sábado, 28 de fevereiro de 2009

Governança corporativa é bom negócio também para as empresas menores

Não é segredo que boa parte das empresas brasileiras de pequeno e médio portes nasceu da postura empreendedora de seu dono ou de seus sócios

Superação! Esta é a palavra que melhor define a necessidade de empresas dos mais variados setores e tamanhos nestes tempos de turbulência. Diversas políticas e recursos foram mobilizados em prol de grandes corporações. As operações globais de salvamento envolveram cifras consideráveis, profissionais dos mais respeitados currículos forneceram rumos considerados salvadores.

No entanto, a realidade é que neste ambiente de recursos financeiros e profissionais escassos, empresas de pequeno e médio portes enfrentam desafios desproporcionais para obter apoio na superação do momento atual e sair do outro lado do túnel devidamente fortalecidas. Por tudo isso, antes de contar com a graça dos "bem-intencionados", as empresas de pequeno e médio portes devem, de uma vez por todas, contar com elas mesmas, com sua própria capacidade de superação.

Mas como andar sozinhas e com as próprias pernas se esta crise, de proporções jamais vistas, está sugando grandes e portentosos? A resposta pode ser considerada simplista ou otimista, dependendo dos "olhos", mas a aplicação efetiva de práticas de boa gestão e governança corporativa é um caminho efetivo para se evitar ou mesmo solucionar muitos dos desafios que as empresas deste segmento estão enfrentando.

Não é segredo que boa parte das empresas brasileiras de pequeno e médio portes nasceu da postura empreendedora de seu dono ou de seus sócios. E muitas delas surfaram na onda do crescimento em razão do tino e empenho de seus fundadores e, também, e não raro, por causa do mercado naturalmente aquecido. Agora, com ventos soprando na direção contrária, mexendo com a "naturalidade" do mercado, o tino empreendedor nem sempre é suficiente para manter a empresa em cima da onda.

Faz-se necessário nesta hora, nem que seja somente para consumo interno, ter uma visão ampla e imparcial do próprio negócio. Porém, dependendo da vontade e necessidade, é extremamente vantajoso manter a transparência do negócio para o mercado externo. Esta visão ampla e transparente se consegue com a aplicação efetiva de práticas de governança corporativa, fazendo parte da cultura da empresa, transformando a maneira com que o dono ou sócios se relacionam com o negócio.

Mas e eu, como faço? É uma reação natural do empresário achar que conceitos como "governança corporativa" ou "sustentabilidade" são sofisticados demais, distantes da realidade do seu negócio. Como ele mesmo comenta: "essas coisas são para os outros".

Em parte o empresário até tem razão. Os investimentos necessários para obter uma estrutura formalizada em funcionamento podem ser elevados, o retorno do serviço, em muitos casos, não é instantâneo, e a própria manutenção também necessita de um custo permanente.

No entanto, a boa notícia é que é absolutamente viável, haja vista o número de consultorias contratadas por empresas de pequeno e médio portes. Sobre o custo, ele pode variar sim. Dá para implantar métodos de governança corporativa a um preço que "cabe no bolso" e, ao mesmo tempo, conseguir benefícios concretos em um curto espaço de tempo.

E por falar em benefícios... Eles são claros e importantes em qualquer setor. Com uma visão mais ampla de seu próprio negócio, o dono ou sócio tem condições de ver e, muitas vezes, antecipar e corrigir qualquer tipo de distorção para conduzir sua empresa de forma mais segura. Conseguindo dar transparência ao negócio, o dono ou sócios criam condições mais favoráveis, conseguem parcerias, empréstimos bancários, investimentos externos e até mesmo a venda do negócio.

Ainda na linha de desmistificação da governança corporativa, cabe ressaltar que, ao contrário do que muitos pensam e afirmam, equivocadamente, não foi o sistema de governança corporativa que falhou e deixou na "berlinda" algumas grandes empresas do País. Em meio a uma crise de proporções dantescas, não é possível colocar a culpa em um único fator, ainda mais na prática da governança corporativa. Está comprovado que as empresas que souberam aproveitar as metodologias de um sistema de gestão foram capazes de evitar prejuízos e reagir às mudanças do oscilante mercado financeiro.


Bruno Schmidt
Gazeta Mercantil, 27/02/09


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