quinta-feira, 4 de março de 2010

Sustentabilidade nos pequenos negócios

Programa Franchising de Baixo Carbono orienta franquias a reduzir e compensar as emissões de CO2

Gerir uma empresa levando em conta aspectos socioambientais é algo viável apenas para os grandes negócios? O programa Franchising de Baixo Carbono, lançado na última sexta-feira pela Associação Franquia Sustentável (Afras) em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) mostra que não: também é possível ser pequeno e sustentável.
A ação teve como objetivo estimular e orientar redes de franquias a reduzir e compensar suas emissões de gases de efeito estufa. O engenheiro agrônomo Rodrigo Junqueira, do ISA, especialista em ciência ambiental e sistemas alternativos de microfinanciamento rural, mostrou a metodologia para realizar inventário, redução e sequestro de CO2 na operação de franquias durante o primeiro Café Afras de 2010. O evento, promovido mensalmente pela entidade, procura sensibilizar e educar interessados em franchising em relação à responsabilidade corporativa.

No encontro, foram discutidos temas como o mercado de carbono e suas perspectivas, as vantagens competitivas que uma empresa obtém ao reduzir suas emissões, o valor agregado que a marca ganha com essa atitude, entre outros. O setor de franchising não possui a obrigação legal de reduzir suas emissões, mas a responsabilidade socioambiental tem sido cada vez mais exigida pela sociedade e a meta do programa é mostrar como torná-la possível também para os pequenos empreendimentos.

A Afras, braço de responsabilidade social da Associação Brasileira de Franchising (ABF), existe desde 2005 com o objetivo de fomentar a gestão responsável no setor. Em 2008, criou os indicadores ABF-Afras-Ethos de Responsabilidade Social Corporativa para o franchising em parceria com o Instituto Ethos de Responsabilidade Social e mais 13 marcas representativas da área no Brasil. Confira a seguir entrevista com Cláudio Tieghi, presidente da associação, que falou mais sobre o evento da última sexta:

Ideia Socioambiental- A metodologia para reduzir as emissões de carbono nos pequenos negócios exposta no evento difere de metodologias aplicadas em negócios maiores?
Cláudio Tieghi- No geral, ela não difere de outras metodologias. Primeiro, é necessário inventariar e definir onde é possível reduzir as emissões de carbono, etapa fundamental do processo. Se uma parte não pode ser reduzida, trabalha-se então com a perspectiva de neutralização. Então o processo geral se passa basicamente nessas duas vertentes: redução e neutralização. O diferencial que podemos citar em relação à metodologia para o setor de franchising é o fato de o processo de reflexão socioambiental estar ligado diretamente ao desenvolvimento do negócio.

IS- Qual a avaliação que se pode fazer do lançamento do programa franchising de baixo carbono e quais devem ser os próximos passos?
Tieghi- No evento, foi apresentado um case já existente no franchising brasileiro e o que pudemos perceber é que as companhias estão muito interessadas em projetos adequados ao seu tamanho, apesar de ainda existir o receio em relação ao custo do processo. Além disso, essas empresas estão participando de forma voluntária, atitude positiva que chama muito a atenção. Também partiu desse evento a ideia da criação de um grupo formado por empresas para avançar com essa ação em conjunto.

IS- Quais são os maiores desafios para reduzir as emissões no setor de franchising?
Tieghi- Um dos grandes desafios para as empresas é fazer o inventário. Rever os processos de produtos ou serviços sob uma ótica de menos carbono é extremamente necessário para avaliar o que uma companhia está fazendo e onde pode melhorar. A coragem de se aprofundar e fazer uma investigação rigorosa e a apreensão num primeiro momento sobre o possível custo elevado do processo são duas questões de destaque. Porém, sempre buscamos mostrar como as empresas podem se beneficiar com a troca de experiências de trabalho e com uma visão de negócios responsável.

IS- Você acredita que o setor deveria ter a obrigação legal de reduzir emissões?
Tieghi- Não gosto de pensar que as ações devam acontecer devido a um movimento da lei. A ideia da Afras é trazer a conscientização e mobilização das companhias de forma espontânea e sempre vamos caminhar dessa maneira. Estamos na vanguarda de movimentos novos como o programa de franchising de baixo carbono e a criação do índice para setor e continuaremos nesse sentido. Obviamente, haverá mais cobrança e consciência devido ao agravamento das mudanças climáticas, o que pode gerar políticas públicas de impacto para os pequenos negócios. Mas na minha visão, quando se elabora um procedimento legal é porque algo já está sendo feito dentro de determinado setor que indica a viabilidade da ação.


Redação Ideia Socioambiental
Envolverde, 03/03/10
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