quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Investimento Social Privado - 2009 começa com otimismo

O que esperar para 2009? Especial do redeGIFE reúne depoimentos dos principais investidores sociais de origem privada do país para mostrar quais as expectativas desse grupo para o ano. As voltas com os desafios impostos pela crise econômica mundial, eles enfatizam que é possível ser otimista nas mais ameaçadoras adversidades.

Embora tenham convicção de que será necessário conter custos, há um consenso sobre de como isso será feito: a partir da utilização racional e responsável dos recursos disponíveis. Na prática, isso significa mais parcerias e articulação entre setores para dinamizar as ações sociais.

“O estágio do ISP no Brasil de hoje permite supor que não haverá cortes drásticos, pois as empresas têm programas estruturados e de longo prazo, e não ações filantrópicas pontuais”, acredita o diretor presidente da Fundação Telefônica, Sérgio Mindlin.

Segundo o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti, este ano irá dizer se os investimentos sociais fazem parte da cultura ou é apenas gordura dentro das empresas. “É uma oportunidade para o setor mostrar que se consolidou, que é forte e dinâmico. Também vai evidenciar quem está realmente comprometido com o bem comum e que não está”, afirma.

Veja depoimentos:

“A Fundação Bradesco é uma ação pioneira de investimento social privado no Brasil, e um dos maiores programas socioeducacionais do mundo. Tem como principal missão proporcionar ensino a crianças, jovens e adultos, para que possam alcançar a realização pessoal por meio do trabalho efetivo da cidadania.

Em 2008, a Fundação Bradesco atendeu a mais de 110 mil crianças, jovens e adultos. No próximo ano ampliará sua atuação na Educação Infantil atendendo cerca de 1200 alunos. São milhares de crianças, jovens e adultos que, graças à Fundação Bradesco puderam mudar sua perspectiva de vida, ampliaram suas oportunidades e tiveram acesso a um mundo mais amplo e um futuro promissor. É a educação abrindo caminhos, formando cidadãos e ajudando a construir uma sociedade mais justa e um Brasil melhor.”
Denise Aguiar - Presidente do Conselho de Governança do GIFE e diretora da Fundação Bradesco.

"Este ano começou marcado por momentos de esperança. O primeiro semestre anunciava uma era de prosperidade, mas o segundo chegou trazendo uma grande nuvem negra sobre nossas cabeças. É a crise! Sim mas que crise? É a crise do capitalismo. A “mão invisível do mercado”, desta vez, não se fez presente para regular o próprio mercado, principalmente o financeiro.

Ao nos aproximar de 2009, vemos que haverá chuvas e trovoadas, mas a nuvem pode não ser tão negra como imaginávamos. É muito difícil fazermos uma previsão do que nos espera, pois a globalização torna a análise de cenários cada vez mais complexa. Para o Investimento Social Privado, haverá impacto, com certeza, pois ele sempre depende do desempenho das empresas e, ao que parece, será pior que este ano. Porém, poderá ser também uma oportunidade para aprimorarmos nossa forma de atuar e ser mais efetivos no que fazemos. Procurar formas de fazer mais com menos.

O investimento social de algumas empresas, que já o incorporaram como uma questão estratégica para o negócio, certamente será menos afetado. Algumas até acham que é neste momento que o investimento social se faz mais necessário. Este é o caso do Grupo Camargo Corrêa, que fará o máximo possível para que os projetos ligados ao investimento social não sejam prejudicados. Em alguns casos eles serão ampliados, como em Angola, por exemplo, onde há três anos a empresa está presente. 2009 será um ano, no mínimo, diferente. Este será um daqueles momentos da vida em que alguns vêem crise, outros, oportunidades. Quem sabe possamos exercitar mais nossa capacidade de colaboração, de construção de parcerias. Quem sabe esta crise nos ensina que devemos aprender mais a cooperar do que competir, pois este é um caminho mais fácil e mais humano."
Francisco Azevedo - Diretor-executivo do Instituto Camargo Corrêa.

"A Odebrecht é uma das empresas que está alinhada com a bandeira do governo de não deixar o Brasil parar por conta da crise econômica internacional. A organização não pretende reduzir nenhum tipo de investimento, inclusive o social. A Fundação Odebrecht deverá manter, e poderá até aumentar, seu orçamento para o próximo ano. Sabemos, no entanto, que precisaremos conter custos e pretendemos fazer isso a partir da utilização racional e responsável dos recursos disponíveis.

Se crise é mesmo sinônimo de oportunidade, buscamos ver este momento pelo seu lado bom. Sabemos que o capitalismo, da forma como está estabelecido hoje, na linha do ganha-perde, não é sustentável. Apesar de termos consciência disso, não conseguimos fazer a mudança radical necessária à manutenção da vida na terra. É como um fumante que sabe que o cigarro faz mal, mas não pára de fumar. Um dia ele infarta e, se der a sorte de sobreviver, irá rever sua vida.

Espero que esta crise sirva para nos alertar. Dela deverá sair um novo capitalismo, do tipo ganha-ganha. Neste contexto, quem já atua com foco na sustentabilidade, como nós, não só sairá na frente como poderá disponibilizar modelos a serem replicados. Como diz Dr. Norberto Odebrecht, nós não queremos ser uma ilha de prosperidade num mar de pobreza".
Marta Castro - Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Odebrecht

"Creio que a consolidação do Investimento Social Privado ao longo da última década não permitirá recuarmos e o que estaremos rediscutindo é a intensidade em que o mesmo ocorrerá nos próximos dois anos. O Instituto C&A encontra-se empenhado em planejar o seu investimento para 2009 no mesmo patamar de 2008.

Finalmente compreendo que não temos outra alternativa para o setor senão continuarmos avançando em nossa visão de construção de um país justo em que toda a população tenha assegurado os seus direitos."
Paulo Castro - Diretor-presidente do Instituto C&A.

”Para a Fundação ArcelorMittal Brasil, os desdobramentos da crise são mais desafios a serem enfrentados, do que motivos para esmorecimento do nosso entusiasmo. Nossa empresa está fortemente impactada pela crise internacional e, como uma fundação empresarial, estamos sentindo as turbulências.

Esta circunstância, porém, é o vetor que nos impele a buscar mais parcerias com o poder público, com outras empresas e ONGs, para a realização dos programas. Seremos mais criativos e mais competentes. Vamos evidenciar que a ação social bem estruturada e compartilhada gera resultados positivos para todos os envolvidos. Isto implica em planejamento e monitoramento dos projetos - desenvolvimento de indicadores consistentes”.
Leonardo Gloor - Gerente Geral Fundação ArcelorMittal Brasil,.

"A IBM continuará a investir em projetos que visam a Inovação para um mundo melhor, usando a tecnologia para o progresso da sociedade, pois acreditamos que existe um imenso potencial para que o planeta se torne cada vez mais saudável, sustentável e inteligente - o que a IBM vem chamando de “Smarter Planet".

Confiamos que temos a oportunidade de contribuir positivamente com projetos que farão a diferença. Prosseguiremos com nossas ações, buscando ajudar o crescimento do País através dos incentivos em Educação, Inovação e Tecnologia.

Podemos citar, entre outros, planos de aumentar parcerias com Secretarias de Ensino para a inclusão do Kidsmart - softwares educacionais interativos para crianças para o ensino infantil; parcerias com Instituições de Ensino com o Reading Companion - software de reconhecimento de voz que fornece aos usuários a oportunidade de adquirir habilidades de pronúncia e leitura na língua inglesa; além de aumentar o número de voluntários do World Community Grid - projeto social global com a missão de ajudar no avanço de pesquisas que buscam tratamentos e a cura de doenças."
Ruth Harada- Executiva de Cidadania Corporativa da IBM Brasil

O Boticário é uma empresa que tem em seu alicerce a crença na beleza. Desde a beleza estética, que está nas pessoas e movimenta o nosso negócio por meio de produtos inovadores e de qualidade reconhecida, mas também a beleza que vai além disso. A que está nas relações, nas pessoas e na natureza. Essa atitude sempre foi reconhecida pelo consumidor e o investimento social privado que realizamos fortalece essa troca entre a empresa e a sociedade.

Acreditamos muito fortemente na força do empresariado para contribuir com as questões sociais e ambientais mais críticas e, mais do que isso, para sensibilizar seus próprios colaboradores, formando pessoas comprometidas com as responsabilidades que são de todos. Por este motivo é tão importante praticar o investimento social privado. Trata-se de uma ferramenta da qual dispomos para promover um mundo mais belo.
Miguel Gellert Krigsner - Presidente do Conselho de Administração do Boticário.

“Da mesma forma como tem atingido resultados e perspectivas de produção nos diversos campos da economia, a crise tende a reduzir os investimentos sociais das empresas. Há, porém, um aspecto positivo a ser considerado no cenário nacional. O estágio do ISP no Brasil de hoje permite supor que não haverá cortes drásticos, pois as empresas têm programas estruturados e de longo prazo, e não ações filantrópicas pontuais. É o caso, por exemplo, da Telefônica, que não tem previsão de redução de investimentos nem na área de produtos e serviços nem na área de ação social.

Entendo que a Responsabilidade Social Empresarial vai além do ISP e os empresários brasileiros já demonstraram o quanto valorizam essa postura estratégica. Por isso, em um momento como este, acredito que as decisões levarão em conta os interesses e necessidades das diversas partes interessadas e buscarão um equilíbrio que permita ao país - governo, empresas e sociedade civil - atravessar a crise e manter o esforço compartilhado de desenvolvimento social”.
Sérgio Mindlin - Diretor Presidente da Fundação Telefônica.

“O próximo ano não será dos mais fáceis, todos temos consciência disso. Mas é justamente nos momentos mais difíceis que a responsabilidade de fazer dar certo, manter o “círculo do bem” ativo e de fazer valer o compromisso para um futuro mais sustentável e justo se fazem mais necessários.

Para nosso Instituto Société Générale, 2009 será um ano de muito trabalho, vitórias, alegria e de incontáveis realizações de sonhos. Vamos, juntos, fazer um mundo mais feliz e justo. Feliz 2009 a todos!”
Renato Oliva - Presidente do Instituto Société Générale.

" Na nossa vida, estamos o tempo todo tomando decisões, queiramos ou não fazê-lo. E, a cada ano novo, temos uma boa oportunidade de ponderar as escolhas e os caminhos feitos, abrindo novas perspectivas de ação. Espero, neste novo ano, que todos nós possamos vivenciar a virtude da prudência, que não significa cautela, mas sim é a arte de decidir corretamente. Que façamos as melhores escolhas...”
Ana Beatriz Patrício - Diretora da Fundação Itaú Social.

"O Instituto BM&FBovespa sabe que 2009 será um ano difícil para a economia e conseqüentemente para o Investimento Social Privado. A dificuldade, no entanto, deve nos estimular a buscar, ainda com mais afinco, as soluções capazes de estimular a atuação das instituições comprometidas com a responsabilidade social e ambiental. Não podemos nos fiar apenas em períodos de bonança e crescimento econômico.

As épocas de crise, se são difíceis para as empresas, são ainda mais dramáticas para a população desassistida e marginalizada. O Instituto BM&FBovespa, com apoio da BM&FBovespa S.A, empresa à qual está diretamente vinculado, fará tudo o que estiver a seu alcance para manter em 2009 seus projetos e programas socioambientais."
Izalco Sardenberg - Superintendente do Instituto BM&FBovespa.

"2009 será um ano difícil mais também cheio de oportunida7des. A crise econômica vai sim afetar a Fundações Filantrópicas e o ISP, pois o orçamento da maioria estas organizações depende ou de um endownment ou de uma percentagem do lucro da empresa com a qual a organização esta atrelada. Este sentido não tenho dúvidas que no ano que vem teremos menos recursos destas organizações e consequentemente menos recursos para os diversos projetos sociais que dependem das parcerias com estas organizações.

Infelizmente, os grupos sociais mais pobres e excluídos serão não só afetado pela diminuição destes projetos sociais mais serão provavelmente duplamente afetados pois serão os primeiros a perder seus empregos com a recessão econômica.

Espero, entretanto, o ano de 2009 possa também ser um ano de oportunidades. Por exemplo a crise financeira talvez obrigue as ISP que ainda trabalham de forma isolada comecem a trabalhar em parceria e de forma coordenada com outras organizações. A outra possível oportunidade pode ser das ISP com o setor público em apóio uma agenda comum e prioritária de políticas públicas que afetem os mais vulneráveis mais diretamente.

Mais talvez a maior oportunidade desta crise financeira seja ela nos levar a rever e refletir sobre a sustentabilidade ambiental, social e econômica dos modelos de desenvolvimento que apoiamos com nossas ações. Esta claro que esta crise revela que já não podemos continuar no "business as usual" e as ISP estão muito bem posicionadas para experimentar, inovar e promover novos modelos de desenvolvimento. Não podemos ter medo da crise que esta chegando, e sim assegurar que novos parâmetros de desenvolvimento surjam e sejam fortalecidos, parâmetros estes que possam assegurar com que crises financeiras como estas sejam evitadas e/ou que os mais vulneráveis não sejam afetados por elas. "
Ana Toni - Fundação Ford

“Em 2009, o Grupo Carrefour manterá o investimento social privado com o foco em consumo consciente, educação e mobilização social. A companhia continuará a investir nos projetos apoiados e realizados atualmente.

Pertencemos às comunidades onde mantemos negócios e, nelas, queremos influenciar a geração de renda e o desenvolvimento social. Esta diretriz reitera o compromisso do Carrefour com os três níveis de Responsabilidades que orientam nossas ações e conduta nos âmbitos econômico, social e ambiental. Sabemos que uma empresa só pode avançar em suas metas de sustentabilidade se souber definir e transmitir seus valores, crenças e visão de futuro. Este é um compromisso do Grupo com seus públicos de relacionamento.
Antônio Uchoa, diretor do Instituto Carrefour.


Rodrigo Zavala
redeGIFE Online, 05/01/09


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