sexta-feira, 15 de junho de 2007

País explora microcrédito de forma ainda tímida

Sérgio Bueno
Publicado pelo Valor Online em 15/06/07

O mercado é grande, as taxas de juros são atraentes e o governo federal vem estimulando o sistema nos últimos anos, mas a oferta de microcrédito no país ainda é tímida diante da demanda potencial. A conclusão é do consultor do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Marden Marques Soares, que falou ontem na abertura do 6º seminário do BC sobre microfinanças, em Porto Alegre.

Segundo Soares, existem cerca de 16 milhões de pequenas unidades produtivas no Brasil, das quais 13 milhões são formadas por trabalhadores por conta própria e, do total, pelo menos 7 milhões são clientes potenciais do microcrédito. Este público demanda cerca de R$ 12 bilhões em pequenos empréstimos, mas o total financiado até dezembro de 2006 era inferior a R$ 1,1 bilhão para 1,1 milhão de clientes, com operações médias de R$ 1,7 mil.

A maior parte dos recursos emprestados, ou R$ 600 milhões, provém dos 2% dos depósitos à vista captados pelas instituições financeiras (exceto cooperativas de crédito) de acordo com a lei 10.735, de 2003. Mesmo assim, o valor representa metade do teto de aplicação porque os bancos preferem "esterilizar" parte dos recursos no Banco Central a operar com os riscos e custos do sistema, apesar dos juros médios cobrados de 4% ao mês, explica o consultor.

O Banco do Nordeste, com o sistema "Crediamigo", comparece com R$ 170,6 milhões no bolo total de empréstimos e as cooperativas de microempresários, com R$ 145,9 milhões. ONGs, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), sem fins lucrativos, e fundos públicos entram com R$ 52,8 milhões e as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCMs), que podem visar ao lucro, com R$ 47,7 milhões.

Afora a exigibilidade dos 2% dos depósitos à vista, os grandes bancos privados ainda estão engatinhando no microcrédito, constata Soares. De acordo com o consultor, no fim do ano passado apenas Unibanco, ABN AMRO, Santander Banespa e Itaú operavam na modalidade, com empréstimos totais de R$ 71,7 milhões.

O consultor atribui ainda a baixa oferta de microfinanciamentos ao pequeno apetite das Oscips em criar ou adquirir o controle de SCMs como forma de aplicar os lucros obtidos nas operações com clientes de porte intermediário em novos empréstimos para as camadas de renda mais reduzida. Segundo Soares, muitos gestores de Oscips têm receio de operar com SCMs porque "não conhecem" muito bem o funcionamento delas.

Não é o que pensa Luiz José Bueno de Aguiar, da Associação Brasileira dos Dirigentes de Entidades Gestoras e Operadores de Microcrédito (Abcred). De acordo com ele, por serem fiscalizadas pelo BC, as Sociedades de Crédito ao Microempreendedor têm custos operacionais e de controle de qualquer financeira mas só podem oferecer um único tipo de produto e emprestar no máximo R$ 10 mil por cliente.

"É preciso repensar o modelo, permitir que as SCMs trabalhem com seguros e crédito consignado, por exemplo, para balancear melhor as carteiras", diz Aguiar. A burocracia para a constituição das sociedades de crédito é outro entrave, relata. Segundo ele, enquanto há cerca de 260 Oscips em operação no Brasil, o número de SCMs não passa de 50.

Para o diretor de Finanças do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto dos Santos, outro problema é a dificuldade ainda existente das instituições financeiras em emprestar para empreendimentos informais, crescentes no país. "Frente a este tipo de cliente, a tecnologia tradicional de crédito, com processo de análise de risco baseada em holerite ou balanço contábil, fracassou".

Segundo ele, o uso crescente de modalidades como garantia solidária e a "janela de oportunidade" para a formalização aberta pela Lei Geral da Micro e Pequena Empresa podem reverter gradativamente o quadro. Mas, por enquanto, ele recomenda uma análise mais isenta dos empreendimentos informais. "A maior parte da informalidade é uma questão social e econômica e não um caso de polícia", afirma.

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Sustentabilidade

Publicado pelo Portal do Voluntário
“Tu não tens de prever o futuro,
mas sim de o permitir."
Antoine de Saint-Exupéry

"O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades." Essa é a definição apresentada no relatório "Nosso Futuro Comum", publicado em 1987, desenvolvido por representantes de 21 governos, líderes empresariais e representantes da sociedade, todos membros da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

A Comissão, criada em 83 pela Assembléia Geral da ONU, ficou conhecida por essa definição de desenvolvimento sustentável, a mais aceita mundialmente até os dias de hoje. O Protocolo de Kyoto e Agenda 21, entre outras conferências, apenas aumentaram a influência desse conceito, que propõe integrar de forma equilibrada os aspectos ambientais, sociais e econômicos, respeitando a sua interdependência.
A idéia de que o homem deve gastar os recursos naturais de acordo com a capacidade de renovação desses recursos, de forma a evitar o seu esgotamento, se propaga a cada dia e os conceitos e formas de contribuir para o desenvolvimento sustentável vêm se espalhando pelas casas, escritórios, escolas e até em casamentos.
Pensar o hoje preservando o amanhã. Essa pequena frase, repleta de conteúdo e complexidade, resume um conceito do qual não podemos esquecer. Ou menosprezar. Desenvolver sem degradar ou destruir significa oferecer às gerações futuras a possibilidade de vida com qualidade. E a isso chamamos de sustentabilidade.

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Um império que nasceu na sapataria

Por Fernanda Medeiros, para o Valor
Publicado pelo Valor Online 14/06/07

Na Olimpíada do ano que vem, em Pequim, a Adidas vai vestir toda a equipe de organização e os atletas chineses nas cerimônias de abertura e encerramento. Para isso já gastou US$ 80 milhões, configurando mais uma prova de sua importância como uma marca global. Há também investimentos previstos para as Copas do Mundo de futebol de 2010 e 2014.

Esse panorama vitorioso, no entanto, contrasta com os tempos em que Adolf "Adi" Dassler (1900-1978), fundador da empresa, vasculhava as florestas alemãs em busca de restos de material deixado pelos soldados que combateram na Primeira Guerra e poderiam ser úteis para sua sapataria. Ele transformava as fitas de couro dos capacetes em solas e os pára-quedas rasgados em chinelos. Seus métodos de trabalho talvez tenham mudado muito desde então, mas seguiram bastante heterodoxos.

Toda a história da Adidas e sua briga com outros gigantes do setor está no livro "Invasão de Campo". A autora, a jornalista holandesa Barbara Smit, revela detalhes da histórica rivalidade entre Adolf e seu irmão Rudolf Dassler (1896-1974), o fundador da concorrente Puma.
Brigas e intrigas, comuns em famílias que dividem o mesmo teto e a mesma fonte de renda, acabaram com a parceria que já sinalizava êxito. Assim surgiram os dois grandes impérios. Depois de uma briga com Rudolf, em 1948, Adolf pediu registro para uma outra empresa. A idéia era que se chamasse Addas - nome que foi rejeitado, já que havia uma outra companhia com essa grife. Adolf, então, juntou seu apelido (Adi) e parte do sobrenome (Dassler) para criar a Adidas. Rudolf fez algo bastante semelhante e criou a Ruda. Mas por sugestão de amigos registrou outra marca: Puma.

Ainda hoje as fábricas da Adidas e da Puma ficam na pequena cidade alemã de Herzogenaurach. Foi lá, nos anos 1920, que Adolf e Rudolf construíram sua primeira fábrica. Adi criava e executava e Rudolf vendia e distribuía sapatos a clubes que brotavam por toda a Alemanha.
As tiras laterais que imortalizaram a Adidas surgiram para fortalecer as laterais dos calçados. Mas por que três tiras? A explicação é simples: duas tiras eram usadas pela maioria dos sapateiros. Quatro deixariam o modelo esteticamente confuso demais. Três, então, era a solução. A diferença estava na cor.

Antes de Adi, o detalhe era feito no mesmo couro do sapato, preto ou marrom-escuro. A Adidas apostou em tiras brancas ou de cores diferentes das do restante do sapato - o que facilitou a identificação dos produtos nos pés dos campeões e rendeu muito em publicidade quando a palavra marketing ainda nem existia.

Durante sua investigação, a autora do livro descobriu a história de outro nome dessa marca chamada Adidas: Horst Dassler (1936-1987), o primogênito de Adolf, que para Bárbara é o inventor do esporte como negócio.

Horst era o braço direito do pai. Ele foi o homem que levou a obsessão do fundador da Adidas a níveis bem mais profissionais, ultrapassando as fronteiras do negócio familiar e transformando a Adidas na maior empresa de esportes de uma época. Horst era capaz de tudo. De violar regras quando as leis eram incipientes e de inventar o marketing esportivo e o merchandising para se beneficiar deles. A Adidas chegou ao topo comprando e trocando favores.

Foi Horst que financiou boa parte da estratégia de manutenção de João Havelange, ex-presidente da Fifa, no poder. A tática consistia, grosso modo, em filiar a maior quantidade possível de países e inflar de seleções a Copa do Mundo. Horst conseguiu verbas, convencendo empresas que nada tinham a ver com o esporte, como a Coca-Cola, a investir no futebol em troca de publicidade. Em contrapartida, segundo o livro, Havelange deixou as portas dos campeonatos internacionais ainda mais abertas para a Adidas.

Os cinco anos de pesquisas e entrevistas feitas por Bárbara para o livro dão substância para histórias de bastidores como essas e mostram um mundo que viu nascer e crescer Pelés, Ronaldos, Beckenbauers e Beckhams. Fica-se sabendo, por exemplo, que, grande amigo de Adi, Beckenbauer cresceu na miséria e aprendeu a jogar futebol usando botas de couro para esqui. Quando recebeu seu primeiro par de chuteiras Adidas ficou tão feliz que se recusou a tirá-las para dormir.
Do lado da concorrência - a Puma -, estratégias agressivas também foram adotadas. Para calçar chuteiras da marca durante a Copa do México, em 1970, Pelé recebeu US$ 25 mil. Como ganharia também 10% sobre cada par vendido, o jogador bolou uma tática de exposição. Pouco antes do pontapé inicial em um dos jogos da fase eliminatória, foi ao juiz e pediu um minuto. Então, quase cenograficamente, ajoelhou-se e amarrou os cadarços. Durante vários segundos suas chuteiras preencheram as telas de milhares de televisores em todo o mundo. A Puma bateu recorde de vendas.

Outra história curiosa é a do corredor Medalha de Ouro nos 200 metros na Olimpíada do México, em 1968, Tommie Smith, que ficou famoso ao subir ao pódio descalço e cerrar os punhos na saudação do grupo americano Panteras Negras. Ele levou consigo para a cerimônia de premiação um pé de seu tênis Puma, que pousou cuidadosamente no pódio para não desagradar ao patrocinador.

Depois de alguns anos e muitos campeonatos, David Beckham em nada parecia o garoto tímido que em 1993 assinara um modesto contrato com a Adidas. Todas as suas roupas precisavam antes ser aprovadas por sua mulher, Victoria. Os pedidos do casal eram tão esdrúxulos que ninguém da empresa estranhou quando o jogador solicitou uma calça de veludo roxo com três listras brilhantes. O traje foi usado em um encontro com a rainha da Inglaterra.

O pecado do livro foi passar por cima das polêmicas relações trabalhistas em países do Oriente, onde mantém parte de sua produção. Por precaução, a autora se defende na abertura do livro, admitindo não ter mencionado a questão por achar que "ela ultrapassa o tema abordado". Esse seu pedido de desculpas é endossado pelas próprias marcas, que dizem "investir pesadamente na supervisão de suas fábricas", mas reconhecem "não ter muito sucesso em fiscalizar a prática de seus fornecedores".

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Redecard lança serviço que permite pagamentos com o telefone celular

Altamiro Silva Júnior
Publicado pelo Valor Online em 14/06/07


O uso do celular como meio de pagamento começa a decolar e a ganhar novos adeptos. A Redecard, empresa que faz o cadastramento de estabelecimentos comerciais para os cartões MasterCard e Diners, está lançando um serviço que permite o pagamento de compras pelo aparelho móvel de qualquer operadora e qualquer modelo, o Foneshop.
O produto permitirá que os 50 milhões de clientes das bandeiras MasterCard e Diners façam pagamentos com o celular nos mais de 1 milhão de estabelecimentos afiliados a Redecard. O serviço está sendo apresentado no Ciab, congresso realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e que este ano discute o uso do celular como meio de pagamento.

A principal crítica até agora da Febraban é que os testes existentes no mercado não podem ser compartilhados por outros usurários. Uma solução criada por uma operadora de telefonia não pode ser usada por outra. Os testes de um banco são exclusivos daquela instituição. A intenção da Redecard foi criar uma "solução aberta", que possa ser compartilhada pelos diversos participantes do sistema de meios de pagamento eletrônico do mercado, afirma Ronaldo Varela, diretor executivo de marketing e produtos da Redecard.

O Foneshop pode ser usado em qualquer aparelho que receba mensagens de texto (conhecidas como SMS ou torpedo). O produto já está sendo testado por um banco emissor dos cartões MasterCard, que Varela não revela o nome por acordo de confidencialidade. Para usar o produto, o portador do celular tem que se cadastrar no banco. O estabelecimento comercial também precisa se registrar e pode receber as informações no celular da loja ou no POS (a máquina leitora de cartões).

Quando o cliente diz que quer pagar com o celular, o lojista informa no seu aparelho ou no POS o valor da compra e uma das opções a seguir: número do cartão de crédito do cliente, número do seu celular ou uma senha específica fornecida pelo banco. As informações são enviadas para a Redecard, que repassa os dados para o banco, que por usa vez envia uma mensagem de texto para o cliente informando o valor da transação e um outro número. A pessoa informa este número ao lojista e a transação é completada. A transação, garante Varela, é mais rápida que o tradicional pagamento com o plástico e demora de 8 a 12 segundos. Nem o estabelecimento nem o clientes têm custos extras, diz o executivo.

Segundo Varela, com o crescimento do número de celular no país, que já chegam a 104 milhões de unidades, os próprios bancos têm procurado a RedeCard interessados em serviços e produtos para o aparelho. No Ciab, HSBC, Banco do Brasil, Itaú e Bradesco mostram como estão transformando o celular em verdadeiras agências bancárias.

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