sexta-feira, 11 de abril de 2008

Desafios do investimento social privado

Investimento social privado brasileiro precisa superar 4 desafios

Entre os dias 02 e 04 de abril, o Grupo de Institutos, Empresas e Fundações (GIFE) reuniu, em Salvador (BA), alguns dos mais importantes pensadores mundiais em investimento social privado. Especialistas dos EUA, Rússia, China, Índia, Inglaterra e México estiveram no Brasil para falar sobre os cenários, riscos e oportunidades da filantropia em seus países. De tudo o que se ouviu, ao longo dos seminários, uma conclusão logo saltou aos olhos para salvaguarda da auto-estima nacional: nesse terreno o Brasil está à frente de muitas nações, especialmente no que se refere ao investimento feito por empresas em comunidades, seja por meio de institutos e fundações, seja no âmbito dos seus departamentos de responsabilidade social.

Embora as cifras movimentadas não cheguem a impressionar americanos e ingleses, chamaram a atenção dos experts internacionais a qualidade das abordagens, dos modelos e dinâmicas utilizados pelas corporações brasileiras para realizar o que em todo o mundo atende pelo nome de filantropia corporativa ou empresarial. Aqui, o termo filantropia ideologizou-se e ganhou conotação pejorativa. Tido como sinônimo de caridade e assistencialismo, foi substituído pelo de investimento social privado com a ascensão das práticas de responsabilidade social empresarial, a partir da segunda metade dos anos 1990. E passou, por essa razão, a se orientar por noções antes pouco comuns à atividade caritativa, como planejamento, diagnóstico de necessidades, monitoramento de processos e avaliação de impactos para a transformação da qualidade de vida das pessoas beneficiadas.

A vantagem na comparação com outros países, não significa, no entanto, que o investimento social privado brasileiro tenha chegado a um alto nível de excelência. Indica apenas que, por causa de um conjunto especifico de fatores -- cenário desafiador de desigualdades sociais, crescimento econômico, inserção no mercado globalizado, cultura solidária, sentimento de ineficiência do Estado e expansão do conceito de responsabilidade social corporativa -- as nossas empresas andaram mais rápido na construção de alternativas de participação no desenvolvimento socioeconômico das comunidades onde atuam.

Mas se o investimento social privado brasileiro quiser ser mais eficaz, eficiente e efetivo, terá que superar quatro grandes desafios. O primeiro diz respeito à fragmentação das ações. Como são realizadas por diferentes empresas e obedecem a lógicas, conveniências e convicções muito particulares -que vão desde o interesse mais imediato ligado ao negócio ao ideal de vida do fundador - os projetos se sobrepõem, em termos de escolha de tema, públicos e regiões, e acabam, por isso, perdendo em sinergia, com claro prejuízo para o impacto nas populações que se deseja beneficiar. Investir em educação é importante. Ninguém discorda disso. Mas se todas as empresas de São Paulo investirem na melhoria da infra-estrutura escolar, da educação básica oferecida a crianças entre 8 e 14 anos, a educação infantil e o ensino médio, por exemplo, dois gargalos importantes de entrada e saída do sistema de ensino, ficarão sem ver a cor de recursos privados.

Um segundo desafio, já mencionado nesta coluna, tem a ver com o fato de que as fundações empresariais precisam assumir sua vocação de centros de desenvolvimento de tecnologias sociais capazes de influenciar políticas públicas. Por razões óbvias, e a despeito de sua boa vontade, elas jamais conseguirão fazer atendimentos que não sejam de pequena escala. Em compensação, sempre serão mais ágeis do que os governos para a pesquisa aplicada e a elaboração de modelos de intervenção em áreas de interesse social. Logo, podem e devem funcionar como laboratórios de metodologias, dedicando-se a avaliar suas experiências, organizá-las e sistematizá-las na forma de tecnologias prontas para replicação pública.

No entanto, se desejarem trabalhar em conjunto com governos, deverão eliminar o vício de uma certa arrogância autoral, aprendendo a construir junto e a participar de dinâmicas mais horizontais de cooperação. Um terceiro desafio para as empresas será incorporar novas formas de atuação que excedam o tradicional "Financio, logo existo." Até pouco tempo atrás, a prática mais comum era a doação de dinheiro para organizações de terceiro setor e comunidades.

Hoje, as corporações já têm suas linhas e projetos próprios. Dinheiro não é o único ativo da empresa. Ela também pode fazer diferença no desenvolvimento de suas comunidades se colocar a serviço das pessoas outros ativos importantes como capacidade de gestão, poder político, escolhas negociais, a força de sua cadeia produtiva, práticas comerciais, produtos e serviços.

O quarto desafio está relacionado a uma necessária aproximação estratégica que as empresas devem fazer com as suas fundações, institutos e departamentos sociais. À exceção daquelas --poucas é verdade -- que já avançaram na incorporação da sustentabilidade nos negócios, as demais corporações vivem ainda apartadas das instâncias que elas próprias criaram para realizar investimento social. Tratam-na como elementos estranhos em seu ninho. E a elas recorrem, quando muito, para recolher números positivos para seus balanços sociais. Institutos e fundações são, na verdade, centros de conhecimento e banco de pessoal capacitado em relacionamento com comunidades. Em tempos de sustentabilidade, podem ser parceiros muito estratégicos para o esforço de inserir os pilares sociais e ambientais na gestão dos negócios.

Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável
Publicado pelo Pauta Social em 10/04/08

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Organização orientada a processos

Quando um consumidor reclama que recebeu um aparelho de TV quando, na verdade, comprou um equipamento de som, ele está reclamando de um processo, não de um departamento.

As empresas, então, descobriram o óbvio: o cliente sempre enxerga processos.

Mas afinal, o que é um processo? Em uma definição bastante simplificada, é um conjunto de atividades que visa a obtenção de um resultado, e que agrega valor para quem paga por um produto ou por um serviço.

Por causa de uma visão voltada para seus produtos, durante séculos, as empresas colocaram toda sua atenção na execução de tarefas departamentais e não em seus processos. Olhavam somente para si mesmas, e para sua estrutura gerencial narcisista.

Com o passar do tempo, entretanto, as empresas e organizações adotaram uma nova forma de conduzir suas atividades, com uma visão nos seus processos. Mas isso não aconteceu por uma iniciativa delas. Elas foram obrigadas a repensar seus modelos de negócios. E quem as obrigou a isso? O cliente, que com uma maior consciência de suas determinações psicológicas e de suas necessidades, começou a exigir um novo comportamento de seus fornecedores.

Esta visão, entretanto, revelou outra face que as empresas e organizações não haviam também percebido: suas estruturas funcionais eram incompatíveis com essa nova dinâmica.

Pessoas, estilo gerencial, comportamento, cultura, sistemas de informação e de medição de desempenho, tudo precisava de um novo modelo mental para se adequar a essa nova realidade.

Mas o que é esse modelo mental? É uma nova forma de ver as coisas, por outra perspectiva, de maneira sistêmica.

Um aspecto fundamental nesta visão é que processos não se restringem aos departamentos. Eles atravessam as paredes departamentais e vão até o cliente. Isto gera uma necessidade, como já foi dito, de se ver as coisas de forma diferente. Esta é a primeira regra.

A segunda é inverter a noção de produção de bens ou de serviços. Na visão de processos não se produz nada sem se avaliar o que o cliente está solicitando. Assim, em uma organização orientada a processos, os profissionais são autodirigidos e são responsáveis tanto por realizar o trabalho quanto por garantir que os resultados e seus processos sejam feitos com critérios de qualidade muito definidos.

Uma organização orientada a processos estimula o desenvolvimento da maturidade em seus colaboradores. Quando os resultados são mensuráveis, o reconhecimento também fica claro para todos na organização, assim como todas as regras de negócio.


Celso Cardoso Pitta
Administrador com especialização em gestão de pessoas, consultor organizacional e conferencista


Publicado pela HSM On-line em 08/04/08

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Para não fazer o negócio da China

Chama-se O Segredo Chinês – Milagre Econômico e a Vida Real na China de Hoje – o livro lançado pela Editora Record no mês passado, que seria muito útil nas mãos de jornalistas responsáveis pela orientação das pautas da imprensa brasileira. Se a imprensa não consegue se aproximar do tema da sustentabilidade pelo ângulo do risco ambiental, esse livro se oferece como um instrumento útil para a compreensão do novo contexto global, pela visão do risco social.

A diferença entre uma e outra abordagens é que o risco ambiental, explicitado pelo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado em fevereiro de 2007, produz no máximo campanhas pontuais das quais não resultou ainda qualquer mudança substancial no modelo de desenvolvimento adotado pelo governo brasileiro. Os números recentes do desmatamento da Amazônia, a
despeito de toda a polêmica sobre a acuidade das avaliações via satélite, demonstram que as autoridades não conseguem reverter o processo de perda do patrimônio natural do país.

Nas empresas, o que se vê como resultado da constatação de que as ações humanas conduzem a uma situação irreversível para o planeta ainda são iniciativas pontuais, mais claramente dirigidas para a melhoria da imagem institucional do que destinadas a fazer diferença no cenário de risco. Contam, quase sempre, com a boa vontade da imprensa em destacar as "boas ações", naquilo que se convencionou chamar responsabilidade socioambiental das empresas.

Repensar o modelo
O livro O Segredo Chinês…, escrito pelo casal de jornalistas e escritores Chen Guidi e Wen Chuntao, tem o mérito de radiografar o mundo rural chinês, revelando que o modelo de desenvolvimento daquele país produziu a exclusão de nada menos do que 900 milhões de cidadãos, dos quais 700 milhões são agricultores sempre à beira da fome e do desespero, mas ainda presos ao campo, e 200 milhões são trabalhadores rurais que vagueiam pelo país, de obra em obra, longe de suas famílias, em busca de trabalho e sustento. Uma estrutura burocrática inchada e corrupta completa o quadro.

O ponto de inflexão que deveria chamar a atenção dos jornalistas brasileiros é o fato de que o livro foi lançado em 2004, quando a China alcançava níveis de crescimento surpreendentes, entre 8% e 9% ao ano, sob aplausos da imprensa ocidental. Não foram poucas as manchetes de jornal e as capas de revista comparando o robusto crescimento da China contra os minguados 2,5% da economia brasileira no período.

Também não se pode esquecer o desfile de economistas exigindo crescimento a qualquer custo, articulistas especializados e os corneteiros de sempre a cobrar mais facilidades para o capital e menos restrições para os negócios.

O livro, traduzido para o mercado brasileiro com três anos de atraso, revela, para quem queira tomar conhecimento, um fato que os estudiosos do processo da globalização e os profissionais preocupados com a busca da sustentabilidade vêm gritando em vão: o crescimento sem respeito ao meio ambiente e sem ganhos sociais é retrocesso. Como curiosidade, deve-se registrar o título que a Folha de S.Paulo deu ao texto sobre o livro, na edição do dia 29 de março: "Camponeses perturbam milagre chinês".

O que os autores do livro testemunham é um fato relatado há tempos por executivos brasileiros que visitam regularmente o interior da China. Paralelamente ao desastre ambiental que se processa naquele país, desenha-se lá também aquilo que o ecossocioeconomista Ignacy Sachs chama de a iminência de um "tsunami social". Modestamente, este observador deu sua contribuição para o debate no livro O Mal-Estar na Globalização (2005, Editora A Girafa), prêmio da União Brasileira de Escritores, na categoria ensaio, em 2006. Houve dezenas, talvez centenas de seminários, debates, defesas de teses, pesquisas, mas a imprensa seguiu martelando a defesa do velho modelo da busca de resultados financeiros das empresas como única forma de estimular o crescimento da economia.

Não se trata apenas de incapacidade da imprensa para entender a necessidade de repensar o modelo econômico, ou de falta de disposição para romper com os paradigmas que tradicionalmente orientam as escolhas editoriais. Trata-se também da ausência de sensibilidade para determinados temas, que parecem esgotados depois do tardio engajamento da mídia nacional na campanha pela redemocratização do país, nos anos 1980.

Propostas alternativas
O Brasil celebra em 2008 os vinte anos da Constituição de 1988, fundamental para a reconstrução do Estado de Direito, da qual a imprensa tirou grandes benefícios. Também são lembrados os vinte anos do assassinato do ambientalista Chico Mendes, líder dos seringalistas do Acre. A imprensa cobriu bem o desenvolvimento da Constituinte, mas ignorou a luta de Chico Mendes praticamente até o dia da sua morte, mesmo depois que ele já havia se tornado uma figura reconhecida internacionalmente, com o prêmio Global 500 da ONU. A exceção era o jornal alternativo Varadouro, mantido de 1977 a 1981 pelos jornalistas Elson Martins e Sílvio Martinello, com risco constante de perder suas próprias vidas.

Durante todos os anos da luta dos seringueiros, até 2008, a imprensa regional da Amazônia apoiou incondicionalmente os fazendeiros que, com financiamento oficial e suporte do Estado, empurravam as fronteiras da agropecuária para dentro da floresta, tornando impossível a vida dos seringueiros. Dezenas de coletadores de castanhas e de látex foram mortos por pistoleiros, sob o silêncio omisso e cúmplice da imprensa nacional, até o dia 22 de dezembro de 1988, quando Chico Mendes tombou, baleado por um criador de gado. A imprensa brasileira só enxergou o drama dos seringueiros depois que o New York Times publicou em primeira página uma reportagem sobre o drama que se desenrolava nas florestas da Amazônia Ocidental.

Na semana que passou, a revista Veja voltou a se interessar por Chico Mendes. Mas não necessariamente para relembrar sua luta e atualizar seus leitores sobre a luta pela preservação da maior reserva de biodiversidade do planeta. O que chamou a atenção de Veja foi o cheiro de sangue: a viúva de Chico Mendes, Ilzamar, concedeu entrevista ao blog do jornalista acreano Altino Machado, na quarta-feira (2/4), na qual desfiou um rosário de queixas contra o governo petista do Acre, a quem acusa de não respeitar o legado do líder ambientalista. Jornalistas de Veja passaram os últimos dias tentando falar com ela, para dar amplitude nacional ao seu descontentamento.

Ilzamar Mendes tem suas razões para se queixar do uso político da memória de seu marido, embora nunca tenha se destacado como militante de frente antes do assassinato. Mas ela ajudou a ampliar o alcance da mensagem dos seringueiros, com apoio dos filhos de Chico Mendes, e seus alertas sobre as perdas das reservas de seringueiras pelo avanço das pastagens precisam ser ouvidas. No entanto, a imprensa deveria estar atenta ao que se passou no Acre nos últimos quinze anos, com as lideranças nascidas no movimento ambientalista que produziram uma inegável renovação na política local, que afastou do poder os coronéis que oprimiam os seringueiros com o gatilho dos jagunços.

O que é que tudo isso tem a ver com o livro de Chen Guidi e sua mulher Wu Chuntao? Tem que a nuvem sombria que pesa sobre a China também se desenha nos céus do Brasil. E ela não é formada apenas pela fumaça que sobe das queimadas na Amazônia. É composta também pela permanência dos abismos sociais, de renda, educação e oportunidades, que os modelos tradicionais da política e da economia não são capazes de reduzir. Assim como soube, até aqui, incensar o crescimento da economia chinesa, à revelia dos danos ambientais e sociais que vem acumulando, a imprensa poderia aproveitar a evidência de que o modelo chinês não deve ser imitado e começar a prestar atenção às propostas alternativas de desenvolvimento que se oferecem ao Brasil.

Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa
Publicado pela Envolverdeem 08/04/08

© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Ministério lança estudo sobre destinos indutores do desenvolvimento do turismo

O Ministério do Turismo apresentou nessa segunda-feira (7) estudo, elaborado em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), a fim de racionalizar esforços e recursos dos governos federal, estaduais e municipais no desenvolvimento do turismo regional.

O Estudo de Competitividade dos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento – Relatório Brasil, segundo o ministério, identificou que no país as capitais e as não-capitais avaliadas estão em nível 3 de desenvolvimento, numa escala de 1 a 5: "Os temas avaliados referem-se a Infra-estrutura, Turismo, Políticas Públicas, Economia e Sustentabilidade. As capitais lideram com 58,7 pontos. Na média, o Brasil ficou com 52,7 pontos. As cidades que não são capitais ficaram com menor índice: 48,3. O estudo revelou que monitoramento e marketing foram os indicadores com menores notas."

Na avaliação da ministra Marta Suplicy, o trabalho "vai possibilitar a cada prefeito das cidades escolhidas ter o seu próprio diagnóstico do setor – e não se faz planejamento sem diagnóstico". Ela lembrou que "o Brasil tem milhares de lugares lindos, nós não podemos ficar pingando recursos em cada um desses lugares, daí termos de focar nesses 65 lugares escolhidos".

O estudo será enviado aos estados, a fim de orientá-los a preparar o material promocional. Em maio, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a FGV devolverá os resultados do estudo aos municípios pesquisados.

Dados divulgados pelo Ministério do Turismo apontam que de 2003 a 2007 foram investidos nos 65 destinos constantes do estudo R$ 332,4 milhões, dos quais R$ 148,9 milhões somente no ano passado. Na solenidade, a ministra informou que no ano passado foram executados 99% do orçamento, com a aplicação de R$ 1,7 bilhão. E que para este ano o orçamento aprovado é de R$ 2,66 bilhões – aumento de 47% em relação ao de 2007.


Nielmar de Oliveira, da Agência Brasil
Publicado pela Envolverde em 08/04/08

© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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IBGE ampliará pesquisas socioeconômicas

Plano prevê que a PNAD, balanço social divulgado anualmente, seja mesclada a pesquisa sobre emprego e investigue mais áreas no Brasil

Algumas importantes pesquisas socioeconômicas feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) se tornarão mais amplas e precisas. A principal instituição produtora de indicadores no país planeja divulgar, a partir da próxima década, dados mais abrangentes sobre trabalho e renda e detalhamento maior das condições das regiões urbana e rural, a partir de amostragens colhidas o ano todo.

O plano é mesclar a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, uma espécie de balanço social feito no Brasil todo e divulgado anualmente) e a PME (Pesquisa Mensal de Empregos, feita em seis regiões metropolitanas e divulgada todo mês). Elas serão extintas e darão origem a uma pesquisa que deve ser batizada de PNAD Contínua, trimestral. Além disso, o maior levantamento sobre hábitos de consumo e gastos dos brasileiros, a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares)), divulgada uma vez por década, vai ter uma versão menos complexa todos os anos.

A fusão da PNAD e da pesquisa sobre empregos vai possibilitar, de acordo com o IBGE, a investigação de um número maior de locais do país e fornecer dados mais precisos sobre emprego.

A PNAD segue um questionário básico fixo, repetido todos os anos. Assim, permite o acompanhamento anual de questões como trabalho, educação, habitação, renda, migração e fecundidade. A pesquisa também aborda a cada ano temas variados — os “suplementos”, como trabalho infantil e programas sociais. "A proposta da PNAD para a próxima década é que se transforme em uma pesquisa trimestral, de modo a produzir informações sobre emprego e trabalho para todo o país num formato conjuntural", afirma a coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, Márcia Quintslr.

Assim, os dados sobre trabalho e rendimento serão mais precisos do que os da Pesquisa Mensal de Emprego, mas passarão a ser divulgados trimestralmente. Já os dados da PNAD atual continuarão a ser publicados anualmente, mas poderão indicar evolução ao longo de 12 meses.

Isso será possível porque o IBGE aplicará cinco questionários menores e temáticos a cada trimestre — atualmente, os pesquisadores vão a campo apenas no último trimestre do ano, em setembro, com um longo questionário. Conseqüentemente, a PNAD fará um número maior de visitas ao longo do ano e chegará a mais lugares: de 145.547 visitas a domicílios em 7.818 setores (abaixo, em vermelho, os municípios escolhidos para esta década), passará a 716.800 visitas em 13.760 setores, com 179.200 domicílios visitados a cada trimestre (abaixo, em azul, a amostra da PNAD Contínua, a ser aplicada na década seguinte). Depois que uma família responder aos cinco questionários da PNAD Contínua, uma nova família da região passará a ser ouvida.



"Atualmente, a PNAD só vai a campo em um trimestre no ano e investiga todos aqueles temas num ponto fixo do tempo. Se você falar em educação, é educação em setembro. Agora, quando você falar em educação, será educação acumulada ao longo do ano", compara Elizabeth Hypólito, gerente do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares do IBGE. "A apuração também será mais rápida — a PNAD é sempre divulgada com atraso, o que vai mudar com a tabulação ocorrendo durante todo o ano. Nós teremos, ainda, uma amostra muito maior, com uma estratificação de urbano e de rural que hoje não existe."

Essa distinção se tornará possível porque a amostra terá duas etapas que não existem hoje: depois de feitas divisões administrativas (unidade da Federação, capital e região metropolitana), vai haver uma divisão por setores urbanos e rurais, inclusive de acordo com a renda.

Essa mudança de metodologia fará o IBGE iniciar uma nova série histórica em suas medições — o que implica que a série de indicadores coletados ao longo das últimas décadas não poderá ser diretamente comparada com a que começará a ser feita nos próximos anos. "Como poderíamos comparar um resultado que tinha como referência um período estanque, com outro que é baseado em informações colhidas ao longo do ano?", questiona Elizabeth. "No caso da PME, você tem como base pesquisas em apenas algumas regiões metropolitanas. Essa pesquisa será extinta e vamos levá-la para todo país."

No caso da Pesquisa de Orçamentos Familiares, o IBGE passará a apresentar dados conjunturais anualmente, sob o título de POF Simplificada.

Ambos modelos serão testados no último trimestre deste ano, em pilotos que têm apoio do Projeto de Assistência Técnica ao Programa de Reformas para o Setor de Desenvolvimento Humano, co-financiado pelo Banco Mundial e supervisionado no Brasil pelo PNUD.

Para Márcia Quintslr, essas alterações são urgentes e devem ser aplicadas já no início da próxima década — a PNAD Contínua para 2009/2010 e a POF simplificada para 2010/2011. "As pesquisas domiciliares hoje são maravilhosas e muito importantes. Mas o requisito para informação socioeconômica cresce cada dia mais, com temas mais múltiplos, requerendo mais agilidade. Então, essa reformulação das pesquisas vai nos colocar atendendo melhor essa demanda por informação", afirma a matemática, mestre em Estatística. "É urgente você ter uma informação contínua sobre consumo e também sobre mercado de trabalho em nível nacional, que é algo de que o Brasil não dispõe. Essa é a necessidade premente do projeto."

Os modelos metodológico para a POF Simplificada e a PNAD Contínua estão praticamente prontos, de acordo com Márcia. O projeto vai requerer investimentos muito grandes para a pesquisa de campo e para recursos humanos. "Aí, começamos a entrar na esfera da negociação política sobre a importância do projeto e da liberação de orçamento para ele. Esse é o caminho mais forte que nós vamos ter que percorrer agora. Toda a direção do IBGE está empenhada, porque temos a clareza sobre a importância técnica da necessidade de esse programa ser implementando para construirmos o retrato do Brasil de uma forma mais precisa", completa.

Osmar Soares de Campos, da PrimaPagina
Publicado pelo Pnud, Boletim nº 488, 08/04/08

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Censo GIFE mostra prioridade de investimentos em juventude


A população jovem foi o segmento priorizado pelas iniciativas realizadas pela Rede GIFE de Investimento Social Privado, cujo investimento somado chegou a R$ 1,15 bilhão em 2007. Ao todo, cerca de 96% dos associados ao GIFE trabalham com um público de 15 a 24 anos, embora não exclusivamente, com foco em áreas como educação, formação para o trabalho e geração de renda.

As conclusões são fruto do levantamento para a quarta edição do Censo GIFE 2007-2008, mapeamento que o GIFE faz sobre o investimento social privado de seus associados.. Realizado em parceira com o IBOPE/ Instituto Paulo Montenegro e do Instituto ibi, sua versão preliminar foi divulgada durante 5° Congresso GIFE

Embora se restrinja ao universo de 80% das 101 organizações associadas ao Grupo, na época da consulta, o levantamento aponta para as tendências do conjunto do investimento social do setor no país. Isso porque a Rede GIFE é considerada referência nacional na realização planejada de investimentos no campo social.

Beneficiados
O foco nos jovens, conforme apresenta o Censo GIFE, é explicado pela consonância entre o trabalho dos associados e a pauta da agenda nacional. “Na década de 1990, as crianças eram os alvos das políticas públicas, principalmente no acesso à educação. A preocupação hoje é a juventude, pois o segmento se tornou a caricatura dos males sociais. Em índices como educação, violência, trabalho e criminalidade, os jovens estão sempre à frente como os mais atingidos”, afirma o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.

O fato de 96% dos associados ao GIFE ter algum projeto em juventude, não significa dizer que outros segmentos sejam negligenciados. O público adolescente (7 a 14 anos) encontra programas em 39% dos membros da Rede, tal como as crianças (0 a 6), em 28%; adultos (30 a 59) 24%; e idosos (acima de 60), 19%. No total, 51% dos associados investem em todas essas faixas.

Áreas
No ranking das áreas priorizadas, não foi surpresa que a atuação em educação encabece a lista, com 83% dos investimentos dos associados (embora não exclusivamente). “Trata-se de uma prioridade para a rede há uma década. É um demonstrativo da preocupação em combater as causas dos problemas e com ações de longo prazo”, afirma Rossetti.

A educação é seguida no rol pela questão da “formação para o trabalho”, área que não constava nas últimas edições de Censo, com 59% de associados atuantes. A explicação para esse dado vem, segundo o secretário-geral do GIFE, do aumento de políticas para inserção de jovens no mercado de trabalho, como é o caso da Lei do Aprendiz, que demandam qualificação.

Quando analisado o universo das áreas privilegiadas no ranking do Censo, é possível ver que existe uma visão sistêmica dos associados que trabalham com juventude. Entre as cinco primeiras linhas de atuação constam também “geração de renda” (53%) e “apoio à gestão do terceiro setor” (53%).

”Não há como trabalhar de forma segmentada. O que se evidencia é a preocupação em resolver as demandas de forma multisetorial. A educação está ligada à formação para o trabalho e, em um ciclo, à geração de renda. Esses projetos, por sua vez, estão ligados invariavelmente a programas realizados por organizações sociais. Daí, a necessidade de melhorar a gestão dessas entidades”, explica Rossetti.

Incentivos
O uso dos incentivos fiscais é um mecanismo bastante utilizado pelas organizações para realizarem o investimento social. Essa é uma das explicações para que o investimento em Cultura e Artes ocupe o terceiro lugar no ranking das áreas de atuação priorizadas (55%). A Lei Rouanet, por exemplo, é utilizada por 34%, dos respondentes. Já o uso Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que legisla sobre os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (FDCA), é utilizado por apenas 18%.

Perfil
Em 2007, o Censo foi respondido por 81 associados (entre novembro de 2007 a fevereiro de 2008): 27 fundações de direito privado, 34 associações sem fins lucrativos (geralmente conhecidas como institutos), e 19 empresas. A atuação do grupo se dá em todos os estados da federação, de forma bastante homogênea, embora com maiores concentrações nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a maior parte está situada, e também em Minas Gerais e na Bahia.

Monitoramento e Avaliação
Segundo o Censo GIFE, cerca de 72% das fundações e institutos e 74% das empresas fazem o monitoramento de todos os projetos, sendo que 64% das fundações e institutos e 58% das empresas fazem avaliação de resultado de todos os projetos.

“Esse dado é muito positivo porque a cultura de avaliação de resultados ainda é muito recente no Brasil. Também porque realizar esse diagnóstico ainda é muito caro, principalmente para pequenos projetos. Uma avaliação chega a ser 15% dos custos totais das iniciativas”, lembra Fernando Rossetti.

Segundo o último Censo GIFE, os associados investiram cerca de R$ 1 bilhão para projetos sociais, culturais e ambientais feitos de forma planejada, monitorada e sistematizada. Isso equivale a 20% do que o setor privado nacional destina à área social - cerca de R$ 5,3 bilhões, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

A divulgação dos dados completos do Censo GIFE será realizada ainda no primeiro semestre de 2008.

Para ter acesso ao Censo GIFE 2005/2006, clique aqui .

Rodrigo Zavala
Publicado pelo redeGIFE Online em 07/04/08

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5º Congresso GIFE reúne 700 lideranças do terceiro setor

O GIFE reuniu mais de 700 lideranças da filantropia mundial em seu 5º Congresso sobre Investimento Social Privado, realizado de 2 a 4 de abril, em Salvador (BA). Com o tema Experiências Locais, Transformações Globais, o evento teve como um dos seus principais objetivos mostrar o amadurecimento do Brasil na busca de soluções estratégicas aos desafios socioambientais e, assim, fomentar potenciais parcerias supranacionais.

Segundo o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti, os debates promovidos durante o Congresso mostram que as oportunidades e ameaças para o investidor social privados são semelhantes em todo o mundo, o que reforça o propósito de articular parcerias entre diferentes países.

“O evento mostrou que essa via é possível e a cooperação, principalmente entre os emergentes (Rússia, China, Índia etc), pode levar a um aprimoramento tanto do que acontece no Brasil, tal como outros países. Uma melhoria global”, afirmou.

Em uma das mesas, por exemplo, representantes de países como Brasil, Rússia, Índia e China – o BRIC – discutiram como poderia ser essa integração. “O entusiasmo, a energia, os interesses compartilhados e a busca por alternativas são os pontos em comum entre as nações do grupo”, analisou a representante do Child Rights and You (CRY), a indiana Ingrid Srinath.

Outro ponto fundamental discutido no Congresso GIFE foi a necessidade de se fortalecer a sociedade civil na construção de uma sociedade democrática. “Apenas com organizações atuantes e diversificadas é possível construir um Estado e um ambiente de negócios forte”, lembrou o diretor executivo e fundador da Ufadhili Trust and Managing Trustee, no Quênia, Elkanah Odembo.

Na agenda, houve também espaço para discutir a prática de ISP no Brasil. Nas plenárias sobre o tema, buscava-se a solução para a seguinte quetão: como conscientizar e mobilizar um doador, seja ele individual ou corporativo, para profissionalizar suas ações e, assim, ser considerado efetivamente um investidor social? Isto é, não apenas disponibilizar recursos, mas torná-los um projeto estratégico, com fim planejado e bem avaliado.

Segundo o diretor presidente do Instituto para o Desenvolvimento do investimento Social (IDIS), Marcos Kisil, no país ainda é forte a cultura assistencialista. “Grande parte dos investidores brasileiros financiam os ‘band-aids’ das questões sociais, ao focarem nos efeitos e não nas causas”, criticou.

O evento, com público recorde, terminou na sexta-feira, dia 4, com a participação de 59 participantes nacionais e internacionais, 32 jornalistas e um público de 612 congressistas. No encerramento, o músico e empreendedor social Antônio Carlos Gomes de Freitas, o Carlinhos Brown, fez um relato. "Apenas obras não erradicam a pobreza,mas se você investe no talento, você só pode ter dividendos”, argumentou.

Entre os pontos altos do evento, pode-se destacar também:

- Apresentação do Censo GIFE 2007-2008
Levantamento mostra prioridade em juventude

- Palestra especial de Robert Dunn
“Devemos ser gestores dos impactos humanos e sociais”

- Realização de duas grandes plenárias
Experiências locais: Situação atual e futuro do ISP no Brasil
Transformações globais - Oportunidades de articulação supranacionais

- Aprofundamento de conceitos em debates
ISP nos BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China
Avaliação, indicadores e acreditação da ação social em perspectiva internacional
Atuação do Terceiro Setor: Legitimidade e Transparência
Desafios na Gestão do ISP: indicadores e ferramentas
Novos arranjos do ISP

- Jantar Cultural de articulação
Encontro reúne 600 pessoas

Leia cobertura completa do evento.

Rodrigo Zavala
Publicado pelo redeGIFE Online em 07/04/08

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79% das empresas que realizam investimento social não avaliam impactos

79% das empresas que realizam investimento social não avaliam os impactos gerados pelos recursos. A conclusão é da pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Anna Maria Peliano, que realizou o estudo com uma amostra de nove mil companhias (5% não responderam à questão da avaliação). Os dados foram apresentados no 5º Congresso GIFE Sobre Investimento Social Privado, que aconteceu de 2 a 4 de abril, na cidade de Salvador (BA).

A situação mostra-se mais complicada se for observado o montante destinado por essas empresas à área social: R$ 5,3 bilhões em 2007, a partir de números atualizados de 2004.

Entre os motivos colocados pelas empresas, Anna lembrou os mais citados: o tempo e os recursos necessários para realizar as avaliações, a impressão de que já conhecem o que acontece no local para o qual os investimentos são destinados e a idéia de que o resultado só pode ser medido depois de um prazo maior.

A região que apresenta um maior nível de avaliação é a Sudeste. 25% das empresas pesquisam os resultados gerados pelos investimentos. “Mas é necessário observar que 70% dos investimentos sociais privados brasileiros estão concentrados em empresas dessa região, o que significa que o número de companhias que realiza a pesquisa é baixo”, explicou Anna.

Segundo as respostas das empresas, não existe grande diferença entre a quantidade de pequenas, médias e grandes empresas que fazem as avaliações, número que gira em torno de 20% em todos os recortes. “Porém é preciso ressaltar que muitas pequenas organizações confundem controle de contas e aferição de números de pessoas atingidas com avaliação”, disse.

Com os dados quantitativos, a pesquisadora fez um recorte de cerca de 20 grandes empresas para aprofundar o estudo. Segundo as respostas coletadas, as empresas que avaliam o fazem para verificar se está valendo a pena o investimento, se os recursos estão sendo bem geridos, se a ação está sendo boa para a imagem da empresa e para aprimorar determinados pontos que foram falhos. A grande maioria ficou satisfeita com o resultado. “O importante da avaliação é saber qual foi o impacto do investimento. Se não é para medir isso, não vale a pena gastar dinheiro com a pesquisa”, advertiu.

Para finalizar a apresentação, a pesquisadora buscou polemizar o debate. “Apesar de tudo isso, a avaliação ainda não é um instrumento de transparência”, ressaltou, dizendo que as empresas só disponibilizaram para o estudo relatórios parciais e não liberou o acesso a muitos deles. E completou: “Se os motivos para avaliar são claros e a satisfação, entre aqueles que realizam, é grande, por que ainda são poucas as empresas que realizam as avaliações?”, questionou.

Por Alan Meguerditchian, do Aprendiz
Publicado pela Envolverde em 07/04/08

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HSBC lança linhas de crédito socioambiental para clientes

Instituição irá financiar equipamentos de preservação à natureza

O HSBC Bank Brasil lança nesta segunda-feira, 7 de abril, dupla iniciativa na área de sustentabilidade: o lançamento de sua primeira linha de crédito sustentável, composta de capital de giro socioambiental para empresas e uma linha de crédito pessoal para compra de equipamentos que promovam a acessibilidade às pessoas com deficiência, ambas com facilidades e taxas diferenciadas.

O objetivo da instituição é promover o desenvolvimento sustentável em toda sua cadeia de negócios, oferecendo condições especiais que incentivem a adoção de melhores práticas. As linhas de crédito estão disponíveis nas agências HSBC de todo país e contam com parcelamento em até 24 parcelas fixas.

Capital de Giro Socioambiental: Linha de financiamento específica para aquisição de bens e/ou equipamentos que tenham como principal finalidade a preservação do meio ambiente, a minimização de impactos ecológicos, o bem estar social e a promoção de negócios sustentáveis. Exemplos de equipamentos: antipoluentes (emissões atmosféricas); que evitem a descarga de resíduos tóxicos na natureza; para uso consciente de energia; que reduzam desperdício de materiais (estímulo à reciclagem); ou para montagem de instalações fixas que promovam o bem estar social.

Para garantir o uso correto do capital socioambiental, a liberação do crédito só será autorizada após apresentação dos documentos de certificação dos produtos por órgãos competentes (ex. INMETRO, NBR, etc.), ou se o fornecedor do produto possuir ISO 9000 ou ISO 14000.

O Crédito Pessoal Ação Social é oferecido a clientes que tenham interesse em utilizar linha de crédito para a compra de equipamentos ou produtos para pessoas com deficiência física, como cadeira de rodas, adaptação de veículos e ambientes, aparelhos para surdez, entre outros.

O objetivo é proporcionar a melhoria na qualidade de vida de clientes e familiares, reforçando o comprometimento da responsabilidade corporativa do HSBC com a sociedade.

O crédito pessoal Ação Social é feito diretamente em conta corrente e sua aprovação está sujeita à análise de crédito e há necessidade de justificar a utilização do empréstimo.


Publicado pelo Pauta Social em 07/04/08

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Amazônia tem projeto internacional para evitar desmatamento

O governador do Amazonas, Eduardo Braga, durante assinatura de acordo com Bill Marriott, em Washington D.C., EUA
Foto AGECOM/AM


O primeiro projeto de REDD do Brasil em floresta nativa - a sigla que identifica redução de emissões por desmatamento e degradação das matas - saiu do forno nesta segunda-feira, em Washington, num acordo assinado entre a rede de hotéis Marriott International e o governo do Estado do Amazonas. Por este acerto, hóspedes dos 3 mil hotéis que a rede opera no mundo poderão neutralizar suas emissões de dióxido de carbono doando uma pequena quantia para que árvores da Amazônia continuem em pé. Não se trata de reflorestamento e nem envolve operações de crédito de carbono, o que dá ineditismo à iniciativa. Por um dólar a mais na diária, por exemplo, os hóspedes poderão neutralizar suas emissões de carbono da estadia - o diferencial da proposta é que ninguém vai plantar árvores para que isso aconteça. A garantia dos doadores é que suas emissões foram compensadas porque se evitou desmatar a Amazônia.

A ponta mais evidente desta complexa engenharia verde que vem sendo desenhada pelo governo do Estado do Amazonas e bancada pela Marriott é uma doação de US$ 2 milhões, durante quatro anos, para proteger e implementar a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma. São 590 mil hectares ao sul do Estado, à margem direita do rio Madeira onde vivem 500 pessoas de práticas extrativistas. Ali, a biodiversidade é reconhecidamente rica, com espécies de primatas recém-descobertas.

Os primeiros US$ 500 mil devem ser repassados ao Estado em 180 dias. Os recursos serão aplicados no pagamento do Bolsa-Floresta, no fortalecimento de associações comunitárias, na compra de barcos para transporte escolar, na contratação de professores, na construção de bases de pesquisa, no monitoramento ambiental ou em ações de controle e fiscalização - não faltam planos para tirar uma RDS do papel. Segundo um estudo do Conservation Strategy Fund, o custo para manutenção de um hectare de unidade de conservação na Amazônia é de R$ 6,44. Os recursos da Marriott são, portanto, muito bem-vindos no Estado mais preservado da Amazônia, com 17,4 milhões de hectares de áreas protegidas estaduais - o que equivale a praticamente 70% do território do Estado de São Paulo.

Não se trata, aqui, de apenas mais um projeto de patrocínio para a conservação. O pulo do gato está em testar uma fórmula nova que relacione, na prática, o combate às mudanças climáticas, a preservação da Amazônia, e os viajantes conectados a estas questões, mas que não sabem o que fazer. No final do ano, quando o design desta operação estiver definido, os hóspedes da Marriott compensarão o que emitiram de carbono em sua estadia - num cálculo que levará em conta, principalmente, seu consumo energético - com a reserva de carbono de árvores que estão na reserva do Juma. "Estamos muito empolgados com este projeto", diz Gordon Lambourne, vice presidente de Relações Públicas Globais da Marriott International.

Os cálculos ainda não estão feitos, diz, mas o sistema poderá funcionar da seguinte forma: no check in de um dos 3 mil hotéis que a Marriott opera no mundo, o hóspede será informado que a empresa apóia a preservação de um pedaço da Amazônia e que ele pode contribuir, se quiser. A doação é voluntária e pode ser de um dólar. Feito isso, o cliente fica sabendo que sua estadia será "carbono-neutralizada", um jargão para indicar que o quanto ele tiver emitido em gases de efeito-estufa durante seus dias no hotel, será compensado pela permanência de carbono em árvores amazônicas. A doação dos hóspedes é voluntária e este volume de recursos irá, também, para a RDS do Juma.

E quanto a rede Marriott terá de estoque de carbono amazônico para disponibilizar nas emissões de seus hóspedes? Carlos Rittl, coordenador do centro de mudanças climáticas da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas, esclarece o mecanismo, que tem uma lógica bastante parecida à do fundo de preservação das florestas tropicais que o governo federal tem defendido nas conferências internacionais sobre clima. Segundo o sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, a reserva do Juma tem 4.696 hectares desmatados até 2006 - ou 0,8% de sua área total. O problema está no futuro, com a possível pavimentação da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, ao norte, e da BR-230, a Transamazônica, ao sul, além de outras obras de infra-estrutura. Por este quadro, em 2008, a RDS do Juma pode ter 300 hectares de área desmatada e, em 2009, mais 700 hectares.

As previsões nada otimistas estão em um estudo do cartógrafo Britaldo Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais. O trabalho do professor lista o pior cenário possível na região, se a pressão de desmatamento sobre a reserva se confirmar e caso as ações de prevenção e fiscalização não ocorrerem ou não forem bem-sucedidas. "Se conseguirmos evitar o desmatamento, usaremos o padrão de carbono do IPCC", explica Rittl, referindo-se às estimativas do braço científico das Nações Unidas. Por estes cálculos, um hectare de reserva na Amazônia tem 104,5 toneladas de carbono ou 383 toneladas de dióxido de carbono. A partir daí, calcula-se o quanto a RDS do Juma deixou de emitir e o volume é repassado à Marriott. Não há negociação de créditos de carbono na operação, mas a Bolsa de Chicago é referência para o dispositivo. Ali, a tonelada de carbono tem sido negociada a US$ 3,50.

"O desafio da conservação no mundo é descobrir fontes seguras de recursos", diz Rittl. A operação com a Marriott é montada em um tripé. De um lado, o governo do Amazonas; de outro, a rede hoteleira, e ainda a Fundação Amazônia Sustentável, FAS, que gerenciará os serviços e produtos ambientais das 34 unidades de conservação do Estado. O próximo passo é a rede hoteleira fazer seus cálculos - e nisto será ajudada pela ONG Conservation International. O modelo de REDD será submetido à certificação internacional.

Daniela Chiaretti
Publicado pelo
Valor Online em 11/04/08

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Refeição a preço popular é fonte de lucro para Makro

O Makro tem um lucrativo negócio no Brasil, que pouca gente conhece. A divisão de restaurantes é a face menos conhecida da rede de lojas de atacado controlada pelo grupo holandês SHV Holdings. Mas é uma operação que faz parte da alma da companhia desde a inauguração de sua primeira loja no mercado brasileiro, há 35 anos, no bairro da Vila Maria, em São Paulo. A cadeia de restaurantes, no modelo "sel-service" em 51 das suas 57 lojas espalhadas pelo país, é uma das maiores do país.

As refeições custam R$ 9,90 durante a semana e R$ 12,90 nos fins de semana. Com este preço, que inclui carnes grelhadas e sobremesas, o Makro consegue competir com os restaurantes que vendem comida a "quilo" e com as redes de fast-food. Hoje, o Makro já serve cerca de 400 mil refeições por mês e vem capturando mais clientes.

Em 2007, os restaurantes registraram expansão de 10% a 12% nas vendas em lojas comparáveis (em operação há 12 meses pelo menos), diz Wilson Andrade, diretor de perecíveis do Makro e responsável pela operação dentro da companhia. O desempenho desta divisão foi melhor do que o apresentado pela rede como um todo, cujas vendas em lojas comparáveis aumentaram 5,3% no ano passado.

Os restaurantes do grupo atacadista nasceram como uma prestação de serviço para os clientes, que vinham de longe e passavam horas na loja de atacado. Hoje, porém, a operação deixou de ser uma comodidade e transformou-se em uma fonte de lucros para o grupo. "Nos fins de semana, sobretudo, chega a ocorrer o inverso. As pessoas vêm almoçar no restaurante e acabam visitando a loja. O restaurante é um pólo de atração e não apenas uma atividade complementar", afirma Andrade.

Nenhuma outra cadeia de hipermercados seguiu o exemplo do grupo holandês. Em várias lojas, existem cafeterias ou lanchonetes de terceiros, mas as grandes redes de varejo de alimentos, como o Carrefour e o Grupo Pão de Açúcar, não ousam operar elas mesmas seus próprios restaurantes. Mas existe uma forte tendência entre as varejistas de agregar novos serviços aos seus negócios para diminuir a dependência das compras de itens básicos. As seções de vinhos e pratos prontos têm sido uma importante alternativa, além de outros negócios, como drogarias e postos de gasolina.

"Para o Makro, os restaurantes são um excelente negócio. Nós adoramos esta operação", diz Andrade. Tanto assim que o grupo irá inaugurar restaurantes nas oito lojas que planeja abrir este ano no Brasil e ainda fará a ampliação de duas unidades.

A divisão costuma representar em torno de 1% do faturamento de uma loja, mas, nas unidades onde a "casa" é mais famosa, esse percentual é bem mais significativo. Os restaurantes têm em média, 100 ou 120 lugares, embora existam unidades, como a de Brasília e Recife, com capacidade para atender 400 pessoas.

Com exceção das redes de fast-food, nenhuma cadeia de restaurantes no país, como Galeto's, Viena ou Pizza Hut, por exemplo, possui tantas lojas quanto o Makro. Neste setor as cadeias também têm uma atuação extremamente regionalizada, diferentemente do grupo atacadista holandês, que detém a única rede de lojas com presença em 22 Estados.

Claudia Facchini
Publicado pelo
Valor Online em 11/04/08

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