quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Consumers International concede Prêmios às Piores Empresas

A Consumers International (CI) anunciou nessa segunda-feira (01/12) os "vencedores" do Prêmio Piores Empresas 2008. O Bad Company Awards destaca algumas das principais marcas mundiais por comportamentos irresponsáveis nos últimos 12 meses. A campanha tem como objetivo chamar atenção para os direitos dos consumidores.

Este ano, os eleitos foram: Tesco (rede de supermercados), uma parceria entre Kellogg´s e Lego, Eli Lilly (laboratório farmacêutico), Samsung e Toyota.

As indicações são enviadas por organizações e membros da CI e outros grupos convidados. Um júri composto pelo secretariado da CI e especialistas de organizações associadas escolhe cinco "vencedores", a partir de critérios de abusos contra os consumidores em todo mundo. A seleção é baseada em "méritos" relativos, mas não tem caráter científico. A intenção é ressaltar a necessidade de fiscalização e esclarecimento sobre os direitos dos cidadãos nas relações de consumo.

Os "Premiados"
Tesco: Prêmio "Marreta" por silenciar críticas
A empresa, uma das principais redes mundiais de supermercados, está processando três jornalistas tailandeses que criticaram as táticas de expansão da varejista na Ásia. A Tesco está exigindo mais de 34 milhões de dólares de indenização de Jit Siratranont, Kamol Kamoltrakul e Nongnat Hanwilai, que expuseram o grande impacto que o crescimento da companhia está causando aos negócios locais e aos consumidores.

Os três casos ainda correm na justiça. Organizações da sociedade civil, como a Foundation for Consumers (FFC), associada à Consumers International (CI), estão tentando convencer a empresa a desistir do processo. Um dos jornalistas, Jit Siratranont, está sendo processado inclusive criminalmente e pode pegar até 2 anos de prisão, além das indenizações.

A expansão da Tesco na Àsia tem ocorrido de forma rápida e determinada. Em 2007, cerca de 21% de seu lucro foi proveniente do continente e 106 lojas foram abertas na Tailândia.

A crítica feita pelos três jornalistas não é incomum. Wall-Mart, Carrefour e a própria Tesco há anos têm sido questionados sobre suas atividades em diversos países por conta dos impactos causados aos comércios locais, nos salário dos trabalhadores e na redução das opções de compra para os consumidores.

Ao tentar calar essas pessoas dessa forma, a Tesco só reforça essa reputação de desprezo por comunidades locais, indiferença ao direito à informação dos consumidores e a busca do lucro acima de qualquer coisa.

Kellogg´s e Lego: Prêmio Ocultação de Perigo Óbvio por fazer um doce em formato de bloco de Lego
Os blocos de montar Lego são, sem dúvida, um dos dos brinquedos mais populares do mundo. Assim, em uma campanha relâmpago de marketing, Lego e Kellogg´s tiveram a "brilhante" idéia de lançar doces com formato e cores idênticos ao brinquedo de plástico.

Embora adultos e crianças maiores sejam capazes de diferenciar os chamados Fun Snacks (ou Snack Stacks) dos blocos plásticos, é óbvio que muitas crianças pequenas (menores de 3 anos, principalmente) poderiam, inadvertidamente, estar sujeitas a sérios acidentes ao confundir as peças. Então, seria prudente correr esse risco?

Felizmente, o "doce-brinquedo" não aprece ser muito fácil de ser encontrado, embora pudesse ser comprado através do site de compras Amazon.com em novembro de 2008.

Eli Lilly: Prêmio Overdose de Marketing por promoção excessiva
A companhia farmacêutica fez jus ao "prêmio" por promover indiscriminadamente o Cialis, droga usada no tratamento da impotência sexual masculina.

As vendas do produto atingiram a marca de 1,1 bilhão de dólares em 2007, fazendo do laboratório Eli Lilly um dos líderes do setor no ano. Era de se esperar um resultado desses, já que só nos EUA foram investidos mais de 152 milhões de dólares em campanhas publicitárias.

Esse tipo de droga é atualmente um dos grandes negócios mundiais. No entanto, diversos estudos independentes têm questionado a eficácia de seu tratamento. No início de 2008, pesquisa da Consumers Union, ONG dos EUA associada à CI, constatou que menos da metade dos homens tiveram resultados efetivos com o uso do medicamento e cerca de um terço deles apresentaram efeitos colaterais.

Em outubro de 2008, o órgão que fiscaliza medicamentos na Inglaterra repreendeu a Lilly por não prestar informações adequadas sobre os efeitos colaterais do Cialis, que incluem dores de cabeça, azia, dores musculares, entre outros. Em 2003, a empresa já havia sido advertida por promover a droga antes de ser licenciada.

Na Austrália, em julho de 2008, a companhia foi multada, após denúncia da ONG Choice (também filiada à CI), por divulgar amplamente na imprensa de modo indevido os resultados de pesquisas feitas com homens com disfunção sexual acima de 45 anos.

Samsung: Prêmio Ocupação Secundária "Legal" por vender tanques de Guerra, não apenas TVs
A maioria das companhias multinacionais oferece ampla variedade de produtos, freqüentemente de diferentes tipos e gêneros. A Samsung, no entanto, extrapolou. A gigante coreana dos eletro-eletrônicos mantém um braço militar, a Samsung-Techwin, fabricante do tnque de guerra K-9 Thunder. O Veículo é utlizado pelas forças armadas da Coréia do Sul e do exército turco, entre outros.

Outras empresas também têm "um pé" na indústria bélica. A fabricante de carros Saab já fez armas anti-tanques e a Sony tem uma história de desenvolvimento de sistemas de guia de armas. No entanto, para os consumidores preocupados com a responsabilidade social das empresas, é importante saber sobre os princípios éticos que estas dizem seguir.

No vídeo promocional de sua linha militar, a Samsung ironicamente afirma "esforçar-se para manter a paz em todo o mundo". Com certeza, restringir sua linha de produtos a televisores e similiares seria uma maneira muito mais segura de fazer isso.

Toyota: Prêmio Lavagem Verde por impacto ambiental
A indústria automobilística em geral está sempre em situação difícil quando a questão ambiental está em pauta. Landrover, Renault e Volkswagen têm sido os principais vilões dessa história. Mas a decisão pela eleição da Toyota este ano foi pelo constante uso de slogans enganosos e publicidade contraditória.

A campanha publicitária Harmony da Toyota diz "a melhor maneira de causar um impacto no meio ambiente é ter o menor impacto ambiental possível". Como se um carro fosse fabricado com componentes naturais, biodegradpaveis como matéria orgânica.

Apesar de celebridades e da imprensa em geral exaltarem sua "baixa emissão de poluentes", o impacto ambiental da pickup Prius Hybrid é enorme. Também é muito difícil concordar com a "preocupação ambiental" da Toyota tendo-se em vista sua linha de veículos.

Na Nova Zelândia, na campanha publicitária da RAV4 Diesel afirma-se "o carro que a natureza quer ter", enquanto coelhos escalam os bancos do carro. Com emissões de CO2 acima de 170g/km, fica difícil acreditar nisso.

A campanha Hilux Arctic Challenge, promovida mundialmente em 2007 e 2008, inclusive através de uma série de TV, mostra a Hilux SUV como o primeiro veículo do tipo a ser dirigido até o Pólo Norte. Considerando a velocidade com que acontece o derretimento das calotas polares devido ao aquecimento global, provavelmente será a primeira e última vez.


Redação do IDEC
Envolverde, 03/12/08
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