terça-feira, 31 de julho de 2007

Livrarias Curitiba abre loja para a classe C

Tainã Bispo
Publicado pelo
Valor Online em 31/07/07

Marcos Pedri, diretor da rede, investe R$ 3,5 milhões na Zona Leste e usa Shopping Aricanduva como porta de entrada para o mercado livreiro de São Paulo
Foto Ivonaldo Alexandre/Valor

A família Pedri, fundadora da Livrarias Curitiba, decidiu dar seu primeiro passo fora da região Sul do Brasil. Líder de mercado nos três estados sulistas onde atuam, os Pedri escolheram um desafio e tanto pela frente: vender livros em São Paulo, provavelmente a cidade com a maior concentração de lojas especializadas do país.

A Livrarias Curitiba, no entanto, não irá brigar diretamente com seus concorrentes. Algumas regiões da capital paulista podem até estar saturadas, mas o cenário da Zona Leste é bem diferente - e essa é a aposta da rede curitibana. Relegada a segundo plano pelas livrarias paulistanas mais tradicionais, a Zona Leste foi escolhida pela varejista paranaense para abrir a 14º loja da rede, que será inaugurada em outubro no Shopping Aricanduva, com um investimento de R$ 3,5 milhões. Fazia três anos que a empresa não abria uma loja.

Atualmente, as grandes redes livreiras do país não demonstram tanto interesse pela região assim. Há apenas uma loja da Siciliano na Zona Leste, de um total de 14 lojas na capital; uma unidade da Saraiva, de 14 lojas na cidade de São Paulo; e cinco Nobel, de um total de 35 franquias na cidade. A Livraria Cultura e Livraria da Vila não têm lojas na região. A Zona Leste, apesar de ser considerada uma região de poder aquisitivo baixo, é a mais populosa da capital e residência para quatro em cada dez habitantes de São Paulo.

Na nova loja, a família Pedri quer vender, principalmente, para a classe C. "Percebemos que esse tipo de consumidor tem comprado mais nas nossas lojas do Sul", diz Marcos Pedri, filho mais velho do fundador, Valentim Pedri. "A classe C já alcançou alguns objetivos. O primeiro era alimentação, o segundo é o acesso ao celular e o terceiro é o consumo por bens culturais e educação", explica. "Além disso, o preço médio do livro está mais baixo, cerca de R$ 25, quando já chegou a ser R$ 35." Marcos observou que em alguns casos, o consumidor entra numa loja da Livrarias Curitiba para comprar algum artigo de papelaria - negócio que representa 20% das vendas da rede -, depara-se com livros mais baratos e acaba comprando algum.

Outro fator que fez a rede apostar na Zona Leste é a localização do Shopping Aricanduva, que está dentro do Centro Comercial Leste Aricanduva. Este recebe cerca de 4,5 milhões de pessoas por mês. Segundo a assessoria do centro comercial, 60% do público que passa pelo local é das classes A e B; 35% da classe C e 5% da classe D. O complexo engloba lojas dos hipermercados Extra e Wal-Mart, loja de material de construção Casa & Construção e o Auto Shopping Aricanduva, de carros. A Curitiba será a única livraria no local.

A única dúvida que ainda não foi resolvida dentro da empresa é quanto ao nome da unidade em São Paulo. A Livrarias Curitiba tem por costume mudar de nome dependendo do estado onde está localizada - Livrarias Curitiba, no Paraná, Livrarias Porto, em Porto Alegre e Livrarias Catarinense, em Santa Catarina. E o calendário de expansão não pára por aí. No ano que vem, o plano é abrir uma outra loja em Curitiba - um investimento estimado em R$ 3 milhões, no Shopping Palladium.

O processo de profissionalização da empresa, que começou em 2006, também avança. Há 45 dias, foi contratado Celso Luís Kukiela, que passou por empresas como Volvo e Autoplan, para o cargo de superintendente da rede. Valentim, o fundador, é o presidente da rede e seus seis filhos que trabalham na companhia (de um total de oito), passaram a se reportar a Kukiela. "A próxima etapa, necessária para implantar a governança coorporativa, é criar o conselho administrativo e o conselho da família", explica. "Iremos concretizar esse processo neste ano."

A meta é tornar a varejista apta a vôos maiores em um ou dois anos. Nesse período, a família Pedri deseja ter uma empresa em condições de, se quiser, abrir capital. O valor do faturamento, porém, ainda é segredo. No ano passado rede vendeu 2 milhões de exemplares e a expectativa para este ano é chegar a 2,4 milhões. A receita pode crescer 10% neste ano.


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