quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Fashion Rio abre espaço aos pequenos

Ana Paula Grabois
Publicado pelo
Valor Online em 09/01/08


Márcio Duque criou a Homem de Barro em 2004 e hoje tem uma lista de 44 clientes e está presente em 50 lojas
Foto Silvia Costanti/Valor

Mais profissionalizadas, pequenas marcas cariocas estréiam nesta edição nas passarelas do Fashion Rio, reservadas para grifes já consolidadas no mercado. É o caso da Homem de Barro, que já participou das últimas oito edições semestrais do Fashion Business, bolsa de negócios da feira de moda.

Criada em 2004 por Márcio Duque, a marca ganhou espaço entre os atacadistas brasileiros, abriu uma loja este ano em Ipanema e prepara uma estrutura para passar a exportar. "Começamos do nada e no ano passado crescemos 300%", diz Duque, que iniciou no setor de moda vendendo anéis e bolsas na praia junto com a mulher Aline, estilista da marca. Hoje, a empresa vende para 44 clientes e está presente em 50 pontos de venda em todo o país. "Com o desfile, a tendência é aumentarmos nossa produção e venda", disse Duque. O próximo passo será a entrada no mercado de franquias.

A AcomB, marca desenvolvida pela ONG Ação Comunitária do Brasil este ano, contou com a ajuda do estilista Beto Neves, da Complexo B, para dar seus primeiros passos na passarela do Fashion Rio. A ONG participava nos últimos quatro anos do Fashion Business, mas como um núcleo de moda. "De núcleo de moda, passamos a ser uma marca. Pretendemos ser um negócio social sustentável", diz a coordenadora da AcomB, Viviane Martins.

O projeto nasceu na comunidade da Cidade Alta, bairro de Cordovil, no subúrbio do Rio e conta com 60 artesãos, entre bordadeiras e pintores de estamparia. A ONG desenvolve ainda cursos de qualificação nessas técnicas para os jovens da região e vai contar a história da gata Borralheira que vira Cinderela ao pisar nas passarelas. "Vamos falar sobre a identidade deles. Queremos tirar esse lado somente social e colocar estilo, identidade, na marca", diz o estilista Beto Neves. A visibilidade deve aumentar a produção da confecção, que hoje vende para lojas multimarcas. "Pretendemos duplicar o lucro até o fim do ano", disse Viviane. A profissionalização das pequenas confecções no Rio conta com o apoio do Senai Moda do Rio, que promove a capacitação em design de moda, produção, comercialização e exportação. No Fashion Business, o Senai Moda organiza as empresas em pólos e oferece os espaços. "O evento é importante para vender, testar os produtos. As empresas vão refinando seus negócios e as suas coleções e depois ficam prontas para um lançamento no Fashion Rio", disse a gerente do Senai Moda do Rio, Cristiane Alves. O segmento de moda é o terceiro maior gerador de postos de trabalho da indústria no Estado do Rio e emprega cerca de 90 mil pessoas.

De janeiro a novembro de 2007, as exportações de moda carioca cresceram 13%, mesmo com o câmbio desvalorizado. A estilista Gisele Barbosa, dona de uma confecção de mesmo nome, produz roupas bordadas artesanalmente voltadas majoritariamente ao exterior, como Japão e Austrália. "Vendemos 2 mil peças para o Brasil e 5 mil para fora do país. Os estrangeiros dão muito valor ao trabalho artesanal", diz a estilista, cuja produção é feita por 200 famílias de bordadeiras. As vendas da empresa têm crescido a um ritmo de 15% nos últimos três anos.


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