segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ceará implanta fibra óptica para conectar população

Proliferam pelo país as chamadas "cidades digitais", em que prefeituras criam suas redes de banda larga para conectar a população à internet. Em âmbito estadual, o Ceará foi um dos primeiros a adotar um projeto do gênero: partiu para a instalação de fibra óptica. Inicialmente, a infra-estrutura deverá ser implantada numa área onde vive 82% da população urbana.

O governo cearense vê com bons olhos a revitalização da Telebrás e o uso da rede da Eletronet para ter um sistema alternativo à sua própria infra-estrutura.

O presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Fernando Carvalho, afirma que foi a Brasília quando soube da intenção de grupos do governo de transferir à Telebrás a gestão da rede da Eletronet. "Estivemos em várias reuniões com a ministra Dilma (Roussef), mas ela alertou que, com a falência da Eletronet, existia o passivo sub judice. Em vez de esperar, optamos por construir a nossa rede, mas continuamos interessados na parceria" afirma.

Segundo Carvalho, logo depois que Cid Gomes (PSB) assumiu o governo do Estado foi identificado que havia uma despesa anual da ordem de R$ 35 milhões com telecomunicações. Diante disso, começaram a ser estudadas alternativas para reduzir os gastos. Uma das primeiras idéias foi a busca de parcerias, mas diante da demora o governo optou por partir para a construção de rede própria.

Foi realizada uma concorrência. Venceu a construtora Schain. O projeto de instalação das fibras, orçado em R$ 49 milhões, deverá ter sua primeira etapa concluída em meados deste ano. A rede total terá 2,5 mil quilômetros e passará por vários municípios do interior, além da capital Fortaleza.

"Nosso objetivo não é criar uma empresa estatal para oferecer serviços de telecomunicações. Queremos usar nossa rede como uma ferramenta da desenvolvimento e de redução de custos. Há locais no Estado onde a operadora não chega, temos um monopólio que não investe por que não vê retorno imediato. Havia metas de instalar a telefonia em todos os locais com população acima de 100 habitantes, mas há metas (de universalização) que foram trocadas pelo projeto de levar banda larga às escolas", afirma.

O projeto tem parceria com a Companhia Energética do Ceará (Coelce), Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e TV Ceará, que vão interligar redes próprias à do governo do Estado.

Outra parceria é a Rede Nacional de Pesquisas (RNT), que interliga instituições de pesquisas, universidades e está à frente do programa Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa (Redecomep). Financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), ela está em expansão e prevê atingir todo o país com 27 redes em todos os Estados ainda no decorrer deste ano. A maior delas e com mais capacidade ficará no Rio de Janeiro.

Há empresas como Eletronorte, no Pará, e Neoenergia, na Bahia, que firmaram parcerias para ampliação da rede da Redecomep. O governo do Ceará fez o mesmo. Lá, o objetivo é interligar 80 escolas estaduais e orgãos públicos. No projeto, a chamada última milha, que conecta a rede ao destino final, utiliza infra-estrutura sem fio.

Carvalho diz que, se o Estado fosse usar serviços da concessionária de telefonia, em muitos locais não haveria velocidade de transmissão para prestar alguns serviços, como o videoconferência - tecnologia que poderia se tornar auxiliar no sistema de ensino. "Por isso, chegamos à conclusão que seria mais vantajoso montar nossa própria infra-estrutura. Fortaleza já está toda com fibra, são 120 quilômetros", afirma.

Carvalho conta que há outros Estados implementando ou buscando projetos próprios. Ele diz que estão sendo trocadas experiências com os governos do Maranhão, Bahia, Pará, Rondônia, Piauí.


Heloisa Magalhães
Valor Online, 19/01/09


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