quinta-feira, 17 de maio de 2007

Mesmo sob pressão, Wolfowitz resiste

Publicano no Valor Online de 17/05/2007


Um dia depois de praticamente perder o apoio da Casa Branca, até então sua maior aliada na luta para permanecer na presidência do Banco Mundial, Paul Wolfowitz enfrentou, ontem, nova bateria contra sua manutenção à frente do organismo multilateral de crédito.

O Conselho Executivo do banco passou o dia reunido, discutindo alternativas para uma renúncia de Wolfowitz. A intenção do "board" da instituição financeira multilateral era obter uma "saída honrosa" para seu presidente. O objetivo não foi alcançado e a reunião deve prosseguir hoje. Wolfowitz é acusado de favorecer sua namorada, Shaha Riza, funcionária de carreira da instituição. Ele a promoveu e ofereceu um salário considerado elevado para os padrões do banco.

A decisão de retomar os debates hoje foi comunicada em uma nota curta, distribuída no início da noite de ontem. As indicações são de que dificilmente o executivo irá se manter no cargo. A avaliação de sua conduta pelo Conselho era um desejo do próprio Wolfowitz, conforme manifestou seu advogado, Robert Bennet.

Um relatório do comitê publicado esta semana confirmou o resultado de uma investigação interna do Banco Mundial e concluiu que Wolfowitz violou as regras de princípio do Banco Mundial ao promover Riza.

Ontem mesmo o presidente da instituição desistiu de sua viagem à Eslovênia, onde pretendia participar de uma conferência sobre desenvolvimento prevista para hoje e amanhã.
Wolfowitz já se manifestou contrário à própria renuncia várias vezes. Se mantiver essa posição e os integrantes do Conselho entenderem que é necessário submeter uma eventual demissão do presidente a votação, os Estados Unidos, principais "acionistas" do banco, terão a palavra final. Na terça-feira, o governo americano não retirou formalmente seu apoio a Wolfowitz, mas admitiu que sua saída do cargo está cada vez mais próxima. Antes de presidir o banco, Wolfowitz trabalhou no Departamento de Defesa americano.

Para que uma decisão importante seja aprovada por votação no Banco Mundial são necessários os votos de uma maioria composta por 85% dos votos. Os Estados Unidos têm 16,5% e o Japão, o segundo na escala, 7,9%. Como sua participação é maior que os 15% necessários para barrar uma decisão, Washington tem, efetivamente, poder para vetar qualquer assunto. Basta usar sua participação no voto contrário à tese defendida.


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