domingo, 2 de agosto de 2009

Nova pesquisa revela crescimento da RSE no Brasil

Produzido por Ethos, Akatu e Ibope, o estudo tem o objetivo de mapear o movimento de responsabilidade social empresarial no Brasil.

Será lançado nesta quarta-feira (29/7), em São Paulo, o relatório da pesquisa Práticas e Perspectivas da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil – 2008, realizada em parceria pelo Instituto Ethos, Instituto Akatu e Ibope Inteligência, a qual retrata o atual panorama e a efetiva atuação das empresas brasileiras no que se refere à responsabilidade social.

O estudo buscou identificar as principais conquistas e os desafios do fenômeno da RSE no Brasil. Investigou o comportamento das empresas e os níveis de implementação das suas ações por meio do questionamento direto sobre a existência de práticas de RSE.

Entre os resultados da pesquisa, destaca-se o crescimento no número de empresas que se envolveram com as práticas de responsabilidade social nos últimos anos. O estudo revelou que 50% das empresas têm ao menos 22 práticas de RSE implantadas, dentre um total de 56 práticas avaliadas. O maior envolvimento das empresas foi detectado na comparação indireta dos dados atuais com os de um estudo realizado pelo Instituto Akatu em 2004, em que 50% das empresas haviam implantado apenas 11 ou mais práticas, de um total de 55. A comparação feita com perguntas e amostras diretamente cotejáveis demonstrou que, de fato, houve um crescimento da adesão das empresas em alguns temas específicos.

Outra evidência apresentada pelo trabalho foi a capilaridade dos conceitos de responsabilidade social entre as empresas brasileiras, atingindo inclusive as organizações menores. O envolvimento efetivo com o tema, no entanto, tende a ser maior entre as grandes corporações e entre as empresas pesquisadas em duas amostras especiais: a das associadas ao Instituto Ethos e a das 500 maiores da revista Exame.

Para avaliar esse envolvimento, a pesquisa utilizou os indicadores percentuais de adesão a práticas de RSE, a presença de instrumentos formais para construção de estratégias de RSE (comitês, departamentos, políticas formais) e a utilização de fontes de referência e ferramentas de apoio à implantação da RSE nas empresas – como a ISO 14000, as Diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) etc.

As grandes empresas da amostra principal se destacam da média geral em alguns temas e estão em um estágio mais avançado do processo de implementação de suas ações. Já as empresas que fazem parte da amostra especial das 500 maiores da revista Exame foram as que mais se destacaram em relação à média.

O mesmo acontece com as empresas associadas ao Instituto Ethos, que aparecem no estudo com tendências claras de comportamento, sendo consideradas referência no processo de discussão e implantação da RSE no Brasil. Suas médias de adesão às práticas são maiores, bem como os percentuais que mensuram a formalização de suas estratégias de RSE.

Apesar do maior envolvimento das empresas nos últimos anos, as práticas de RSE no Brasil ainda estão em processo de construção. Muitas práticas importantes, em diferentes temas, ainda não são adotadas pela maioria das empresas, enquanto as mais adotadas coincidem com aquelas que impactam mais diretamente na sobrevivência das empresas ou que estão submetidas a regulamentações, tais como a proteção das relações de consumo e as relações de trabalho – temas geralmente submetidos a pressões do mercado e da sociedade ou regulados por leis e normas.

A pesquisa Ethos-Akatu-Ibope revela também que poucas empresas utilizam instrumentos de formalização de políticas globais de RSE, bem como ferramentas e referências para auxiliar na definição de suas ações. Ou seja, embora as práticas de responsabilidade social sejam crescentemente incorporadas nas empresas, algumas de modo formal (práticas escritas, divulgadas, colocadas em contrato), falta, por outro lado, uma maior formalização e institucionalização dessas práticas em nível estratégico e político. As empresas que se encontram em estágio mais avançado na implantação de práticas de RSE, isto é, que registram 34 ou mais práticas implantadas, chegam a um percentual de 20%.

Metodologia, amostragem e critérios
A pesquisa Práticas e Perspectivas da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil – 2008 foi realizada com o apoio da Fundação Kellogg e do Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O trabalho investigou ações de RSE em aspectos como as relações de consumo da empresa com seu cliente/consumidor, as relações de trabalho com os colaboradores e funcionários terceirizados, questões de ética e transparência da empresa, o diálogo com stakeholders, a governança corporativa e também questões ligadas ao impacto ambiental.

A pesquisa preocupou-se também em realizar um mapeamento que pudesse representar o conjunto de empresas brasileiras, além de aprofundar a investigação de alguns segmentos. As 56 práticas que compõem o questionário foram escolhidas a partir de duas ferramentas: o manual Critérios Essenciais de Responsabilidade Social Empresarial e Seus Mecanismos de Indução, elaborado pelo Instituto Ethos, e a Escala Akatu de Responsabilidade Social Empresarial, criada pelo Instituto Akatu.


Celso Dobes Bacarji (Envolverde), Edição de Benjamin S. Gonçalves (Instituto Ethos)


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