sábado, 6 de dezembro de 2008

Ética: Dela depende o sucesso dos negócios

Qual empresa não gostaria de garantir a perenidade de sua marca no mercado? E será que alguma não tem interesse em aumentar a eficiência dos processos e a confiança tanto interna, por parte dos funcionários e colaboradores, quanto externa, por parte dos consumidores e stakeholders?

Não importa o tamanho e a natureza da empresa. Toda e qualquer organização deve ter um código de ética funcionando e não só estampado na parede. Esta foi a tônica do Workshop “Ética - fator fundamental para o sucesso do negócio”, realizado na quarta-feira (3/12), no Instituto Empreender Endeavor.

Segundo os palestrantes Fernando Fleider e Marcelo Forma, sócios-diretores da ICTS Global, consultoria responsável por processos de gestão de talentos e referência nas áreas de prevenção de perdas e ética, parece que estamos vivendo muito menos uma crise financeira e muito mais uma crise de ética. Claro que as perdas percebidas são cada vez maiores. Bancos quebrando ali, diminuição de crédito aqui e empresas reduzindo custos por todos os lados. Sem entrar no mérito das causas da crise, mas entrando, sim, no mérito das conseqüências da falta de ética, o fato é que, muitas vezes, esse tropeço leva a crises gigantes nas organizações.

Boa-fé empresarial
“Por que as fraudes ocorrem? Porque as pessoas comentem fraudes”, afirmou Fernando Fleider. “Os processos podem ser vulneráveis, mas sem boa-fé empresarial a vulnerabilidade incorre em riscos, custos desconhecidos e perdas que impactam diretamente o negócio e a vida dos executivos”, afirmou Fleider.

O sócio-diretor da ICTS Global afirma que ao desenhar os processos de seleção, contas a pagar e, praticamente, em todos os momentos planejados de uma organização, há que se levar em consideração a má-fé das pessoas. Afinal de contas, todas elas são feitas de pessoas, com valores e conceitos diversos. E o que faz a empresa firmar-se no mercado é a união de três palavras básicas, devidamente transformadas em ações: “valores, oportunidades e atratividades”.

Tomada de decisão
Valores éticos auxiliam gerentes e funcionários a tomar decisões de acordo com os princípios da organização. Quando bem implementados, tendem a especificar a maneira como a empresa administra os negócios e consolida suas relações com fornecedores, clientes e outras pessoas envolvidas.

Em entrevistas feitas pela ITS sobre ética nas relações de trabalho, os pesquisadores indagaram se os entrevistados já tinham sido subornados alguma vez. Muitos deles responderam que não lembravam. “O que isso mostra logo de cara? Não lembrar se já foi subornado quer dizer muita coisa, pelo menos a meu ver”, afirma Marcelo Forma.

A pesquisa também questionou se os entrevistados declaravam seus impostos corretamente. “Muitos responderam que não sabiam, fato que também demonstra falta de ética”.

A base para entender esse tipo de informação está na percepção moral, ou seja, na capacidade de discernir o que é certo do que é errado e decidir pelo certo. “Mas, acima de tudo, é preciso saber o que se chama de certo. Há pessoas que têm propensão a cometer atos ilícitos. As empresas precisam identificar e evitar essas que optam pelo inadequado e preservar as outras que agem de forma ética”, afirma Fernando Fleider. Para ele, os que cometem atos ilícitos e os que de fato agem com ética são minorias. A grande maioria das pessoas está no meio termo, é levada a dançar conforme a música.

Durante anos, as empresas tiveram como pré-requisitos questões como produtividade, qualidade, eficiência e custos. “Hoje, ética e gerenciamento de riscos são mais que pré-requisitos. São diferenciais fundamentais, já que a transparência é exigida no cenário corporativo”.

Definições
Para as empresas, a busca por perenidade e confiança do mercado é constante e a questão ética faz parte da base para o sucesso do negócio. “Empresas latino-americanas têm alta capacidade de adotar códigos de ética”, afirma Marcelo Forma. Esses programas, que devem ser integrados, trazem como resposta mais eficiência, credibilidade e melhores resultados financeiros.

“A implantação de um código de ética serve como lupa para ver a má-fé”, argumenta Forma. Ele deve ser a cara da organização, claro, objetivo e de fácil compreensão de todos os públicos a quem se aplica. “Coerência entre o que é falado e praticado é fundamental para dar credibilidade à empresa. Há organizações que inserem o código de ética no contrato com fornecedores, o que é muito importante”.

O reforço da ética na cultura organizacional e a elaboração participativa do código são importantes também. “É fundamental que as empresas definam um comitê de ética, implantem um canal de comunicação em que o código possa ser discutido e até divulgado”, comenta Marcelo Forma.

“Sem ética, há mais propensão a danos na imagem da empresa, problemas na área financeira e danos relativos à informação e ao ambiente da organização. Em contrapartida, com ética se ganha em valor, eficiência, confiança interna e externa, atratividade, sem contar a retenção de talentos, que é algo interessante para qualquer negócio hoje em dia”, explica Forma.

As relações da empresa se tornam melhores e mais lucrativas quando esta resolve tirar o código de ética do belo quadro na parede e aplicá-lo no dia-a-dia.


Naná Prado, do Mercado Ético
Envolverde, 06/12/08
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