quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Marketing corintiano de primeira

Clube fatura alto com ações de oportunidade em ano de angústia pela queda para a Série B

O Sport Club Corinthians Paulista levantou a taça de campeão da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol no sábado, 22, em função dos excelentes resultados obtidos ao longo da disputa. Mas as conquistas do time neste ano não se restringem ao que foi realizado dentro de campo pelos comandados do técnico Mano Menezes. Fora das quatro linhas, o departamento de marketing soube aproveitar a força vinda das arquibancadas para faturar alto com iniciativas que estavam distantes do planejamento até 2007. Com o retorno obtido ao longo deste ano, o clube já começa a projetar novas idéias para serem colocadas em prática na próxima temporada e também em 2010, quando o Corinthians comemora seu centenário.

A guinada na estratégia corintiana teve início em reunião realizada na manhã do dia 3 de dezembro de 2007 - dia seguinte ao jogo que confirmou o rebaixamento do clube para a segunda divisão do campeonato. Encabeçado por Luiz Paulo Rosemberg (vice-presidente) e Caio Campos (gerente), apoiados por mais 11 publicitários fanáticos pelo time - que formam a Agência Corinthians -, o departamento de marketing passou a ter mais autonomia para criar ações que trouxessem novas receitas ao longo do ano.

A primeira delas foi a venda do kit "Eu nunca vou te abandonar", que começou timidamente, com a disponibilização de apenas 5 mil unidades, e atingiu mais de 200 mil, negociadas a R$ 44,90. "Precisávamos de novas campanhas para ajudar o clube, pois iríamos enfrentar um ano muito difícil. A partir desse sucesso fizemos todas as adaptações para o restante da temporada", diz Campos, sem revelar o faturamento total com as ações de marketing.

Desde então, foram mais de 25 iniciativas lançadas em diversas áreas, como agência de viagem, programa sócio-torcedor, canal de TV na internet, informações do time pelo celular, espaço de relacionamento no estádio do Pacaembu, abertura de lojas com produtos do time e produção de um longa-metragem, entre outros. As mais recentes são a promoção "O timão é a sua cara", na qual torcedores pagaram R$ 1 mil para ter sua foto na camisa que o time utilizou no sábado passado, contra o Avaí, e o lançamento nesta segunda-feira, 24, do novo mascote do time, criado pelo cartunista Ziraldo.

Novas ações
Até o começo de 2009 outras novidades estão reservadas para a fiel torcida, entre elas o lançamento de uma coleção de camisas de ídolos do time. A primeira, que será focada na época de Natal, será do meio Neto. Outra iniciativa é o Corinthians Training, acampamento de férias voltado para o futebol que será realizado em Atibaia, no interior de São Paulo.

Estão programados ainda lançamentos de produtos diferenciados, como um champanhe em parceria com a marca Salton, além da abertura de mais cinco lojas de produtos do time, totalizando dez ainda neste ano e com previsão de 20 estabelecimentos até o fim de 2009. "As primeiras cinco lojas que lançamos tiveram o dobro do faturamento esperado, e isso se deve ao momento difícil pelo qual passamos", comenta o gerente de marketing.

Queda valorizada
O rebaixamento não foi tão ruim como muitos imaginavam. Pelo menos em relação aos contratos fechados para 2008. Em 2007, o Corinthians recebeu R$ 12 milhões para estampar em sua camisa o logotipo da Samsung. Para o ano em que disputou a Segunda Divisão, o clube valorizou o espaço em 37,5% e fechou um novo contrato com a Medial Saúde, por R$ 16,5 milhões.

Sobre a renovação do contrato, Campos, é cauteloso. "O retorno foi muito bom para a Medial e eles têm a preferência pela renovação. Mas sabemos que esse é um momento de insegurança devido à crise externa e há muitos clubes cujos contratos estão terminando agora, em dezembro", diz. Além do patrocinador, o Corinthians tirou proveito também no valor negociado pelos direitos de transmissão. Fora da Série A - cujos contratos são realizados pelo Clube dos 13 -, pôde negociar de forma independente. De acordo com Campos, "os ganhos foram acima do que seriam se o time estivesse na Primeira Divisão".


Fábio Suzuki
Meio & Mensagem Online, 24/11/08

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Soluções inovadoras virão de desconhecidos

Co-fundador de empresas de consultoria na área de sustentabilidade, John Elkington afirma que a crise econômica é necessária para destruir alguns elementos da cultura global e que a mudança virá de pessoas vistas como loucas.

“Muitas das soluções que precisamos para o futuro não virão das grandes empresas, mas sim de pessoas sobre os quais vocês nunca ouviram falar”, afirma o inglês John Elkington, co-fundador da SustainAbility e diretor da Volans Venture, fundada neste ano com o objetivo de encontrar soluções empreendedoras para enfrentar os grandes desafios atuais, que segundo ele vão desde as mudanças climáticas e pobreza até o acesso a medicamentos.

Autor de 17 livros, incluindo o Guia do Consumidor Verde que vendeu um milhão de cópias em 1988, Elkington é uma autoridade mundial em responsabilidade corporativa e desenvolvimento sustentável. O empresário diz que para os empreendedores inovadores, que estão na borda do sistema, será muito mais fácil aproveitar a desestruturação econômica desta crise, pois não estão focados na ‘antiga ordem’.

Elkington afirma que, há dois anos, já vem dizendo que a humanidade ruma em direção a uma descontinuidade econômica, não uma recessão. “Acho que isto está apenas começando”, exclama.

A curto prazo, o empresário e consultor explica que o resultado desta crise será devastador sobre o cidadão a e sustentabilidade. “Muitas empresas a usarão como desculpa para cortar gastos e enxugar áreas com especialistas”, garante, ressaltando já ter atravessado cinco recessões e ter visto as empresas fazerem exatamente isso em áreas como segurança, saúde e meio ambiente. “Esta é a má notícia”.

A boa notícia, diz, talvez venha daqui a três a cinco anos. “Devido à desestabilização do modelo econômico, causada porque os líderes empresariais e políticos não sabem o que está acontecendo nem o que fazer, a oportunidade de levar adiante mudanças radicais será muito maior”, comenta.

Segundo Elkington, os desafios atuais serão apenas enfrentados quando empresas, governos e os cidadãos se alinharem em torno de uma meta e cita os planos da Nissan para ter 60 modelos de veículos elétricos nas estradas em até três anos. “Eles já fazem isso porque vêem que o mercado para este tipo de veículo está crescendo, pois observam um aumento de interesse do governo japonês, principalmente no nível municipal”, conta.

O especialista prevê, além de falências absolutas, muitas fusões e incorporações, com uma grande transformação no cenário empresarial. “Esta também é uma oportunidade imensa para usar um exemplo da ecologia: muitas vezes precisamos de um incêndio numa floresta para limpar o espaço para que novas plantas possam crescer”, compara.

Destruição de elementos culturais
John ElkingtonElkington diz é uma crise econômica é necessária para destruir alguns elementos da cultura global criados pelo homem. “Isso só acontece quando as pessoas estão com muito medo”, ressalta. O problema, no entanto, é que isto também pode levar a políticas extremas, como o racismo e o protecionismo, “não apenas o futuro sustentável que Al Gore (autor do documentário ‘Uma verdade inconveniente”) queria”.

Membro de conselhos de instituições como o Índice de Sustentabilidade Dow Jones e Instituto Ethos, Elkington cita os economistas Nikolai Kondratiev e Joseph Schumpeter para esclarecer o que são estes elementos culturais. Ambos tinham a mesma idéia de que ondas econômicas duram de 50 a 60 anos, mas este período estaria se encurtando e agora estaria perto de 40 ou 50 anos, segundo ele.

“Quando uma onda começa a acabar, de repente você vê a destruição de setores industriais e de empresas conhecidas, das quais estamos acostumados a comprar, conhecemos pessoas que trabalham nelas. Começamos a ver isso acontecer no setor financeiro, no qual empresas como a Lehman Brothers, que estava há décadas no mercado, começam a sumir”, explica.

Para ele, cada setor da economia mundial verá uma tendência semelhante e qualquer coisa que use intensamente combustível fóssil estará em uma posição muito arriscada.

Shai Agassi
O israelense Shai Agassi, fundador da empresa de carros elétricos Better Place, é citado por ele como um “excelente exemplo da natureza e da escala da solução que precisamos levar adiante agora”.

Há cerca de dois anos, Agassi apresentou a idéia de transformar todos os veículos do mundo em carros eletrificados em um concurso de idéias inovadoras proposto pelo Fórum Econômico Mundial, durante uma Conferência de jovens líderes. “Eles acharam aquilo uma loucura, mas a mudança vem de pessoas que todo mundo pensa que são loucas”, comenta Elkington que conta ter perguntado a ele por onde começaria.

“Se começasse provavelmente seria onde as pessoas odeiam os árabes e, especialmente os países produtores de petróleo. Então ele foi para Israel”, lembra. Lá, falou com o presidente Shimon Peres e ganhou o apoio do governo israelense para o programa de eletrificação. “Mas o governo israelense disse que só o apoiaria se ele conseguisse arrecadar algo como 200 milhões de dólares. Depois de 12 meses, Agassi voltou com o dinheiro e também o apoio da Renault, fabricante de automóveis francesa”, conta Elkington.

Segundo ele, a lógica é a mesma utilizada para a disseminação do uso de celulares, que consiste na criação de uma cobertura antes de querer vender o produto. “Temos que lançar uma infra-estrutura primeiro antes das pessoas comprarem o carro e saírem rodando por ai. É isso que o governo está tentando fazer. O mesmo fazem o governo dinamarquês, australiano e da Califórnia”, conclui.

Sites relacionados
Site pessoal de John Elkington - http://www.johnelkington.com/
SustainAbility - http://www.sustainability.com/
Volans Ventures - http://www.volans.com/


Foto Fabrício Basílio
Paula Scheidt, do CarbonoBrasil
Envolverde, 27/11/08
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Negócios sociais combatem a pobreza e a degradação ambiental

A ONG Artemísia tem por missão inspirar e apoiar uma nova geração de empreendedores no desenvolvimento de modelos inovadores de negócios

O que um senegalês, uma franco-colombiana e uma brasileira podem ter em comum no mundo dos negócios? O senegalês Chérif Basse, jovem de classe média, largou o emprego em uma grande distribuidora de produtos canadenses para abrir um novo negócio.

Basse estava insatisfeito com os produtos vendidos no Senegal, a maioria importados. Convenceu uns amigos, que juntaram as economias: ao todo US$ 28. Com o dinheiro, compraram uma barra de sabão e foram vender no farol. Com o lucro, compraram mais. Hoje, a NDAAM Distribuição é a maior empresa no Senegal a oferecer o primeiro emprego a jovens senegaleses. São centenas de novos empregos por ano.

Já Sylvia Sanchez, uma franco-colombiana, é proprietária da Warmi, uma empresa que atua como uma ponte entre o olho para a moda parisiense e outro no artesanato colombiano. Sylvia produz moda para o exigente consumidor europeu utilizando o trabalho de cooperativas de mulheres da Colômbia, que são motivadas a preservar e revitalizar a cultura dos ancestrais andinos.

A arquiteta brasileira Kátia Sartorelli Veríssimo, com mais três amigos, criou uma empresa para prestar serviços de arquitetura dentro de comunidades de baixa renda. Nessa categoria de preço-sensível, em que edifícios geralmente surgem de forma anárquica, sem orientação profissional, os clientes se beneficiam da construção e reduzem os custos de energia, segurança, água, etc. A Arquitetos da Comunidade gasta seis meses trabalhando em uma determinada comunidade antes de passar ao próximo, deixando para trás os trabalhadores da construção recém-formados e capazes de construir tais projetos em escala.

Esses são os chamados Negócios Sociais, que combinam iniciativas economicamente rentáveis, que por meio da sua atividade principal solucionam problemas sociais ou ambientais, utilizando mecanismos de mercado.

No mundo todo, há vários incentivadores desses negócios. Entre elas, está a Artemísia, uma organização internacional que tem como missão inspirar e apoiar uma nova geração de empreendedores no desenvolvimento de modelos inovadores de negócios, voltados para solução de problemas sociais e ambientais. Presente no Brasil desde 2004, atua ainda na França e no Senegal.

“O Negócio Social é um modelo de empreendedorismo muito novo ainda em todo o mundo, mas tem um campo enorme para ser explorado”, diz Kelly Michel, fundadora da Artemísia. Atualmente a entidade apóia 67 jovens empreendedores, líderes de Negócios Sociais que foram selecionados e fazem parte da Rede de Empreendedores Artemísia. Trabalham junto com os empreendedores 85 estudantes universitários, desenvolvendo seu potencial e descobrindo uma alternativa de carreira.

Desde 2003, a ONG apoiou também a criação de 36 planos de negócios sociais e 80 negócios estabelecidos receberam investimento financeiro, apoio técnico e de recursos humanos para melhorar o desempenho, ganhar escala e expandir o impacto.

Um livro social
Recentemente o economista 'Um mundo sem pobreza – a empresa social e o futuro do capitalismo'. O livro defende o conceito de empresa social, que diferente das corporações comuns, obtém rendimentos com seus produtos e serviços, mas não paga dividendos a acionistas e não visa o maior lucro possível. A empresa social se dedicaria a criar produtos e serviços que beneficiem a população, combatendo problemas como a pobreza e a poluição e melhorando a saúde e a educação.

Serviço:
Artemísia – (11) 3812-4303


Beth Matias
Agência Sebrae de Notícias, 26/11/08

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Software em português tem adaptação lenta à reforma ortográfica

Novas regras de ortografia só serão obrigatórias em 2013. Prazo longo faz com que atualizações sejam feitas com lentidão

A partir de janeiro de 2009, o Brasil começa a implementar as modificações na língua portuguesa que foram definidas na reforma ortográfica. Para nós, brasileiros, essas mudanças devem afetar apenas 0,5% das palavras que escrevemos. Para os outros países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste), a mudança pode envolver até 1,6% das palavras.

Um dos efeitos dessa mudança no idioma é que vários programas de computador - como o Office, o BrOffice e os dicionários digitais, como o Aurélio e o Houaiss - também terão de se adaptar às novas regras de ortografia. Mas sem muita pressa. Em resposta à reportagem do IDG Now!, a maioria delas disse não ter um prazo definido para adequar seus produtos às novas normas. Apenas o BrOffice (versão nacional do OpenOffice) conta com o corretor ortográfico atualizado.

Uma das explicações é que, apesar de a reforma começar a valer a partir do próximo dia primeiro de janeiro, as mudanças só serão obrigatórias no começo de 2013. Nos próximos quatro anos, as duas formas serão aceitas.

A Microsoft, responsável pelo pacote Office, afirmou que não há previsão para que seus produtos sejam adequados à nova ortografia. De acordo com Eduardo Campos, gerente-geral da divisão de produtividade e colaboração da Microsoft, a companhia "tem o compromisso" de revisar seus produtos e atualizar o banco de dados do corretor ortográfico. A divulgação das atualizações, porém, deve ser divulgada até 2012.

"Apesar de a mudança afetar apenas 0,5% de do português do Brasil, teremos de rever todo o dicionário léxico", disse Campos. Ele garantiu, entretanto, que "as alterações serão gratuitas para as versões que estão no mercado", ou seja, o Office 2007. O gerente-geral disse também que há a possibilidade de a versão 2003 ser atualizada. Já os textos de menus e de ajuda de outros programas da empresa serão atualizados até 2012.

A Positivo Informática, responsável pelas versões digitais e online do novo dicionário Aurélio, estima que uma pequena revisão será lançada até o primeiro trimestre de 2009. De acordo com Ilana Krieger, diretora de varejo da divisão de tecnologia educacional da Positivo, a atualização será gratuita para aqueles que compraram a versão em CD do dicionário em 2008.

Segundo Ilana, o minidicionário Aurélio - que vem com um CD com a versão digital - já está adaptado às normas. A diretora conta ainda que a edição em livro, já adequada à reforma ortográfica, será lançada em 2010, simultaneamente com uma nova versão digital do dicionário.

A Editora Objetiva, responsável pelo dicionário Houaiss, não informou quando as versões digitais e online do léxico estarão disponíveis. Em agosto deste ano, a editora lançou uma versão do minidicionário já atualizada de acordo com as regras previstas na reforma ortográfica.


Pedro Marques
IDG Now!, 26/11/08

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Microempresários têm mobilidade social maior

Rendimento médio também é maior que o dos demais trabalhadores, aponta a FGV

O número de microempresários no Brasil já chega a 22 milhões. E essas pessoas apresentam rendimento e mobilidade social acima da média dos demais trabalhadores, segundo pesquisa divulgada ontem pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O conceito de microempresário da pesquisa é amplo, e inclui desde vendedores ambulantes e camelôs até empregadores ou profissionais liberais, como médicos e dentistas.

Segundo o estudo, a renda domiciliar per capita dos microempresários era de R$ 761 no ano passado, superior à renda média per capita do total dos ocupados (R$ 526). O economista explica que a renda desse grupo está acima da média porque inclui não apenas o rendimento do trabalho, mas também transferências de programas sociais, como as do Bolsa Família.

A pesquisa mostra também que, segundo projeções para este ano, a maior parte, ou 54% dos microempresários, estão na classe C. De acordo com Neri, a mobilidade social é maior para eles do que para o restante da população. Em 2003, segundo a pesquisa, 42,8% dos microempresários estavam na classe C e 22,5% na D. Em 2008, segundo projeções da FGV, o porcentual de microempresários na classe C tinha subido para 54%, enquanto a fatia na classe D havia caído para 18,1%.

Para o total dos trabalhadores, também houve migração, mas um porcentual menor (50%) estava na classe C em 2008, segundo as projeções da FGV. A pesquisa destacou os microempresários como ponto de partida para análise do Crediamigo, programa de microcrédito do Banco do Nordeste - que encomendou o estudo.

Para Neri, a força desses microempresários e a continuidade do avanço no processo de mobilidade social no País este ano, como já havia ocorrido no ano passado, serão “amortecedores” para se enfrentar a crise financeira internacional. Segundo ele, a redução da pobreza e a ampliação da classe C - em detrimento das classes D e E - serão fatores “muito importantes para segurar a economia brasileira”. De acordo com Neri, “o mercado interno é um amortecedor da economia do País bastante importante para enfrentar a crise”.

De acordo com o pesquisador, a classe C, que ele chama de nova classe média, que chegou a 47,1% da população total do País em 2007, será de 50% do total em 2008. Em 2003, a classe C equivalia a 37,6% da população. No que diz respeito à classe E, ou seja, a camada de renda mais baixa, a projeção de Neri é que caia de 18,1% da população, segundo os dados do ano passado, para 15,3% segundo as projeções para este ano. Em 2003, essa fatia correspondia a 28% da população.

NÚMEROS
22 milhões é o número total de microempresários no País
R$ 761,00 foi a renda domiciliar per capita dos microempresários em 2007
R$ 526,00 foi a renda domiciliar per capita da população ocupada em 2007


Jacqueline Farid, O Estado de S. Paulo
EnvolveRSE - Sustentabilidade Empresarial de Robson Pereira, 25/11/08

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Chinaglia nega-se a votar projeto sobre filantropia

O vácuo político provocado pela devolução da Medida Provisória 446, que concede anistia a entidades filantrópicas sem critério de regularidade, permaneceu ontem com decisão do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de não votar projeto semelhante que tramita na Câmara enquanto a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado não disser se a devolução ao presidente da República, assinada por Garibaldi Alves (PMDB-RN), presidente do Senado, é ou não legal. Garibaldi foi ao gabinete de Chinaglia para discutir o assunto e voltou para o Senado sem garantia de que haverá votação na Câmara.

O encontro frustrado ocorreu por iniciativa de Garibaldi. Tão logo Chinaglia recusou a parceria com o Senado para solucionar o impasse, Garibaldi ligou para ele. "Esse é um assunto que, inevitavelmente, sofre desdobramentos nas duas Casas". "O presidente Chinaglia está tão empenhado quanto eu em resolver esse problema", disse o pemedebista.

O encontro de ontem frustrou também a esperança de alguns senadores de encontrar uma saída para a crise gerada pela devolução da MP 446. Como existe um projeto de iniciativa do Executivo em tramitação na Câmara tratando do mesmo assunto - o relator é o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) - a alternativa imaginada pelos senadores era a aprovação do texto na Câmara e depois no Senado. Desta forma, a MP poderia ser derrubada "por perda de objeto", livrando a CCJ de ter que, eventualmente, declarar impróprio ou ilegal um ato do presidente do Congresso.

Na Câmara, não há pressa. Deputados experientes apostam que o impasse poderá terminar no Supremo Tribunal Federal. Mas parlamentares próximos de Chinaglia acreditam que ainda há espaço para negociações. "É isso que procuramos nesse lapso de tempo. Uma saída política", declarou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).


Paulo de Tarso Lyra, de Brasília
Valor Online, 27/11/08

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Auditório do Ibirapuera pretende atrair novos parceiros

Investimentos para 2009 estão orçados em cerca de R$ 10 milhões, sendo 70% deste valor doado pela TIM; curadoria do espaço deve criar eventos e classificá-los na Lei Rouanet para buscar patrocinadores

O Auditório do Ibirapuera mira novas parcerias. Doado à Prefeitura de São Paulo pela TIM em outubro de 2005, o espaço conta hoje com a empresa de telefonia móvel como sua principal mantenedora, com seus projetos coordenados por uma organização de sociedade civil de interesse público (Oscip), o Instituto Auditório Ibirapuera (IAI). Os investimentos para 2009 estão orçados em cerca de R$ 10 milhões, sendo 70% deste valor doado pela TIM. Os outros 30% são de responsabilidade do próprio instituto, obtidos através da bilheteria e de parcerias com empresas durante o ano - e é justamente esse número de eventos que a entidade pretende ver ampliado.

Segundo Mário Cohen, presidente do IAI, a idéia é que os valores doados pela operadora de telefonia sejam decrescentes, até que cheguem a um patamar de 50% do total do orçamento em 2010. "A idéia é que a curadoria crie eventos e os classifique na Lei Rouanet para buscarmos novos patrocinadores", explica. Mas o projeto estanca em um "detalhe": a excelência do auditório. Por conta da seleção rigorosa, o espaço conta apenas com cerca de 15 eventos patrocinados por empresas durante o ano como os shows de João Gilberto, Roberto Carlos e Caetano Veloso, em agosto, patrocinados pelo Itaú. Para 2009, já há alguns projetos em andamento.

O espaço receberá diversas ações do Ano da França no Brasil, como concertos de jazz e apresentações de música popular. O destaque será um festival de cinema a céu aberto no Parque do Ibirapuera, entre os dias 1o e 30 de julho, com apoio do consulado francês. "Recebemos muitas propostas. Mas fazemos poucos eventos por ano, porque existe uma escolha criteriosa do que interessa ao auditório", conta Mozart Galvão, gestor do IAI. Economista com cerca de 20 anos de experiência na Souza Cruz, ele é o responsável pela administração do instituto, fundado em abril de 2004 e com cerca com 25 pessoas atuantes no momento.

"A administração dá suporte a todos os produtos e atividades do auditório, ao planejamento estratégico e financeiro do instituto e cuida também da parte orçamentária", conta o diretor. "O orçamento é muito importante. O de 2009 já está pronto, e o fechamos durante a crise", brinca Galvão. O modelo virou exemplo para outros espaços, em Estados como Minas Gerais e Bahia. "Essa gestão privada dentro de um espaço público é o melhor exemplo de como os projetos podem funcionar", acredita. Toda a programação é analisada por uma comissão de gestão cultural, presidida por Galvão e composta por dois membros do IAI e três indicados pela prefeitura.

O auditório conta com mais ou menos cem shows por ano, cuja produção está sob a responsabilidade de Pena Schmidt, um dos responsáveis por festivais como Hollywood Rock e Free Jazz Festival, além de ex-produtor de bandas como Titãs e Paralamas do Sucesso.

Universidade de música
Além dos espetáculos, o IAI conta hoje com a Escola do Auditório. Participam 120 crianças carentes da Zona Sul de São Paulo, escolhidas durante as atividades do projeto TIM Música nas Escolas. "Elas foram identificadas como as que têm vocação musical. Aqui, fazem o que chamamos de Universidade da Música. Em um período de três a cinco anos, sairão daqui como uma orquestra", explica Galvão.

O auditório ainda recebe um terceiro projeto: Acalanto, o canto entoado para adormecer crianças. A intenção do instituto é coletar informações sobre o assunto, artigos, pesquisas e referências sobre o tema.

Um sonho de meio século
Criado em 1954 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o projeto do Auditório do Ibirapuera ficou quase 50 anos no papel. Em 2002, a 1818 Branding, de Mario Cohen, responsável por cuidar da imagem e da marca TIM no Brasil, decidiu oferecer à cidade de São Paulo a construção do espaço. A obra foi doada à prefeitura em outubro de 2005, depois de cerca de R$ 30 milhões investidos pela operadora.

A obra completa o conjunto de edifícios do Parque do Ibirapuera e muito se discutiu, à época, sobre sua construção. O Auditório é inteiramente branco e tem 4,87 mil metros quadrados de área construí­da, com capacidade para 800 pessoas. Hoje se encaixa perfeitamente no espaço onde foi pensado por Niemeyer. Suas divisões são simples: o conjunto palco e platéia ocupa a porção oposta do trapézio que dá forma ao auditório. No subsolo encontram-se a administração, os camarins e a escola de música. Uma porta de 20 metros, localizada no fundo do palco, quando aberta, permite espetáculos na área externa para cerca de 15 mil pessoas.

O local abriga três grandes obras de arte. Na entrada principal está a Labareda, escultura de metal de Niemeyer que chegou erroneamente a ser relacionada com a marca da TIM. No hall principal há uma escultura da artista plástica Tomie Ohtake, e no hall central da escola, o Ensaio de Orquestra, painel artístico de Luis Antônio Vallandro Keating, com 16 metros de comprimento e 2,5 metros de altura.


Renato Pezzotti
Meio & Mensagem Online, 26/11/08

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Unesco alerta para o atraso na garantia da educação

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) lançou um alerta nesta terça-feira sobre o grande atraso dos governos no objetivo de fazer com que toda a população mundial tenha acesso à educação em 2015 e afirmou que milhões de crianças estão "condenadas a viver na pobreza".

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A Unesco advertiu que o problema consiste em que os governos não fizeram o suficiente no combate às desigualdades na educação, apesar de terem prometido em 2000 que as terão superado em 2015.

No documento, divulgado em Paris e apresentado simultaneamente em Genebra e Santiago do Chile, se destaca que o acesso à educação ainda depende de "inaceitáveis desigualdades" fundadas na renda, no sexo, na etnia ou no local de residência.

Por isto, em 2006 (último ano do qual se têm dados) havia 75 milhões de crianças - 55% meninas - sem escolarização e 776 milhões de adultos - dois terços mulheres - analfabetos.

Esta é a principal conclusão do Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2009.

No estudo é dito que os especialistas da Unesco consideram que, caso a tendência atual seja mantida, haverá em 2015 pelo menos 30 milhões de crianças sem escolarização e 700 milhões de adultos analfabetos.

A Unesco afirma que a "indiferença política", os Governos e o "fracasso dos doadores" são parcialmente culpados por isto.

Do lado dos progressos alcançados, o relatório destaca o aumento do índice de escolarização nos países em desenvolvimento, que passou na África Subsaariana de 54% em 1999 para 70% em 2006, e no sudeste e oeste da Ásia de 75% para 86%.

Na América Latina o relatório constata que a maior parte dos países já conseguiu universalizar o ensino primário, enquanto acontece uma expansão do ensino pré-escolar, secundário e superior.

A Unesco destaca o "exemplo encorajador" dos programas impulsionados no Equador, no Brasil e no México "de transferência de renda" às famílias mais pobres.

A estratégia para enfrentar o desafio mundial educacional é, segundo os autores do relatório, atuar o mais rápido possível e destinar a ajuda externa voltada à educação para os grupos mais vulneráveis e desfavorecidos.


Agência EFE - Todos os direitos reservados.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI3351582-EI8266,00.html, via Carla Corrêa, Da Rede do Terceiro Setor de Porto Alegre

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Análise: Por que a ajuda externa é ruim para a África

O continente africano abriga 10% da população do mundo e responde por apenas 1% do comércio global. Mas nós, africanos, não podemos continuar culpando o Ocidente por nossos problemas --está na hora de assumirmos nossa parcela de responsabilidade.

Na região de onde venho, no oeste da África, existe um ditado: "Um bobo aos 40 é um bobo para sempre". A maioria dos países africanos conquistou sua independência há mais de quatro décadas.

Grande parte deles foi abençoada com todos os elementos necessários para a competição no plano global --recursos naturais em abundância, uma população jovem e o clima e as condições para que sejam grandes potências agrícolas. Ainda assim, toda essa riqueza natural e cinco décadas de ajuda estrangeira não conseguiram tirar a África da pobreza. Seria a corrupção o grande vilão dessa história?

Os sintomas da corrupção são facilmente identificáveis. Professores exigem suborno dos alunos porque não conseguem sobreviver com seus salários. Funcionários públicos, médicos e enfermeiras roubam drogas destinadas aos pacientes para vendê-las no mercado negro. Líderes africanos possuem propriedades em várias partes do mundo, enquanto seus cidadãos vivem com US$ 1 por dia, ou menos.

Na procura pelas respostas, tive de perguntar a mim mesmo algumas questões difíceis. É comum as pessoas dizerem que cada país tem o governo que merece. E nós africanos certamente fizemos algumas escolhas ruins ao elegermos nossos líderes. Os líderes ruins, no entanto, quase sempre são salvos pela ajuda externa.

A ajuda estrangeira tem dado legitimidade à corrupção e a regimes autoritários, permitindo que eles continuem no poder mesmo quando perderam a popularidade com os próprios cidadãos. Enquanto filmávamos dentro do hospital Mulago, o maior de Uganda, essas idéias vieram à minha mente com clareza.

Vimos dezenas de mães com bebês recém-nascidos deitadas no chão sujo de sangue, ao lado de seringas usadas ainda com as agulhas. Vítimas de acidentes de trânsito foram carregadas para os pronto-socorros por parentes, porque há poucos atendentes, poucas macas e ainda menos ambulâncias. Alguns pacientes foram deixados no chão, sangrando.

Estas foram imagens que vi repetidas por toda a África e que me fizeram perguntar a mim mesmo: por que nós africanos não podemos exigir mais de nossos líderes? Por que eles continuam escapando ilesos apesar de tanta negligência? Logo me lembrei de um outro ditado, uma cantiga de roda que os africanos aprendem na infância: quem paga o flautista escolhe a música.

Prestação de Contas
Muitos países subsaarianos vêm dependendo da ajuda estrangeira há décadas. Em alguns casos, ela corresponde a mais de 10 % do produto interno bruto, ou mais de a metade dos gastos públicos. Quando a metade do orçamento do governo vem da ajuda externa, o líder fica menos inclinado a cobrar imposto dos cidadãos.

Como resultado, governos que são altamente dependentes em ajuda dão muita atenção aos doadores e pensam pouco nas necessidades da população. Infelizmente, os doadores têm seus próprios objetivos, que nem sempre são os mesmos dos cidadãos de países africanos.

Construir escolas e hospitais novos em número recorde parece bom no papel e dá boa imagem aos políticos junto aos eleitores. Mas se os hospitais não têm os equipamentos mais básicos e se não há professores suficientes na sala de aula, quem sofre é o povo africano.

Oportunidades Perdidas
No que diz respeito à ajuda estrangeira, outra crítica cada vez mais freqüente entre os africanos, e raramente ouvida no Ocidente, é que ela patrocina o fracasso mas quase nunca premia o sucesso. Enquanto eu filmava em Uganda com minha equipe, o editor de um jornal local, Andrew Mwenda, nos levou ao vilarejo onde nasceu, perto da cidade de Port Loco, no oeste do país.

No vilarejo, ele nos apresentou a dois homens. Um, com cerca de 60 anos, outro, com 26. "Este homem representa a tragédia da ajuda externa", disse o editor, apontando para o mais velho. "E este representa o potencial da ajuda", ele disse, indicando o mais jovem.

Mwenda explicou que o sexagenário era diretor de um departamento da prefeitura local e durante grande parte de sua vida havia sido sustentado por dinheiro estrangeiro, enquanto supervisionava projetos que tinham como objetivo beneficiar a comunidade. Hoje ele é um alcoólatra que ainda mora com a mãe.

O homem mais novo começou vendendo batatas na praça do vilarejo aos 17 anos. Menos de dez anos depois, ele é o dono da maior e mais movimentada loja da vila. Ele não recebeu um centavo em ajuda, mas comprou terras e construiu uma casa.

"Você vê", disse Mwanda. "Se este jovem recebesse apoio na forma de crédito a juros baixos, ele poderia não apenas expandir seu negócio, gerando empregos e um serviço valioso para sua comunidade, mas poderia também, mais adiante, devolver o dinheiro". Mas ao invés de financiar inovações e criatividade, a ajuda externa financiou o estilo de vida irregular do homem mais velho.

Elevação de preços
Programas de ajuda que se estendem por vários anos também têm implicações para as economias em desenvolvimento. Trinta anos de dólares entrando na economia de Uganda deixaram o país sofrendo do que os economistas chamam de "doença holandesa". Grandes quantidades de moeda estrangeira entrando no país elevam o valor da moeda local, tornando seus produtos agrícolas e manufaturados menos competitivos.

Isto resulta em menos exportações e ainda menos ganhos domésticos, sustentáveis, para o país.

Empresários locais, como exportadores de café e de farinha, deveriam estar se beneficiando da alta global nos preços de alimentos e commodities, mas estão sendo marginalizados em sua própria economia pelos dólares da ajuda externa. Pequenos produtores africanos também tiveram de competir com produtos altamente subsidiados na Europa e América do Norte.

A indústria de algodão de Uganda é capaz de explorar quase meio milhão de fardos por ano, mas até o momento, em 2008, o país só conseguiu exportar 160 mil fardos. Altos subsídios do governo americano para os produtores de algodão nos Estados Unidos impedem que os agricultores de Uganda ofereçam preços competitivos nos mercados internacionais.

Em seus panfletos impressos em papel caro e nos seus websites high-tech, os doadores tendem a falar da importância do comércio para o futuro da África, mas muito pouco progresso tem sido feito na abertura dos mercados internacionais. A produção africana ainda representa apenas 1% do comércio global.

E pelo menos 70 mil profissionais recém-formados abandonam o continente todos os anos, freqüentemente após receber treinamento financiado pela ajuda externa, mas incapazes de permanecer no mercado local porque os salários são muito baixos. Até que essas pessoas talentosas e cheias de iniciativa possam ser atraídas de volta para a África, grande parte das missões de paz, e certamente a maior parte da ajuda externa, vão ter pouco resultado.


Sorious Samura, da BBC
Folha Online, 25/11/08

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