sexta-feira, 2 de maio de 2008

A comunicação empresarial educadora

A comunicação da sustentabilidade, no âmbito das atividades empresariais, é o grande tema dos principais eventos dos comunicadores em 2008. As discussões sobre o tema começaram neste início de abril, em São Paulo, na sede da Bovespa, por iniciativa da Fundamento, uma agência de comunicação paulistana, que tem se destacado por pensar o presente, em uma perspectiva agostiniana:

- Não é exato falar de três tempos - passado, presente e futuro. Seria talvez mais justo dizer que os tempos são três, isto é, o presente dos fatos passados, o presente dos fatos presentes, o presente dos fatos futuros.

A partir de Santo Agostinho, a agenda do futuro já estaria sendo desenhada, por nós, hoje. O que nós entregaremos do mundo para as gerações futuras depende do que fizermos agora. Um ponto de vista que foi reforçado pelos debatedores do evento, dentre eles, Marta Dourado (Fundamento), Carlos Raíces (Valor Econômico), Rogério Marques (Bovespa), Sonia Favaretto (Itaú), Jorge Cajazeira (Suzano e ISSO 26000), Henrique Lian (CPFL) e Daniela Reis (Vale).

Na implantação de uma vida e de uma produção sustentável, que respeite as pessoas, o meio ambiente e as formas como elas se organizam economicamente, os grandes desafios (para nós, corporações, governos e organizações da sociedade civil) passam por transformar os hábitos de consumo de milhões de consumidores, a forma como esses consumidores se relacionam com as empresas, pela mudança dos processos industriais existentes e por criar, e, também, por repensar a educação e os comportamentos para o trabalho e para a vida, entre outros.

É claro que estas mega-tarefas não são exclusivas dos comunicadores empresarias. É preciso mudar principalmente a cultura empresarial, que nos últimos duzentos anos tem visto o meio ambiente, a sociedade e as pessoas de forma exclusivamente quantitativa, matemática. Uma agenda produtiva e social em que todos são reduzidos a números e gráficos.

Neste contexto quantitativo, a comunicação empresarial é, também, uma expressão quantitativa. E, os comunicadores empresariais reduzidos ao papel de difusores de mensagens da administração, acostumada a ver o mundo como projeção da linha de produção.

Em outro evento realizado também no início deste mês, o Comitê ABERJE de Sustentabilidade, quase duzentos comunicadores ouviram e debateram as apresentações das políticas e ações da BASF e da Coca-Cola voltadas para a sustentabilidade.

Estas empresas foram representadas por Rolf-Dieter Acker, presidente da BASF para América do Sul, e por Marco Simões, Diretor de Comunicação da Coca-Cola Brasil. Mais uma vez, ficou claro para os participantes do Comitê que o sucesso de políticas e ações cotidianas voltadas para a sustentabilidade passa por um pensamento que consiga criar valor, ao mesmo tempo, para os acionistas e para a sociedade.

O debate continuará em outros eventos como o I Fórum Internacional de Sustentabilidade e Comunicação, em Brasília, nos dias 12 e 13 de junho, com a presença de Mohammad Yunus, fundador do Grammen Bank, o banco dos pobres, e Prêmio Nobel da Paz, em 2006, e Rajendra Pachauri, economista indiano, Prêmio Nobel, em 2007.

No campo acadêmico, o tema da sustentabilidade será o foco do II Congresso da Associação Brasileira dos Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas (ABRAPCORP), no final de abril, em Belo Horizonte.

A participação de comunicadores, economistas, políticos, empresários, dentre outros, nos eventos comentados demonstra que sustentabilidade é um desafio multidisciplinar, mestiço, em que a comunicação empresarial entra com uma missão educadora e até meta-humana. Vale dizer, por exemplo, que, em sustentabilidade, o homem e a empresa não são mais os centros de todas as coisas.


Paulo Nassar
Professor da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE). Autor de inúmeros livros, entre eles O que é Comunicação Empresarial, A Comunicação da Pequena Empresa, e Tudo é Comunicação.


redeGIFE Online, 28/04/08

Mais...

Estudantes priorizam empresas com preocupações ecológicas

Pesquisa realizada com estudantes de Administração de Empresas da Universidade de São Paulo (USP) e de faculdades privadas mostra que a empresa dos sonhos não é apenas grande porte, mas também ecologicamente responsável.

O levantamento foi elaborado pela Quorum Brasil, empresa que faz pesquisas estratégicas para o setor privado. Foram entrevistados 200 alunos (de até 29 anos) do último ano da graduação, entre março e abril. A metade desse número estuda na Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.

As conclusões apontam para uma realidade otimista: a juventude de hoje passou a assimilar a importância do meio ambiente e da responsabilidade social. Seja por altruísmo, seja por pressão, os questionários apontam também que trabalhos sociais são importantes na hora de pleitear um emprego. A maior parte dos recém-formados, que ingressaram em programas de trainees nos últimos anos, tinham trabalhado em ONGs ou em defesa do meio ambiente.

Além da preocupação com o meio ambiente (98% dos respondentes), os alunos dizem que gostariam de trabalhar em empresas abertas para ouvir opiniões dos funcionários (95%). Quando questionados sobre o que seria uma vida de sucesso, estudantes dos dois sexos não diferem muito. Mas chama a atenção o fato de mais mulheres (54%) assinalarem a resposta “realização profissional”. Entre os homens, o índice ficou em 51%.

A pesquisa identificou algumas diferenças entre as respostas dadas pelos alunos da USP e das instituições privadas, todas elas voltadas para um público das classes mais baixas. Entre os alunos da USP, a maior parte cita a área de atuação da empresa e os benefícios oferecidos por ela como os pontos mais importantes.

Os estudantes do outro grupo também valorizam os benefícios, mas a maioria busca empresas que ofereçam para eles perspectivas de crescimento. O setor industrial é o preferido para 36% dos formandos de universidades privadas; na USP, só 15% deram essa resposta. A maior parte, 37%, opta pela área de serviços ou finanças.
Compromisso - Trabalhar com o público interno tornou-se imprescindível para as empresas que buscam consolidar suas marcas como sustentáveis. Mais do que defender a organização, funcionários e colaboradores devem ser estimulados a adotar os valores e comportamentos éticos que a empresa pretende fundamentar suas práticas socioambientais.

Para o diretor de Comunicação Corporativa da Fiat, Marco Lage, nenhuma empresa conseguirá alcançar metas socioambientais (tal como qualquer outra meta) sem a participação dos funcionários. “As organizações são pessoas. Se elas não tiverem motivações pessoais, dificilmente a empresa chegará aos seus objetivos”, disse.

Na prática da Fiat, de acordo com o diretor, a etapa objetiva para a conscientização dos colaboradores foi a criação de um comitê de desenvolvimento sustentável, que passou a elaborar planos voltados aos 22.142 funcionários. “Não se constrói um programa de sustentabilidade com foco em um público A ou B. É preciso criar formas transversais para chegar a todos eles”, argumentou.

Independentemente do tema a ser passado para a equipe, a gerente de Comunicação Interna e Endomarketing da Atento, Ana Cristina Santos, garantiu que é importante fazer com que os funcionários participem das fases de produção dos materiais. “Funcionário tem tanta importância quanto o cliente”, advertiu.

Na Atento, os colaboradores participam dos projetos de comunicação interna, sugerindo, pautando, produzindo e estrelando as peças. “Trabalhamos com nossas próprias vivências para nos entendermos como grupo”. Nesse contexto, a colaboração dos funcionários traz benefícios à marca, à produtividade e à dinâmica entre os colaboradores.

RedeGIFE Online, 28/04/08

Mais...



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br