quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Leitura sustentável para 2009

A título de contribuição intelectual, esta coluna listou seis livros importantes, já tratados, de forma direta ou indireta, nesta página de sustentabilidade da Gazeta Mercantil. São obras inteligentes, provocativas e promotoras de idéias novas e vigorosas. Constituem leitura imprescindível para quem quer começar o ano antenado com as mais importantes tendências dessa área.

O ex-presidente Bill Clinton resolveu colocar em livro suas idéias sobre a importância do ato de doar. Trata-se de Doar- Como Cada um Pode Mudar o Mundo (Editora Agir, 238 páginas). A obra combina breves análises, opiniões e crenças de Clinton com histórias de pessoas e organizações com quem conviveu e que, em sua visão, têm feito a diferença na construção de um mundo mais justo.

Sobre Clinton, vale lembrar que, após dois mandatos à frente do governo dos EUA (1993-2001), ela passou a se dedicar à gestão e de uma fundação que leva o seu nome. E hoje emprega seus ativos pessoais na missão de levar assistência médica digna, promover a cidadania e o desenvolvimento econômico em países pobres.

São interessantes as idéias de Clinton sobre como doar dinheiro, tempo, coisas e habilidades. Oportunas também são as teses que ele partilha com o leitor, especialmente as relacionadas ao modo como se pode organizar mercados para atender causas de grande interesse público. No entanto, os depoimentos colhidos no convívio com grandes personagens são, de longe, o melhor do livro. A leitura já valeria a pena pelas passagens com Bill Gates e Warren Buffet. Mas há muitas outras boas surpresas.

Em Um Mundo Sem Pobreza (Editora Ática, 263 páginas) o prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus, propõe uma espécie de reinvenção do capitalismo a partir do que ele chama de “empresas sociais”, empreendimentos não focados na idéia do lucro convencional cujo objetivo principal é fornecer produtos e serviços para atender necessidades das populações mais pobres.

Não só pela polêmica tese que defende – vista por muitos como incompatível com o mundo dos negócios --, mas pela maneira convicta como descreve os resultados alcançados pela experiência de joint venture social entre o Grameen Bank e a Danone, na produção de um iogurte fortificado para combater a desnutrição em Bangladesh, o livro vale a pena ser lido da primeira à última página. Experiências como a de Yunus ainda são tratadas como alternativas porque confrontam a lógica vigente da rentabilidade de curto prazo. Mas é bom que elas existam para não nos fazer esquecer de que o melhor lucro é o que está a serviço do bem-estar da humanidade.

Daniel Esty é um dos mais importantes pensadores norte-americanos em estratégia ambiental corporativa. No livro Verde que Vale Ouro (Editora Campus Elsevier, 300 páginas), escrito a quatro mãos com Andrew Winston, o professor da Universidade de Yale mostra como criar vantagem competitiva e adicionar valor aos negócios incorporando as questões ambientais na estratégia de negócio. Bem redigida, didática em ser chata, a obra se destaca pelas boas idéias dos autores, sobretudo pelos estudos de caso nos quais apóiam suas teses. Um dos seus pontos altos é o capítulo que trata das 13 armadilhas nas quais as companhias podem cair ao trilhar o caminho para a sustentabilidade.

Há três obras muito importantes, infelizmente ainda sem tradução para o Português, que valem o esforço de serem adquiridas por meio de um site de vendas internacional.

Uma delas é Plan B 3.0: mobilizing to save civilization (Editora W.W. Norton & Company, 384 páginas), novo livro de Lester Brown, um dos mais renomados ambientalistas do mundo. A tese central de Brown, recentemente convocado por Barack Obama para assessorá-lo em questões ambientais, é de que, à beira de um colapso de recursos, o mundo precisa de um Plano B capaz de rever o atual modelo econômico insustentável.

A solução, segundo o ambientalista, pressupõe seis pontos: erradicar a pobreza e estabilizar a população, restaurar o planeta, alimentar bem oito bilhões de pessoas, planejar melhor as cidades, criar eficiência energética e mudar a matriz para energias renováveis.

Outro livro estrangeiro importante é “Branded - How the certification revolution is transforming global corporations” (New Society Publishers, 320 páginas) de Michael Conroy. Para o autor, a marca consiste no componente mais importante e volátil do patrimônio de uma companhia. Cada dólar investido na expansão desse ativo aumenta os riscos e desafios para a empresa no campo social e ambiental. Os sistemas de certificação, no entanto, podem eliminar esses riscos, contribuindo para as empresas fidelizarem clientes e conquistarem novos mercados.

De acordo com Conroy, a revolução das certificações resulta da combinação de três variáveis: campanhas de marketing desenvolvidas para convencer as companhias a melhorar suas práticas; a criação de sistemas de certificação e a existência de líderes nas companhias convencidos da importância de rever processos e atitudes com vistas à sustentabilidade. A boa notícia é que o livro deve ser editado no Brasil em 2009.

O que ganha uma empresa que resolve basear sua gestão no princípio da sustentabilidade, combinando os aspectos econômicos, ambientais e sociais no negócio. Essa pergunta-central motivou Bob Willard a escrever “The sustainability advantage – seven business cases benefits of triple bottom line”, (New Society Publishers, 203 páginas.)
Com uma linguagem pragmática, o autor, ex- vice-presidente da IBM, revela que os ganhos de uma estratégia focada no triple bottom line são quantificáveis e que os executivos não precisam se tornar ativistas de causas socioambientais para alcançar esses benefícios.


Ricardo Voltolini
Publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável
ricardo@ideiasustentavel.com.br
Idéia Socioambiental, 06/01/09


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