quarta-feira, 23 de abril de 2008

TSYS inicia operação no Brasil e busca aquisições

"A TSYS não vai se considerar uma empresa global enquanto não tiver uma operação no Brasil", afirma Bob Evans, diretor de expansão de negócios da TSYS
Foto Marisa Cauduro / Valor

O forte crescimento do setor de cartões no Brasil, que este ano deve movimentar R$ 375 bilhões em pagamentos, chamou atenção de uma das maiores empresas do setor dos Estados Unidos. A Total System Services Inc (TSYS), processadora de transações de meios eletrônicos de pagamento, com faturamento anual de US$ 1,8 bilhão, desembarca no país com o objetivo de ser uma das maiores do mercado. Para isso, quer comprar uma processadora brasileira ou se associar a alguma companhia local.

A TSYS chegou ao Brasil há pouco mais de dois anos, mas não iniciou operações. Ficou estudando o mercado e conhecendo o setor de cartões. Agora, a empresa acredita que chegou o momento de começar os negócios. "Há uma convergência de fatores neste momento, com o mercado de cartões e o país crescendo", disse ao Valor o inglês Bob Evans, responsável pela área de expansão de negócios da TSYS Global Services. Evans esteve na semana passada em São Paulo.

A TSYS processa transações de 430 milhões de cartões. No ano passado, passaram pelo seu sistema nada menos que 12,4 bilhões de operações. Nos EUA, do total das transações que são terceirizadas pelos bancos e pelo setor de varejo, a TSYS processa 45% das operações. Nas empresas credenciadoras, ela tem 20% do mercado.

Nos EUA, ao contrário do Brasil, são várias empresas que credenciam estabelecimentos para aceitarem cartões. Aqui, a Visanet faz o credenciamento para a Visa e a Redecard para a MasterCard. Evans acredita que este modelo está perto do fim no Brasil, com o país adotando um modelo parecido ao americano. A TSYS quer trabalhar no processamento das transações também para as credenciadoras que surgirem por aqui.

A busca por mercados fora dos EUA é explicada pelo fato de a receita da TSYS crescer pouco no mercado americano. No ano passado, subiu só 2%, enquanto o faturamento em outros países teve alta de 33%. Este ano, a expectativa é repetir estes números.

Neste cenário, o Brasil aparece como um dos mercados mais promissores. Pesquisa do Euromonitor, citada por Evans, indica que o Brasil será, em 2011, o segundo maior mercado do mundo em volume de transações processadas com cartões de crédito. Em número de plásticos, será o quarto maior, com os Estados Unidos na liderança.

Para 2008, as projeções indicam que o país fechará o ano com 500 milhões de cartões (incluindo débito, loja e crédito). Estes plásticos devem fazer nada menos que 6 bilhões de transações, segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Os pagamentos feitos com cartões devem superar R$ 375 bilhões, expansão de 20% em relação a 2007.

"A TSYS não vai se considerar uma empresa global enquanto não tiver uma operação no Brasil." A meta da empresa é estar operando plenamente no país em 2009. Em outros países, a empresa teve diversas estratégias para consolidar suas operações. Na África do Sul, conseguiu uma parceria local. Na Europa, onde opera desde 2000, o crescimento foi basicamente orgânico e as receitas chegaram a US$ 230 milhões no ano passado. Na China, fez uma joint venture com uma empresa local e criou a China Union Pay Data. Segundo a empresa, nove dos dez maiores bancos mundiais usam seus sistemas de processamento de transação. Ao todo, são mais de 300 clientes.

No Brasil, a empresa quer atrair também pequenos e médios estabelecimentos que queiram ter um cartão próprio, além de fisgar clientes que processam as operações nas concorrentes. Os principais concorrentes da TSYS no Brasil são a Orbital, do Itaú, a Fidelity (que tem como sócios Bradesco e Banco Real), a CSU CardSystem e a EDS. Entre as empresas independentes, não ligadas a bancos, a CSU é uma das maiores do mercado.

Evans conta que a empresa tem um software (TS Prime) que consegue migrar as operações de uma processadora para sua base em questões de segundos. Já foram feitas 140 migrações deste tipo no mundo. Para o início dos negócios aqui, a empresa contratou Antonio Jorge de Castro Bueno, com passagens pelo Grupo Omnia e Banco PanAmericano.

Altamiro Silva Junior, de São Paulo
Publicado pelo
Valor Online em 23/04/08


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