quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Auditório do Ibirapuera pretende atrair novos parceiros

Investimentos para 2009 estão orçados em cerca de R$ 10 milhões, sendo 70% deste valor doado pela TIM; curadoria do espaço deve criar eventos e classificá-los na Lei Rouanet para buscar patrocinadores

O Auditório do Ibirapuera mira novas parcerias. Doado à Prefeitura de São Paulo pela TIM em outubro de 2005, o espaço conta hoje com a empresa de telefonia móvel como sua principal mantenedora, com seus projetos coordenados por uma organização de sociedade civil de interesse público (Oscip), o Instituto Auditório Ibirapuera (IAI). Os investimentos para 2009 estão orçados em cerca de R$ 10 milhões, sendo 70% deste valor doado pela TIM. Os outros 30% são de responsabilidade do próprio instituto, obtidos através da bilheteria e de parcerias com empresas durante o ano - e é justamente esse número de eventos que a entidade pretende ver ampliado.

Segundo Mário Cohen, presidente do IAI, a idéia é que os valores doados pela operadora de telefonia sejam decrescentes, até que cheguem a um patamar de 50% do total do orçamento em 2010. "A idéia é que a curadoria crie eventos e os classifique na Lei Rouanet para buscarmos novos patrocinadores", explica. Mas o projeto estanca em um "detalhe": a excelência do auditório. Por conta da seleção rigorosa, o espaço conta apenas com cerca de 15 eventos patrocinados por empresas durante o ano como os shows de João Gilberto, Roberto Carlos e Caetano Veloso, em agosto, patrocinados pelo Itaú. Para 2009, já há alguns projetos em andamento.

O espaço receberá diversas ações do Ano da França no Brasil, como concertos de jazz e apresentações de música popular. O destaque será um festival de cinema a céu aberto no Parque do Ibirapuera, entre os dias 1o e 30 de julho, com apoio do consulado francês. "Recebemos muitas propostas. Mas fazemos poucos eventos por ano, porque existe uma escolha criteriosa do que interessa ao auditório", conta Mozart Galvão, gestor do IAI. Economista com cerca de 20 anos de experiência na Souza Cruz, ele é o responsável pela administração do instituto, fundado em abril de 2004 e com cerca com 25 pessoas atuantes no momento.

"A administração dá suporte a todos os produtos e atividades do auditório, ao planejamento estratégico e financeiro do instituto e cuida também da parte orçamentária", conta o diretor. "O orçamento é muito importante. O de 2009 já está pronto, e o fechamos durante a crise", brinca Galvão. O modelo virou exemplo para outros espaços, em Estados como Minas Gerais e Bahia. "Essa gestão privada dentro de um espaço público é o melhor exemplo de como os projetos podem funcionar", acredita. Toda a programação é analisada por uma comissão de gestão cultural, presidida por Galvão e composta por dois membros do IAI e três indicados pela prefeitura.

O auditório conta com mais ou menos cem shows por ano, cuja produção está sob a responsabilidade de Pena Schmidt, um dos responsáveis por festivais como Hollywood Rock e Free Jazz Festival, além de ex-produtor de bandas como Titãs e Paralamas do Sucesso.

Universidade de música
Além dos espetáculos, o IAI conta hoje com a Escola do Auditório. Participam 120 crianças carentes da Zona Sul de São Paulo, escolhidas durante as atividades do projeto TIM Música nas Escolas. "Elas foram identificadas como as que têm vocação musical. Aqui, fazem o que chamamos de Universidade da Música. Em um período de três a cinco anos, sairão daqui como uma orquestra", explica Galvão.

O auditório ainda recebe um terceiro projeto: Acalanto, o canto entoado para adormecer crianças. A intenção do instituto é coletar informações sobre o assunto, artigos, pesquisas e referências sobre o tema.

Um sonho de meio século
Criado em 1954 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o projeto do Auditório do Ibirapuera ficou quase 50 anos no papel. Em 2002, a 1818 Branding, de Mario Cohen, responsável por cuidar da imagem e da marca TIM no Brasil, decidiu oferecer à cidade de São Paulo a construção do espaço. A obra foi doada à prefeitura em outubro de 2005, depois de cerca de R$ 30 milhões investidos pela operadora.

A obra completa o conjunto de edifícios do Parque do Ibirapuera e muito se discutiu, à época, sobre sua construção. O Auditório é inteiramente branco e tem 4,87 mil metros quadrados de área construí­da, com capacidade para 800 pessoas. Hoje se encaixa perfeitamente no espaço onde foi pensado por Niemeyer. Suas divisões são simples: o conjunto palco e platéia ocupa a porção oposta do trapézio que dá forma ao auditório. No subsolo encontram-se a administração, os camarins e a escola de música. Uma porta de 20 metros, localizada no fundo do palco, quando aberta, permite espetáculos na área externa para cerca de 15 mil pessoas.

O local abriga três grandes obras de arte. Na entrada principal está a Labareda, escultura de metal de Niemeyer que chegou erroneamente a ser relacionada com a marca da TIM. No hall principal há uma escultura da artista plástica Tomie Ohtake, e no hall central da escola, o Ensaio de Orquestra, painel artístico de Luis Antônio Vallandro Keating, com 16 metros de comprimento e 2,5 metros de altura.


Renato Pezzotti
Meio & Mensagem Online, 26/11/08


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