quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Leilão de crédito de carbono em SP deve render R$ 30 milhões

Walter Aluizio, secretário de Finanças da prefeitura de SP: bom resultado do primeiro leilão justifica otimismo
Foto Gustavo Lourencao/Valor


A Prefeitura de São Paulo realizará no dia 25 de setembro o segundo leilão de créditos de carbono dos aterros sanitários do município. Serão ofertados ao mercado cerca de 713 mil toneladas de CO2, o que poderá resultar em uma receita extra ao município de pelo menos R$ 30 milhões, segundo cálculos do governo.

O leilão será realizado na plataforma eletrônica da BM&F e contemplará os créditos gerados no aterro Bandeirantes, na zona norte, e São João, na zona leste. "Estamos bem otimistas. O primeiro leilão foi considerado um sucesso", disse ao Valor o secretário de Finanças, Walter Aluízio.

O leilão ofertará em um lote único 454.343 créditos de carbono - as chamadas Reduções Certificadas de Emissão (RCE), no mercado regido pelo Protocolo de Kyoto - referentes ao período de janeiro de 2007 a março de 2008 do aterro Bandeirantes e outros 258.657 créditos do São João, referentes ao período de maio de 2007 a maio deste ano.

"O volume total ofertado será um pouco menor neste leilão, mas a arrecadação deverá se manter igual", afirmou Aluízio. Segundo o secretário, isso ocorrerá porque o preço mínimo dos créditos deverá ficar no mesmo patamar do leilão anterior - na casa de ? 16,00 euros por tonelada.

O edital determina que o preço mínimo para o lance de compra dos créditos será a média das últimas dez sessões diárias de negócios realizados na European Climate Exchange (ECX), a bolsa européia de carbono. "Sobre este valor aplicaremos um deságio de 40%", afirmou o secretário. Assim, tomando-se como base o valor de ? 24,00 euros por tonelada negociada no mercado europeu, os créditos dos aterros paulistanos teriam o preço mínimo de ? 14,4 euros.

O leilão de carbono dos aterros do município de São Paulo é uma iniciativa inédita no mundo. O primeiro foi realizado em setembro do ano passado e ofertou 808.450 toneladas de CO2, volume referente ao período de dezembro de 2003 a dezembro de 2006. Os papéis foram disputados por 14 participantes, entre eles ABN Amro, Merrill Lynch e Goldman Sachs. O holandês Fortis Bank arrebatou o lote pagando ? 16,20 euros por tonelada de carbono, o que totalizou ? 13,09 milhões de euros (R$ 34 milhões, na cotação da época) aos cofres públicos.

A comercialização de créditos de carbono é possível graças à queima do metano, o principal gás emitido no processo de decomposição do lixo. O metano é altamente nocivo ao ambiente e sua queima contribui no combate ao aquecimento do planeta - muitos aterros já estão também produzindo energia elétrica a partir de conversão desse gás. Cada tonelada de gás que deixa de ser jogada na atmosfera equivale a um crédito de carbono, negociado no mercado internacional.

No caso de São Paulo, o volume total de gás gerado pelos dois aterros é dividido igualmente entre a Prefeitura e a Biogás Energia Ambiental, empresa responsável pelos investimentos e pela administração da captação de gases no Bandeirantes e São João.

Segundo Manoel Antonio Avelino, diretor de desenvolvimento da Arcadis Logos, empresa acionista da Biogás, a previsão é que os aterros gerem, entre este ano e 2012, cerca de 5 milhões de toneladas de créditos de carbono - o próximo prefeito terá, portanto, mais 2,5 milhões de créditos para vender no mercado regulado.

Todo o dinheiro obtido é destinado ao Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Fema) do município e investido diretamente em melhorias no entorno dos aterros - Perus, no caso do Bandeirantes, e São Mateus, no caso do São João. Entre os projetos previstos para essas regiões estão a criação de parques, ciclovias e viveiros.

"A Prefeitura terá, no final, R$ 60 milhões de receita extra para investimento direto", prevê Aluízio. "Se você pensar que o orçamento da Secretaria do Verde e Meio Ambiente é de R$ 250 milhões, mas R$ 40 milhões são gastos só com pessoal, fora manutenção, isso é um bom dinheiro".

O edital para o leilão do dia 25 foi colocado ontem à tarde para consulta no site da Prefeitura. Ao contrário do primeiro leilão, realizado às 10h, este terá início às 8h30, para facilitar a participação de europeus e japoneses.

Mais em www.prefeitura.sp.gov.br



Bettina Barros
Valor Online, 27/08/08

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SP isenta de ICMS venda de Big Mac no McDia Feliz

O governo de São Paulo isentou de ICMS a venda de sanduíches Big Mac nos restaurantes do McDonald's do Estado que participarem do evento McDia Feliz, marcado para o próximo domingo, dia 30. O McDia Feliz completa 20 anos em 2008 e consiste em reverter toda a renda obtida com a venda de sanduíches Big Mac - exceto alguns impostos - para projetos de instituições que atendem crianças e adolescentes em tratamento de câncer.

Em julho, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) autorizou os Estados a isentar do ICMS a comercialização dos sanduíches durante a promoção. Segundo o Instituto Ronald McDonald's, essa resolução fará com que as doações às instituições sejam de 7% a 18% maiores, dependendo do Estado, pois o dinheiro que seria utilizado para o pagamento do imposto poderá ser totalmente revertido para as entidades apoiadas pelo McDia.

Em São Paulo, isenção está atrelada ao compromisso dos organizadores de destinarem os recursos a 23 instituições ou projetos. No ano passado, o McDia Feliz arrecadou R$ 10,1 milhões em todo o Brasil e a meta em 2008 é de um crescimento de 10%. Ao longo de duas décadas, a campanha já arrecadou cerca de R$ 80 milhões, beneficiando mais de 100 instituições de todo País.


Portal Exame, 27/08/08

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Sichuan leiloará doações rejeitadas por vítimas de tremor

Cerca de 60 toneladas de roupas que foram doadas às vítimas do terremoto na Província chinesa de Sichuan irão a leilão no próximo sábado (30), porque as vítimas não precisam mais de roupas
Arte Folha Online

Segundo informou a imprensa estatal chinesa nesta quarta-feira, as autoridades da Província disseram que não há mais espaço para armazenar as doações excedentes.

"As pessoas simplesmente largam (as roupas) no chão e vão embora", disse ao jornal "China Daily" Zhao Linjiang, chefe do depósito central de Chengdu, capital da Província.

Segundo Zhao, Sichuan recebeu cerca de 2,5 milhões de peças de vestuário desde maio --total que equivale a todas as doações feitas nos três anos anteriores ao do terremoto.

"Uma semana após o terremoto nós dissemos às pessoas que parassem de mandar roupas usadas, mas elas continuaram a chegar", afirmou Zhao.

O terremoto, que atingiu a Província de Sichuan no dia 12 de maio, matou cerca de 67 mil pessoas e deixou aproximadamente 5 milhões desabrigadas.

Armazenagem
As autoridades dizem que o governo está gastando recursos para armazenar as roupas em excesso.

Segundo números citados pela imprensa estatal, mais de US$ 34 mil (cerca de R$ 55 mil) já foram destinados ao aluguel de espaço extra para armazenar as peças.

"Uma vez que os armazéns lotaram, tivemos de alugar uma quadra de badminton para estocar as roupas", contou Li Huarong, chefe do Departamento de Assuntos Civis do distrito de Qingbai, na capital Chegdu.

A verba arrecadada com o leilão de sábado será revertida para projetos de reconstrução nas áreas afetadas pelo terremoto.

Segundo Zhao Linjiang, um relatório enviado ao Departamento de Assuntos Civis de Chengdu sugeriu que 500 mil das 2,5 milhões de peças estocadas sejam recicladas.

As roupas virariam recheio de colchões e esfregões de pano, ao custo de 1,7 milhão de yuans (R$ 400 mil). O restante das peças seria esterilizado e distribuído.

O governo não informou se adotará a sugestão de reciclagem, mas reforçou que está estudando a melhor forma de lidar com o excedente em doações.


Marina Wentzel, da BBC, em Hong Kong
Folha Online, 27/08/08

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Envolverde realiza o Encontro Latino-Americano de Comunicação e Sustentabilidade

As novas pautas da sustentabilidade. Este enfoque será trabalhando durante os três dias em São Paulo, durante o 1º Encontro Latino-Americano de Comunicação e Sustentabilidade, de 16 a 18 de outubro. O evento terá três linhas temáticas, a primeira sobre Amazônia, a segunda sobre Água e a terceira sobre Energia. Estes são os temas de maior desafio para a América Latina no presente e nos próximos anos e, também, são os setores que exigem dos profissionais de comunicação um olhar com a transversalidade da sustentabilidade.

O objetivo principal deste encontro é ser um espaço de diálogo entre os diversos atores das pautas jornalísticas, de forma a mostrar para profissionais dos meios de comunicação e das assessorias que existem novas interfaces de pautas. Amazônia, Água e Energia são os temas do século XXI para a mídia, para as empresas forma o grande cenário de desafios para a gestão da sustentabilidade na região. Empresas e ONGs e governos estão atuando fortemente nestas três vertentes e a comunicação social tem de acompanhar os esforços e oferecer uma visão integrada das iniciativas.

As inscrições estão abertas através da internet no blog do Instituto Envolverde: http://institutoenvolverde.blogspot.com/.

Para trabalhar estes temas a Envolverde convidou profissionais de comunicação e especialistas nas diversas áreas de conhecimento envolvidas:


PROGRAMAÇÃO

16 DE OUTUBRO - AMAZÔNIA

9h15 - Palestra Magna: Marina Silva - a confirmar - senadora e ex-ministra do meio ambiente

10h30 – Mesa redonda: Amazônia e Sustentabilidade
Moderador: Adalberto Marcondes
João Meirelles – diretor do Instituto Peabiru
Ricardo Young – a confirmar - Instituto Ethos
Nelson Cabral - Petrobras

14h – Mesa redonda: Sustentabilidade na Mídia
Moderador – Ricardo Voltolini
Joaquin Costanzo — IPS
Ladislau Dowbor – PUC
Luciano Martins - jornalista

16h30 – Mesa redonda: Sustentabilidade como Conceito
Moderador — Vilmar Berna
Fernando Almeida – a confirmar - CEBDS
Rogério Ruschel – consultor em RSE e comunicação
Nemércio Nogueira — a confirmar - Alcoa

17 DE OUTUBRO - ÁGUA

9 horas – Palestra Magna José Machado -- Insumo Econômico e Direito Social

10h15 – Apresentação de projeto da Fundação Banco do Brasil

10h30 – Mesa redonda: Água no século XXI
Moderador: Peter Milko - Horizonte Geográfico
Daniel G. Allasia Piccilli — a confirmar - Global Water Partnership
Rosane Aguiar – Gerente de Meio Ambiente da Petrobras
Pedro Jacobi — Procam-USP

14h00 – Mesa redonda: mudanças climáticas
Moderadora — Fátima Cardoso
Paulo Artaxo — a confirmar - Instituto de Física - USP
José Goldemberg — a confirmar - Poli - USP
Marcelo Leite — a confirmar - jornalista, Folha de S. Paulo

16h30 – Mesa redonda: Comunicação corporativa da sustentabilidade
Moderador – Andréa de Lima
Fabio Feldmann – Fórum Paulista de Mudanças Climática e Biodiversidade
Homero Santos — a confirmar - consultor em sustentabilidade e RSE
Luiz Fernando Neri – Gerente de Sustentabilide da Petrobras

18 DE OUTUBRO - ENERGIA

9 horas – Palestra Magna: Dilma Roussef –a confirmar - Caminhos energéticos do Brasil

10h15 – Apresentação de projeto de Haroldo de Castro

10h30 – Mesa redonda: A Energia para o Desenvolvimento
Moderador: Luciano Martins Costa
Karen Suassuna — a confirmar - WWF
Representante do Ministério de Minas e Energia
Eduardo Martins — a confirmar - E-labore

14h00 – Mesa redonda: A Energia na Mídia
Moderador – André Trigueiro
Paula Scheidt – a confirmar - Carbono Brasil
Roberto Schaeffer - a confirmar - COPPE
Celso Ming — a confirmar - jornalista de O Estado de S. Paulo

16h30 – Mesa O Continente da Biomassa
Moderador – Alex Branco
Ignacy Sachs – a confirmar - professor da Universidade de Paris
Marcos Jank - a confirmar - UNICA
Luis Fernando Laranja – WWF
Roberto Waack — ARES

SERVIÇO
Dias 16, 17 e 18 de outubro de 2008
Hotel Jaraguá - São Paulo - SP – Brasil
Rua Martins Fontes 71 - Bela Vista
Informações
Instituto Envolverde
55 11 3539-5743
instituto@envolverde.org.br


Envolverde, 27/08/08
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

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Portal facilita contratação de jovens

Onze organizações pertencentes ao Grupo de Afinidade em Juventude do GIFE lançaram, na última semana, o portal Busca Jovem. O site é um instrumento gratuitos para empresas dialogarem diretamente com organizações formadoras, na hora de contratar jovens para seus quadros de funcionários.

A idéia surgiu em 2007, a partir de dificuldades analisadas pelo grupo de investidores sociais, formado por: BASF, Citigroup, Fundação Avina, Fundação Bunge, Fundação Iochpe, Fundação Itaú Social, Instituto Hedging-Griffo, Instituto ibi, ISMART – Instituto Social Maria Telles, Instituto Unibanco e Instituto Votorantim.

Foram demandas identificadas internamente, junto aos departamentos de RH de suas empresas ou mantenedoras – que levaram o grupo a assumir conjuntamente a viabilização de uma ferramenta virtual, de contato entre quem forma e quem contrata.

Para os fundadores do Busca Jovem, espaços para os jovens disponibilizarem seus currículos existem de sobra. A lacuna, no entanto, está na ausência de contato entre as empresas e as organizações formadoras, de forma que as empresas possam encontrar os jovens com o perfil desejado e as organizações, onde estão os nichos de empregabilidade do mercado.

Para isso, a ferramenta funciona com dois grandes bancos de dados. O primeiro é de oportunidades de trabalho para jovens. Nele, os anúncios de vagas podem ser publicados por empresas, consultorias de RH ou centrais de emprego (governo, sindicatos etc).

Já no segundo, as organizações formadoras (ONGs formadoras ou Instituições de Ensino) promovem seus estudantes para serem contratados.

A estrutura é semelhante a um portal de empregos, com a diferença que os anúncios de jovens formados serão sempre mediados pela Instituição Formadora. Não há hipótese do próprio jovem publicar o seu currículo individual.

“A principal contribuição do Busca Jovem para a juventude está na otimização dos esforços feitos por empresas e organizações formadoras para que a colocação do jovem no mercado seja feita adequada e rapidamente”, afirma o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.

O portal disponibiliza tammbém notícias sobre temas inerentes ao mercado de trabalho para jovens no Brasil, tal como uma biblioteca temática, com legislação, dicas de leitura, pesquisas e um rol de sites, recomendados, sobre o assunto.

Os visitantes do portal ainda poderão conhecer a seção Projetos em Destaque, onde encontrarão informações sobre ações sociais voltadas para jovens. Idéia criativas de inclusão profissional, reconhecimento ao talento, ensino profissionalizante, educação financeira, gestão de escolas e bolsas de estudo, promovidas pelos associados do GIFE, pertentes ao Grupo de Afinidade em Juventude.

Dados
De acordo com o relatório Jovens em Situação de Risco no Brasil, divulgado pelo Banco Mundial em 2007, as taxas de desemprego excepcionalmente altas entre jovens de 16 a 24 anos resultam em rendimentos anuais perdidos de até R$ 1,2 bilhão. Um em cada cinco jovens trabalha e estuda simultaneamente e 60% dos brasileiros entre 15 e 19 anos são trabalhadores não-pagos ou sem carteira de trabalho assinada. São dados preocupantes que terão um impacto extremamente negativo a curto e longo prazo.

Outra pesquisa, esta da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - com lançamento marcado para outrubro deste ano, mostra que dos 14,7 milhões de empregos gerados entre 1986 e 2006 no Brasil, os jovens entre 15 e 24 anos ocuparam apenas 7,8% do total.

Outro dado da pesquisa da OIT mostra que persiste uma elevada desigualdade em termos de acesso à educação entre pessoas com a cor da pele diferente. Enquanto 39,7% dos jovens negros tinham de cinco a oito anos de estudo, o número cai para 29,5% quando se trata de brancos com mesmo período de escolaridade. Mais de 13% dos brancos tinham 12 anos ou mais de estudo. Esse número cai para 3,7% entre os negros. O estudo considerou como população negra o total de pessoas pardas e pretas.

Conheça o Portal Busca Jovem - http://www.buscajovem.org.br


Redação da Rede Gife
Envolverde, 26/08/08
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Convergência em Debate: presente, passado e futuro das comunicações

A Cidade Maravilhosa foi a quarta capital brasileira a receber o ciclo Convergência em Debate, um encontro realizado pela HSM Management no dia 19 de agosto. A convergência das tecnologias e a conseqüente transformação das comunicações nas próximas décadas foram o tema da palestra proferida pelo Professor Sílvio Romero de Lemos Meira. Para ele o usuário ganhará mais e mais poder sobre a configuração dos negócios e dos serviços. É a era da “informaticidade”. Leia abaixo, um resumo desta intrigante palestra.

Convergência de tecnologias
Docente de Engenharia de Software da Universidade de Pernambuco, Sílvio Meira, é reconhecido por sua dedicação a estudar o impacto das tecnologias sobre a sociedade. Sob seu bom-humor característico, Meira colocou ao público sua visão sobre como as tecnologias evoluíram até os dias de hoje e apresentou, em seguida, suas previsões para os próximos estágios. Para o palestrante, o termo “telecomunicações” é coisa do passado. Devemos, agora, falar em “comunicações”. Estamos vivendo uma época de redes, criatividade, inovação e colaboração sem precedentes na história da humanidade. Para ele, este é o tempo da “informaticidade”: a informática tão simples quanto a eletricidade.

Sinais dos tempos
No início de sua apresentação, Meira fala aos presentes sobre Mina e Lisa, uma novela destinada à comunidade japonesa, exclusivamente transmitida pela Web, que chega a um milhão de expectadores. “Só nesta manhã, havia 450.000 expectadores conectados ao capítulo três. A novela já está no capítulo 23”, conta o palestrante. “Sinal dos tempos: destina-se a uma comunidade determinada e está disponível a qualquer hora. Nessa esteira, sabe-se que o You Tube vai começar a ter canais empresariais. Você poderá montar a sua televisão fechada, sobre o seu negócio ou o seu campo de atuação no governo.”

Sobre a atualidade, Meira diz: “Vivemos um mundo confuso”. Ao mostrar ao público uma imagem do trânsito da cidade de São Paulo, ele ilustra sua fala. Soluções são demandas para os problemas urbanos. Uma delas é trabalhar de modo tal que sejam exigidos menos deslocamentos. A virtualização permite que o escritório seja transferido para quase qualquer ponto e que seja, inclusive, compartilhado com outras empresas.

História da humanidade: a vida é busca
O palestrante lembra que o guru Peter Drucker, em 1968, disse que a era da informação começou com o fim da era da energia, que começou em 1650 com a máquina a vapor e terminou em 1945, quando tínhamos tecnologia para criar a bomba atômica. Começamos, então, a nos preocupar com a biologia, que pressupõe um tipo diferente de energia: uma energia que é processada por informação.

Para Meira, iniciativas como a da Honda, que desenvolve robôs para executar tarefas antes tidas como exclusivamente humanas, são necessárias num mundo em que várias funções desaparecerão e em que a população fica cada vez mais idosa. “Em breve, não haverá moça do cafezinho, pois não poderemos mais pagar salário mínimo a ela. Alguém tem que fazer as coisas funcionarem e a Honda supõe que vai haver tantos robôs quanto haverá carros em 2040”, explica o palestrante.

No ponto de vista do palestrante, a história da informação começou mesmo antes do que postula Drucker. Teve início com o DNA, 3,5 bilhões de anos atrás. O cérebro foi o segundo evento importante e o terceiro foi o desenvolvimento da capacidade do cérebro de estender o corpo humano com ferramentas, como a faca. O quarto marco foi o texto, que surgiu há 5.000 anos e mudou o mundo, estendendo nosso cérebro no tempo. O quinto marco foi o software, ou o texto executável, que existe há cerca de cinqüenta anos e virtualiza o mundo ao nosso redor.

“O mundo é virtual há muito tempo, desde que começamos a nos expressar. E ele é criado por abstrações”, defende Meira. O professor explica que a linguagem abstrai o tempo (por ela podemos contar histórias passadas e pensar o futuro), as técnicas abstraem as ações (projetamos e implantamos aparatos, como a roda, para viver melhor) e os contratos abstraem a violência (por eles, selamos acordos e resolvemos conflitos).

É nesse mundo virtual que ocorrem as grandes buscas da humanidade: a busca número um é entender como o Universo funciona. A segunda busca é relativa aos nossos corpos e a terceira é a busca relacionada à nossa mente, que é um grande ponto de interrogação até agora. “Em resumo, a vida é um conjunto de grandes buscas no mundo virtual, imerso na história da informação”, arremata o especialista.

Duas maneiras de ver a evolução das tecnologias
Pensando nos usos que se faz da informática, Meira divide a evolução em três momentos essenciais, com base no referencial das instituições empresariais: 1. fase “antes do balcão”, da década de 60, mas que persiste ainda hoje (empresas não usam o computador para atender diretamente o cliente; utilizam formulários que são, nos bastidores, processados); 2. fase “computador no balcão”, que está em todas as empresas (o caixa do supermercado, por exemplo); 3. fase “depois do balcão” (transações são operadas pelo consumidor, como nos caixas eletrônicos, ou até remotamente). O acesso à tecnologia, então, foi sendo ampliado com a evolução.

Outro modo de ver a história é a partir do referencial humano: há a informática “com você” (celulares, laptops etc.) e informática “em você”. “Poderíamos pensar em olhos artificiais eletrônicos, substitutos dos óculos e com mais funcionalidades que o olho humano”, ilustra Meira. As coisas também podem ser referências: há a informática “para as coisas”, (sistemas de informação, ERP, logística), a informática “nas coisas” (o código de barras) e também “as coisas sendo informatizadas” (os robôs para limpeza da casa).

Meira explica que o cenário é plural: “Convivemos com praticamente todas essas gerações da informática ao mesmo tempo”.

Informática tão simples quanto a eletricidade
Segundo o professor, vai chegar o tempo em que tudo estará em rede única, com as coisas em formato sem fio, embarcadas, imperceptíveis, múltiplas e invisíveis quanto às interfaces, como postula Adam Greenfield em seu conceito de everyware. Isso cria a possibilidade de olharmos mais de perto para uma pilha de bananas e identificar cada banana, saber sua história e orientação de consumo. “Mas isso só funcionará na ‘informaticidade’, na qual eu não precisarei me preocupar com como coisas tão complexas funcionam. É a informática tão simples quanto a eletricidade: tem que estar atrás da parede.”

Para Meira, os usuários, na informaticidade, não têm que se preocupar com firewall, endereço de IP, proxy. “Quando você liga o liqüidificador da sua casa, você não quer saber como a energia chegou ali, ela simplesmente chegou e faz parte, para a maioria das pessoas, da parede”, brinca Meira.

Para que a informaticidade se concretize, é preciso que exista uma só rede e que as gerações de informática conversem umas com as outras, o que hoje raramente acontece.

No caso de uma geladeira, por exemplo, a fábrica poderia vender um serviço a distância, pelo qual identificaria a possibilidade de problemas no funcionamento e enviaria uma mensagem ao usuário, que decidiria quando seria a visita do técnico. “A empresa não deixaria a geladeira quebrar e estaria a serviço de um dono de geladeira que estaria sempre conectado. Isso pode valer para qualquer coisa”, explica o palestrante.

“A transformação de refrigeradores de ‘caixas que esfriam’ em serviços para os quais eu tenho atendimento e pago sob demanda é informaticidade. Talvez, no futuro, não tenhamos coisas, mas usaremos coisas.” O palestrante ressalta que tudo isso depende da internet, que fará com que todas as coisas virem informação.

A internet é uma idéia de 40 anos, que deu certo por ser um meio de comunicação fácil, barato e que se faz entre seres humanos, não entre máquinas, como o faz o telex. Também é bem-sucedida por ser uma rede que funciona no protocolo do “melhor esforço”, isto é, a rede tenta fazer com que as coisas aconteçam, que se chegue de A até B, mas não garante que isso aconteça. “Às vezes, tentamos por três vezes executar uma operação, até conseguirmos. É o modo beta de operar”, exemplifica Meira.

O telefone é mera aplicação
70% das pessoas na Europa e nos Estados Unidos dormem com o celular ligado e ao alcance da mão, o que dá a dimensão da importância atribuída hoje à mobilidade – que é apenas uma aplicação em cima da noção de infra-estrutura, aplicações e serviços da internet. O mesmo se dá com a TV digital.

“As pessoas querem se localizar melhor, querem se divertir, querem definir seus próprios celulares e querem internet mais flexível”, anuncia o professor. É o que mostra a pesquisa realizada no Japão em maio: mais de 60% das pessoas querem internet melhor do que a que já têm acesso hoje. As pessoas querem celulares abertos. 30% querem poder definir as capacidades do seu celular; 26% querem TV digital no celular; 23% querem GPS melhor do que têm hoje e 20% querem e-mail melhor do que têm hoje. “Isso tudo é software, é fácil de fazer. Telefones ou qualquer outra coisa são meras aplicações em cima de uma plataforma de serviços e infra-estrutura.”

O futuro desde hoje, em rede
“Uma parte do futuro está no presente, sendo usada por alguns de nós hoje”, diz Meira. Ele expõe que, na década de 2010, chegaremos à era da atenção, na qual precisaremos da mediação das plataformas de comunicação e computação para sentir o que acontece no mundo. “Todos nós estaremos agudamente conscientes de um mundo conectado ao nosso redor e do qual nós não podemos escapar e que nós próprios programamos.” Para o pesquisador, não temos alternativa senão ir à rede.

Estamos nos dirigindo para transformar nossos negócios em comunidades, nas quais a empresa é um serviço. “É o regime que Kevin Kelly, editor da revista Wired, chama de execução imperfeita do desconhecido: em vez de melhorar o que eu tenho, eu tenho que começar a fazer, mesmo que não perfeitamente, o que eu não sei fazer”, elucida Meira, que salienta que isso é o que cria o diferencial inovador entre o um negócio e os demais. A web se adequa perfeitamente a esse regime, com sua execução imperfeita em modo beta, intrinsecamente programável.

O palestrante destaca a importância das pessoas. Nessa rede, serão criadas ferramentas, infra-estrutura e ambientes de colaboração. “Para isso, necessitaremos de conceitos, idéias, capacidade de executar, de conexões para relacionar nossas execuções com as dos outros e um grau muito grande de curiosidade”, diz ele. “Também uma confiança na inevitabilidade da mudança será necessária.”

Reinterpretar, reprogramar, inovar
A web 1.0, era definida pelo fato de que qualquer um podia fazer transações, sem mediadores. Na 2.0, qualquer um pode participar, por meio de blogs e outros recursos, sem mediação. A web 3.0, na qual estamos entrando, será aquela na qual poderemos inovar. “Poderei usar a estrutura da Amazon para montar uma loja virtual que custe perto de zero”, exemplifica o palestrante. Ele esmiúça a idéia: “Eu serei o programador e combinarei o que já existe para colocar novas propostas, com apenas uma pequena parte feita por mim, mas talvez essa pequena parte faça a diferença”.

A partir dessa explicação, Meira chega ao conceito de inovação: “Inovar é reinterpretar o que existe e fazer uma nova proposta, em cima de plataformas que eu monto sob demanda, como as da Atrium Telecom.” Nesse sentido, as empresas de telecom que têm futuro são aquelas que se preocuparão em não deixar que os clientes se preocupem com infra-estrutura e serviços.

O palestrante acrescenta que não basta existir a internet. A ela, deve ser adicionado o software para fazer aplicações para implementar business processes (processos de negócios), que são o que interessa, de fato, às empresas. “Antigamente, fazíamos softwares básicos e softwares de aplicativos. Vamos adicionar business processes, para criar ‘empresas como serviços’ (business as a service).”

A grandiosa revolução digital
Estamos, segundo o palestrante, a meio caminho da evolução do mundo analógico para o digital, que começou em 1980, com o PC (computador pessoal). Os primeiros 30 anos dessa evolução focaram colocar a tecnologia nas empresas. Nos próximos trinta, a tecnologia atingirá todos os indivíduos, o que vai impactar a forma pela qual os negócios acontecem.

“A revolução digital é, para as pessoas, o que a revolução industrial foi para as empresas. Isso vai ter um gigantesco impacto na maneira de funcionar das empresas, abrindo os negócios para as suas comunidades e mudando completamente o mundo da tecnologia da informação e da comunicação”. O Pix 2.0 já é uma mudança radical, de acordo com Meira, uma vez que é ‘informaticidade’. Pix 2.0 significa uma grande mudança em nossa forma de ver e viver o mundo.

“O que fazemos agora?”, indaga o professor. Ele mesmo dá a resposta: “Mudamos rapidamente”.


Portal HSM On-line, 26/08/08

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Governo divulga Lei de Incentivo ao Esporte

Para o Ministério do Esporte, as empresas já conhecem a Lei, mas é preciso fazer com que as pessoas físicas também façam a aposta no esporte para garantir a formação dos atletas do país

O Governo quer incentivar empresas e pessoas físicas à destinarem parte do valor que pagariam de Imposto de Renda ao esporte, conforme prevê a Lei de Incentivo do setor. Segundo o presidente da Comissão Técnica da Lei de Incentivo ao Esporte, Alcino Reis Rocha, cerca de R$ 2 bilhões anuais estão disponíveis para fomento de ações desportivas no país. Ele explica que as grandes empresas já conhecem esses mecanismos, porém é preciso tornar isso ainda mais evidente e fazer com que grupos locais destinem essa fatia que vai para os cofres públicos para o esporte.

Com o incremento das receitas para o esporte, as empresas costumam investir também em ações de divulgação disto, através da associação das suas marcas aos atletas e projetos patrocinados a exemplo do que ocorre em eventos como as Olimpíadas. Somente nos sete primeiros meses deste ano foram capitados aproximadamente R$ 70 milhões para o esporte e estima-se que ainda há R$ 230 milhões disponíveis. Esses são os recursos com destinação exclusiva para o setor.

A proposta do governo é esclarecer a esses potenciais patrocinadores da atividade que, no caso de empresas, 1% do imposto devido pode ser destinado às ações de desporto e, a população geral, pode repassar às atividades esportivas 6% do imposto sobre a renda. Tudo já está na lei desde 2006, no entanto as pessoas muitas vezes desconhecem essa ferramenta.

Para o governo, depois de encerrar a etapa de aperfeiçoamento dos projetos - necessários para capitação destes recursos - será a hora de chamar os "donos" do dinheiro para conversar. "Há uma série de ações sendo desenvolvidas junto às empresas e pessoas físicas. Mas, neste momento, nosso objetivo principal é levar aos investidores bons projetos para que ele se anime a aportar recursos" completou Rocha.

Pela lei de 2006, as empresas e pessoas físicas recebem benefícios fiscais para incentivar as ações desportivas e paradesportivas. A destinação dos recursos só deverá ser feita para os projetos que já passaram pela análise do Ministério do Esporte, que avalia se ações e as entidades envolvidas estão relacionadas com o fim: promoção do esporte e da inclusão social por meio dele.

Além da falta de conhecimento por parte da sociedade em geral sobre a possibilidade de investir no esporte com benefícios fiscais, os projetos que antes de sair para o mercado em busca de recursos passam pelo Ministério do Esporte, têm sido um dos grandes entraves para capitação mais efetiva. Segundo o presidente da Comissão Técnica da Lei, apesar da melhora na qualidade destes textos, eles ainda apresentam problemas de estruturação o que implica na não aprovação e no veto à busca de recursos. Isso, de acordo com Rocha, levou o Ministério a organizar o 1º Seminário Nacional da Lei do Incentivo ao Esporte, que visa capacitar os interessados em captar recursos para investimento em projetos desportivos e paradesportivos.

"Não basta simplesmente ter a idéia e a boa vontade, é preciso ter um projeto de qualidade para buscar investimentos. Os projetos já estão melhores, mas ainda há uma série deles com dificuldades", disse o presidente da comissão de seleção dos projetos.

O evento está sendo realizado em Brasília desde a última segunda-feira, 25, e termina nesta terça-feira, 26. No primeiro dia de debates, o ministro do Esporte, Orlando Silva, ressaltou a importância da lei para qualificação do esporte nacional. Silva aproveitou o evento para comentar a participação do Brasil nas Olimpíadas de Pequim. Para o ministro, o Brasil teve uma boa participação e esteve presente "duas vezes mais nas disputas finais".


Alexandra Bicca
Meio & Mensagem, 26/08/08

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