terça-feira, 24 de julho de 2007

Tata estréia megacentro de TI de US$ 400 milhões

André Borges
Publicado pelo
Valor Online em 24/07/2007

Ravi Shah, vice-presidente da TCS em Chennai: mais de 25 mil pessoas trabalharão no maior complexo de TI da Índia
Foto Davilym Dourado/Valor

As imagens aéreas da planície verde de Chennai sugerem que ali, nos arredores de uma das principais cidades da Índia, será erguido um enorme resort, um daqueles hotéis de luxo ladeados de piscinas, como os que tomaram conta do litoral nordestino do Brasil nos últimos anos.

As aparências ficam por aí. Com o controle remoto nas mãos, Ravi Shah paralisa o vídeo para apontar qual será o primeiro prédio do complexo Siruseri a entrar em atividade, daqui a três meses. Shah aponta o raio laser para a tela, percorre as imagens de uma animação em 3D, fala com orgulho sobre os detalhes da futura obra, suas dimensões e traços característicos, cenas de um vídeo de marketing explícito, com direito à música indiana de fundo. Mas o senhor Shah tem lá seus motivos para tanta exaltação.

Em outubro, a indiana Tata Consultancy Services (TCS), empresa de tecnologia onde Shah é funcionário há mais de 30 anos, estréia parte das operações daquele que será o maior centro de desenvolvimento de software e serviços de toda a Índia, o Siruseri Technology Park.

Com seus prédios inspirados nos templos indianos, o complexo começou a ser erguido há dois anos, numa área 283 mil metros quadrados. Quando suas obras forem concluídas, em meados de 2009, o centro de serviços terceirizados de informática estará pronto para receber mais de 20 mil funcionários. O projeto total, comenta Shah, que ocupa o cargo de vice-presidente e coordenador da TCS em Chennai, vai receber investimentos de US$ 400 milhões. "É como se estivéssemos construindo uma pequena cidade", disse o executivo, em entrevista ao Valor.

Em outubro, a TCS coloca para funcionar a primeira unidade do complexo. "Vamos começar com 3 mil funcionários", diz Shah, com a mesma facilidade de quem fala em empregar uma dúzia de pessoas. A postura ilustra bem o ritmo indiano de crescimento no setor de tecnologia da informação (TI), principalmente quando o assunto é exportação de serviços. Há quatro anos, a TCS era uma empresa de 30 mil funcionários em todo o mundo, com faturamento de US$ 1,5 bilhão. Hoje são cerca de 60 mil pessoas só na Índia. Se somada a presença que tem em 47 países, o contingente chega a 95 mil empregados diretos. Em seu mais recente ano fiscal, encerrado em março, a TCS faturou US$ 4,3 bilhões.


Shah, que veio ao Brasil pela primeira vez, afirma que o novo centro de serviços da TCS tem também um "traço" latino. Os arquitetos uruguaios Carlos Ott e Carlos Ponce de Leon são os responsáveis pelo desenho do complexo de Siruseri. De alguns anos para cá, diz Shah, a América Latina passou a ser uma prioridade para indianos, não apenas pelo potencial do mercado local, mas principalmente pelo fuso horário muito próximo ao dos Estados Unidos. Hoje quase dois terços das exportações de software e serviços de informática dos indianos são consumidos pelos EUA, segundo a Associação Nacional de Software e Companhias de Serviços (Nasscom).

Com as suas contratações em massa e projetos milionários, a TCS se articula como pode para fazer frente a concorrentes como Accenture, EDS e IBM, que brigam por uma fatia do bolo bilionário de terceirização de serviços de TI, o chamado "offshore", mercado que no ano passado movimentou cerca de US$ 75 bilhões, segundo estimativas do setor.

Há quatro anos no Brasil, a empresa indiana conta hoje com 1,7 mil funcionários no país. Para Shah, a subsidiária tem toda a capacidade de pegar embalo no ritmo asiático. "Hoje temos 2 mil pessoas no Chile, outras 2 mil no Uruguai", comenta. "O crescimento no Brasil também é muito forte. Dobrar a operação em dois anos é algo totalmente possível."

Em setembro, adianta Shah, a TCS Brasil vai inaugurar uma nova estrutura em Alphaville, na Grande São Paulo. O prédio terá capacidade para receber mil funcionários. Até março do ano que vem, a subsidiária pretende contratar mais 600 pessoas. São os primeiros passos da TCS Brasil sem a participação do grupo brasileiro TBA, que até maio passado detinha 49% da operação. Para assumir o controle total da companhia, os indianos pagaram US$ 33,4 milhões ao grupo TBA. Em seu último ano fiscal, a TCS Brasil faturou US$ 66,5 milhões.


Nenhum comentário:



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br