlado", diz.

Os executivos que atuam em multinacionais, com estruturas matriciais, 34% dos pesquisados, reclamam do tempo perdido com os enormes e muitas vezes desnecessários relatórios para as matrizes. "As decisões finais, em alguns casos, precisam passar por muitas pessoas", lembra Betania Tanure. Na múltis, o poder está disseminado entre as várias unidades de negócio e o jogo de esconde-esconde na hora de decidir por um projeto ou investimento, invariavelmente, faz com que os envolvidos percam tempo. "O que poderia ser resolvido em um dia, acaba levando uma semana", diz a pesquisadora.

Quem atua em áreas de apoio da organização como a comercial, de recursos humanos ou marketing sofre mais com o desperdício de tempo. Em muitos casos, dependem das decisões do comando para tocar seus projetos. Entre os cargos mais afetados, estão os espremidos no meio do organograma, como os gerentes. "Eles sentem a burocracia, não têm poder para mudar e precisam seguir em frente", diz Betania. Segundo a pesquisadora, boa parte do tempo que eles investem no trabalho não é percebido como tendo um sentido para a organização. "É como se realizassem as coisas mecanicamente sem entender o significado do que realizam", diz. É claro que o ritmo frenético do trabalho no mundo global requer respostas rápidas, mas nada funciona sem um espaço reservado para a reflexão. Este não será um tempo perdido.


Stela Campos, de São Paulo
Valor Online, 04/08/08

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Responsabilidade social: consciência e cidadania empresarial

Levantamento mostra que as empresas estão cada vez mais envolvidas em ações socialmente responsáveis, e com inteligência estratégica

O Instituto ADVB de Responsabilidade Social acaba de divulgar a 8ª Pesquisa Nacional sobre Responsabilidade Social nas Empresas, que tem como objetivo obter e fornecer informações precisas sobre a atuação das organizações em programas socialmente responsáveis, a evolução deste entendimento no contexto das empresas e do mercado e as tendências sobre o tema. Os resultados apresentados refletem a real importância que as empresas hoje dão à questão da responsabilidade social.

A pesquisa, tabulada em novembro de 2007, foi fundamentada em questionários respondidos por 3.110 empresas, de todas as regiões do Brasil, sendo 33% de grande porte, 56% de médio porte e 11% de pequeno porte. No total, foram utilizados 27 conceitos básicos na elaboração dos temas do questionário, como as normas da AA 1000 (Accoutability 1000), a Agenda 21, a prática de filantropia, o investimento social, as certificações ISO 14000 e ISO 26000 e o Pacto Global.

A base de dados permitiu identificar que em 91% das empresas a responsabilidade social é parte integrante da visão estratégica, número que chega a 87% quando se trata de governança corporativa, apesar de a participação e o envolvimento da alta administração nos programas sociais estar presente em 80%. De todas as empresas pesquisadas, 81% afirmaram divulgar suas ações sociais com todos os públicos com os quais se relacionam.

De todas as empresas pesquisadas, 81% afirmaram divulgar suas ações sociais com todos os públicos com os quais se relacionam

Em contrapartida, em 51% não há um Programa Interno de Voluntariado com o seu corpo funcional, e 37% não possuem um Código de Ética documentado.

Ainda, 27% das empresas não atendem à legislação quanto à contratação de portadores de necessidades especiais e mobilidade reduzida. Para 54% das empresas, é necessário o aprimoramento da gestão social interna com a criação dos Indicadores de Projetos Sociais (Tabela 1), sendo que 77% das empresas desenvolvem programas sociais voltados para a comunidade.

Somente 30% das empresas pesquisadas destinam parte do Imposto de Renda devido para os Fundos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fumcad), mas 99% são favoráveis à criação de uma Lei de Incentivo Fiscal às empresas que investem em projetos de responsabilidade social. Publicam o Balanço Social 60% das empresas respondentes.

Dessas, 20% elaboram o documento segundo o modelo GRI, mas 45% das empresas não se utilizam de incentivos fiscais de dedução de Imposto de Renda, como a Lei Rouanet, entre outros.

Mais de 55% das empresas têm planos de aumentar os recursos nos projetos sociais externos que vêm desenvolvendo. Estas pretendem aumentar em 20% os recursos para 2008 em relação ao já investido em 2007. A parcela de empresas que já estão planejando novos projetos sociais foi de 89%. A pesquisa revelou ainda que o investimento social das empresas está alocado em cinco principais áreas, pela ordem: assistência social; esporte; alfabetização; lazer e recreação; e saúde (Tabela 2). Esse investimento social está considerado em torno de R$ 472.300/ano (aproximadamente). As principais categorias da sociedade beneficiadas pelos programas sociais das empresas são: Jovens, Comunidades em geral e Criança (Tabela 3).

Somente 34% das empresas desenvolvem alguma ação de modo a organizar uma “Rede de Fornecedores Socialmente Responsáveis”, e 33% têm políticas ou alguns procedimentos em efetivar compras de “materiais verdes” ou “ambientalmente certificados”; 85% das empresas não conhecem a opinião de seus clientes/consumidores e prospects quanto ao seu entendimento diferencial na escolha de uma empresa socialmente responsável.

A prática de consumo consciente é estimulada no corpo funcional de 64% das empresas. Em 62%, não existem avaliações documentadas sobre seus projetos sociais. Com relação à nova norma internacional sobre Certificação em Responsabilidade Social (ISO 26000), 77% das empresas têm interesse em implantá-la, mas 63% não têm pesquisa nem avaliação sobre a melhoria de sua imagem institucional por desenvolver projetos socialmente responsáveis com os públicos com os quais se relaciona.

Os resultados desse levantamento mostram que cada vez mais as empresas aderem às ações socialmente responsáveis, com inteligência estratégica, estabelecendo com as ONGs uma parceria fundamental. E, assim, focadas na ética e na cidadania, as companhias vislumbram, nessas ações, um novo passo de consolidação de sua imagem institucional e na qualificação do seu produto ou serviço com o seu público-alvo.


Lívio Giosa
Vice-presidente da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) e coordenador geral do Instituto ADVB de Responsabilidade Social (Ires)
Revista Filantropia - OnLine - nº161

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Unibanco Asset passa a adotar os princípios da ONU

Patah, da UAM: critérios vão influir na avaliação de ações e debêntures
Foto Davilym Dourado / Valor


A sustentabilidade está em alta na Unibanco Asset Management (UAM). Ela é a primeira gestora brasileira a aderir aos Princípios de Investimentos Responsáveis (Principles for Responsible Investment, PRI) da Organização das Nações Unidas (ONU). Com isso a gestora, a quinta maior do país em volume de ativos, passa a fazer parte de um clube formado por 182 assets de todo o mundo, com um total de US$ 15 trilhões sob gestão.

Os princípios surgiram de um projeto iniciado pela ONU em 2005. Um grupo formado por representantes dos 20 maiores investidores institucionais de 12 países foi convidado para estabelecer as bases mínimas de sustentabilidade para os investimentos. Trabalhando com representantes de governos, investidores, acionistas, empresários e sociedade civil, esse grupo definiu os princípios em janeiro de 2006.

O processo foi coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Iniciativas Financeiras e pelo Global Compact, programa da ONU que cria uma rede de empresários comprometidos com a defesa dos direitos humanos, do trabalho, meio-ambiente e contra a corrupção.

Ao aderir ao PRI, a UAM deverá agora criar um critério para avaliar a sustentabilidade das empresas onde investe, seja em renda variável, como ações, seja em renda fixa, como debêntures, explica Ronaldo Patah, diretor de renda variável da gestora. Esses critérios terão como base as experiências de outros participantes do PRI ao redor do mundo e que tentam definir as melhores formas de avaliar como as empresas se saem em relação aos três pilares da sustentabilidade: governança corporativa, meio ambiente e responsabilidade social.

A definição desses critérios deve levar seis meses, estima Patah. E devem funcionar como um questionário onde a empresa mostrará como atua em vários tópicos. "Se uma construtora ajuda os funcionários a aprenderem a ler e escrever, por exemplo, ela já ganha pontos na avaliação", diz. Esses pontos, positivos ou negativos, influenciarão o valor considerado justo pelo gestor na hora de decidir a compra de uma ação ou debênture. "Podemos assim colocar no preço os riscos a mais que as empresas que não seguem a sustentabilidade têm, bem como o prêmio para as que seguem". Segundo Patah, os critérios não devem excluir alguns setores ou empresas, mas avaliar o que estão fazendo em cada área.

Com R$ 65 bilhões sob gestão, a UAM participa também do Comitê de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que ajudou a desenvolver o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo.


Angelo Pavini, De São Paulo
Valor Online, 04/08/08

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Universo Íntimo vai desfilar sua lingerie orgânica

Primeiro foi a Zorba, da americana Hanesbrands, que levou ao mercado no final de 2007 a cueca orgânica (cuja produção está temporariamente suspensa por conta de ajustes na fábrica brasileira). Agora é a vez da confecção Universo Íntimo, dona das marcas Nu.Luxe e Uni, que lança este mês a lingerie confeccionada a partir de algodão orgânico, sem agrotóxicos e fertilizantes.

Estão sendo investidos R$ 6 milhões para lançar a coleção, entre o desenvolvimento do produto e a campanha de marketing que estréia em setembro, assinada pela agência PeraltaStrawberryFrog.

"O plantio convencional do algodão é bastante tóxico e algum resíduo sempre fica na confecção", diz Gilberto Romanato, sócio da Universo Íntimo, que tem como fornecedora da malha a Affiniti Berlan. "Identificamos forte tendência de consumo em fibras naturais, o que mereceu nova aposta da companhia", diz o empresário, que lançou há oito meses a lingerie de fibra de bambu.

A proposta ecológica da confecção não fica só no marketing, diz Romanato: a fábrica da Universo Íntimo, em Campo Grande (MS), inaugurada em 2006, é climatizada para dispensar o uso de ar condicionado e, conseqüentemente, do poluidor gás CFC. Além disso, os resíduos de tecido - duas mil toneladas por mês - são doados para a comunidade.

Segundo Romanato, as peças fabricadas com fibra natural devem representar 30% do faturamento da companhia este ano, que planeja atingir R$ 85 milhões. O preço no varejo da lingerie orgânica ficará no mesmo patamar dos produtos da linha básica (R$ 50 o sutiã e R$ 25 a calcinha). Em 2007, a receita da empresa foi de R$ 60 milhões. Outros 25% das vendas da Universo Íntimo vêm da fabricação de marcas próprias para grandes redes de varejo - como Renner, Lojas Americanas, Riachuelo, Marisa e Líder. Em 2005, diz o empresário, esse mercado significava cerca de 15%.

Criada em 1999, a Universo Íntimo inova este ano também na comunicação da lingerie orgânica, que levará a marca Uni. A campanha da PeraltaStrawberryFrog vai caracterizar cinco mil pontos-de-venda com o mote orgânico e realizar desfiles nos shoppings das principais capitais do país. As modelos também vão apresentar as peças dentro das lojas, em desfiles organizados em conjunto com os lojistas. "Nossa proposta é sair da mesmice do que se faz em lingerie e gerar buchicho", diz o sócio da agência, Alexandre Peralta.

Aproveitando que 53% dos usuários de internet são mulheres, segundo o Ibope NetRatings, a PeraltaStrawberryFrog também levará a campanha aos maiores portais. "Poucas marcas contemplam este canal", comenta. Na mídia impressa, as revistas escolhidas são Vogue, Caras, Quem e Contigo.


Daniele Madureira, de São Paulo
Valor Online, 04/08/08

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Aspirante a "Vale do Silício", Petrópolis inaugura hoje festival de tecnologia

Petrópolis, cidade localizada na região serrana do Rio, a 65 km da capital, recebe evento de tecnologia FTP pela primeira vez
Foto Silvio Cioffi/Folha Imagem

Petrópolis, cidade localizada na região serrana do Rio, a 65 km da capital, quer ser o "Vale do Silício brasileiro", estimulando a implantação de empresas de tecnologia. Como parte desse trabalho, a cidade dá início nesta segunda-feira (4) ao 1º FTP (Festival de Tecnologia de Petrópolis), com o objetivo de reunir "cérebros" da área para discutir o assunto de maneira ampla, da robótica à medicina, passando pela arte digital.

O evento, que vai até sábado (9), terá participação de palestrantes de centros como o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e das universidades de Harvard, Paris, Londres e Cambridge. Os organizadores do evento, capitaneados pelo Movimento Petrópolis-Tecnópolis, afirmam que o principal diferencial do festival é a aposta na transmissão de conhecimento, sem atividades comerciais --não haverá venda ou apresentação de produtos.

"Não tem feira, não tem estande. É um evento focado no público profissional de tecnologia, para fazer com que esses diversos atores discutam seu papel nesse mercado", afirma Ana Hofmann, gerente-executiva do Movimento Petrópolis-Tecnópolis.

As palestras, workshops e apresentações vão ocorrer na Fase (Faculdade Arthur Sá Earp Neto), na sala de cinema Manuel Bandeira, no Teatro Municipal e no Palácio de Cristal, um dos principais cartões-postais da cidade.

Entre os destaques, uma palestra com Ben Kaufman, 21, eleito pela "Inc. Magazine" o empreendedor nº 1 dos EUA com menos de 30 anos de idade. Na terça-feira (5), ele fala sobre o desenvolvimento de projetos via internet.

Na sexta-feira (8), Johnny Chung Lee, da Carnegie Mellon University, mostra as potencialidades do Wiimote, o controle do console Wii --neste vídeo na rede, ele mostra como o equipamento pode ser utilizado para simular imagens em uma tela, reproduzindo movimentos do usuário. A palestra é gratuita, mas restrita a estudantes universitários.

Tecnopólo
O FTP faz parte de um projeto maior, com ambições de transformar Petrópolis em um centro de tecnologia nacional. Atualmente, existem 72 empresas de base tecnológica por lá, principalmente nas áreas de desenvolvimento de software e telecomunicações - cerca de 30 delas se instalaram nos últimos quatro anos.

Uma das bases do projeto foi um estudo feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em 1998, que indicou que a região tinha potencial para a criação de um pólo de tecnologia.

"O ponto central do projeto é tornar Petrópolis um portal de entrada para investimento de tecnologia, longe dos grandes centros, o que é uma tendência nessa área", afirma Hofmann. O objetivo é investir em ações de infra-estrutura para as empresas e no incentivo à pesquisa na área.

As inscrições para o FTP podem ser feitas pelo site www.ftp2008.com.br. O preço varia de R$ 200 a R$ 1.800, dependendo das atividades escolhidas. Haverá também eventos gratuitos, mas é preciso se cadastrar com antecedência para participar.


Felipe Maia
O repórter viajou a convite do Movimento Petrópolis-Tecnópolis
Folha Online, 04/08/08

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Inscrições abertas para o Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais

O "Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais - BYEE" é uma iniciativa que vai selecionar quatro jovens brasileiros de 18 a 25 anos com projetos de desenvolvimento sustentável ou de preservação do meio ambiente para uma viagem à Alemanha, em novembro de 2008.

Jovens de 17 países da Ásia, África, Europa e América Latina participam do encontro na Alemanha, onde apresentam seus projetos, visitam as instalações da Empresa, órgãos do governo e iniciativa privada na área de meio ambiente.

O BYEE é organizado pela Bayer, em conjunto com a Organização das Nações Unidas, através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA e com o apoio do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, e já premiou 16 jovens no Brasil.

Quem pode participar
. Estudantes de 18 a 25 anos matriculados em cursos de ensino médio, graduação, pós-graduação, reconhecidos pelo Ministério da Educação, em qualquer lugar do Brasil.
. Autores de estudos ou projetos de desenvolvimento sustentável ou preservação ambiental.
. Com conhecimentos em inglês.
Para projetos realizados em grupo: um estudante deve inscrever o projeto, com o consentimento dos demais autores do projeto/estudo. Mais detalhes no regulamento.

As inscriçöes estão abertas entre 28 de abril e 20 de agosto de 2008.

Os selecionados serão contatados atá o dia 12 de setembro de 2008, e deverão providenciar documentos para a viagem atá o dia 19 de setembro de 2008.

A divulgação dos resultados será feita durante evento especial, no dia 8 de outubro, com a apresentação dos projetos pelos selecionados.

A viagem à Alemanha será realizada entre os dias 1º e 13 de novembro de 2008.

Site do Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais - BYEE

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Escola do cérebro

Miguel Nicolelis estrela mundial das neurociências quer ajudar a escola pública em que estudou na cidade de São Paulo
Foto Jim Wallace/Fac. de Duke

Miguel Nicolelis virou uma estrela mundial das neurociências e entrou na lista de eventuais candidatos ao prêmio Nobel ao fazer, nos Estados Unidos, onde mora, um macaco movimentar apenas com o cérebro um computador. A aplicação disso pode ser vista num laboratório que ele criou, no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para implantação de chips no cérebro de vítimas de paralisia --o detalhamento está no www.dimenstein.com.br.

Apesar da agenda carregada e cheia de viagens internacionais, uma das preocupações de Nicolelis é ajudar a escola pública em que estudou na cidade de São Paulo. Esse é daqueles pequenos grandes gestos que se prestam de exemplo.

Sua idéia é criar naquela escola pública (Napoleão de Carvalho) um centro experimental para ajudar as crianças a aprenderem ciências e servir de espaço para que os pedagogos em geral conheçam as novas descobertas das neurociências --coisa que nem remotamente aparece nas faculdades que formam professores.

Batizado com o nome provisório de "Escola do Cérebro", a proposta de Nicolelis mostra que para ser grande é, muita vezes, necessário pensar pequeno --ou seja, fazer a diferença do que está ao lado.

Se as melhores cabeças de uma nação começar a se envolver na educação pública, ganharemos rapidamente mais cérebros. Como mostram os estudos de neurociências, ensinar é algo complexo demais para ficar apenas na mão de pedagogos.

Gilberto Dimenstein
Folha Online, 04/08/08

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Estudo revive teoria dos seis graus de separação

As mensagens instantâneas são parte do cotidiano de milhões de pessoas

Um estudo feito nos Estados Unidos concluiu que a teoria dos seis graus de separação - segundo a qual apenas seis pessoas separam você de qualquer indivíduo no mundo - pode estar correta, embora talvez sete graus seja um número mais exato.
Pesquisadores da Microsoft estudaram os endereços de pessoas que enviaram 30 bilhões de mensagens instantâneas usando o programa MSN Messenger durante um único mês em 2006.

Quaisquer duas pessoas estão conectadas por, em média, sete ou menos conhecidos - dizem os especialistas.

A teoria dos seis graus de separação, criada na década de 1960, exerce fascínio sobre muitos, e inspirou um filme homônimo, dirigido por Fred Schepisi e lançado em 1993.

Em 2006, no entanto, foi questionada por uma especialista e caiu em descrédito.

Em entrevista ao jornal americano Washington Post, um dos pesquisadores envolvidos no projeto Messenger, Eric Horvitz, disse que ele próprio tinha ficado chocado com os resultados.

"O que nós estamos vendo indica que talvez exista uma constante de conectividade social para a humanidade", disse Horvitz.

"As pessoas já suspeitavam de que nós todos somos realmente muito próximos. Mas estamos mostrando em grande escala que esta idéia vai além do folclore".

Mito
O banco de dados usado por Horvitz e seu colega Jure Leskovec envolveu toda a rede de mensagens instantâneas da Microsoft - cerca de metade de todo o tráfego de mensagens instantâneas do mundo - enviadas em junho de 2006.

Para o estudo, duas pessoas foram consideradas conhecidas se tinham enviado ao menos uma mensagem instantânea uma à outra.

Tentando chegar ao menor número de elos da corrente necessários para conectar todos os usuários incluídos no banco de dados, os pesquisadores concluíram que a média era de 6,6 elos e que 78% dos pares poderiam ser conectados por sete ou menos pessoas.

A teoria dos seis graus de separação foi criada pelo psicólogo americano Stanley Milgram após uma série de experimentos conhecida como Small World (mundo pequeno) onde ele pedia a uma pessoa que passasse uma carta a outra, desde que essa outra pessoa fosse conhecida.

O objetivo era que a carta chegasse a uma determinada pessoa, desconhecida da primeira, que vivia em uma outra cidade.

Segundo Milgram, o número médio de vezes que a carta foi passada foi seis - daí a teoria dos seis graus de separação.

Em julho de 2006, entretanto, a psicóloga Judith Kleinfeld, da Alaska Fairbanks University, analisou as anotações da pesquisa original de Milgram e verificou que 95% das cartas não haviam chegado ao seu destinatário final.

Ela concluiu que a teoria dos seis graus não passava de um mito.

Mas a equipe da Microsoft disse que seu estudo valida pela primeira vez, em escala planetária, a teoria de Milgram.



BBC Brasil, 04/08/08

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Educando o mercado

Os veículos adoram mandar presentinhos para os mídias das agências. E vem camisetas, pen-drives, canecas, porta lápis, agenda (de papel), festas, passeios, etc. Eu sou contra, pois já vi gente falando em comprar tal mídia pra ser convidado para tal festa (claro que não são todos, mas acontece).

Mas hoje me surpreendi. Um veículo online me deu uma revista Wired, melhor que isso, 6 meses de assinatura. Não foi presentinho, foi conhecimento. Pelos próximos 6 meses quem recebeu vai estar antenado, e isso resulta em crescimento de idéias, inovações que favorecem toda a mídia online.

Além disso, no presente vem uma carta do diretor de Publicidade, destacando 3 matérias.

Na minha opinião é a melhor maneira de educar o mercado. E muito mais barato que um presentinho.

E antes que alguém fale que revista papel é ultrapassado e que o conteúdo devia ser online, vale lembra que o papel e a tinta especial da Wired fazem muita diferença - apesar de, mesmo assim, eu ser visitante assíduo do site.


Beto Toledo
Update Or Die, 01/08/08

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Inscrições para o Prêmio ARede são prorrogadas

Interessados podem se inscrever até 11 de agosto

As inscrições para participar da segunda edição do Prêmio ARede, criado pela Momento Editorial, foram prorrogadas até o próximo dia 11 de agosto, segunda-feira. O objetivo desse prêmio é reconhecer e divulgar os melhores projetos que envolvam as tecnologias de informação e comunicação (TICs) para inclusão social.

A iniciativa pretende contemplar os melhores trabalhos desenvolvidos no Brasil. "Esse prêmio é mais um canal para estimular e dar destaque aos projetos. É uma maneira de fomentar a articulação em rede de seus protagonistas, fomentando o compartilhamento e a disseminação das melhores práticas", diz Lia Ribeiro Dias, diretora da Momento Editorial.

Os projetos inscritos devem estar relacionados às áreas de internet, rádio, vídeo e meios multimídia. Podem ser projetos desenvolvidos por empresas, diretamente ou por meio de fundações e institutos por elas mantidos; por organizações da sociedade civil e pelo setor público. Os trabalhos serão premiados em cinco modalidades: Terceiro Setor (nas categorias Organização da Sociedade Civil e Fundação e Instituto Empresarial, público ou privado); Empresas (categorias pública e privada); Setor Público (categorias municipal, estadual e federal); Especial Educação; e Personalidade do Ano. Para esta última categoria, a inscrição deve vir acompanhada de um breve perfil do candidato e justificativa de sua indicação.

No ano passado, a Momento Editorial premiou oito projetos, entre 163 inscritos, escolhidos pela comissão julgadora, que elegeu também o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, como Personalidade do Ano. Os projetos escolhidos serão tema de uma edição especial da revista ARede, de circulação nacional, terão um certificado e um troféu.

Para esta edição, a editora convidou 20 personalidades com reconhecida atuação nas áreas a serem premiadas, distribuídas em grupos entre as diferentes modalidades e categorias. Entre elas, estão Ladislau Dowbor, professor titular no departamento de pós-graduação da PUC-SP, nas áreas de economia e administração; Sérgio Amadeu da Silveira, mestre e doutor em Ciência Política pela USP; Marco Antônio Lage, diretor de Comunicação Corporativa da Fiat Automóveis; Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista; Manoel Horácio Francisco da Silva, presidente do Banco Fator; Luciano Meira, PhD em Educação e professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco; e Maria Alexandra Cunha, doutora em Administração pela FEA/USP.

Os projetos vencedores serão divulgados pela Momento Editorial durante evento de entrega do Prêmio ARede e publicados no site após essa data. A cerimônia de premiação está prevista para o dia 10 de novembro, em São Paulo.

As inscrições para o Prêmio ARede são gratuitas. O regulamento e a inscrição estão disponíveis no endereço: www.arede.inf.br/premio2008. No endereço eletrônico estão disponíveis também os projetos premiados na edição do ano passado, os nomes e os perfis dos jurados.

Critérios
Cada trabalho inscrito deverá informar o objetivo do projeto, os resultados obtidos e sua principal contribuição. O resumo deve informar, ainda, as fontes de financiamento/sustentabilidade; prazo de desenvolvimento; titular e parceiros da iniciativa; modelo de gestão e modelo de representatividade comunitária (conselho gestor, processos eletivos, interação comunitária); tecnologias utilizadas (software, hardware, tipo de conexão à internet, plataformas de desenvolvimento, equipamentos digitais, ferramentas de interatividade – wikis e redes sociais); o público atendido (metas diretas e indiretas de alcance social); práticas sociais – apontar, sempre que possível, especialmente no caso de espaços públicos de inclusão digital, se há produção local de conteúdo e atividades colaborativas, para que fins a comunidade utiliza os recursos tecnológicos, se há arranjos produtivos locais associados ao projeto ou outras atividades/vocações que se potencializam por meio dele.


Sobre a Momento Editorial
A editora publica a revista ARede, que circula mensalmente e aborda o uso de tecnologias de informação e comunicação para a inclusão social. Com distribuição gratuita e conteúdo livre para fins não-lucrativos, a revista é editada nas versões impressa e online (www.arede.inf.br). A Momento Editorial edita também o Tele.Síntese Análise e o portal Tele.Síntese (www.telesintese.ig.com.br), com foco em TI e telecomunicações.


Tatiana Vasques, Michelle Ito e Regina Pimenta
Segs.com.br,03/08/08

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Ministro interino da Cultura diz que mudar a Lei Rouanet é prioridade

"Não se muda uma lei baseado só na vontade". Novo ministro da Cultura diz que falta de unidade nas propostas retardou envio ao Congresso do projeto de mudanças na Lei Rouanet, o que fará assim que tomar posse; ele cobra mais verbas do governo: "Política pública tem que ter orçamento"
Foto André Simas


Ministro interino da Cultura, no entanto seguro de ser efetivado no cargo pelo presidente Lula neste mês, Juca Ferreira planeja sua primeira ação após a posse: o envio ao Congresso Nacional de projeto de lei que reformula o sistema de financiamento à cultura. O projeto significa a concretização da reforma da Lei Rouanet -prometida desde a campanha de Lula às eleições de 2002-, além de prever o aumento de verbas federais para o Ministério da Cultura (a 2% do orçamento da União) e a instituição de um fundo de recursos sem amarras, que o MinC possa aplicar no fomento à produção artística no país.

Em entrevista ontem, Ferreira falou sobre a dificuldade em efetivar o projeto e apontou a TV como "o fato cultural mais importante do Brasil".

FOLHA - Qual será a marca de sua gestão?
JUCA FERREIRA - O alargamento do diálogo, a tentativa de pactuar com a área artística e cultural, em torno do projeto do ministério. Assim que eu assumir definitivamente, vou abrir o diálogo. E tratar com muito carinho as artes nas quais a gente menos avançou; fortalecer a Funarte, dar-lhe recursos para que não precise ficar dependendo da sensibilidade das empresas para financiarem as ações. Política pública tem que ter orçamento.

FOLHA - A estratégia de "alargar o diálogo" a que o sr. se refere não traz ao MinC imobilismo, como no caso da prometida e irrealizada mudança na Lei Rouanet?
FERREIRA - Não é verdade. Você não muda uma lei apenas baseado na vontade. Defendemos que imposto devido é dinheiro público. É da norma, da doutrina da nossa Constituição que dinheiro público tem que ter justificativa para ser usado. O que nos dificultou é que não havia uma unidade a respeito das mudanças. Então, se fizéssemos uma mudança de maneira unilateral, não seríamos bem-sucedidos. Se estamos dizendo o tempo inteiro que política pública precisa de orçamento para se realizar, precisamos do compromisso da área econômica do governo para nos dar orçamento capaz de dar atendimento à gama do universo da cultura. Estamos fazendo essa construção há cinco anos. Não é muito tempo. Mas compartilho dessa ansiedade. Gostaria de apressar os processos. Isso faz parte da minha personalidade, mas só podemos apressar até o ponto em que isso não gere mais desconstrução do que resultado positivo.

FOLHA - O último prazo que o sr. divulgou para o envio do projeto ao Congresso é a próxima segunda-feira. Ele será cumprido?
FERREIRA - Com esse tumulto [da sucessão], prefiro começar esse debate público um dia depois de eu assumir o ministério na plenitude.

FOLHA - Quer dizer que o sr. envia o projeto ao Congresso no dia seguinte à posse?
FERREIRA - Sim. Quem sabe se não fará parte do meu discurso de posse? Mas como o discurso de posse não pode ser muito prolongado, eu diria um dia depois.

FOLHA - O projeto prevê que o ministério tenha orçamento maior e mais autonomia para aplicá-lo em políticas públicas. Não é uma brecha para novas acusações de "dirigismo cultural", já enfrentadas pelo Ministério da Cultura no passado?
FERREIRA - Cada dia se fala menos nisso [dirigismo cultural]. Não seria falta de modéstia eu dizer que fomos exemplares na compreensão de que não cabe ao Estado dirigir a criatividade nem a produção cultural nem fazer censura. Não há um deslize sequer do ministério, por uma simples razão: porque não somos estatistas, não somos dirigistas. O que estamos construindo é uma política de Estado, ou seja, disponibilizar meios e condições para o desenvolvimento da atividade criativa e da fruição cultural para todos os brasileiros.

FOLHA - O projeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), acusado de tentar regular o conteúdo das TVs, não foi um deslize?
FERREIRA - Não foi. A Ancinav é um fantasma que ronda nosso ministério. Em algum momento, vou ter que exorcizá-lo, nem que seja chamando uma mãe-de-santo da Bahia. O que queríamos era regular a atividade econômica. Tenho certeza de que, hoje, muitos dos que foram contra [a Ancinav] concordam que, se nós não regularmos a atividade audiovisual no Brasil, de forma que permita a pluralidade, a concorrência, a associação da cadeia criativa com a cadeia produtiva, que garanta o direito autoral com o direito empresarial, a proteção do mercado brasileiro diante da ação predatória do capital internacional que tenta o monopólio, o que vai acontecer é que as empresas brasileiras vão sucumbir diante da pressão, porque o desenvolvimento tecnológico permite que uma pessoa numa saleta em Nova York projete em todo o Brasil conteúdos audiovisuais.

FOLHA - O episódio da Ancinav demonstrou que é grande o poder de mobilização do setor audiovisual. De que interlocutor o sr. espera mais resistência?
FERREIRA - Quero ouvir todos, dialogar com todos. Sou dos que acham que a TV é o fato cultural mais importante no Brasil e no mundo. É o que tem mais acesso, o que forma mais opinião, interfere mais na sensibilidade, na construção da subjetividade. Agora, a TV está deixando de ser TV. Dentro de poucos anos, com a convergência tecnológica, TV, telefone e computador vão ser a mesma coisa. Vamos lidar com um fenômeno novo, que é a disponibilização de conteúdos, quando quem faz a programação é o espectador em casa. A tendência é a ampliação [da TV] ao nível de onipresença, porque inclusive em deslocamento você terá acesso a esses conteúdos. Então, acho que esse é o diálogo principal. Desde que cheguei aqui, tentei sensibilizar o ministério para o fato de que o cinema é estratégico, mas o cinema tem que se associar à televisão. Ela hoje é o suporte, sob o ponto de vista cultural, mais importante. Esse diálogo TV-telefone-internet já está na rua, independentemente da vontade minha ou de quem quer que seja. Acredito na força dos fatos. Eles nos levarão a buscar um projeto grandioso para o audiovisual brasileiro, inclusive para uma legislação satisfatória, que possibilite ao Brasil ser um grande produtor [de audiovisual].

FOLHA - O sr. disse que era o executor e o ministro Gil, o líder do Ministério da Cultura. Agora terá de trocar de papel?
FERREIRA - Claro. Eu já venho fazendo os dois [papéis]. O que facilita a minha vida é que a transição foi muito suave. A insistência do presidente e dos artistas para que Gil continuasse permitiu que esse processo, que alguns viram como negativo, talvez tenha sido a transição mais natural e orgânica que já tivemos. Eu diria que foi uma transição baiana, uma transição Dorival Caymmi. Eu já faço isso [os dois papéis]. Faço a representação do ministério junto aos ministros do Mercosul e da América Latina. Representando o Brasil, já estive na África, na China.

FOLHA - Qual é a sua proporção nos méritos e nos erros das duas gestões de Gil no Ministério da Cultura
FERREIRA - O ministro Gilberto Gil teve grandeza enorme, primeiro em disponibilizar seu capital político para a construção dessa dimensão para o Brasil que é o desenvolvimento cultural. Ele foi de uma dedicação monstruosa. Houve um fato anedótico aqui, quando um dos deputados que investigam o Executivo mandou pedir a agenda de Gil. Ele achou que havia um erro, porque Gil estava freqüentemente em três Estados por dia. Ele se dedicou intensamente a fazer o que chamou de do-in antropológico, a construir uma rede de interlocução, e assumiu todas as dificuldades nos debates que precisaram ser feitos para que avançássemos. Internamente, ele nos tratava como companheiro de trabalho. Dissolvemos o deslumbramento com a presença de um artista da grandeza dele. A qualquer um que você perguntar [isso, aqui], se sentirá responsável pelos sucessos e pelos fracassos do MinC. Não há setores feudalizados aqui dentro. Construímos uma nova filosofia administrativa e gerencial. Foi Gil que liderou isso.


Silvana Arantes
Folha de São Paulo, 01/08/08

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Jogo cooperativo reúne contadores de histórias em prol de entidade

Era uma vez... uma história que não existe em nenhum livro. Ou melhor, uma não, inúmeras histórias, com infinitas possibilidades de início, meio e fim, existentes apenas na imaginação das crianças que vão contá-las. É essa a proposta do jogo "Eu Conto", criado pela Associação Viva e Deixe Viver, entidade sem fins lucrativos que reúne voluntários que contam histórias para crianças e adolescentes hospitalizados.

O jogo traz um baralho com 104 cartas, divididas em cinco temas: personagens, objetos, ações, qualidades e lugares. A idéia é que os participantes contem uma história em conjunto a partir das palavras escritas nas cartas que forem sendo desviradas (por exemplo: "montanha", "príncipe", "anel", "triste", "escorregar").

O final não poderia ser mais feliz: não há um vencedor. Todos os participantes ganham. "No início, pensamos em criar duas regras: uma competitiva e outra cooperativa. Mas, na hora dos testes com as crianças, a parte competitiva não teve vez. Elas foram nos dizendo como o jogo teria que ser na prática", conta Valdir Cimino, fundador da Viva e Deixe Viver. Em quase 11 anos de atividades, a associação reúne 1.144 contadores, que atuam em 70 hospitais de 20 cidades brasileiras.

Cimino conta que a idéia de produzir um jogo para ajudar na dinâmica de contar histórias vem de muito tempo e envolveu vários colaboradores do grupo. Por cerca de dez anos, os protótipos iniciais, complexos e cheios de peças, foram sendo refinados até chegar ao modelo atual, mais simplificado.

O jogo é inédito. "Dois especialistas na área nos disseram que não há outro com esse caráter", diz Cimino.

Com a parceria da Bovespa Social, foram produzidas 15 mil unidades, das quais 9.000 serão utilizadas nos projetos da associação e 6.000, vendidas ao preço de R$ 22 (vendas e informações no site www.vivaedeixeviver.org.br). Toda a verba será revertida para a entidade.

Após testes com os filhos de seus contadores, a entidade levou o jogo para ser usado com crianças com transtornos psiquiátricos, atendidas no Hospital Dia Infanto-Juvenil do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Segundo a pediatra Marisol Sendin, do IPQ, foi possível observar uma nítida mudança nos pacientes que passaram por atividades lúdicas em geral e pela contação de histórias em particular. "Há uma intensa melhora no relacionamento com as pessoas, na escola, nos sintomas. E isso porque atendemos casos bastante graves."

Ela diz que o jogo ajuda os pequenos a se expressarem. "Ao contar as histórias, eles acabam falando de questões que mexem com a cabeça deles." O grupo desenvolve um estudo para avaliar cientificamente o impacto da contação de histórias e do brincar no quadro clínico dos pacientes.

Valdir Cimino afirma que, apesar de o trabalho da associação Viva e Deixe Viver focar em crianças hospitalizadas, o jogo foi feito para ser utilizado também fora do ambiente hospitalar. "É indicado para qualquer criança ou adolescente e pode ser usado por toda a família. É interessante para ser levado à sala de aula também. Ele aumenta o repertório de palavras, estimula a criatividade e a atenção e ajuda a introduzir o hábito da leitura."


Flávia Manotvani
Folha Online, 01/08/08

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Aborto on-line

Site de ONG holandesa vende coquetel abortivo a países onde a prática é ilegal
Montagem sobre foto Stockbyte/Getty Images/RF


A iniciativa da organização não-governamental holandesa Women on Web de distribuir pílulas abortivas está criando um desafio para a legislação internacional. A distribuição é considerada legal na Holanda, mas não em sete dezenas de outros países onde o aborto é crime e cujas mulheres têm se valido do serviço da ONG holandesa mediante pedidos on-line, que são entregues pelo correio.

Por 70 euros, o site womenonweb.org promete enviar a qualquer ponto do planeta uma combinação abortiva eficaz. Nos Estados Unidos, essa combinação química é chamada de "aborto medicinal". Ela inclui uma pílula de mifepristone e seis de misoprostol. O mifepristone, também conhecido como RU486, age bloqueando a ação da progesterona no organismo da mulher. O hormônio é o principal responsável por manter a circulação de sangue dentro do útero – sem ele, o feto morre. Já o misoprostol, princípio ativo do Cytotec, indicado para o tratamento de úlceras, provoca contrações uterinas semelhantes às de um parto. Em pouco mais de 24 horas se obtém a interrupção da gravidez.

A organização holandesa se declara na luta pela preservação da saúde das mulheres com gravidez indesejada e que, sem acesso ao "aborto medicinal", decidem por métodos cirúrgicos, sempre mais arriscados. A Organização Mundial de Saúde informa que 20 milhões de mulheres se submetem a aborto ilegal todos os anos no mundo – 1 milhão delas no Brasil. Mais de 80 000 mulheres morrem em conseqüência dessas intervenções, e a imensa maioria é de pacientes de clínicas clandestinas.

O womenonweb.org pode ser lido em seis idiomas, entre eles o português. A prescrição de medicamentos a pacientes desconhecidas e sem a mediação de um médico é, em si, um risco. O coquetel do aborto só é efetivo até a nona semana de gravidez. No caso das brasileiras, explica a página da ONG na internet, a gestação não pode ter passado de cinco semanas. Isso porque o tempo entre o envio e o recebimento da medicação pode demorar até três semanas. "Esses medicamentos têm efeitos colaterais que exigem acompanhamento profissional durante todo o processo", diz o ginecologista Jorge Andalaft Neto, da Universidade Federal de São Paulo. Uma análise feita com 400 mulheres que compraram o kit pelo site, publicada na última edição da revista científica British Journal of Obstetrics and Gynaecology, revela que 11% delas precisaram passar por um procedimento cirúrgico, a curetagem, depois de ingerir os remédios.

A questão legal também não pode ser menosprezada nesse caso. O fato de a Holanda considerar legais a prescrição indiscriminada a distância e o uso das drogas abortivas não altera em nada o rigor da lei brasileira. Os holandeses advertem às interessadas que não existem garantias de que o medicamento chegará efetivamente ao destino mesmo tendo sido efetuado o pagamento e que as questões relativas à alfândega "são de responsabilidade do comprador". A Receita Federal e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são responsáveis pela triagem dos medicamentos que entram no Brasil. A fiscalização é feita por amostragem e tem sido crescentemente mais minuciosa. Como o mifepristone é proibido no Brasil e o misoprostol só pode ser utilizado por hospitais credenciados, a tentativa de adquiri-los da forma proposta pela ONG holandesa é crime que pode ser punido com até quatro anos de prisão pela legislação brasileira.

Adriana Dias Lopes
Veja, 06/08/08

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Ibama pede doações para cuidar de pingüins na Bahia

Dos 370 pingüins resgatados até terça no Estado, 112 estão em situação grave - debilitados e com baixo peso
Foto Reprodução/TV Globo


Para cuidar do grande número de pingüins resgatados na Bahia, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) tomou emprestado três barracas da Marinha e está até pedindo doações ao público.

O 2º Distrito Naval emprestou na terça-feira (29) as barracas para abrigar o excedente de pingüins em tratamento há mais de uma semana na ONG IMA (Instituto de Mamíferos Aquáticos), que atua em parceria com o Ibama. Cada barraca tem capacidade para até 50 aves.

O Ibama ainda divulgou uma lista com pedido de doação de materiais para tratamento das aves. Na relação constam, por exemplo, 80 folhas de madeirite, 300 metros de lona, 40 caixas de aventais descartáveis, 20 embalagens de sabonete bactericida, 80 spots para lâmpada e 20 adaptadores para tomada.

Além dos materiais solicitados pelo Ibama, técnicos do IMA também pediram à população doações de latas de sardinha --cada pingüim tem comido, em média, um quilo do produto por dia.

Segundo o coordenador do centro de resgate de mamíferos do IMA, Luciano Reis, a incidência de pingüins em praias da Bahia nesta época não é inédita. "O número de animais perdidos é que aumentou muito. Antes, eram encontrados no máximo dez."

Reis disse que essas aves se desviaram de sua rota migratória e alcançaram a Bahia em razão do fenômeno climático La Niña, que deixa o mar mais agitado. De acordo com o coordenador, o destino dos pingüins era a costa atlântica da África, para onde as aves costumam migrar todos os anos.


Luiz Francisco
Folha Online, 01/08/08

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