segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Fronteiras da Responsabilidade

A cada ano que passa podemos constatar o quanto o assunto responsabilidade social corporativa ganha mais aderência e visibilidade no cotidiano das empresas brasileiras, seja na consciência ou no modo de atuação de seus gestores. Esses líderes, com o passar do tempo, mostram-se mais envolvidos e preocupados com os diversos segmentos que fazem parte do tema, considerando-o definitivamente importante instrumento para a tomada de decisão.

É uma mudança cultural. Antes, havia apenas a prestação de contas para os acionistas, através das demonstrações contábeis, hoje existem os relatórios de sustentabilidade. Aos poucos, a postura de confidencialidade das informações em outras áreas, que não a financeira, foi se alterando a partir da cobrança dos stakeholders por mais transparência e responsabilidade em relação aos impactos causados por ações das empresas.

Atualmente, existem corporações que destinam parte do seu orçamento para a preservação e manutenção do desenvolvimento sustentável da sociedade. Empresas que se preocupam com as gerações futuras respeitando as desigualdades sociais e a diversidade.

A preocupação com a melhoria no ambiente de trabalho vem se mostrando como fator de grande importância no meio corporativo. Essa constatação é o reconhecimento de que o público interno é um dos stakeholders fundamentais para as empresas.

Durante os últimos três anos pudemos acompanhar os avanços da responsabilidade social corporativa baseados em estudos que desenvolvemos ao longo deste período. Em um universo de 330 empresas de diversos segmentos e setores da economia brasileira, obtivemos números que nos permitiram desenhar um panorama da visão do mercado brasileiro no campo da sustentabilidade. Para se ter uma idéia, 58% das empresas ouvidas nas pesquisas, entendem que a responsabilidade social corporativa ou a publicação de relatórios de sustentabilidade, são formas de governança e têm de estar inseridos no planejamento estratégico das empresas.

A harmonia entre os pilares econômico, ambiental e social é de extrema importância para o contínuo sucesso das empresas, o que torna cada vez mais necessário que a responsabilidade social corporativa passe a ser incorporada ao planejamento estratégico de cada empresa. O esforço para que o relacionamento entre a empresa e os seus diversos stakeholders seja aprimorado e, cada vez mais, transparente é de suma importância para que as necessidades e expectativas possam ser conhecidas e entendidas, objetivando que as ações e metas sejam traçadas da melhor maneira para atender a estas necessidades, tendo como finalidade a sustentabilidade.

Os constantes problemas ambientais, o efeito estufa, as alterações climáticas constantes têm sido causas responsáveis pelo engajamento de muitas empresas com a preocupação de investir parte de seus recursos em ações que, além de beneficiar o que está ao seu entorno, poderão garantir a sustentabilidade e perenidade dos negócios. Esta visão está cada vez mais clara entre os gestores e investidores do mundo todo.

Alguns empresários defendem que nenhuma corporação deve ficar de fora das ações de responsabilidade social. O foco de todas as empresas sempre será o econômico, mas sempre há como equilibrar os resultados econômicos com o fator ambiental e social com ética e transparência. Isso é ser socialmente responsável.


Patrícia Centeno
Gerente sênior e especialista da Área de Sustentabilidade da BDO Trevisan. E-mail: patricia.centeno@bdotrevisan.com.br
Envolverde, 29/10/08
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